quarta-feira, 1 de junho de 2011

Multidão em Belgrado repudia prisão de ex-general Mladic para entrega a tribunal da Otan

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram no centro de Belgrado no domingo dia 29 contra a prisão do ex-general Ratko Mladic, que comandou na Bósnia as forças que resistiam à dissolução da Iugoslávia, e que foi o principal chefe militar da República Sérvia da Bósnia (RSB).

O governo de Boris Tadic repete com Mladic o que foi feito antes com presidente Slobodan Milosevic – sequestro e entrega ao Tribunal (TPII) da Otan, em troca de migalhas da União Europeia.

Na clandestinidade desde 1995, ele foi preso na quinta-feira na aldeia de Lazrevo, no norte da Sérvia, na casa de um parente em que vivia modestamente. Na manifestação em Belgrado, participaram sua esposa e o filho, Marko.

Um tribunal sérvio deverá manter sua extradição a Haia, alegando que o estado de saúde do general permite que vá a interrogatório, apesar de já ter sofrido dois derrames.

Na manifestação, o vice-presidente do PRS, Zoran Krasic, disse, sob aplausos da multidão, que “o sonho de cada ustasha é ser Boris Tadic” – em referência ao regime pró-nazista que existiu a Croácia, brevemente, durante a II Guerra Mundial. A prisão de Mladic “é uma traição aos interesses nacionais”, advertiu.

Na década de 1990, a CIA e o serviço secreto alemão insuflaram a fragmentação da Iugoslávia em vários pedaços, sob o pretexto de que não era possível a convivência de povos de nacionalidades diferentes. Separou-se a Eslovênia e depois a Croácia.

Quando chegou a vez da Bósnia, era tudo ao contrário: o mesmo pretexto alegado para vetar a continuidade da Iugoslávia era usado para exigir a manutenção da Bósnia, reunindo bósnios, croatas e sérvios.

Ou seja, os sérvios não podiam se manter juntos sob a Iugoslávia, nem em um só estado sérvio. Foi esse veto que levou à guerra civil. Em 1995, o exército croata, sob o guarda-chuva da aviação da Otan e comando de generais dos EUA atuando sob fachada privada, promoveu uma limpeza étnica que expulsou 300 mil sérvios da região da Krajina, incendiou dez mil casas e centenas de igrejas, e assassinou 14 mil pessoas.

Foi antes de Srebrenica, em que acusam os sérvios, sem terem até hoje mostrado onde estão os túmulos em massa, pela morte de 8 mil pessoas, e dos 78 dias de extenso bombardeio da Otan à Iugoslávia. No chamado cerco a Sarajevo, os bósnios, apoiados pelos EUA, montaram várias encenações, como o conhecido ataque ao mercado, cometido por eles mesmos.
HP

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