domingo, 30 de junho de 2013

São Francisco


Benditas sejam as dificuldades que nos agridem e fazem pensar.

Benditas sejam as horas que gastamos em função do bem eterno.

Bendito seja quem nos maltrata à primeira vista e nos ajuda a melhorar.

Bendito seja quem não nos conhece e não acredita em nós.

Bendito seja quem nos compara com vagabundos e indolentes.

Bendito seja quem nos expulsa, como párias ou fanáticos.

Bendito seja a mão que nos nega o cumprimento.

Bendito seja quem quer nos esquecer, impaciente.

Bendito seja quem nos nega o pão de cada dia.

Bendito seja quem nos ataca por ignorância e covardia.

Bendito seja quem nos experimenta no correr do tempo.

Bendito seja quem nos faz chorar nos caminhos.

Bendito seja quem não agrada no momento.

Bendito seja quem exige de nós a perfeição.

Benditos sejam os que nos maltratam o coração porque, verdadeiramente, são estes, meus filhos, os nosso vigilantes e os que nos ajudam a seguir o Cristo com maior segurança, pois Deus, através deles, nos ajuda na auto educação, de maneira que fiquem abertas todas as portas para o Amor Universal.


São Francisco de Assis

Plebiscito pode economizar bilhões


Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Em minha humilde ignorância, confesso que não entendo quem diz que o plebiscito sobre reforma política pode custar caro demais. Meio bilhão, disse alguém.

Até ministros do STF tocaram neste assunto.
Data Venia, eu acho estranho.


Falar em meio bilhão ou até mais é falar de uma pechincha.

Nós sabemos que o Brasil tem um dos sistemas eleitorais mais caros do mundo. Isso porque é um sistema privado, em que empresas particulares disputam o direito de alugar os poderes públicos para defender seus interesses em troca de apoio para seus votos. As estimativas de gastos totais – é disso que estamos falando -- com campanhas eleitorais superam, com facilidade, meio bilhão de reais. São gastos que ocorrem de quatro em quatro anos, aos quais deve-se acrescentar uma soma imponderável, o caixa 2. Sem ser malévolo demais, não custa recordar que cada centavo investido em campanha é recuperado, com juros, ao longo do governo. Quem paga, mais uma vez, é o contribuinte. 

O debate não é apenas este, porém. 

Um plebiscito pode dar um impulso decisivo para o país construir um sistema de financiamento público, em que os recursos do Estado são empregados para sustentar a democracia – e não negócios privados.

Explico. Nos dias de hoje, o limite dos gastos eleitorais é dado pelo volume dos interesses em jogo. Falando de um país com um PIB na casa do trilhão e uma coleção de interesses que giram em torno do Estado na mesma proporção, você pode imaginar o que está em jogo a cada eleição.

Bancos contribuem com muito. Empreiteiras e grandes corporações, também. Como a economia não é feita por anjos nem a política encenada por querubins, o saldo é uma dança milionária na campanha. Troca-se o dinheiro da campanha pelo favor do governo. Experimente telefonar para o gabinete de um simples deputado e pedir para ser atendido. Não passará do cidadão que atender o telefone e anotar o recado, certo?

Mas dê um milhão de reais para a campanha deste deputado e conte no relógio os segundos que irá esperar para ouvir sua voz ao telefone. Não é humano. É político.

Não venha me falar que isso acontece porque o brasileiro está precisando tomar lições de moral na escola e falta colocar corruptos na cadeia em regime de prisão perpétua.

O sistema eleitoral norte-americano é privado, os poderes públicos são alugados por empresas de lobistas e muito daquilo que hoje se faz por baixo do pano, no Brasil, pode-se fazer às claras nos EUA.

A essência não muda, porém. Empresas privadas conseguiram impedir uma reforma do sistema de saúde que pudesse atender à maioria da população a partir de uma intervenção maior do Estado, como acontece na Europa. Por causa disso, os norte-americanos pagam por uma saúde mais cara e muito menos eficiente em comparação com países de desenvolvimento semelhante.

A força do dinheiro privado nos meios políticos explica até determinadas aventuras militares, estimulando investimentos desnecessários e nocivos ao país e mesmo para a humanidade.

Só para lembrar: na Guerra do Iraque, que fez pelo menos 200.000 mortos, George W. Bush beneficiava, entre outros, interesses dos lobistas privados do petróleo, negocio dos amigos de sua família, e de empresas militares, atividade do vice Dick Cheney.

Essa é a questão. A reforma política poderá consumar a necessária separação entre dinheiro e política, ao criar um sistema de contribuição pública exclusiva para campanhas eleitorais, ponto decisivo para uma política feita a partir de ideias, visões de mundo, valores e propostas – em vez de interesses encobertos e fortunas de bastidor.

Pense na agenda do país para os próximos anos. Os interesses privados, mais do que nunca, estarão cruzados no debate público. Avançando sobre parcelas cada vez maiores da classe média e dos trabalhadores, os planos privados de saúde só podem sobreviver com subsídios cada vez maiores do Estado. O mesmo se pode dizer de escolas privadas.

Não se trata, é obvio, de uma batalha fácil. Não faltam lobistas privados para chamar o financiamento público de gigantismo populista e adjetivos do gênero. Eles não querem, na verdade, perder a chance de votar muitas vezes. No dia em que vão à urna, como eu e você. No resto do mandato dos eleitos, quando pedem a recompensa por seus favores.

Com este dinheiro, eles garantem um privilégio. Impedem a construção de um país onde cada eleitor vale um voto.

Os 513 congressistas que irão debater a reforma política são filhos do esquema atual. Todos têm seus compromissos com o passado e muitos se beneficiam das receitas privadas de campanha para construir um patrimônio pessoal invejável. As célebres “sobras de campanha” estão na origem de muitas fortunas de tantos partidos, não é mesmo?

O plebiscito é um caminho para se mudar isso. Permitirá um debate esclarecedor a esse respeito. Caso o financiamento público seja aprovado, colocará a opinião da população na mão dos deputados que vão esclarecer a reforma.

sábado, 29 de junho de 2013

Explosão dos preços das ferrovias "É MARACUTAIA"

Retrocesso e rendição ao neoliberalismo na privatização

NÃO CALCE AS PANTUFAS, NÃO AINDA, SENHOR GIGANTE


Quando as manifestações foram às ruas elas tinham um viés mais social. A grita era por melhores tarifas e serviços no transporte coletivo. Um efeito dominó trouxe para a pauta bandeiras ainda mais sociais, como melhor educação, mais saúde, segurança, e melhor aplicação de nossos impostos. Tudo isso muito social para nossos reacionários.

A vontade social não era bem digerida por aqueles que temiam um levante comunista, as manifestações tornaram-se apartidárias. 

De todos os anseios, o mais palatável para a mídia foi a PEC-37, apelidada da PEC da impunidade. Ninguém nunca explicou nada, nunca se entendeu o que se gritava.

Na minha visão a PEC 37 era a bandeira perfeita para tirar o foco dos verdadeiros problemas de nosso país, a bandeira perfeita para tergiversar o foco da massa de todas aquelas loucuras sociais. Melhor transporte público a preços mais baratos, onde já se viu enfrentar a maior máfia da história do Brasil? Mais saúde, onde já se viu atender melhor a população pobre de nosso país? Mais segurança, onde já se viu deixar o povo com uma sensação de que está tudo bem, e, assim não questionar o Governo? Mais educação, onde já se viu melhorar o ensino público dando acesso aos mais pobres a mais informação e capacidade de crescimento? A PEC37 era o único grito que, se atendido, deixaria tudo como está. 

Sim, o arquivamento da PEC não mudou nada, não gerou automaticamente mais poderes ao MP. O arquivamento da PEC é a vitória do “deixa como está para ver como é que fica”. A matéria é pendente de decisão/julgamento pelo STF.

O gigante foi manipulado por uma mídia esperta, e a PEC foi arquivada por um congresso acovardado que não quis discutir mais a matéria – que necessita ser discutida. A PEC estava mal escrita mas trazia à baila uma matéria de extrema relevância para o Brasil. O Congresso acatou a Bandeira que traria menos mudanças, a voz ouvida foi a voz mais baixa, a voz menos capaz de mudar o nosso Brasil. 

Se o gigante colocar o seu pijama e voltar a deitar-se em berço esplêndido com um sorriso na cara achando que foi vitorioso, tudo foi em vão. Não haverá melhoras no Brasil Nação, não haverá mudanças capazes de ressonarem até 2014. O movimento e as manifestações serão esquecidas e a Revolução poderá sim, a meu ver, ter sido por apenas VINTE CENTAVOS.

Por falar em centavos a baixa na tarifa foi outra tapeação. A baixa no preço se deu por subterfúgios, ninguém reviu a planilha da máfia do transporte coletivo. Os interesses, os verdadeiros interesses dos poderosos foram mantidos. O povo, mais uma vez pagará a conta.

De repente, os até então “vândalos” viraram heróis. Os “atoas” que se manifestavam viraram “o gigante que acordou”. As massas unidas começaram uma revolução. A revolução teve eco, se espalhou e se multiplicou pelo Brasil Continental. A grita estava cada vez mais alta mas começou a ficar dissonante, cada voz tinha o seu tom. As bandeiras sociais assustaram uma parte do “poder”. 

Não se iludam, não se deixem manipular, a vitória das ruas não pode ser apenas esta. A voz do povo não pode ser tão comandada, não percam o foco, não percam a garra. Vamos continuar nas ruas até 2014, ir além, se necessário, vamos revolucionar o Brasil, vamos fazer uma revolução na saúde, na educação, na segurança, e principalmente vamos exigir uma reforma política séria e uma reforma econômica para beneficiar o povo trabalhador, o micro, pequeno e médio empresário ao invés dos bancos, uma reforma para o homem do campo ao invés do agronegócio, o trabalhador e não os grandes sonegadores.

A voz precisa se fazer ouvir. Podemos continuar nas ruas, nas redes sociais, podemos ainda que não seja o melhor, continuar no subconsciente da sociedade. Se pararmos agora nada muda. Se pararmos agora eles ganharam mais uma vez e o povo foi só massa de manobra, foi apenas um rebanho atendendo ao berrante do peão. Não seja ingênuo, as bandeiras são as bandeiras de um melhor Brasil para todos. Vamos gritar contra a meritocracia do capital onde apenas quem tem dinheiro tem acesso a uma vida digna. A grita é, sim, política e é em sua maioria e pureza uma grita social, por uma melhor sociedade com mais educação, saúde, segurança e uma voz política e politizada que lutará contra a corrupção de hoje, passando por 2014 e adiante por um Brasil Nação.

por Maurício Requião Filho@MRequiaoFilho


Centrais sindicais apoiam plebiscito e são convidadas a formular propostas, afirma ministro do Trabalho


Dilma Rousseff recebe representantes das Centrais Sindicais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff recebe representantes das Centrais Sindicais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff se reuniu, nesta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto, com representantes das centrais sindicais. Segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias, os representantes dos trabalhadores foram convidados por Dilma a colaborar com as questões que serão enviadas para o Congresso para compor o plebiscito da reforma política.
Nos últimos dias, a presidenta vem recebendo representantes de vários setores para apresentar os pactos propostos em torno de demandas surgidas das manifestações que acontecem nas principais cidades brasileiras. Na segunda-feira (24), Dilma se reuniu com governadores e prefeitos de capitais, e, ontem, recebeu os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal.
“A reunião foi para ouvir as centrais sobre o momento que o país vive, como reuniu o Judiciário, o Legislativo. Essa é a razão de ouvir também as centrais sindicais, que lá se manifestaram e apoiaram o plebiscito e o conjunto de ações que o governo tem proposto. (…) A presidenta inclusive, no apoio que eles deram ao plebiscito, pediu a cada uma das centrais que formulassem propostas, apresentassem soluções, a fim de que ela, na elaboração do projeto, que enviará ao Congresso, possa ser contemplada também pelas opiniões e propostas das centrais”, afirmou Manoel Dias.
Estiveram presentes na reunião representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), da Força Sindical, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), da CSP Conlutas e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Obama é um “criminoso de guerra”, afirma Clare Daly, deputada irlandesa


A deputada do Partido Socialista, Clare Daly, afirmou que o presidente dos EUA, Barack Obama, é um “criminoso de guerra” e o “hipócrita do século”, ao se referir a uma palestra na qual este defendeu a paz enquanto apoia os terroristas na Síria e usa drones contra civis. “Esse é o homem aumentou em 200% o uso de drones, levando à morte milhares de pessoas incluindo centenas de crianças”. O desabafo foi feito após a reunião do G8 em Belfast, na Irlanda do Norte.
Sobre a bajulação do primeiro-ministro irlandês Enda Kenny ao visitante, a deputada afirmou que a “adoração por Obama é ridícula”. E acrescentou que “é difícil saber o que é pior, se os derramamentos de sangue de Obama, ou o servilismo em relação a ele por setores da mídia e do governo atual”.

Ela condenou a tentativa dos EUA em desestabilizar a Síria ao fornecer armas aos terroristas contrariando as resoluções internacionais. Para ela não há paz no Iraque, Afeganistão ou Paquistão, e “seguramente não há muita paz na Síria”. Daly também fez um chamado ao governo da Irlanda para que “garanta que nenhuma arma vá do aeroporto de Shannon para a Síria, em violação às leis internacionais”. 

Dilma debate reforma política com lideranças da juventude


Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes de movimentos de Juventude. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes de movimentos de Juventude. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
O governo deve lançar, no próximo dia 8 de julho, o Observatório Participativo, uma plataforma virtual e física de consulta à sociedade civil a partir das redes sociais. O anúncio foi feito pela secretária Nacional da Juventude, Severine Macedo, após reunião, nesta sexta-feira (28), entre a presidenta Dilma Rousseff e representantes de movimentos da juventude.
“A pauta girou muito fortemente em torno de uma demanda da juventude por aprofundamento da participação, da democracia, com a reforma política. Fazendo com que a gente consiga ampliar a participação dos jovens também no sistema político, além de que a opinião deles no plebiscito possa ser mais incorporada nas instituições”, afirmou Severine.
Segundo a secretária, houve um consenso em torno da proposta de reforma política por meio de plebiscito. Entre as entidades presentes, estavam o Conselho Nacional de Juventude, União Nacional dos Estudantes, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Movimento Sem Terra, Pastoral da Juventude, Marcha das Vadias, Coordenação das Entidades Negras, Levante Popular da Juventude e Rede fale.
“O consenso das organizações de juventude em relação à proposta de reforma política. Não só uma proposta de reforma política que seja discutida a partir de referendo com o Congresso Nacional. (…) Mas hoje, a partir do plebiscito, o povo tem a oportunidade de apresentar essa pauta da reforma política”, afirmou Alessandro Melchior Rodrigues, presidente do Conselho Nacional da Juventude.
http://blog.planalto.gov.br

Por que a “mobilidade urbana” precisa dos R$ 50 bi da Dilma








Até junho foram liberados apenas 1,9% da verba anual, R$ 29.447.052 do Orçamento de 2013
A presidente Dilma anunciou que pretende destinar “mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana”. O anúncio é mais do que bem vindo, apesar da presidente não ter esclarecido em quanto tempo pretende que esses investimentos sejam feitos – e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, indagado sobre o problema, não ter ajudado muito, ao declarar, na terça-feira, que “o detalhamento será oportunamente divulgado. O programa é absolutamente compatível [com um superávit primário de 2,3% do PIB para 2013]. O efeito fiscal de longo prazo tem que ser bem analisado”.
Seria mais animador se o secretário tivesse declarado que o “superávit primário” (isto é, a reserva para juros) não pode estar acima das necessidades humanas, isto é, das carências da população, sob pena de regredirmos à selvageria. Ou, se isso for excessiva ousadia, poderia observar que ainda restam R$ 20,2 bilhões a serem abatidos do “superávit primário”, de acordo com a própria Lei Orçamentária aprovada pelo Congresso – de acordo com as normas do FMI. O governo, até agora, está tirando R$ 45 bilhões dessa reserva dos juros para aplicá-los em obras de infraestrutura. No entanto, pela lei, poderia tirar até R$ 65,2 bilhões – ou seja, não tem obrigação de reservar os R$ 20,2 bilhões, que completam o limite, para os juros, e isso é apenas uma questão de vontade política.
Mais urgente ainda se tornam os R$ 50 bilhões anunciados pela presidente Dilma, tendo em vista a dotação orçamentária minúscula do item “mobilidade urbana” dentro do Orçamento deste ano.
A primeira tabela desta página é um resumo da execução orçamentária do Ministério das Cidades – onde se concentram os projetos de mobilidade urbana – até o último dia 22. Resumindo: no projeto inicial de lei orçamentária, enviado pelo governo ao Congresso, a verba para os programas de “mobilidade urbana e trânsito”, em 2013, era de R$ 1.818.736.000 (1 bilhão, 818 milhões e 736 mil reais), ou seja, 1/27 dos R$ 50 bilhões anunciados pela presidente.
Nas discussões entre parlamentares, essa verba foi elevada para R$ 2.334.157.597 – mas, depois dos cortes, a dotação, em termos atualizados, foi reduzida a R$ 1.547.157.597 (ou seja, 1/32 de R$ 50 bilhões...). Ela é, portanto, inferior até mesmo à verba do projeto de lei orçamentária enviado pelo governo ao Congresso há um ano. Pior ainda: até o dia 22 deste mês haviam sido liberados, nesse item, apenas R$ 29.447.052 do Orçamento de 2013 (ou 1,9% da verba anual), mais R$ 167.938.688 em recursos de Orçamentos de anos anteriores que ainda não haviam sido pagos (“restos a pagar”).
Como as dúvidas a esse respeito poderiam, com todo o direito, assomar à mente dos leitores, tomamos o cuidado de rever o conjunto dos programas que constam do Orçamento de 2013, assim como as funções e subfunções referidas na Lei Orçamentária.
Assim, encontramos no último Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), emitido pelo Tesouro Nacional e referente ao mês de abril, a rubrica “Transportes Coletivos Urbanos” - com a dotação anual atualizada de R$ 2,9 bilhões. Acrescentamos, para conferência do leitor, o fac-símile da página do RREO em que essa verba está registrada.
Aqui, o que mais chama a atenção é a parte ínfima dessa verba que foi liberada até abril: R$ 50.268.000 (em suma: 50,268 milhões de reais) ou 1,73% da verba prevista para o ano – e 0,01% do total liberado pelo governo em todas as rubricas do Orçamento.
A oposição ao atual governo, só por uma irremediável falta de caráter pode pretender se aproveitar dessa situação, pois, durante os oito anos em que governou o país, nunca pioraram tanto os transportes coletivos, vale dizer, a mobilidade urbana. Pareceria não haver nada mais aberrante do que o fato de que foi necessária uma comoção nacional para que as autoridades percebessem que tal situação é insustentável.
Mas existe uma aberração muito maior – uma aberração, digamos assim,  muito mais aberrante.
É quase inacreditável que a campanha pelo corte de investimentos e demais gastos públicos continue ocupando a mídia reacionária, apesar da situação que acabamos de descrever. Mas é assim. Os motivos dessa campanha estão, exatamente, na sofreguidão pelos cofres públicos de alguns parasitas.
Como dissemos na edição anterior, de janeiro de 2011 a abril de 2013 foram desviados R$ 305 bilhões da Saúde, Educação, Transportes e das demais despesas não-financeiras para a reserva dos juros – o “superávit primário” do governo federal (não confundir com o “superávit primário” do setor público, que também inclui os Estados, municípios e estatais dos três níveis). Apesar desse desvio brutal de recursos, o governo federal ainda transferiu mais R$ 143 bilhões aos bancos - um total de R$ 448 bilhões.
Enquanto isso, a verba liberada pelo governo federal no item “mobilidade urbana” foi R$ 147 mil reais em 2011 (não, leitor, não escrevemos errado, nem você leu errado: R$ 147.000 foi toda a verba federal liberada no item “mobilidade urbana” durante 2011 – cf. Tesouro Nacional, RREO, “Tabela 12 - Demonstrativo das Despesas da União por Programa”, dez. 2011, pág. 115) e R$ 240 milhões e 311 mil em 2012 (cf. RREO, dez. 2012, pág. 97).
Agora, vejamos os fluxos de recursos – ou seja, a pilhagem dos especuladores, em geral bancos, fundos e empresas estrangeiras sobre o Tesouro, num período de tempo determinado, no caso, 12 meses.
1) “Superávit primário” do governo federal (desvio para juros) em 12 meses:
DEZ./2011: R$ 129.133.373.365;
DEZ./2012: R$ 127.663.220.408;
JAN./2013: R$ 136.666.169.147;
FEV./2013: R$ 122.497.834.370;
MAR./2013: R$ 119.387.524.250;
ABR./2013: R$ 116.028.527.594.
Como o leitor pode verificar, o superávit primário federal foi cadente, embora R$ 116 bilhões sejam, ainda, uma fábula de recursos desviados das necessidades da população.
A trajetória dos juros transferidos aos bancos pelo governo federal é menos nítida, mas é evidente que a campanha da mídia é pela volta ao nível de 2011.
2) Juros nominais em 12 meses:
DEZ./2011: R$ 201.057.500.482;
DEZ./2012: R$ 175.718.350.674;
JAN./2013: R$ 176.352.066.756;
FEV./2013: R$ 179.535.184.747;
MAR./2013: R$ 178.605.829.790
ABR./2013: R$ 182.726.173.674.
E assim, em meio a uma situação perigosa em que a própria política de servilismo e cumplicidade do sr. Mantega colocou o país, a mídia e os porta-vozes de bancos e multinacionais continuam berrando por mais cortes e menos dinheiro para as despesas com os serviços públicos, vale dizer, com o povo.
Contam em que descarregarão as consequências políticas da sua pilhagem sobre o governo – mas só conseguirão isso se o governo permitir.
CARLOS LOPES


Como a Casa Branca desencadeou a guerra contra Coreia em 1950


Apresentamos aos nossos leitores algumas questões sobre as pouco esclarecidas causas da Guerra da Coreia (1950-1953) publicada em editorial pela Agência Central de Notícias da Coreia em Pyongyang em 18 de Junho.

  A guerra coreana estourou em 25 de junho de 1950, porém iniciou-se, dir-se-ia, quando os EUA ocuparam o sul da Coreia.


Como o então presidente estadunidense Harry Spencer Truman escreveu em suas memórias, definir o paralelo 38 como a linha divisória da Coreia foi proposto pelos EUA, este considerou a iminência da derrota do Japão como momento decisivo em que poderia realizar sua estratégia de dominação da Coreia conforme amadurecia por séculos, e tramou o ardil para ocupar o sul da Coreia.
Em 13 de agosto de 1945 a reunião do estado maior conjunto estadunidense ordenou a Douglas MacArthur, comandante das tropas estadunidenses no Extremo Oriente, receber a carta de capitulação do exército japonês no sul da Coreia e outras regiões das quais os EUA se responsabilizariam segundo o “acordo” bilateral EUA-URSS, e este a Hodge, chefe do 24º corpo de exército estadunidense , a do exército japonês e representar os EUA para ocupar o sul da Coreia e dominá-la. Assim os EUA ocuparam sem derramar sangue a região sul do paralelo 38 da Península Coreana, premissa lógica e prelúdio da guerra agressiva dos EUA contra a RPD da Coreia. 
Não é casual que em um livro estadunidense intitulado “História Moderna da América” se leia que em realidade a guerra de Washington contra o povo coreano se iniciou no momento em que seus generais puseram sob os seus pés a Coreia do Sul, ou seja em setembro de 1945.
Depois de apoderar-se do sul da Coreia, os EUA impulsionaram de maneira planejada os preparativos para desencadear uma guerra na Coreia, dentro desse quadro se insere a fabricação do exército títere sul-coreano. Em novembro de 1945 instaurou-se a “comandância de defesa nacional” e empreendeu-se a organização e a composição do exército títere. Tal exército foi sendo aumentado de forma escalonada para assegurar-lhe uma “superioridade de dez para um” sobre as forças armadas norte-coreanas. O exército foi instruído e treinado pelos EUA que tomou a prerrogativa de comando sobre o mesmo.
Em 1949 os EUA entregaram ao Sul da Coreia grande quantidade de equipamento militar para armar 50 mil homens e posteriormente lhe ofereceu adicionalmente uma ajuda militar no valor de mais de 87 milhões de dólares. Em janeiro de 1950 o plano da guerra coreana dos EUA foi aprovado por unanimidade no Estado Maior Conjunto dos EUA. E Robert, chefe da delegação dos assessores militares estadunidenses disse ao então presidente sul-coreano Syngman Rhee: O ataque à Coreia do Norte já está decidido. Não resta muito tempo até que este se leve às vias de fato. Iniciaremos o assalto, mas para isso somos obrigados a preparar algo como pretexto.
Douglas MacArthur manteve em 17 de fevereiro de 1950 uma conversação confidencial com Syngman Rhee em que deu a este a diretriz de começar o assalto à Coreia do Norte antes de julho.
Os EUA realizaram entre abril e junho de 1950 a substituição das tropas sul-coreanas.
Em 17 de junho do mesmo ano John Foster Dulles chegou à Coreia do Sul como enviado especial de Harry Truman e na trincheira do paralelo 38 revisou o plano de guerra. Depois disso ordenou ao exército sul-coreano: “Propague que a Coreia do Norte é agressora e ao mesmo tempo a assalte ... Resista duas semanas, durante esse tempo os EUA denunciarão na ONU que a Coreia do Norte atacou a Coreia do Sul e conseguirá que essa organização internacional mobilize em seu nome as forças terrestres, navais e aéreas e tudo acontecerá sem complicações.”
De seu lado os EUA completaram a dissimulação e a fraude para o desencadeamento da contenda.
Em vésperas disso manobrou sigilosamente para evacuar os seus. Nessa época no sul da Coreia havia mais de 2 mil familiares de militares americanos e outras pessoas não combatentes. Os EUA retiraram para o Japão os familiares dos membros de sua embaixada em avião transportador escoltado por caças e outras pessoas não combatentes foram embarcadas em aviões e naves transportadoras.
Ao mesmo tempo mobilizou altas figuras para realizarem repouso semanal, viagens e banquetes com o enviado americano etc., como disfarce, para ocultar sua verdadeira natureza própria de provocador da guerra. 
Em 24 de junho pela manhã, Truman, “para passar tranquilo o fim de semana com sua esposa e filha no estado de Missouri” saiu de Washington em avião de uso particular. No mesmo dia Dulles fez correr o rumor de que estava “em turismo no Japão”. Também Syngman Rhee nas vésperas da guerra se referiu muito à abolição da lei marcial de emergência, a permissão para saída do quartel e a hospedagem fora deste de seus militares, o banquete, etc. Tudo mentira e disfarce.
Eis aqui a afirmação de um oficial do estado maior do 17º regimento do exército sul-coreano daquele tempo: O dia 24 de junho de 1950 foi um sábado, porém a nós, os oficiais, foi proibida a saída, nos foi mandado esperar pela guerra. Pela noite recebemos a ordem secreta de passar o dia 25 de madrugada pelo paralelo 38, iniciando a ação militar contra a Coreia do Norte”.
John Osborne, que era correspondente oficial da “Life” estadunidense para o sul da Coreia, disse: “Quanto ao início da guerra não tivemos informações de que estivéssemos tão completamente preparados para esta guerra.”
Por fim, os EUA instigando o exército sul-coreano empreenderam em 25 de junho de 1950 às 4 da madrugada o “improvisado” assalto armado contra a Coreia do Norte ao longo do paralelo 38 desatando a guerra coreana (1950-1953) qualificada como a mais encarniçada depois da II Guerra Mundial.

 
http://www.horadopovo.com.br/

Sem reduzir superávit primário, situação do transporte, educação e saúde vai ficar pior

Governo está dando volta e não sai do lugar

Juros para os bancos e fundos tiram do setor público R$ 547 bilhões nos últimos 29 meses
Somando as verbas para a Educação e a Saúde desde janeiro de 2011, foi liberado R$ 278,5 bilhões para esses dois setores – magnitude de recursos completamente insuficiente para as necessidades do país. No mesmo período, entre juros e amortizações, os bancos receberam R$ 1 trilhão do governo federal. Na Câmara, no entanto, o ministro Mantega, invocando um “pacto da responsabilidade fiscal”, disse que o “superávit primário” - o desvio de verbas para os juros - era intocável. 

Reserva para o pagamento de juros sangra serviços públicos

De janeiro de 2011 a abril de 2013, os gastos com Educação
e Saúde foram R$ 278,5 bilhões. No mesmo período, os bancos receberam R$ 1 trilhão entre juros e amortizações
Diz o ministro Mantega que não viu, nas recentes manifestações, ninguém protestando contra a política econômica. Realmente, todos estavam ali – tanto nas manifestações populares verdadeiras quanto nas manipuladas – porque a política econômica é um tremendo sucesso...
Mas, deixemos o ridículo – e a ironia – e concentremo-nos nesse fato capital: todos os acontecimentos recentes e atuais têm como fundo a paralisia econômica do país, em especial o confisco das finanças públicas por meia dúzia de bancos, fundos, saqueadores de alto calibre - via de regra estrangeiros, ainda que não exclusivamente. Sem o fracasso melancólico a que conduziu essa política econômica, vale dizer, sem a derrubada violenta do crescimento, após o segundo mandato do presidente Lula, e o vandalismo econômico imposto pelos aumentos de juros e pelos privilégios a monopólios multinacionais, tais acontecimentos seriam impossíveis.
Não há serviços públicos que possam funcionar quando o dinheiro público tornou-se monopólio de uma oligarquia cujos membros principais, e alguns nem estão dentro das fronteiras do país, pode-se contar nos dedos: assim, tudo torna-se uma cancerosa esculhambação – Transportes, Saúde, Educação – porque um assalto, aliás monstruosamente corrupto, torna impossível ao Estado alocar os recursos necessários para que o povo seja bem atendido.
Que esta seja, precisamente, a política econômica vigente - e que o primeiro artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) logo após as disposições preliminares, tenha como texto: "A elaboração e a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2013, bem como a execução da respectiva Lei, deverão ser compatíveis com a obtenção da meta de superávit primário, para o setor público consolidado não financeiro, de R$ 155.851.000.000,00 (cento e cinquenta e cinco bilhões e oitocentos e cinquenta e um milhões de reais)" - somente mostra como esse grande roubo dos recursos do país, do povo, do Estado, entranhou-se na cabeça de nossas autoridades, a ponto de atrofiá-las e delas não acharem escandaloso (e até mesmo colocarem em lei) que o critério para a confecção do Orçamento seja a adaptação de todas as outras despesas – Saúde, Educação, Transportes e qualquer outra - ao dinheiro que é destinado aos juros, isto é, aos bancos, fundos e pistoleiros do setor financeiro.
TORTURA
Assim, um dos maiores e mais ricos países, com uma indústria – e, de resto, uma economia - já razoavelmente desenvolvida, com um povo criativo e trabalhador, é asfixiado e destruído. O sintoma mais sensível desse processo de destruição é, exatamente, a transformação dos serviços públicos em uma forma de tortura.
Entretanto, o sr. Mantega - em sessão da Câmara, na última quarta-feira – proferiu uma ode à pilhagem do superávit primário, chamando essa política de "pacto pela responsabilidade fiscal" e de "política fiscal sólida". Talvez Maria Antonieta fosse mais integrada à realidade ou talvez o fossem aqueles romanos da decadência, que, segundo Tácito, "criaram um deserto e chamaram a isso de paz" - graças aos céus e ao povo, o país não é um deserto e a aparência de paz não é mais possível no Brasil.
Também não é possível – e os adeptos da tese, mais ou menos dolorosamente, logo perceberão – fugir desses problemas através do apelo a questões supostamente democráticas, com plebiscito ou sem plebiscito, quando o país deixou, há dois anos e cinco meses, de crescer. Evidentemente que existem questões democráticas a resolver no país. Mas são as mais elementares questões democráticas - o direito do cidadão, ou seu filho, de ser atendido por um médico; o direito de frequentar uma escola decente; o direito de ir e vir sem ser amassado numa lata de sardinha - que estão sendo abandonadas com esse vaudeville plebiscitário. Naturalmente, a insistir-se nessa falta de caminho, o futuro imediato, isto é, o povo, o eleitorado, não perdoará essa fuga - ou tentativa de engodo.
PROPAGANDA
Na página ao lado, o leitor poderá conferir os números oficiais sobre investimentos ou gastos com manutenção/custeio, referentes à mobilidade urbana. Como o leitor poderá verificar, são quantias quase inacreditavelmente minúsculas, de ordem de grandeza microscópica frente ao conjunto do Orçamento.
Quanto aos gastos com Educação do governo federal, foram: em 2011, R$ 46,5 bilhões; em 2012, R$ 64,5 bilhões; e, até abril de 2013, R$: 12,4 bilhões. Portanto, ao todo, R$: 123,4 bilhões no período (cf. STN, "Relatório Resumido da Execução Orçamentária", dez./2011, dez./2012 e abril/2013).
Os gastos com Saúde foram: R$ 64 bilhões (2011); R$ 71,8 bilhões (2012); janeiro/abril 2013: R$ 19,3 bilhões. Total: R$ 155,1 bilhões.
Somemos os gastos com Educação e Saúde, as duas maiores verbas não-financeiras do Orçamento: de janeiro de 2011 até abril de 2013, o resultado dessa soma é R$ 278,5 bilhões – e não precisamos mais do que os pífios, e às vezes cruéis, resultados práticos para saber da completa insuficiência desses recursos diante das necessidades do país e do povo.
Comparemos esses R$ 278,5 bilhões com os R$ 547 bilhões que foram gastos com juros até maio ou com as amortizações em dinheiro aos bancos, que montam a R$ 453,8 bilhões desde janeiro de 2011.
Em suma, no mesmo período em que a Educação e Saúde recebiam R$ 278,5 bilhões, os bancos, entre amortizações e juros, recebiam R$ 1 trilhão.
[cf., para juros: BC, "Relatório de Política Fiscal", jan./2012, jan./2013 e maio/2013; para amortizações: Tesouro Nacional, "Relatório Mensal da Dívida Pública Federal" e "Relatório Resumido da Execução Orçamentária", dez./2011, dez./2012 e abril/2013].
Achar que é possível resolver a atual situação, mantendo inalterado esse quadro, com propaganda em altos brados da sacralização do "superávit primário" - segundo disse Mantega, a meta de 2,3% do PIB de superávit para este ano seria "intocável" (e ele promete passar a 3% do PIB no próximo ano, com "meta cheia" - isto é, sem sequer os abatimentos que até o FMI considera razoáveis) é um engano tão estúpido quando trágico para os enganados.
Na terça-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, comemorou os R$ 6 bilhões do "superávit primário" de maio. Do que ele falou, quase se poderia dizer que o objetivo da arrecadação de impostos é fazer "superávit primário" para os bancos. Apesar de algo longo, é muito instrutivo:
"... esse primário foi o melhor que já tivemos. Tivemos um resultado muito bom, o que demonstra uma tendência bastante forte de tranquilidade para cumprimento da meta de primário. Estamos melhorando a arrecadação nos últimos meses. Ela vem mostrando uma tendência de crescimento e isto é importante, não só pelo mês em si, mas porque significa uma projeção mais favorável para o ano. Os resultados têm refletido os bons fundamentos do Brasil".
Antes de perguntar em que mundo esse sujeito vive – pois ele estava falando, precisamente, em tirar verbas da Educação, Saúde e Transporte para direcioná-las aos bancos – resta saber por que diluiu o "superávit primário" do Tesouro (R$ 9 bilhões) na gororoba do "primário do governo central", para, aparentemente, reduzir em R$ 3 bilhões o resultado (cf. TN, "Resultado do Tesouro Nacional", maio/2013, vol. 19, nº 05, p. 5).
Pelo jeito, ele sabe o que o povo pensa a respeito dessas maravilhas extasiantes...
CARLOS LOPES

Nova investida da mídia contra Dilma


Por Alexandre Haubrich, no blog Jornalismo B:

Se não passa de preocupação vã a ideia de que uma conjuntura para um golpe – armado ou institucional – está sendo preparada pela direita brasileira a partir de protestos que começaram com setores de esquerda, é fato que a mídia dominante, historicamente desapegada à democracia e apoiadora do Golpe Militar de 1964, tem feito de tudo para direcionar apenas à presidenta Dilma Rousseff a insatisfação que tem levado multidões de brasileiros às ruas. Com vistas a um rompimento democrático ou com objetivos eleitorais para 2014, fica claro o oportunismo e o entrosamento entre os principais veículos das velhas elites, que têm mantido uma linha bastante semelhante e construído mudanças editoriais concomitantes e no mesmo sentido desde que os protestos começaram a intensificar-se.


Na última segunda-feira, 24 de junho, aconteceram protestos em menor número, mais espalhados. No mesmo dia, Dilma falara em rede nacional e propusera 5 conjuntos de medidas na tentativa de aplacar a crise política, incluindo um plebiscito para finalmente construir uma Reforma Política. Os principais portais de notícias do país responderam com novos ataques contra a presidenta, procurando manter o foco totalmente direcionado a ela. As manchetes não deixam dúvidas. “Dilma” está por todos os lados dos portais, sempre acompanhada de expressões negativas e de interpretações contrárias às medidas que propôs.

O site da revista Veja diz em sua manchete que Dilma está “nas cordas”, e que “inventou” um plebiscito ao qual Veja chama de “oportunista”. Afirmar que a presidenta está “nas cordas” nada mais é do que apresentá-la como acuada, à beira do nocaute. Veja diz ainda que o plebiscito é “mecanismo contestável juridicamente” e que a presidenta quer “empurrar a responsabilidade”. Em chamadas secundárias da mesma notícia, fala em “tentativa de golpe bolivariano”, no “perigo” de “desmoralizar o Congresso”, afirma que “líderes do governo não sabiam da proposta”, que “para novo ministro, ideia é inconstitucional” e que Dilma “foge das demandas das ruas”. Por fim, uma entrevista exclusiva com Fernando Henrique Cardoso, que afirma já na chamada: “Política externa de Dilma tem visão equivocada”. Todas as manchetes convergem para atacar e isolar Dilma Rousseff.


Reprodução Veja

Já o site do jornal O Globo noticia na manchete que “Proposta de Dilma de uma Constituinte específica para reforma política é contestada por juristas”. Em chamadas da mesma matéria, diz que “Proposta de plebiscito causa polêmica até entre aliados” e repercute declaração de José Serra (PSDB): “‘Sem pé nem cabeça’, diz Serra sobre proposta de Constituinte. Quer dizer, mesma linha da Veja: crítica geral + isolamento interno + crítica do PSDB. Em outras chamadas, mais ataques: “Na Saúde, medidas propostas por Dilma já não são novas”, “Movimento Passe Livre diz que Presidência é despreparada” e “Só 16% das verbas para mobilidade foram gastas”. Finalmente, uma chamada simpática…a Geraldo Alckmin (PSDB): “Alckmin suspende aumento de pedágios nas rodovias paulistas”.


Reprodução O Globo

A Folha de S. Paulo, em seu site, foi pelo mesmo caminho. Destaca não a fala de Dilma, mas a resposta da oposição: “Oposição ataca Dilma após proposta de plebiscito sobre reforma política”, diz a manchete, para na linha de apoio noticiar que “políticos dizem que ela quer desviar a atenção”. Em chamadas secundárias, seguem os ataques. São três: “Aumento de tarifas opõe Dilma a prefeitos”, “Dilma divide problema com Congresso” e “‘Necessitamos de reforma política’, diz Alckmin”. Novamente a construção de discurso da Veja e de O Globo. Mais abaixo, outras duas chamadas completam a linha: “Presidência é ‘despreparada’ no tema transporte, diz Passe Livre” e “Alckmin anuncia suspensão do reajuste dos pedágios de SP”.


Reprodução Folha de S. Paulo

O site do Estadão talvez seja o mais significativo da linha geral adotada por esses veículos. Sua organização da capa tem como destaque uma manchete principal e quatro secundárias. Todas elas se encaixam perfeitamente na linha editorial seguida pelos demais portais. A principal, “Dilma propõe plebiscito e Constituinte para reforma política e é contestada”; “Proposta é mal recebida no STF e no Congresso Nacional”; “Anúncio de Dilma é ‘forma para distrair o povo’, diz ex-ministro”; “Passe Livre diz que Dilma não apresentou proposta concreta”; e “Alckmin suspende o reajuste do pedágio nas rodovias de São Paulo”. Ou seja, o nome “Dilma” presente em três das cinco manchetes, quatro das manchetes negativas à presidenta e a outra positiva em relação a Geraldo Alckmin.


Reprodução Estadão

O site do jornal Zero Hora ainda mantinha, na madrugada de segunda para terça, destaque total para o protesto que recém ocorrera em Porto Alegre, sem grande espaço relacionado ao que falara Dilma e suas repercussões. Nesta terça-feira, porém, sua capa acompanhou a linha dos demais. Mesmo com uma manchete neutra, todas as três chamadas secundárias apresentam posições contrárias às propostas da presidenta.


Reprodução Zero Hora

Um panorama geral mostra de forma clara uma linha comum entre estes veículos. Essa linha é composta por algumas características presentes em todos ou quase todos os portais: 1. Crítica personalizada, inclusive com uso diretamente do nome de Dilma Rousseff em parte significativa das chamadas; 2. Aparência de isolamento de Dilma em relação a seus próprios apoiadores e a outras instituições da República; 3. Grande espaço para o que a oposição disse a respeito das declarações, com especial atenção a figuras do PSDB; 4. No entorno, chamadas positivas em relação a membros da mesma oposição.

Os protestos e as manobras da direita


ALGUNS POUCOS SETORES DA IMPRENSA JÁ ESTAVAM REVOLTADOS ANTES DOS PROTESTOS NAS RUAS.


Os ecos do mensalão platinado


Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Alguns esclarecimentos importantes sobre o mensalão platinado. Primeiro, sobre os valores.

Olhem o documento abaixo com atenção:




Alguns blogs que reproduziram a matéria se confundiram nos números. A dívida original da Globo com o fisco, resultado de uma comprovada fraude da emissora, é de R$ 183,14 milhões, referente ao ano de 2002. A este valor, deve-se somar R$ 157,23 milhões de juros de mora e R$ 274,72 milhões de multa. O total que a Globo devia ao fisco em 2006 é de R$ 615 milhões. Fernando Brito, do blog Tijolaço, atualizou o valor da dívida para aproximadamente R$ 1 bilhão, e lembrou que isso daria para bancar o passe livre dos paulistanos por um ano inteiro. 

As informações que eu tenho é que a Globo ainda não pagou essa dívida, e não fez acordo. Há rumores também que o Ministério Público, esse mesmo aí tão ético da PEC 37, tem sentado em cima do processo.

De qualquer forma, sempre é bom lembrar que a indignação das ruas, a minha indignação, contra a Globo não é por sonegar impostos, é por sonegar informação, um crime muito pior.

João Roberto Marinho pode quitar seu débito com a justiça cumprindo serviço comunitário, além de pagar a multa devida. Não sou sádico como esses reaças de facebook, que babam por ver seus adversários na cadeia. Sou contra o sistema prisional como é. Não gosto de ver nem bicho atrás de uma grade, quanto mais seres humanos. Aliás, taí um bom tema para os marchadeiros: um sistema prisional mais humano e eficiente.

Minha pinimba com a Globo puramente é política, porque eu acho o monopólio da informação profundamente nocivo à democracia. A culpa recai sobre a classe política, todas aquelas famílias que detêm concessões públicas pra repetir a programação da Globo em seus estados. A responsabilidade por esta situação é de toda a sociedade, que vem aceitando isso calada. Não poupemos o governo federal. Lula e Dilma, além de jamais terem tocado no monopólio da mídia, ainda encheram a Globo de dinheiro, via publicidade oficial. Alimentaram o monstro.

Sugiro que os protestos contra a corrupção incluam o combate à sonegação, que causa tão ou mais prejuízo ao Tesouro quanto os desvios de verba pública. Na Inglaterra e nos EUA, há uma cultura bem desenvolvida de prender os que praticam crimes contra a Receita. Aqui, não. Nem mídia, nem a população, incorporaram a indignação tributária.

Meu único objetivo com essa denúncia é que ajude a sociedade brasileira a abraçar com mais ênfase a bandeira da democratização da mídia. Aí sim eu acreditaria que o ”gigante acordou”.