quarta-feira, 22 de junho de 2011

PNBL: Lula critica desperdício de tempo com os lobistas das teles

Ex-presidente diz que Dilma tem “compromissos de transformar a banda larga um direito de todos”   
O ex-presidente Lula resgatou, durante o 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado em Brasília, no último fim de semana, o esforço feito durante seu governo para garantir o criação e a implantação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). Ele destacou que o acesso à banda larga ainda é muito pequeno no Brasil. “Temos menos computador do que deveríamos ter. Temos menos gente na internet do que deveríamos ter”, avaliou. “Nós precisamos fazer da banda larga um direito de todos”, propôs Lula.

Dirigindo-se ao atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, presente ao encontro, Lula cobrou uma ampliação do debate sobre os melhores caminhos para a construção do PNBL. “A gente, Paulo, não pode ter medo, não pode ter preocupação de chamar as pessoas para participar. Eu aprendi em oito anos de governo que toda a vez que a gente tiver dúvida é muito melhor a gente escancarar o debate. Deixar as pessoas falarem o que pensam prá colher um resultado que seja a síntese do que pensa o país”, sugeriu. “Isso é melhor do que ficar atendendo um ou outro lobista”, completou.

O presidente Lula relembrou toda a luta de seu governo para reaver o patrimônio que havia sido indevidamente passado para grupos privados durante o processo de privatização das teles, ocorrida no governo FHC. Ele historiou todo o processo que culminou na recriação da Telebrás. “Nós começamos, há cinco anos atrás, uma briga quando pensamos em criar a Infovia. Começamos a tentar recuperar a Eletronet.

Ela era uma empresa do governo e tinha sido privatizada. Na hora que nós fomos atrás porque era nossa, a Justiça demorou cinco anos para devolver o que era nosso”, assinalou, lembrando que criou-se uma briga intensa. “Diziam que o governo queria estatizar”.

“Estou convencido”, prosseguiu Lula, “que a Dilma vai manter os compromissos de tornar a banda larga um direito de todos e não um privilégio apenas de quem pode pagar”. “Isso é um compromisso que nós vamos trabalhar. A presidenta Dilma tem toda a disposição para isso”, afirmou. Ele recordou que as movimentações do governo na época forçaram as empresas a fazerem o acordo para levar a banda larga para as escolas. “Quanta já são, 55 mil?”, indagou.

“Só as urbanas. Falta levar para o campo”, completou.
O PNBL lançado por Lula tinha na Telebrás o carro-chefe do programa que visava levar a internet banda larga para 40 milhões de domicílios até 2014 contra apenas 12 milhões atingidos em 2009. Para executar o programa, o então governo Lula brigou pela Eletronet, decidiu utilizar a rede de fibra ótica das estatais e reativou a Telebrás, uma vez que a ineficiência das teles, principalmente estrangeiras, mantém o país na idade da pedra da internet rápida.

Como ministro das Comunicações, Paulo Bernardo pôs o PNBL refém das teles e desprezou a Telebrás, que vem sendo esvaziada com grandes cortes de recursos (este ano 75% das verbas da estatal foram cortadas). O enfraquecimento do papel da Telebrás culminou com a demissão no final de maio do presidente da empresa, Rogério Santanna, idealizador do PNBL e crítico do monopólio das teles. Contrariando a expectativa e o cortejamento do ministro, e com a Telebrás enfraquecida, as teles passaram a dizer que não vão fazer banda larga a 1 Mbps a R$ 35 e começaram a exigir mais subsídios e financiamentos.

MÍDIA

Lula destacou o papel “extraordinário” dos participantes do encontro na defesa da liberdade de expressão. “Vocês foram decisivos durante os oito anos do meu governo, sobretudo na eleição”, afirmou o presidente. “Vocês evitaram que a sociedade brasileira fosse manipulada como durante muito tempo ela foi manipulada.

Vocês evitaram que os tais formadores de opinião, que não convencem nem o pessoal da casa deles, ditasse regras do que deveria acontecer neste país”, acrescentou Lula, sob intenso aplausos dos presentes.
Ele ressaltou o problema da manipulação da opinião pública por setores da mídia e disse que isso não acontece só no Brasil. “Aqui na América Latina, certos setores da mídia estão tendo um comportamento quase que lamentável. Não é por fazerem críticas ao governo, porque eu nunca me preocupei com isso, mas pelas inverdades, pela má fé e pelas difamações”.

Do Brasil, ele lembrou o episódio da recente disputa eleitoral. “Aquele meteorito que bateu na cabeça de um candidato. A minha indignação foi tão grande que, quando eu cheguei ao Rio Grande do Sul, eu falei que ele tinha que pedir desculpa ao povo brasileiro pela farsa”. “Porque uma pessoa que queria dirigir o país não podia inventar uma farsa como a do goleiro Rojas inventou quando estava disputando com o Brasil”, acrescentou, provocando risos na platéia. “O estrago que aquilo fez na verdade não foi na cabeça, o estrago maior foi na urna”, ironizou o presidente.

Ele destacou que o preconceito contra as mulheres ficou “muito evidente” durante a última eleição. “O preconceito estabelecido naquela eleição contra a companheira Dilma Rousseff, eu nunca tinha visto”, denunciou. “E olha que eu fui candidato muitas vezes. Ficou provado que o preconceito contra a mulher e infinitamente maior do que o preconceito contra o homem. Algumas pessoas que se apresentam como modernos, na verdade acham que o papel da mulher é dentro de casa”, completou Lula.
HP

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