sexta-feira, 28 de setembro de 2018

"PESQUISAS"



Nas eleições de 2014 e 2016, os principais institutos de pesquisa erraram, em média, 54% dos prognósticos. Em 2016, o Ibope de 28 de setembro, quatro dias antes da eleição em São Paulo, “com 95% de grau de confiança”, apontou João Dória com 28% e Russomano em 2º com 22%. Contados os votos, Doria teve 53,7% e venceu no 1º turno. Em 2014, os resultados ficaram fora da margem de erro do Datafolha em 17 das 27 das pesquisas, 63%. No Ibope, 45% das 84 pesquisas. Na pesquisa a quatro dias da eleição de 2016, Haddad aparecia em 4º lugar. Apurados os votos o petista cegou em 2º com 16,7%. Em nota, o Ibope explicou que pesquisa é “retrato do momento” etc, e da pesquisa à votação vários fatores “impactam diretamente o eleitor”. A menos de 10 dias da eleição de 2014, em Pernambuco, o Datafolha cravou empate de Paulo Câmara com Armando Monteiro. Paulo Câmara foi eleito governador no primeiro turno, com espetaculares 68% dos votos. Armando Monteiro teve 31%. (Fonte: Diário do Poder)

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

PESQUISA ELEITORAL É UM ESTUPRO AS NOSSAS CONSCIÊNCIAS




A VERDADE É NOSSA! NENHUM PASSO ATRÁS!
"Este povo de quem fui escravo, jamais será escravo de ninguém" Getúlio Vargas.

O objetivo central das pesquisas é induzir o eleitor a votar quem está na frente e desestimular a militância. 

Isto é uma violência nas consciências da nação brasileira, um mecanismo utilizado para "estuprar" nossas mentes.
Quem os agiotas e especuladores, sanguessugas, do dinheiro publico, os banqueiros, que a mídia vagabunda chama de "mercado" tem mais confiança? Quem melhor seria "vice-rei", "Herodes", para o imperialismo dos EUA, principalmente?
Pergunto: Quem já foi entrevistado? Dois mil entrevistados representam mais de cem milhões de eleitores? 190 e poucos municípios representam mais de 5000 municípios? Em que bairros foram feitas as pesquisas, no Morro do Alemão, na favela da Maré ou no Alto Leblon, nos condomínios de luxo da Barra da Tijuca?
A pesquisa inclui perguntas como: se o candidato que votou na "Reforma trabalhista" do Temer e que votou no congelamento durante 20 anos qualquer investimento em saúde, educação, cultura e lazer é um bom candidato?
A pesquisa perguntou aos 5000 prefeitos que não terão um tostão para comprar um esparadrapo, uma dipirona para a população do seu município e que tem um candidato a presidente que votou para que o município se lascasse com essa PEC do congelamento ?
Não acredito que os prefeitos fariam campanha para um BOÇAL que votou nisso.
IBOPE E REDE GLOBO VÃO TOMAR NO OLHO DO...
Vai enganar o...
Não nos deixemos abater por essa fraude. 
A verdade esta com a maioria do povo brasileiro que luta por soberania, democracia, melhores condições de vida diariamente.
“O que existe por parte de alguns homens em nosso país, arvorados em líderes da economia nacional, é apenas um acentuado complexo contra o trabalhador brasileiro. Acham que ele não deve ser operário nas fábricas, que o Brasil não deve ter indústria, que é indispensável destruir toda e qualquer possibilidade de trabalho fora dos campos. O Brasil, no conceito desses homens, deve ser uma nação essencialmente agrícola. O operário deve mudar de profissão, pelo que pretendem, ou então voltar ao regime de escravatura”. GETÚLIO VARGAS.


A VERDADE É NOSSA! NENHUM PASSO ATRÁS.!

FRENTE POPULAR GETULISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Haddad no JN – O que ele realmente fez e a imprensa “de esquerda” não viu

Por Wellington Calasans, para o Duplo ExpressoPublicado 16/set/2018 – 7:11
Atualizado 17/set/2018 – 10:40
Antes que venham os “PTminions” com os previsíveis ataques, gostaria de deixar claro duas coisas: 1) depois que Lula foi abandonado na cadeia pela ala jurídica do PT, o debate na nossa página é sobre democracia; 2) “Fernando – Marcos Lisboa – Haddad” não é Lula. E vice-versa.
Dito isso, preferi aguardar traços de honestidade dos militantes e da imprensa autointitulados “de esquerda” na avaliação sobre a participação do Doutor da USP, e não só, para que ele (o Doutor Haddad) desse algum sinal de humildade ou fosse enquadrado após o conselho de Gleisi Hoffmann com o necessário “banho de povo”. Nada disso ocorreu.
O que vi? Como diria Jack, vamos por partes.
Primeiro no JN, um Haddad nitidamente nervoso, cometeu diversos erros, depois daquela entrevista ficou nu. É muito fácil entender por que ele perdeu a prefeitura de São Paulo no primeiro turno sentado na cadeira. Vamos aos fatos:
  1. Falou no nome de Lula uma única vez, num constrangido “boa noite”. Como diria Lobão (coxinha como Haddad) “como quem pede desculpas pra si mesmo”. Ah! Para não ser injusto, Haddad também disse que milhões de brasileiros gostariam de estar vendo Lula sentado naquela cadeira. Foi a única coisa – meio – certa que ele falou em toda a entrevista. E com a qual eu e milhões de brasileiros concordamos – em parte. Nós, lulistas, não apenas “gostaríamos”, Haddad. O correto era dizer que Lula deveria estar ali. E que foi impedido por um Golpe. Todos “gostaríamos” de ter 10 milhões em nossas contas bancárias, não é mesmo? Isso é totalmente diferente de dizer que “deveríamos ter 10 milhões”. Mas Haddad não diria nada do gênero, porque…
  2. Defendeu as leis punitivistas do “PT Jurídico” (apud Luiz Moreira) que são responsáveis por toda criminalização do PT e a prisão ilegal do presidente Lula em segunda instância, juntamente com outros 14 mil brasileiros.
  3. Mais grave ainda, permitiu – logo na primeira pergunta – que Renata Vasconcelos reforçasse a “fake news” de que o “petrolão” (sic) foi “o maior escândalo de corrupção de todos os tempos”, com desvios de “12 bilhões de Reais” (sic). Ora! Era o momento exato de contestar e dizer que o maior escândalo de corrupção foi o caso BANESTADO, cuja instrução foi presidida pelo mesmo Sergio Moro, sem contudo resultar na prisão de quem quer que fosse. Muito mais que na Petrobras, o BANESTADO envolveu a evasão e a lavagem de algo entre 130 e 179 bilhões. De Dólares e não Reais! Bônus: a própria Globo – assim como a gangue de Moro – estão envolvidos no escândalo e no seu enterro (aquiaquiaqui). Mas Haddad…
  4. Defendeu o Judiciário ao ser indagado sobre uma conspiração que integrantes do PT atribuem ao mesmo, incluindo principalmente Lula. Até por ele ter dito em várias entrevistas que era alvo de uma conspiração tanto do Judiciário como internacional. Haddad bate no peito e diz que ele, Haddad, jamais falou em “conspiração” e sim em “erro judiciário”. Ou seja, Haddad continua sustentando que Lula sofreu, “apenas”, um “erro judiciário”. Lembrando aquela mesma frase que já proferira anteriormente: “O problema do ex-presidente Lula não é político é jurídico”. Isso explica a opção do PT Jurídico de salvar o STF das garras da ONU e jogar Lula aos leões. E evidencia que, nem antes nem depois da eleição, Haddad enfrentaria o avanço do Judiciário sobre a política. Falar em “erro judiciário” no caso Lula é o equivalente jurídico-político de dizer que o problema Globo se resolve com “controle remoto”.
  5. Perdeu uma grande oportunidade de defender Lula, pois neste caso ele estaria agradando aqueles “lulistas” que ainda não engoliram o marketing “Lula é Haddad”. Fica explícito um constrangimento e dificuldade em falar sobre Lula. Um erro fatal! Isso para não dizer que vejo como uma traição continuada.
  6. Em nenhum momento defendeu o presidente Lula que é vítima desse Judiciário. Pelo contrário! Sempre se coloca como uma vestal com aquele antigo discurso punitivista do PT Jurídico de Tarso Genro (seu ex-chefe) e José Eduardo Cardozo, seus mentores. Haddad ainda  diz que o PT foi o partido que mais combateu a corrupção, que fortaleceu as instituições de Justiça, etc. Enfim, enaltece as leis punitivistas que levaram quase todo o comando do PT e Lula para cadeia, sem crime e com a “delação premiada” aprovada por Dilma como verdade absoluta. Ladino, Bonner ironicamente provocou: pois é, candidato, vocês criaram todas essas leis e acabaram vítimas delas.
  7. Sobre Dilma, não falou em Golpe. Quem acompanha o Duplo Expresso sabe que Dilma negociou um PIDV – Plano de Incentivo à Demissão Voluntária com os EUA e ganhou como indenização o direito de ser “Senadora Honesta” por oito anos – com foro no STF. No entanto, Haddad nunca parte para o enfrentamento. Nunca diz que golpe é golpe. Ele chegou a afirmar que Tasso Jereissati em entrevista recente fez uma autocrítica, arrependido por ter apoiado a saída de Dilma, contestado a sua vitória e votado pautas bombas. Talvez já pavimentando um apoio do ou ao PSDB no segundo turno. ” PT Jurídico”e PSDB juntos contra as “forças do mal”. Que bizarra e previsível jogada de manutenção da bipolaridade PSDB x PT, mas agora como farsa. Um dia após a eleição eles voltarão a bater boca mas desta feita num falso barroco, sem contraste, onde ambos defendem PPP (com estrangeiros) e interesses dos bancos. Voltarão às manchetes dos mesmos jornais de sempre. Uma “farsa anunciada”, diria alguém interessado em vender livros.
  8. Ao ser questionado por que perdeu a eleição em SP em 2016, Haddad sai com a seguinte pérola: “o clima de antipetismo foi criado por informações represadas em relação aos outros partidos”. Isto é, ele assume todas as mentiras e calúnias da imprensa sobre o PT. Haddad já disse que é “o menos político (e mais técnico/ gestor)”. Já vimos esse filme com Doria em São Paulo e com Macron na França.
  9. E ainda depois dessa curra consensual, Haddad ainda termina a entrevista esboçando um sorriso simpático aos seus algozes (como uma hiena que come merda e ri…).
Segunda avaliação, a repercussão na imprensa “de esquerda”. Não vou aqui chamar a atenção para os elogios do PIG à entrevista de Haddad no JN. Isso é tão grave que prefiro não escrever neste texto. Vamos falar sobre o desvio de foco da imprensa “de esquerda”.
  1. Não houve críticas a Haddad.
  2. Para esta imprensa “de esquerda” é mais fácil falar o óbvio: “Haddad foi interrompido X vezes”. “Bonner é um grosso”. “Ele saiu maior do que entrou”.
  3. Nenhuma crítica! Tudo foi perfeito!
Melhor parar por aqui para não generalizar. Há quem não tenha falado nada. Isso já é um bom começo.
Considerações finais:
Haddad ficou nu! Os seus diplomas não foram capazes de vesti-lo. Mostrou-se despreparado, fraco e covarde (melhor covarde do que conivente com “tudo isso que está aí”). Haddad já havia assistido sabatinas anteriores do JN aos outros candidatos. A desculpa dos blogs “de esquerda” de que “ele foi 62 vezes interrompido”, não cola! Haddad já foi prefeito e ministro e deveria estar preparado para saber sair das cordas.
Haddad não esperou nem o Galo cantar três vezes para negar Lula pela segunda vez. 1° “O problema do Lula não é político. É jurídico”; Agora, no JN, a 2° “Eu, Haddad nunca falei em conspiração. É um ERRO JUDICIÁRIO”. Faltou falar que a ONU está errada e que “as instituições estão funcionando normalmente”.  A terceira veremos a qualquer momento. Ele vai seguir abrindo a boca, ou não.
Bônus!
Solitário, Lula – na sua cela solitária e fria de Curitiba – viu tudo e “escreveu um bilhete” para “salvar Haddad”. Perito amigo meu entupiu a minha caixa de e-mail com bilhetes e escritos antigos de Lula para provar o que qualquer amador pode constatar: “quem escreveu o bilhete não foi Lula”.
Como acho tudo isso uma farsa, sequer me darei ao trabalho de publicar sobre isso. Tire as suas próprias conclusões. Observe apenas o “d” minúsculo nos dois bilhetes e as letras “r” e “s” minúsculas quando escritas juntamente com outras e o “que”. Além da assinatura, claro (e não nos referimos à “volta” em cima do nome).
Bilhete escrito por Lula para o candidato ao Senado, pelo PT de Brasília, Professor Marcelo Neves (que teria o meu voto se lá votasse):
(recebido do próprio. E antes publicado aqui no Duplo Expresso – além de na página do candidato – em duas oportunidades: em 30/jul/2018 e, justamente, ontem de novo, quando afirmávamos que, evidentemente, aquela “carta” – quilométrica – lida no ato de celebração do descarte de Lula, na terça-feira, não fora escrita pelo ex-Presidente, com caneta BIC, num bloquinho de notas)
vs.
“Bilhetes escritos por Lula para ‘salvar Haddad’ depois do mico no JN”:
E aí? Foi Lula? Perguntem ao “imparcial” perito  Ricardo Molina. Ele é especialista em tudo!
O tamanho sumário do bilhete “a Haddad”, menor que aquele que Lula dedicou a um candidato ao Senado no DF (!), poderia refletir a dificuldade/ lentidão para escrever imitando a letra de outra pessoa, bem como a preocupação em diminuir o grau de exposição a erros na cópia. Quanto menor o texto, menos erros, claro.
(aliás, C.Q.D. com relação à impossibilidade de a “carta” de terça ter sido escrita por Lula)
Lembremos que, ainda nesta semana (12/set/2018), em novo ataque concertado ao Duplo Expresso, mesmo a blogosfera “de esquerda” pró-Plano B cobrava um bilhetinho, ao menos, de Lula endossando Haddad:



As duas faces do Exército



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Por Pedro Augusto Pinho,
Marechal Estevão Leitão de Carvalho (1881-1970) deplora: “o general Vespasiano de Albuquerque, terceiro ministro do marechal Hermes, na pasta da Guerra, (era) mais político do que soldado” (Memórias de um soldado legalista, Biblioteca do Exército, Tomo I, 2016).
Leitão de Carvalho pertenceu ao pequeno grupo de militares que estagiaram, por dois anos, antes da I Grande Guerra, no Exército da Alemanha Imperial, e buscou fortalecer o brasileiro, tendo sido fundador e da primeira equipe de redatores de “A Defesa Nacional”.
Entre 1889 e 1930, República Velha, eclodiram numerosos levantes, populares, rurais e militares. No início da República, o Exército Brasileiro, mesmo excluído do poder nacional (pois a Inglaterra mantinha a colonização, desde a substituição, no Brasil Colônia, do poder português), serviu como força repressora na defesa do interesse agrário-exportador.
Nos anos 1920 conheceremos o Exército revoltado, buscando seu poder com a instrução e a industrialização. É ainda Leitão de Carvalho que se insurge contra o “exemplo do Chile” de “limitar os armamentos”, (pois) não levava em conta a segurança dos Estados, (seria) o fim de sua existência” (V Conferência Pan-americana, 1923).
Parece verdadeiramente premonitória do que ocorre atualmente, com a ideologia neoliberal, destruindo Estados Nacionais, propugnando pelos Estados Mínimos.
Permitam-me breve reflexão. O Exército de Leitão de Carvalho sabia que a industrialização era fundamental para soberania nacional. Associava também a industrialização ao desenvolvimento educacional. Se o modelo agrário podia se manter com a escravidão, com o analfabetismo, o modelo industrial tinha outra exigência, a do conhecimento, a da pesquisa.
Assim, todos os denominados movimentos tenentistas dos anos 1920 – Forte de Copacabana (1922), Revolta Paulista (1924), Comuna de Manaus (1924) e Coluna Prestes (1925 a 1927) – propugnavam pela mudança do poder colonial pelo poder nacional.
As forças antinacionais, oposição ao empoderamento militar, haviam composto o pacto oligárquico, em 1913, juntando os partidos republicanos paulista (PRP) e mineiro (PRM). Ao subirem ao poder, com a oligarquia gaúcha, em 1930, os militares sepultam o modelo de Campo Sales, a Política dos Governadores.
Mas o partido de Joaquim Silvério dos Reis, como o grande jornalista Barbosa Lima Sobrinho designava os entreguistas, os inimigos do Brasil Soberano, se uniram na revolta paulista de 1932, com pretexto legalista.
E deste participaram alguns tenentistas.
Nem sempre foi claro para muitos comandos militares a direção para implantar os interesses nacionais. Após ser acusado de partidário do retrógrado movimento de 1932, Leitão de Carvalho defendeu o monopólio estatal do petróleo. Transcrevo do estudo de Jorge Miguel Mayer, para o CPDPC/FGV:
“Teve ativa participação na política nacional do petróleo entre 1948 e 1951. Juntamente com outros militares, como os generais José Pessoa e Júlio Caetano Horta Barbosa, e políticos, como Artur Bernardes, fundou o Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (CEDPEN), tendo sido presidente de honra da entidade de 1948 a 1950. O centro reunia militares, homens públicos, intelectuais e estudantes, exercendo importante papel na mobilização da opinião pública em torno da questão do petróleo.
Durante os debates sobre o anteprojeto do Estatuto do Petróleo, apresentado pelo governo do presidente Eurico Dutra, Leitão de Carvalho assumiu uma posição de defesa do monopólio estatal do produto, criticando o anteprojeto por possibilitar a participação do capital estrangeiro na exploração petrolífera”.
Numa rápida passagem pelas ações dos comandos militares, vamos encontrar, em diversos momentos, a submissão ao projeto da cúpula do poder estadunidense.
Antes mesmo do término da II Grande Guerra, as famílias que detinham o poder nos Estados Unidos da América (EUA), como exemplo Vanderbilt, David e John Rockefeller Jr., Madison e poucas mais, programaram a  doutrinação – com Hollywood, Reader’s Digest e pela televisão – e a divulgação do modelo industrial e o modo de vida (american way of life) estadunidenses. Lembrando que, nos anos 1928, preto e branco, e colorida, em 1954, a televisão passa a ser um grande instrumento usada também na criminalização da ideologia marxista-leninista, o comunismo.
A comunicação de massa, no modelo construído nos EUA e no Brasil, não permite a reflexão, a compreensão, e muito menos o debate. É um modelo totalitário e excludente, como determinadas religiões e todos poderes fascistas. A televisão, comercial como a conhecemos, é igualmente imbecilizante pois não exige leitura nem diálogo; é a pregação audiovisual permanente e sem contestação.
Os militares, na quase totalidade, saíram das classes médias e privilegiadas. Ter televisão, no Brasil de 1950/1959, então com cinco canais, era um objetivo de classe média, principal vítima de sua doutrinação.
Nova e breve reflexão. Um projeto de poder, que não atenda à soberania nem ao povo de qualquer nação, precisa ficar oculto, disfarçado em generalidades e apresentar um inimigo, idealizado, vestido de demônio, para conseguir galvanizar a população. Os EUA elegeram o comunismo, para quem jamais lera Marx nem saberia as diferenças entre as correntes socialistas, no século XX. Também falsearam a corrupção como ação de Estado, jamais reconhecendo que as fraudes fiscais, a sonegação, a escravidão eram atitudes privadas. Corrupção e comunismo passaram a ser os instrumentos para levar ao poder, no Brasil, os interesses econômicos, culturais e geoestratégicos estrangeiros.
Em 1941, o general Severino Sombra (1907-2000), então capitão do Exército, publica tardiamente, para a Comemoração do Cinquentenário da República, “As duas linhas de nossa evolução política” (Zelio Valverde Editor, Rio).
O capitão Sombra não era um iniciante nas letras nem na política. Autor da “História Monetária do Brasil Colonial” (1938), de “A fundação da sociologia” (1940), entre outras obras, foi o criador da Legião Cearense do Trabalho, considerado o primeiro movimento fascista no Brasil, em 1931, base do integralismo (Emília Carnevali da Silva, “Severino Sombra – O Homem no Espelho – A Legião Cearense do Trabalho (movimento que forneceu a base do Integralismo)”, XXIII Simpósio Nacional de História, Londrina, 2005).
As duas vertentes de Sombra para nossa história política eram o liberalismo e a nacionalidade. Causa-nos certa emoção ler um trabalho, editado há 77 anos, que coloca em suas páginas a principal questão do Brasil em 2018.
Mas fazia todo sentido para o estudioso da economia do Império e da Colônia.
O poder mundial dominante, do Congresso de Viena (1815) até a II Grande Guerra, foi o financismo inglês.
Gustavo Barroso (1988-1959), historiador cearense, conterrâneo de Sombra, deu a um de seus livros o título “Brasil Colônia de Banqueiros”, referindo-se à dominação inglesa de nossos governos.
General Sombra viu que os ideais nacionalistas seriam a principal força para combater o financismo estrangeiro. Hoje, sob o manto ideológico do neoliberalismo, é a mesma força – o sistema financeiro – que ameaça nossa Pátria.
Nestes anos que vão da Era Vargas ao golpe de 2016, o Exército assumiu diferentes atitudes, umas francamente entreguistas e golpistas, outras nacionalistas.
Em rápida recordação vemos nas deposições de Vargas, em 1945 e em 1954, o Exército auxiliando o combate à industrialização brasileira, por brasileiros.
Outra atitude teve o Marechal Henrique Teixeira Lott, no célebre contragolpe de 11 de novembro de 1955, garantindo a eleição e a posse de Juscelino Kubitschek e de João Goulart. No período JK-Jango o Brasil conheceu novo surto de desenvolvimento e industrialização.
Tem-se, em 1960, um golpe eleitoral. Jânio Quadros, corrupto e midiático personagem, encanta a classe média com a campanha contra a corrupção. Sim, meus caros, é de certo modo monótona a sempre presente campanha contra o comunismo e a corrupção, hoje caricaturizada pelo Cabo Daciolo, com a União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL). Veja que com todo recurso dos ricos países europeus, a União Europeia patina e dela sai o Reino Unido (Brexit). Mas para o Cabo, a Ursal é uma realidade.
Jango sofre o golpe da Agência Central de Inteligência (CIA) estadunidense, em 1964. Dele participam militares influenciados pelas próprias ações da CIA; veja-se a propósito “Todos os homens do Xá”, de Stephen Kinzer (Bertrand Brasil, 2004), minucioso relato do golpe que depôs Mohamed Mossadegh, e a semelhança com a quebra de hierarquia e outras ações promovidas aqui, em 1964, por este agente de desordens e golpes pelo mundo, a CIA.
Mas este golpe sofre um contragolpe da corrente nacionalista do Exército. E temos um novo período de industrialização e um projeto estratégico de independência tecnológica, empreendido pelo General Ernesto Geisel.
O Governo Geisel – 1974-1979 – coincide com a vitória do capitalismo financeiro sobre o capitalismo e socialismo industriais, no mundo ocidental. E será Geisel a  sofrer o primeiro golpe, no Brasil, aplicado pelo sistema financeiro internacional, que denomino banca.
A banca passa a dirigir o Governo Figueiredo e todos demais até 2003. É por isso que a imensa corrupção de José Sarney, Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso não leva à prisão qualquer político ou empresário, nem se insuflam, com dinheiro é óbvio, manifestações de rua e panelaços, à moda chilena pró-Pinochet.
Com o golpe de 2016, quando o Exército manteve-se discretamente no apoio, instalou-se, com fúria antinacional, o governo Temer.
E vendo a entrega de bens naturais insubstituíveis, que não podem ser repostos, como o petróleo, o nióbio, terras raras e outros minérios, e bens construídos com os investimentos e a competência brasileira, como a Embraer, a base de lançamento de foguetes em Alcântara (Maranhão), a tecnologia de ponta em produção marítima de petróleo, o Exército prefere se manifestar politicamente para impedir o ex-Presidente Lula de sair da prisão, de ser candidato à Presidência.
Temos uma candidatura assumidamente militar, que promete transformar o Brasil em um quartel, com escolas militares e uma parte escolhida da população armada. É encabeçada por um Capitão, precocemente aposentado, que tem por vice um General da Reserva Remunerada.
No momento em que o Brasil se esvai com o domínio da banca, esta chapa assinala, como grande feito, ter um banqueiro para Ministro da Fazenda e, talvez de outras áreas, que promete “privatizar tudo no Brasil em quatro ou cinco anos”, sendo o mandato de quatro anos.
Encerro estas apreensões nacionalistas com a frase do Tenente-Coronel Derougemont, Diretor de Estudos da Escola de Estado Maior, no número de julho de 1922 (Centenário da Independência) da revista “A Defesa Nacional”:
“O Exército pode desempenhar em tempo de paz um papel fecundo. Conservando-se afastado das lutas políticas, trabalhando a fim de aperfeiçoar sua instrução. O Exército não é um partido, nem mesmo de um regime, mas o Exército da Pátria, a armadura sólida da Nação”.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.
https://duploexpresso.com/?p=99111

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Fim de uma era: o Reino Unido volta a nacionalizar estatais privatizadas.



Pioneira nas privatizações do serviço público, o Reino Unido promoveu, nos últimos dias, o controle estatal de uma prisão e uma ferrovia. Os dois episódios serviram de gancho para um balanço das privatizações inglesas pelo jornal francês Le Monde.
Chefe da Pesquisa da Unidade de Estratégia de Serviços Europeus, Dexter Whitfiel entende que se está chegando ao fim da era Thatcher. A reversão da tendência poderá ter repercussões profundas em outros países europeus.
O presídio foi nacionalizado depois de uma inspeção de Peter Clarke, diretor da Inspetoria Prisional Britânica, na penitenciária de Birmingham. Encontrou nos chuveiros roupas manchadas de sangue cercadas por excrementos de ratos; vestígios de vômito e sangue; um preso em estado de choque, sentado nas molas de uma cama que teve o colchão roubado por outros presos. Durante a inspeção, nove carros foram queimados em um estacionamento normalmente reservado para os funcionários.
No dia 16 de agosto, Clarke ordenou ao estado que assumisse a direção da prisão, que era administrada desde 2011 pela empresa privada G4S.
O caso foi explorado pela oposição. Sem admitir o fracasso das privatizações, o governo britânico nacionalizou diversas companhias privatizadas, como a companhia ferroviária East Coast Main Line, que operava trens em uma linha que ligava Londres a Edimburgo.
Tão influente que era tratada pela oposição como “a empresa que administra o Reino Unido”, a Carillion faliu. Ela operava centenas de cantinas escolares, limpava hospitais, fazia a manutenção de quartéis.
Pioneira nas privatizações, a Inglaterra está repensando radicalmente o modelo, diz a reportagem.
Liderados por Jeremy Corbyn, a oposição trabalhista está pedindo a nacionalização das principais empresas de água, eletricidade, gás e ferrovias. As pesquisas indicam que mais de três quartos dos ingleses são a favor.
O mesmo destino aguarda as PPPs (Parcerias Público-Privadas). Nos últimos dez anos, houve cerca de 50 PPPs por ano. Em 2017, apenas uma PPP havia sido concluída.
De acordo com o National Audit Office, as PPP se tornaram extremamente onerosas: os 700 contratos em andamento vão exigir reembolsos de 199 bilhões de libras (221 bilhões de euros) até a década de 2040.
Paradoxalmente, há enorme semelhanças com os excessos que ocorreram no antigo bloco soviético.
A privatização britânica foi radical. Privatizaram-se a água, a eletricidade, o gás e as ferrovias, e uma infinidade de serviços públicos do dia-a-dia, como call centers de prefeituras, estacionamentos e coleta de lixo, assistência social a pessoas com deficiência, reintegração de presos libertados sob fiança.
Entrevistada, Abby Innes, da London School of Economics, explicou que “ao tentar criar um mercado em áreas que não comportam mercado, o estado britânico teve que embarcar em um tipo de planejamento socialista".
Todas as PPPs são reguladas por contratos. Em projetos simples, como limpar hospitais ou cuidar de jardins, os contratos dão conta. Mas em áreas de difícil quantificação – como ajudar a reintegrar presos -, os abusos se tornaram comuns. E fica impossível quantificar, planejar e definir metas.
O mesmo ocorreu com os serviços públicos de água, gás e eletricidade.
Tanto Clement Attlee, que comandou as nacionalizações no pós-guerra, como Margareth Thatcher, que implementou as privatizações, diziam que importa a regulação. Mas, segundo Dieter Helm, professor da Universidade de Oxford, desde 1989 dezoito empresas mantêm monopólios regionais de água por prazos ilimitados. De 2007 a 2016, elas distribuíram 95% de seus lucros para acionistas. Portanto, reinvestiram apenas 5% no seu negócio. Em vez de ser reinvestido em benefício dos consumidores, o dinheiro fugiu do setor. Tudo graças à regulação implementada.
Não que a situação fosse melhor antes. Quando eram públicas, as empresas também foram subcapitalizadas pelo receio dos políticos em aumentar as tarifas.
Também nas ferrovias privatizadas não houve aumento de oferta de assentos e os preços aumentaram. Mas a solução não é meramente a nacionalização dos serviços, diz Helm.
Os trens, por exemplo, convivem com pistas não eletrificadas e com apenas uma linha de alta velocidade. Houve problemas de responsabilidade compartilhada na linha principal da costa leste, renacionalizada em maio. Para ganhar seu contrato, Virgin e Stagecoach prometeram pagar ao Estado 3,3 bilhões de libras (3,7 bilhões de euros) entre 2015 e 2023. Contavam com um aumento acentuado no número de passageiros, que deveria vir, em especial, de pistas melhoradas no norte da Inglaterra. Mas a Network Rail, a empresa nacionalizada que controla a rede ferroviária, não investiu.
Da mesma forma, a crise da prisão de Birmingham pode ter vindo da má gestão da G4S, mas não exclusivamente. Todas as penitenciárias estão em crise, porque a população carcerária dobrou desde a década de 1990 e o número de carcereiros caiu um terço desde 2010, com as políticas de austeridade implementadas.
O que impõe uma conclusão, segundo o Le Monde: sejam serviços subcontratados ou não, privados ou não, o Estado não pode fugir de sua responsabilidade como investidor e regulador.
 https://jornalggn.com.br