quarta-feira, 15 de junho de 2011

Rússia e China rejeitam uso da ONU para encobrir agressão contra Síria

O governo russo manteve sua posição do final de abril quando, ao lado da China e com apoio de outros países, barrou o projeto de estender à Síria a matança que EUA/Otan cometem na Líbia

Proposta de resolução contra a Síria, bancada por Washington e apresentada pela França e Inglaterra, que criaria pretexto a uma intervenção da Otan - como a na Líbia -, foi recusada por duas vezes pela China e Rússia na semana passada, antes mesmo de levada a reunião formal do Conselho de Segurança da ONU. Brasil, Índia e África do Sul, os outros membros do Brics, também questionaram a ingerência.

“A situação na Síria não representa uma ameaça à paz e segurança internacional”, reiterou o governo russo, mantendo sua posição do final de abril quando, ao lado da China, e com apoio de outros países, barrou o projeto de estender à Síria a matança que EUA/Otan cometem na Líbia. Como membros permanentes do CS, Rússia e China têm direito a veto. A ameaça real – como esses países têm destacado - vem da intervenção estrangeira “apoiando uma parte, levando a incessante onda de violência, que é um convite para uma guerra civil”.

Referindo-se à disposição dos países imperiais de fabricar na Síria uma “crise humanitária”, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, afirmou que “resulta inapropriado examinar a questão a partir do enfoque que é proposto pelas partes francesa e inglesa”. Como se sabe, o “modus operandi” das potências ocidentais têm sido alegar que civis estão sendo “massacrados”, para arrancar licença para matar civis e destruir infraestrutura, como na Líbia. No primeiro esboço, França e Inglaterra chamavam de “crimes contra a humanidade” a ação legítima do governo de Damasco de proteção a seus cidadãos e soberania. No segundo, o linguajar foi amenizado, mas mantido o conteúdo.

“As forças opositoras poderiam perceber isto de forma errônea e provocar a escalada da violência no país”, assinalou Churkin. “Acreditamos que o problema dos distúrbios na Síria deve ser resolvido mediante o diálogo”, acrescentou. Assim, Rússia – mas também a China -, sequer compareceram à reunião de sábado sobre o assunto. Também o porta-voz da chancelaria russa, Alexander Lukashevich, ressaltou que o problema “deve ser resolvido pelos próprios sírios”.

ANTONIO PIMENTA

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