quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Bélgica e a questão nacional: “Divisão? Não em nosso nome”
 
20º Seminário Comunista Internacional, Bélgica-2011
 
Na Bélgica vivemos uma situação estranha que se pode resumir em três pontos:
 
1 – Não temos governo há mais de um ano, um recorde mundial. A razão? Um partido separatista flamengo ganhou as eleições em Flandres, no norte da Bélgica e bloqueia a situação. Três partidos separatistas em Flandres obtiveram 45% dos votos e seguem a estratégia do apodrecimento: querem provar que a Bélgica não tem como continuar existindo e bloqueiam uma coalizão com os partidos francófonos (vitoriosos no sul do país) para uma reforma do Estado.
 
2 – Temos um governo que trata de assuntos correntes que não tem condições de começar as reformas radicais que a União Europeia exige, e que tanto queria a burguesia fazer aprovar, à imagem do que se passa em outros países europeus: trabalhar por um período maior de tempo, elevar a idade mínima para as aposentadorias e acabar com nosso sistema de aumento de salários vinculado aos índices de preços.
 
3 – Apesar disso o país anda melhor sem governo do que com ele. A maior parte dos índices econômicos é melhor, nesse momento, aqui do que em muitos países europeus: crescimento econômico, desemprego, comércio e um déficit orçamentário que se reduz mais rápido do que em outros lados. Eis então que a Bélgica é aspirada pela locomotiva alemã. Mas, como em cada país as cifras escondem as classes, escondem também aqui a polarização entre os super ricos e os pobres, entre o capital e o trabalho. Para os trabalhadores daqui tanto quanto para os de outros lugares a situação é lutar para chegar ao fim do mês.
 
Como o PTB faz trabalho revolucionário nessa situação?
 
Em nosso 8º Congresso (2008) decidimos nos adaptarmos melhor as circunstâncias em que trabalhamos continuando nossa crescente aproximação com as massas. Concentrando a atenção política na questão nacional combatendo a intoxicação chauvinista separatista. O chauvinismo tem raízes econômicas, políticas e ideológicas profundas. A luta contra ele é também um combate social, pois o empresariado flamengo quer seguir a política econômica e social alemã muito mais agressiva contra os trabalhadores e o povo. É uma política que visa criar entre as massas a ilusão de que tudo vai melhorar se Flandres se separar, se a Bélgica for dividida. É um combate político importante, pois o chauvinismo estimula a divisão entre os trabalhadores inclusive anulando ou extinguindo os sindicatos, nutrindo igualmente as ideias xenófobas e racistas, promovendo valores conservadores e reacionários. Criando uma falsa identidade de colaboração de classes.
 
Esse é, pois, um combate que decidimos travar encarando-o de frente. Afrontando-o energicamente. Nosso partido é o único partido nacional em nosso país e disso temos grande orgulho.  Temos dedicado tempo para unificar nosso partido para ajudá-lo a criar frentes de ação contra o chauvinismo separatista. A frente principal atual se chama “Divisão? Não em nosso nome!” e ela acaba de reunir milhares de pessoas num sábado, 7 de maio, em uma manifestação e num piquenique musical.

Trechos da intervenção do representante do Partido do Trabalho da Bélgica - PTB no 20º Seminário Comunista Internacional realizado em maio de 2011
HP

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