sexta-feira, 29 de junho de 2012

PAC Equipamentos não estimula indústria genuinamente nacional


Só das montadoras, o governo vai comprar
84% da produção de caminhões no semestre

O “PAC Equipamentos”, lançado na quarta-feira, pode ser interessante para equipar prefeituras, para suprir o SUS com equipamentos médicos e medicamentos, e até mesmo para minorar algumas dificuldades das Forças Armadas. Mas nada tem a ver com os objetivos propalados pelo ministro Mantega.

Ótimo que o governo encha as Prefeituras de motoniveladoras e retroescavadeiras, com “2.125 ambulâncias”, “mil furgões odontomóveis”, “8.570 ônibus escolares”, forneça aos agricultores tratores e implementos, à Polícia Rodoviária, “500 motocicletas”, ou à CBTU e Transurb, “160 vagões”. Além de nosso povo estar precisando – é até pouco diante da necessidade –, melhor que gastar dinheiro com juros.

O que não dá é chamar isso de “compras governamentais voltadas para a indústria nacional”, como fez o Ministério da Fazenda. A única exceção parecem ser os “40 blindados guaranis que representam 100% da produção e 30 veículos lançadores de mísseis (Astro 2020), também 100% da produção nacional”, que em boa hora vão ser comprados para o Ministério da Defesa.

As compras de retroescavadeiras e motoniveladoras para os municípios, inclusive com os números anunciados quarta-feira, já estavam no PAC 2 – e foram reafirmadas pela presidente Dilma na recente Marcha dos Prefeitos; como diz o Ministério do Planejamento, no site do PAC 2, “as duas ações fazem parte do eixo Transportes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”. Mas, tudo bem - não importa se é o PAC 2 ou o “PAC Equipamentos”, o importante é que beneficiem o povo.

Porém, o problema que, segundo o ministro, o “PAC Equipamentos” se propõe a resolver, ele não resolve: o de tirar a economia, especialmente a indústria, do poço para onde foi atirada pela política do próprio Mantega (como de costume, ele disse que os R$ 8,434 bilhões em compras do governo eram para “estimular a economia brasileira de forma a reduzir os impactos da piora da crise europeia” - claro, a culpa é desses portugueses e gregos...).

O Ministério da Fazenda se encarregou de esclarecer que “com base na complexidade da tecnologia utilizada nos componentes de produção - alta, média ou baixa - a margem de preferência nacional será de 20%, 15% ou 8%, respectivamente”.

Pareceria que, se, p. ex., um produto de “baixa tecnologia” de uma empresa nacional exceder em, digamos, 9% o preço do similar de um monopólio multinacional, que tem um poder comercial e financeiro incomensuravelmente maior, o governo comprará o produto da multinacional.

O que faz fronteira com o absurdo. No entanto, essa explicação está errada. Pelos decretos nos 7601, 7709, 7713 (todos de 03/04/2012) e pelo decreto 7756 (de 14/06/2012), a questão da origem do produto (se nacional ou estrangeira) foi remetida para uma portaria do ministro do Desenvolvimento.

Essa portaria (nº 279/2011, atualizada agora, dias 26 e 27, por duas outras portarias) estabelece as seguintes condições para um produto ser considerado de origem “nacional”: 1) no caso dos medicamentos e fármacos: “uma modificação molecular [feita dentro do país] que crie uma nova identidade química”; 2) para os outros produtos: até 40% de importação nos componentes.

Quanto a se a empresa que faz o produto é de capital nacional ou estrangeiro, isso nem é mencionado - seja nos decretos, seja nas portarias.

Depois disso, não é uma surpresa o resto. Segundo Mantega, o “PAC Equipamentos” será uma compra pelo Estado de:

- 84% da produção de caminhões no semestre; isto é, vai absorver a maior parte da montagem de caminhões da GM, Ford, Mercedes, Volkswagen, Volvo, Scania, Fiat/Iveco e Navistar International;

- 20% da produção de tratores e implementos agrícolas: além da  Agrale, de Caxias do Sul - e da Lavrale, que opera com a Yanmar (Japão) - os fabricantes de tratores são a Massey Ferguson (EUA), a Case (EUA), a Ford (EUA), a John Deere (EUA), a New Holland (Itália), a Valmet e a Valtra (Finlândia);

- 48% da produção de retroescavadeiras: existe uma empresa nacional, a Randon, também de Caxias do Sul, que as fabrica. Outros fabricantes são a Case (EUA), Caterpillar (EUA), New Holland (Itália), Fiat Allis (Itália), JCB (Inglaterra), Massey Ferguson (EUA), Volvo (Suécia);

- 66% da produção de motoniveladoras no semestre. Não insistiremos em listar quem fabrica (ou monta) motoniveladoras. Sobretudo depois das “margens de preferência” e da suposta “origem nacional”.

O governo também aumentou as verbas orçamentárias para investimento do PAC, de R$ 42,6 bilhões para R$ 51 bilhões, o que é positivo – e mostra que para dar aumento aos servidores é possível mexer no orçamento. Mas o ministro não explicou porque, dos R$ 42,6 bilhões iniciais, até agora só foram liberados, fora restos de outros anos, R$ 1,47 bilhão - ou seja, 3,45% do que foi autorizado pelo Congresso (cf. LOA 2012 - Execução Orçamentária das despesas do PAC, 26/06/2012).

Bem, apesar dessas coisas incompreensíveis, qual o problema de dar uma grana às multinacionais, se isso beneficiar o povo? O problema é que aquilo que beneficia mais o povo é salário e emprego – portanto, crescimento. É isso que está em perigo, é isso que está em discussão, e foi por isso que o ministro apresentou o “PAC Equipamentos” como a salvação da lavoura, perdão, da indústria.

Nós temos uma economia que, devido à desnacionalização desbragada, se tornou um banco de sangue privativo das multinacionais, através de suas filiais instaladas aqui. As filiais de multinacionais investem pouquíssimo, não inovam - pois importam componentes, onde está cristalizada a tecnologia -, não estão interessadas em vender para todo o mercado interno (muito menos em expandi-lo, pelo aumento do salário real, ou integrar nele dezenas de milhões de brasileiros que permanecem à margem), acumulam muito pouco internamente – pois remetem a maior parte do excedente para a matriz, seja pagando as importações de componentes ou enviando lucros -, não fornecem empregos em número substancial para o tamanho da nossa força de trabalho, rebaixam o salário real para remeter mais para matriz, destroem, com as importações, os setores nacionais mais dinâmicos da economia e jogam fortemente à especulação financeira.

Em suma, basear nosso crescimento nelas é uma quimera.

Assim, é difícil crescer. Sobretudo quando alguns gênios – e algumas pessoas de boa fé que não perceberam o truque – se põem a falar em “conteúdo local”, exatamente para eludir a questão do conteúdo nacional, ou seja, do que é (ou não é) produção da indústria de capital nacional.

Assim é que a nova presidente da empresa mais popular, mais eficiente e que mais estimulou o crescimento e a indústria nacional do país – a Petrobrás – apresenta como fornecedores de conteúdo local, no “Plano de Negócios e Gestão 2012-2016”, as seguintes empresas (entre parêntesis, o país da matriz): GE (EUA), Rolls-Royce (Inglaterra), NKT Flexibles (Dinamarca), Technip (França), Wellstream (Inglaterra), Prysmian (Itália), Butting (Alemanha), Duco (Inglaterra), Nexans (Noruega), Oceaneering (EUA), Aker (Noruega), FMC (EUA), Cameron (EUA), Dresser-Rand (EUA), MEP Pellegrini (Itália), V&M (França), Emerson (EUA). Para não sermos injustos, na lista estão, também, a MFX e a Metasa, que são nacionais, e uma mais ou menos - a Usiminas (cf. págs. 56 e 57 do “Plano de Negócios 2012-2016”).

Não por acaso, o sr. Mantega garantiu na quarta feira que o Brasil vai crescer “mais de 2,5%”. Mais de 2,5%? Pois é, leitor, foi o que o sujeito disse.
CARLOS LOPES

União dos Sindicatos Árabes denuncia o complô arquitetado pelos EUA:

“Ataque a TV é crime que recai sobre os que financiam e apoiam terrorismo contra a Síria”

A ONU, a Anistia Internacional, jornalistas do Líbano, de Cuba, da Tunísia, o Comitê de Proteção aos Jornalistas, a União dos Escritores Árabes estiveram entre as vozes internacionais que imediatamente se manifestaram contra o atentado à TV síria Al Ikhbariya e o assassinato de três jornalistas, além de trabalhadores da emissora.

Além dessas organizações, os protestos partiram de organizações sírias. Elias Murad, presidente da União dos Jornalistas Sírios, declarou que "lamenta pelos jornalistas, mártires do ataque e por todos os que já caíram enfrentando todo tipo de agressão contra a Síria".

"Este ataque a uma TV síria não impedirá a mídia de nosso país de permanecer cumprindo o papel de informar e resistir ao terrorismo", afirmou em declaração o Conselho Nacional de Mídia.

"A voz da verdade da imprensa síria não será silenciada por este ataque covarde", afirmou o presidente do Conselho de Mídia, Taleb Qadi Amin.

Os jornalistas sírios também se manifestaram através de atos realizados por todo o país. O maior deles ocorreu diante do Sindicato dos Jornalistas com a participação do ministro da Informação, Omran Al Zoubi.

Em Latakia, os periodistas se concentraram exibindo uma faixa em que afirmavam: "O ataque à TV Ikhbariya prova o sucesso da mídia nacional em confrontar as mentiras e montagens da mídia instigativa".

Em Tartus, os profissionais de imprensa se reuniram diante da sede do jornal Al Thawra (A Revolução) e um dos oradores afirmou que "este ato criminoso vai levar os jornalistas sírios a exercer maiores esforços para expor os fatos e divulgar as mentiras dos canais que desinformam".

"O povo sírio enfrenta um ataque bancado a partir do exterior, este ataque criminoso é mais uma das agressões", afirmou o presidente do Conselho de Mídia do Iraque, Hassan Selman.

"Não posso deixar de destacar o quanto fico chocada com o silêncio da maior parte da mídia árabe diante desta flagrante agressão", afirmou a jornalista tunisiana, Kawthar al-Beshrawi.

"É uma revanche contra a competência destes jornalistas em revelar a realidade da conspiração que a Síria vem enfrentando por 15 meses", declarou o chefe do Escritório Iraniano de Rádio e TV em Damasco, Hassan Shemashdi.

"Grupos armados terroristas perpetraram uma agressão contra o jornalismo, a mídia e liberdade de imprensa", afirmou o partido libanês Amal.

"Nossa solidariedade ao canal sírio e a toda a mídia independente árabe que defende os legítimas questões nacionais", afirma a organização libanesa.

"A missão da ONU está alarmada com os ataques de quarta-feira à TV Al Ikhbariya", acrescentou Sausan Ghosheh, porta-voz da Missão da ONU de Monitoramento.

"Ataques a jornalistas e meios de comunicação são as preocupações mais extremos da missão da ONU", disse Ghosheh.

Já a União dos Escritores Árabes denunciou que "este crime ocorre dentro dos ataques contra a Síria, seus estabelecimentos, seus cidadãos, seu papel e sua resistência a toda forma de hegemonia e de conspiração contra a pátria e o povo".

A declaração da União Geral das Mulheres Sírias condena "os que comercializam com o sangue sírio" e acrescenta: "Nós, as mulheres da Síria, anunciamos nossa integração com a voz da realidade da informação síria".

Ainda prestaram solidariedade logo nos primeiros momentos a União dos Advogados Árabes, a União da Juventude da Revolução, a União dos Camponeses. A Ordem dos Médicos da Síria destacou que "será frustrada toda tentativa de obrigar a imprensa síria a abrir mão de seu papel nacional".

A União dos Sindicatos Árabes também se pronunciou:
"A execução de trabalhadores na rede síria Al Ikhbariya e um crime odioso, cuja responsabilidade recai sobre todos aqueles que tem as mãos manchadas com sangue sírio, seja através das cadeias da incitação midiática ou através dos financiamentos e sustentação aos grupos terroristas".

BARBÁRIE


Em mais um ato bárbaro e descompensado pelo desespero de não conseguir dobrar o governo e o povo sírios, os grupos armados e treinados pela CIA causaram uma explosão, na quinta, no estacionamento localizado no pátio da Corte Suprema da República Árabe Síria.

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Mercenários atacam TV na Síria e matam 3 jornalistas


Transmissões da TV síria, Al Ikhbariya, prosseguiram mesmo depois da sabotagem

Três jornalistas e quatro trabalhadores da TV privada Síria Al Ikhbariya (Canal de Notícias) foram mortos num ataque perpetrado pelos mercenários a serviço da agressão ao país.

O crime hediondo que deixou a TV inteiramente destruída (ver foto nesta página) ocorreu na quarta pela manhã e tirou a vida dos jornalistas Sami Abu Amin, Zaid Kahl e Mohammad Shamma.

Os terroristas enterraram explosivos na sede da TV depois de saquear os equipamentos e cometer os assassinatos a sangue frio. Segundo o ministério da Informação outros trabalhadores foram sequestrados.

O ministro da Informação do governo sírio, Omran Al Zoubi, afirmou que as transmissões da TV seguiram ocorrendo através dos estúdios de outros canais do país e lembrou o financiamento pelos Estados Unidos aos mercenários, e países árabes e europeus que apóiam essas sabotagens, responsabilizando-os pelo massacre. Neste caso, afirma o ministro, "queriam silenciar a voz da Síria".

Aliás, há poucos dias, mais precisamente no dia 18 de junho, a Liga Árabe mandou as companhias Arabsat e Nilesat que administram as transmissões de TVs árabes cortar o sinal de satélite das emissoras sírias públicas e privadas, mas o atentado mostra até que ponto pretendem agir no intuito de dobrar o povo e para isso necessitam deixá-lo desinformado no intuito de confundi-lo.

"Esse se soma a continuada campanha que inclui grande número de provocações contra a Síria", detalhou Al Zoubi.
Ele conclamou os jornalistas independentes e livres e aqueles das mídias nacionalistas "a colocarem este crime onde ele deve ficar: um crime contra as normas humanas, contra as convenções da mídia e contra o jornalismo".

"O apoio e a criatividade dos que exercem a mídia livre vai frustrar aqueles que pretendem silenciar a voz da mídia síria de transmitir a verdade de forma honesta e direta aos sírios, árabes e ao público internacional".

Ele conclamou o Conselho dos Ministros de Informação Árabes a "tomarem consciência da inteira verdade da agressão contra homens da imprensa que foram martirizados, sequestrados ou feridos no incidente e assuma seu papel no sentido de garantir a liberdade de imprensa, a transmissão via satélite, a vida e a segurança dos jornalistas onde quer que eles se encontrem".

‘’Temos a certeza que o canal Al Ikhbariya, assim como a mídia síria vai honrar a alma dos mártires e permanecer sempre como minaretes do nacionalismo e do humanismo apesar do ódio e do terror".

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Tibete: CIA, Dalai Lama e a sombra espessa do profano



“O Dalai Lama apesar de seus discursos a favor da paz sabia muito mais do que dizia quanto ao apoio da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA aos separatistas tibetanos nas décadas de 1950 e 1960 do século XX”, informou recentemente o diário alemão Sueddeutsche Zeitung.

A matéria jornalística intitulada “Aparentemente sagrado” que ilustra a relação entre o Dalai Lama e a CIA diz que “uma sombra de violência cobre o rei divino”.

De acordo com o diário alemão, cuja matéria foi divulgada pela Xinhua, um emissário do Dalai Lama contatou pela primeira vez os EUA através da embaixada americana em Nova Délhi e de seu consulado em Calcutá em 1951 e que em reuniões as partes discutiram a assistência militar e financeira dos EUA para os separatistas tibetanos. No mesmo ano o Departamento de Defesa americano entregou ao Dali Lama uma carta através da qual prometiam entregar “armas leves” e “ajuda financeira” ao movimento separatista tibetano.

O Dalai Lama também recebeu 180 mil dólares por ano da CIA, soma que foi descrita em documentos confidenciais como “assistência monetária para o Dalai Lama”.

O jornal alemão acrescenta que a CIA lançou a “Operação St. Circus” em 1956 na qual foram treinados guerrilheiros tibetanos em uma ilha do Pacífico Sul para matar, disparar, colocar minas e fabricar bombas. Os treinandos aprenderam também técnicas de envenenamento. Além disso a CIA jogou do ar metralhadoras, munições, medicamentos e materiais de propaganda entre outras coisas para os guerrilheiros e o Dalai Lama, a partir de então se aproximou cada vez mais da CIA.

O diário alemão afirmou também que “uma diretora de cinema dos EUA, Lisa Cathei, realizou mais de 30 entrevistas para filmar seu documentário “A CIA no Tibete” e que um dos entrevistados foi um agente aposentado da CIA, John Kennetth Knaus, encarregado das operações da CIA no Tibete e que preservou documentos que registravam o treinamento. O Dalai Lama se reuniu duas vezes com Knaus, uma vez em 1964 e outra nos anos 90. O jornal concluiu sua matéria dizendo que “o Dalai Lama foi uma peça de xadrez da CIA durante a guerra fria e que sua relação direta com a CIA não corresponde a sua suposta autoridade moral”.

É sabido que o Dalai Lama além de ser entusiasticamente apoiado pelos EUA, até hoje faz parte da folha de pagamentos da CIA e continua sendo usado para fomentar possíveis desentendimentos de tibetanos com o governo chinês. Não por acaso ele foi um forte apoiador de rebeliões contra o governo da China acontecidas em regiões próximas do Tibete no ano passado.

R.C.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ouro, sol e guerra no Saara

TONY BUSSELEN *

O Níger é um dos países mais pobres do planeta. O país ocupa o penúltimo lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU.

Não é, contudo uma questão de falta de recursos naturais. O Níger é o terceiro produtor mundial de ouro. Seu subsolo contém igualmente urânio. Os habitantes, entretanto, em nada se beneficiam dessas riquezas. O grupo francês Areva (número um mundial da energia nuclear, quase 90% em mãos francesas) extrai todo ano do Níger perto de 3000 quilos de urânio e isso desde 1958, o jornal francês Le Canard Enchaîné calculou em 2005 que naquele ano Areva havia realizado 428 milhões de euros de lucros, e disso nada ficou no Níger. No mesmo ano, Areva gastou em ajuda humanitária ao Níger 214 mil euros, ou seja, 0,05% de seus superlucros no ano. Em 2007 Areva assinou um contrato por uma nova mina de urânio em Imourarem – a segunda jazida do planeta – prevista para entrar em exploração no ano seguinte. Tratava-se de um investimento de 1,2 bilhões de euros que faria crescer em 166% o fornecimento de urânio do Níger para a França.

O Mali, vizinho do Níger é também um importante produtor de ouro. Além disso no Mali há importantes jazidas de petróleo ainda hoje inexploradas.

O sol africano


Entretanto toda a região interessa, sobretudo, à multinacional alemã Siemens, que encara um projeto gigantesco de energia solar conhecido pelo nome de Dsertec. Em seis horas o deserto capta mais energia solar do que a humanidade consome em um ano, escreve a Desertec Foundation em seu site na internet (http://www.desertec.org/).

Desertec espera utilizar essa energia solar para a produção de eletricidade que ela encaminhará para a Europa através de uma vasta rede de linhas de transmissão de alta tensão.
Em 2050, ao menos 15% do consumo corrente de energia virá do Saara. Custo desse projeto: 400 bilhões de euros.
A França também é interessada na energia solar do Saara. Em 2008 a União para o Mediterrâneo (UPM) foi criada, entre outras coisas, para isso. Alguns meses depois de sua fundação o Plano Solar Mediterrâneo viria igualmente à luz com o objetivo de coordenar e supervisionar os projetos energéticos da UMP.

Manobras militares no Saara


Nesta região, no correr dos anos, os EUA e a OTAN organizaram uma série de programas de cooperação e exercícios militares. Em outubro de 2002 o Pentágono lançou a Iniciativa Pan-Saariana. Tratava-se de um programa militar do governo americano envolvendo os países do Saara, quer dizer: o Mali, o Níger, o Chade e a Mauritânia. Em 2004 esse programa seria substituído pela Inicitiva Trans-Saariana Contra o Terrorismo (TSTCI) mais centrado na luta contra o "terrorismo". Em maio de 2005 os EUA enviaram mil homens de suas "forças especiais" para a região a fim de aí organizar com os exércitos locais – sempre dentro do quadro do TSTCI – uma primeira operação Flintlock. Desde então uma operação Flintlock acontece a cada ano e um número crescente de países nela tem sido implicado.

Em 2011 dessa operação participaram militares dos seguintes países: EUA, Canadá, França, Holanda, Espanha, Mali, Burkina Faso, Chade, Mauritânia, Níger, Nigéria e Senegal. Desde 2008 esses exercícios anuais são dirigidos pelo Africom, o centro de comando especialmente criado pelos EUA para a África com sede em... Stutgart.

Do mesmo modo a OTAN organizou importantes exercícios militares na região. Assim em 2006 a operação em grande escala Steadfast Jaguar, no curso da qual foi lançada a Resposta "Força da OTAN", uma força armada de intervenção rapidamente engajável. Em 2008 a OTAN igualmente participou da operação Jigui da qual, além de países da região, participaram os EUA.

Desde 2008 o Africom realiza exercícios anuais multinacionais de comunicação sob o nome de África Endeavour. Em 2011 eles aconteceram em Bamako a capital do Mali. 180 oficiais de 41 países participaram. No ano passado quando a União Africana se opôs à guerra do Africon e da OTAN contra a Líbia era, entre outros motivos, por que todo mundo sabia que a desestabilização da Líbia conduziria irremediavelmente a desestabilização da região do Saara. A razão dessa instabilidade são os Tuaregs. Nômades que se deslocam num território que engloba regiões da Líbia, Argélia, Níger e Mali.

A OTAN tem que manter a ordem


Há muitos anos esses Tuaregs lutam por sua autonomia. Desde que sua última revolta nos anos 1990 no Mali e no Níger foi reprimida, muitos combatentes partiram para a Líbia onde eles foram fortemente armados e treinados por Kadafi, era previsível que esses guerreiros retornassem ao sul com o objetivo de retomar a luta. Foi o que se passou em novembro e dezembro passado. Desde janeiro os guerreiros tuaregs começaram sua ofensiva pela independência de Azawad, a metade norte do Mali (uma região tão grande quanto a França). Nessa guerra eles receberam o apoio das seções locais da Al Qaida. A guerra provocou o enfraquecimento do exército e do Estado Maliense. Em 22 de março desse ano militares descontentes sob a direção do capitão Sanogo, um oficial formado nos EUA, deram um golpe de estado. Em algumas semanas as tropas tuaregs e as seções da Al Qaida tomaram o norte do país. No sábado, 26 de maio a independência de Azawad foi proclamada.


Para os EUA e a Europa isso foi inaceitável. Era a questão de um novo Afeganistão no qual os islamitas ditariam sua vontade. Os países da região os quais todos contam igualmente com suas importantes minorias tuaregs viam esse novo estado como uma ameaça. Assim todos se prepararam para intervir militarmente com a ajuda dos EUA e da França. Dessa maneira todos os exercícios militares teriam sido uma vasta preparação, uma primeira vez para a guerra contra a Líbia e uma secunda vez, hoje, em uma guerra num dos países do Saara, sob os olhos aprovadores da ONU e às vezes com a participação ativa do Africon e da OTAN. Em 6 de abril o The Washington Post já manchetou: "A OTAN deve pôr ordem nas questões do Mali".

*Tony Busselen é jornalista especializado em estudos africanos. Publicou este artigo, originalmente intitulado A mão do Ocidente na África – Ouro, sol e guerra no Saara, foi publicado em Bruxelas no jornal "Solidaire" órgão do Partido do Trabalho da Belgica.

Cachoeira era um anjo da guarda para Demóstenes, disse o relator


Humberto Costa disse que Cachoeira era uma espécie de “anjo da guarda” de Demóstenes. Ele lembrou que o senador disse ao conselho que não se lembrava de ter participado da CPI dos Bingos, iniciada em 2005 com base em uma gravação feita por Cachoeira, descrito à época pelo senador como “empresário do setor de jogos”. Humberto Costa destacou que Demóstenes foi um dos responsáveis pela criação da CPI, além de ter participado como “implacável inquisidor”. “Mas, o senador Demóstenes não guarda memória alguma desses eventos”, ironizou o relator.

Segundo o relator, a postura de Demóstenes na CPI dos Bingos mudou quando a comissão investigou as questões pertinentes a Cachoeira. “O senador Demóstenes Torres adotou postura distinta da que usava para atacar autoridades públicas: recolheu-se, ausentou-se, acautelou-se”. Costa também citou gravações telefônicas que apontam para o conhecimento de Demóstenes sobre as atividades do comparsa, como quando, ao tratar de projeto de lei que tornaria crime a exploração de jogos exercida, teria dito a Cachoeira: “então, inclusive, te pega”.

Demóstenes Torres não teve coragem de comparecer à reunião do Conselho de Ética. Durante 30 minutos, o defensor dele, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, insistiu na tese de que as escutas obtidas pela Polícia Federal foram feitas de forma ilegal, em desacordo com a Constituição, visto que as mesmas só poderiam ter sido feitas com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), por se tratar de um senador da República. Diante deste argumento, Kakay, pediu a reflexão dos parlamentares: “A Constituição manda extirpar do processo prova ilícita. É lícito cassar um senador com base em prova ilegal?”, indagou inutilmente, esquecendo-se de que o TRF reconheceu recentemente a legitimidade das provas obtidas pela PF.

Votaram a favor da cassação: Pelo PMDB: Renan Calheiros, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Sérgio Souza e Vital do Rêgo; Pelo PT: Humberto Costa, Welington Dias e José Pimentel; Pelo PSDB: Mário Couto e Cyro Miranda; Pelo PTB: Gim Argello; Pelo DEM: Jayme Campos; Pelo PR: Vicentinho Alves; Pelo PP: Ciro Nogueira; Pelo PDT: Acir Gurgacz.
Após o envio do relatório para a CCJ, o presidente da comissão, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), terá de aguardar um prazo de cinco sessões plenárias antes de colocar em votação a constitucionalidade do relatório aprovado no Conselho de Ética. O julgamento no plenário do senado deverá ocorrer na próxima semana.

Destituição do presidente paraguaio é inconstitucional




Um processo sumário e desprovido de toda legalidade, numa violação aberta do Artigo 17 da Constituição paraguaia, que assegura o direito a defesa adequada, foi perpetrado contra o presidente Fernando Lugo, eleito pelo povo em eleições democráticas, configurando um indisfarçável golpe de Estado.
Segundo o Procurador-geral da República, Enrique García, o presidente paraguaio recebeu as acusações de “má gestão do governo” às 18h10 locais (19h10 de Brasília) da quinta-feira, para uma votação que seria no dia seguinte, na sexta-feira, 22/06, o que “vicia constitucionalmente qualquer julgamento político”. 

Os advogados do Chefe de Estado denunciaram que “não foi apresentada uma única prova contra o presidente Lugo”, nem foi mencionado na peça de acusação nenhum dispositivo legal que teria sido violado. Apenas expressões “genéricas e subjetivas”, como “mau desempenho”, “falta de caráter” e “absoluta inépcia para conduzir o governo”, sem a mínima preocupação de justif-icá-las.

Entre as acusações contra o presidente Lugo, os golpistas encastelados no Senado paraguaio incluíram temas como “ter assinado um protocolo pela democracia no Mercosul”, ter permitido uma reunião de jovens numa instalação militar e ser o responsável pela morte de pessoas em um despejo de camponeses que sequer foi solicitado pelo governo, mas pelo Poder Judicial.

O advogado Emílio Camacho assinalou ainda que a acusação manifestou que não era necessária a apresentação de provas para nenhuma das acusações apresentados contra o presidente. “O que está acontecendo aqui não é um julgamento, é uma condenação. É a execução de uma sentença”, constatou.
O suposto julgamento político, sumaríssimo, se executou em 24 horas, com um regulamento elaborado na hora para o acusado, descumprindo normas elementares do devido processo e “violentando o mais básico direito a defesa do Presidente constitucional da República, Fernando Lugo, a quem se lhe concederam apenas duas horas para apresentar sua defesa”, completou.

Mídia se une para salvar golpistas

Por Altamiro Borges

Num primeiro momento, a mídia brasileira ficou confusa e dividida diante do golpe relâmpago no Paraguai. Colunistas amestrados da direita, como Reinado Azevedo e Augusto Nunes, da Veja, e Merval Pereira, da Globo, aplaudiram os golpistas e até justificaram a deposição “democrática” de Fernando Lugo. Já nos editoriais, mesmo sem usar o termo “golpe”, jornais e emissoras de televisão estranharam a rapidez do impeachment e foram mais cautelosos. Agora, porém, a mídia se uniu para socorrer os golpistas.



O discurso único parece combinado. Todos os veículos criticam o Mercosul e a Unasul pela suspensão dos golpistas do Paraguai. A pressão maior é contra a presidenta Dilma Rousseff. A mesma mídia que sempre exigiu posições rápidas e duras contra o Irã, a Síria e outras nações contrárias à política expansionista dos EUA, agora pedem que o governo brasileiro “respeite a autonomia” do país vizinho. Na prática, a mídia colonizada recomenda a “neutralidade” para salvar os golpistas do isolamento na América Latina.


Itamaraty deve "calar-se"

 
O editorial de hoje da Folha, intitulado “Paraguai soberano”, é explícito neste sentido. “Apesar de cercear o direito de defesa, impeachment do presidente foi constitucional; é abuso dos países vizinhos pretender impor sanções”, afirma logo na abertura. O jornal da famiglia Frias, que apoiou o golpe no Brasil, não esconde sua oposição ao presidente deposto do Paraguai. “Eleito numa plataforma esquerdizante, o ex-bispo católico Fernando Lugo conduzia um governo populista e errático”.

Para o jornal, a afinidade ideológica – e não a defesa da democracia – é que explica a posição “injustificável” do Mercosul de punir os golpistas. A Folha faz um apelo à presidenta Dilma para que não reforce esta postura. “Com um triste histórico de ingerência na política interna do Paraguai, país que mantém laços de dependência econômica em relação ao Brasil, o melhor que o Itamaraty tem a fazer é calar-se e respeitar a soberania do vizinho”. Ela repete o apelo do golpista Federico Franco e do governo dos EUA.


Eternos defensores dos golpes

 
A mesma posição foi assumida pelos jornais O Globo e Estadão. Eles exigem que o governo Dilma respeite a “soberania do Paraguai” e não “fique a reboque de Chávez” – como afirmou o ridículo Merval Pereira. O argumento para defender a “neutralidade” é que os golpistas seguiram a Constituição no rito sumário do impeachment. Como lembra o filósofo Vladimir Safatle, este foi o mesmo argumento usado pela imprensa golpista no Brasil.

“Até o golpe de Estado brasileiro (1964) foi feito ‘legalmente’, já que o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vacante a Presidência por Goulart ter ‘abandonado’ o governo ao procurar abrigo no RS, tomando posse o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli. O que demonstra como nem sempre estamos protegidos pelas leis”.
 

EUA de olho na Tríplice Fronteira

 
Por Mauro Santayana, no JB online:

A moderação dos Estados Unidos, que dizem estranhar a rapidez do processo de impeachment do presidente Lugo, não deve alimentar o otimismo continental. Em plena campanha eleitoral, a equipe de Obama (mesmo a senhora Clinton) caminha com cautela, e não lhe convém tomar atitudes drásticas nestas semanas. Esta razão os leva a deixar o assunto, neste momento, nas mãos da OEA. Na verdade, se as autoridades de Washington não ordenaram a operação relâmpago contra Lugo, não há dúvida de que o Parlamento paraguaio vem sendo, e há muito, movido pelo controle remoto do Norte.


E é quase certo que, ao agir como agiram, os inimigos de Lugo contavam com o aval norte-americano. E ainda contam. Conforme o Wikileaks revelou, a embaixada norte-americana informava a Washington, em março de 2009, que a direita preparava um “golpe democrático” contra Lugo, mediante o Parlamento. Infelizmente, não sabemos o que a embaixada dos Estados Unidos em Assunção comunicou ao seu governo depois e durante toda a maturação do golpe: Assange e Meaning estão fora de ação.

Não é segredo que os falcões ianques sonham com o controle da Tríplice Fronteira. Não há, no sul do Hemisfério, ponto mais estratégico do que o que une o Brasil ao Paraguai e à Argentina. É o ponto central da região mais populosa e mais industrializada da América do Sul, a pouco mais de duas horas de voo de Buenos Aires, de São Paulo e de Brasília. Isso sem falar nas cataratas do Iguaçu, no Aquífero Guarani e na Usina de Itaipu. Por isso mesmo, qualquer coisa que ocorra em Assunção e em Buenos Aires nos interessa, e de muito perto.

Não procede a afirmação de Julio Sanguinetti, o ex-presidente uruguaio, de que estamos intervindo em assuntos internos do Paraguai. É provável que o ex-presidente — que teve um desempenho neoliberal durante seu mandato — esteja, além de ao Brasil e à Argentina, dirigindo suas críticas também a José Mujica, lutador contra a ditadura militar, que o manteve durante 14 anos prisioneiro, e que vem exercendo um governo exemplar de esquerda no Uruguai.

Não houve intervenção nos assuntos internos do Paraguai, mas a reação normal de dois organismos internacionais que se regem por tratados de defesa do estado de direito no continente, o Mercosul e a Unasul — isso sem se falar na OEA, cujo presidente condenou, ad referendum da assembleia, o golpe parlamentar de Assunção.

É da norma das relações internacionais a manifestação de desagrado contra decisões de outros países, mediante medidas diplomáticas. Essas medidas podem evoluir, conforme a situação, até a ruptura de relações, sem que haja intervenção nos assuntos internos, nem violação aos princípios da autodeterminação dos povos.

A prudência — mesmo quando os atos internos não ameacem os países vizinhos — manda não reconhecer, de afogadilho, um governo que surge ex-abrupto, em manobra parlamentar de poucas horas. E se trata de sadia providência expressar, de imediato, o desconforto pelo processo de deposição, sem que tenha havido investigação minuciosa dos fatos alegados, e amplo direito de defesa do presidente.

Registre-se o açodamento nada cristão do núncio apostólico em hipotecar solidariedade ao sucessor de Lugo, a ponto de celebrar missa de regozijo no dia de sua posse. O Vaticano, ao ser o primeiro a reconhecer o novo governo, não agiu como Estado, mas, sim, como sede de uma seita religiosa como outra qualquer.

O bispo é um pecador, é verdade, mas menos pecador do que muitos outros prelados da Igreja. Ele, ao gerar filhos, agiu como um homem comum. Outros foram muito mais adiante nos pecados da carne — sem falar em outros deslizes, da mesma gravidade — e têm sido “compreendidos” e protegidos pela alta hierarquia da Igreja. O maior pecado de Lugo é o de defender os pobres, de retornar aos postulados da Teologia da Libertação.

Lugo parece decidido a recuperar o seu mandato — que duraria, constitucionalmente, até agosto do próximo ano. Não parece que isso seja fácil, embora não seja improvável. Na realidade, Lugo não conta com a maior parcela da classe média paraguaia, e possivelmente enfrente a hostilidade das forças militares. Os chamados poderes de fato — a começar pela Igreja Católica, que tem um estatuto de privilégios no Paraguai — não assimilaram o bispo e as suas ideias. Em política, no entanto, não convém subestimar os imprevistos.

Os fazendeiros brasileiros que se aproveitaram dos preços relativamente baixos das terras paraguaias, e lá se fixaram, não podem colocar os seus interesses econômicos acima dos interesses permanentes da nação. É natural que aspirem a boas relações entre os dois países e que, até mesmo, peçam a Dilma que reconheça o governo. Mas o governo brasileiro não parece disposto a curvar-se diante dessa demanda corporativa dos “brasiguaios”.

No Paraguai se repete uma endemia política continental, sob o regime presidencialista. O povo vota em quem se dispõe a lutar contra as desigualdades e em assegurar a todos a educação, a saúde e a segurança, mediante a força do Estado. Os parlamentos são eleitos por feudos eleitorais dominados por oligarcas, que pretendem, isso sim, manter seus privilégios de fortuna, de classe, de relações familiares.

Nós sofremos isso com a rebelião parlamentar, empresarial e militar (com apoio estrangeiro) contra Getulio, em 1954, que o levou ao suicídio; contra Juscelino, mesmo antes de sua posse, e, em duas ocasiões, durante seu mandato. Todas foram debeladas. A conspiração se repetiu com Jânio, e com Jango — deposto pela aliança golpista civil e militar, patrocinada por Washington, em 1964.

A decisão dos países do Mercosul de suspender o Paraguai de sua filiação ao tratado, e a da Unasul de só reconhecer o governo paraguaio que nasça das novas eleições marcadas para abril, não ferem a soberania do Paraguai, mas expressam um direito de evitar que as duas alianças continentais sejam cúmplices de um golpe contra o estado democrático de direito no país vizinho.
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O PURISMO E O VERDADEIRO MALUF

A estratégia era clara demais para comportar tergiversações. O Maluf atual, aquele que merece combate, aquele que é conhecido pelos métodos fascistas de lidar com adversários e movimentos sociais, atende por outro nome: José Serra. Será preciso desenhar?


Ao firmar acordo com o deputado federal Paulo Maluf (PP), se deixando fotografar com seu adversário histórico, o ex-presidente Lula produziu a perplexidade que dominou, no primeiro momento, setores do próprio campo progressista. O debate que se seguiu foi - e é da maior seriedade - e da maior gravidade.

O purismo tem que despertar da frívola ciranda para a dura realidade do mundo adulto, do universo das relações reais entre pessoas e partidos. O erro maior de quase todos os revolucionários brasileiros, do século XIX em diante, foi não apenas ter frequentemente cometido equívocos nas análises das condições objetivas, mas também no exame da condição subjetiva fundamental, que é o alheamento político a que um modelo de exploração desigual submeteu nosso povo. A exclusão de processos decisórios torna-o cético diante do que não sabe, enquanto a classe dominante dá o exemplo com sua atitude invariavelmente cínica.

Analistas políticos que não percebem bem o que acontece por um misto de má-fé e preguiça mental - resultante da partidarização da imprensa e da academia - pontificaram sobre a logística comandada por Lula. E, triste, foram endossados por setores que se apresentam como a "esquerda autêntica". O papel de um operador político do quilate do ex-presidente é semelhante ao do regente de uma orquestra. Não faz a música, mas dá o compasso, define a harmonia do conjunto e tira de cada instrumento o som mais adequado.

Não pode ser confundido com alguém ocupado em arranjos paroquiais para colocar seu candidato em uma posição mais confortável. Não deve ser tratado como bufão que faz parte do espetáculo, mas não é bem-visto na peça. Não lhe faz justiça a roupagem de um Moisés a quem cabia levar seu povo à terra prometida, mas terminou por preferir ser adorador de um bezerro de ouro.

Não houve vacilações ou atitudes opacas, mas perfeito tino da logística requerida pela dinâmica política. A estratégia era clara demais para comportar tergiversações:aliança com ex-prefeita Erundina e o PSB, à esquerda, para garantir o apoio dos socialistas e neutralizar os descontentamentos do grupo ligado à senadora Marta Suplicy. Aliança com Maluf, à direita, para neutralizar parte do PSD de Kassab. Um tabuleiro sobre o qual havia que se debruçar meticulosamente, sem pruridos de uma ética de algibeira.

Esses apoios levariam o candidato do PT ao segundo turno até por que o partido tem históricos 30% dos votos na capital e, à exemplo de Dilma, a rejeição do Fernando Haddad é muito pequena em São Paulo. Para isso seria necessária a manutenção das candidaturas de Russomano e de Netinho, até então provável candidato do PC do B no primeiro turno. No segundo turno, ainda teríamos agregado o apoio de Chalita, do PMDB Apenas assim se conseguiria derrotar a máquina eleitoral do estado e do município de São Paulo pró- Serra, que tem cerca de 30% de rejeição dos eleitores na capital.

Pelo visto , faltou combinar com uma geração que gosta do suicídio político para expiar culpas sociais. Faltou dizer que o Maluf atual, aquele que merece combate, aquele que é conhecido pelas falcatruas e pelos métodos fascistas de lidar com adversários e movimentos sociais, atende por outro nome: José Serra. Será preciso desenhar?

Um golpe de novo tipo contra Lugo

 
Por Tarso Genro, no sítio Carta Maior:

O que foi tentado contra Lula, na época do chamado mensalão – que por escassa margem de votos não teve o apoio da OAB Federal numa histórica decisão do seu Conselho ainda não revelada em todas as suas implicações políticas - foi conseguido plenamente contra o Presidente Lugo. E o foi num fulminante e sumário ritual, que não durou dois dias. Não se alegue, como justificativa para apoiar o golpe, que a destituição do Presidente Lugo foi feita “por maioria” democrática, pois a maioria exercida de forma ilegal também pode ser um atentado à democracia. É fácil dar um exemplo: “por maioria”, o Poder Legislativo paraguaio poderia legislar adotando a escravidão dos seus indígenas?

No Paraguai o Poder Legislativo na condição de Tribunal político atentou contra dois princípios básicos de qualquer democracia minimamente séria: o princípio da “ampla defesa” e o princípio do “devido processo legal”. É impossível um processo justo - mesmo de natureza política - que dispense um mínimo de provas. É impossível garantir o direito de defesa - mesmo num juízo político - sem que o réu tenha conhecimento pleno do crime ou da responsabilidade a partir da qual esteja sendo julgado. Tudo isso foi negado ao Presidente Lugo.

O que ocorreu no Paraguai foi um golpe de estado de “novo tipo”, que apeou um governo legitimamente eleito através de uma conspiração de direita, dominante nas duas casas parlamentares. Estas jamais engoliram Lugo, assim como a elite privilegiada do nosso país jamais engoliu o Presidente Lula. Lá, eles tiveram sucesso porque o Presidente Lugo não tinha uma agremiação partidária sólida e estava isolado do sistema tradicional de poder, composto por partidos tradicionais que jamais se conformaram com a chegada à presidência de um bispo ligado aos movimentos sociais. A conspiração contra Lugo estava no Palácio, através do Vice-Presidente que agora, “surpreso”, assume o governo, amparado nas lideranças parlamentares que certamente o “ajudarão” a governar dentro da democracia.

Aqui, eles não tiveram sucesso porque - a despeito das recomendações dos que sempre quiseram ver Lula isolado, para derrubá-lo ou destruí-lo politicamente - o nosso ex-Presidente soube fazer acordos com lideranças dos partidos fora do eixo da esquerda, para não ser colocado nas cordas. Seu isolamento, combinado com o uso político do”mensalão”, certamente terminaria em seu impedimento. Acresce-se que aqui no Brasil - sei isso por ciência própria pois me foi contado pelo próprio José Alencar- o nosso Vice presidente falecido foi procurado pelos golpistas “por dentro da lei” e lhes rejeitou duramente.

A tentativa de golpe contra o Presidente Chavez, a deposição de Lugo pelas “vias legais”, a rápida absorção do golpe “branco” em Honduras, a utilização do território colombiano para a instalação de bases militares estrangeiras têm algum nexo de causalidade? Sem dúvida têm, pois, esgotado o ciclo das ditaduras militares na América Latina, há uma mudança na hegemonia política do continente, inclusive com o surgimento de novos setores de classes, tanto no mundo do trabalho como no mundo empresarial. É o ciclo, portanto, da revolução democrática que, ou se aprofunda, ou se esgota. Estes novos setores não mais se alinham, mecanicamente, às posições políticas tradicionais e não se submetem aos velhos padrões autoritários de dominação política.

Os antigos setores da direita autoritária, porém, incrustados nos partidos tradicionais da América latina e apoiados por parte da grande imprensa (que apoiaram as ditaduras militares e agora reduzem sua influência nos negócios do Estado) tentam recuperar sua antiga força, a qualquer custo. São estes setores políticos - amantes dos regimes autoritários - que estão embarcando neste golpismo “novo tipo”, saudosos da época em que os cidadãos comuns não tinham como fazer valer sua influência sobre as grandes decisões públicas.

É a revolução democrática se esgotando na América Latina? Ou é o início de um novo ciclo? A queda de Lugo, se consolidada, é um brutal alerta para todos os democratas do continente, seja qual for o seu matiz ideológico. Os vícios da república e da democracia são infinitamente menores dos que os vícios e as violências ocultas de qualquer ditadura.

Pela queda de Lugo, agradecem os que apostam num autoritarismo “constitucionalizado” na A.L., de caráter antipopular e pró-ALCA. Agradecem os torturadores que não terão seus crimes revelados, agradecem os que querem resolver as questões dos movimentos sociais pela repressão. Agradece, também, a guerrilha paraguaia, que agora terá chance de sair do isolamento a que tinha se submetido, ao desenvolver a luta armada contra um governo legítimo, consagrado pelas urnas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Deter o golpe no Paraguai

 

Por Luciano Wexell Severo:

É tensa e lamentável a situação enfrentada pelo heroico povo do Paraguai. A democracia e os avanços sociais estão sendo ameaçados pelos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade paraguaia. Está em execução um golpe de Estado dirigido por uma minoria privilegiada, por uma elite empresarial e uma oligarquia latifundiária, que cresceu e enriqueceu durante os 35 anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner.

Os grandes meios de comunicação do Brasil, da América Latina e do mundo estão, naturalmente, em silêncio. Entretanto, graças às redes sociais e a iniciativas como o canal Telesul (www.telesur.net) tem sido possível acompanhar os acontecimentos ao vivo. É importante lembrar que desde 2009 o presidente Fernando Lugo vem denunciando permanentes ações dos setores ultraconservadores para destituí-lo. Faltando nove meses para novas eleições presidenciais, a elite e os partidos de direita estão desesperados frente à iminente possibilidade de continuidade do governo.

Nesta quarta-feira, dia 21 de junho, em uma sessão relâmpago, 76 dos 80 deputados paraguaios aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. Os “argumentos” golpistas foram apresentados hoje e se pretende que o mandatário seja julgado e condenado amanhã, sexta-feira, até o final do dia. Quando pensamos que já vimos de tudo na América Latina surge algo novo. Trata-se de uma modalidade rara de golpe de Estado, sustentada por uma manipulação grosseira do poder legislativo. Houve três abstenções e a deputada Aida Robles, do Partido Participação Cidadã, foi a única que votou contra o julgamento-farsa.

A sessão parlamentar teve refinados toques de circo. Os deputados resolveram que amanhã, entre as 12h e as 17h30, se realizaria uma nova sessão. Conforme o estabelecido, o presidente Lugo teria duas horas para apresentar a sua defesa. Depois disso, os parlamentares propuseram analisar as “evidências” e anunciar o resultado. Obviamente, caso se leve a cabo este julgamento-farsa, o mandatário será destituído. Poucas vezes um parlamento de qualquer país do mundo tomou uma decisão tão importante em tão poucas horas. Isso não tem outro nome. É um golpe de Estado.

Entre os “motivos” apresentados pelos golpistas, prevalece o assunto do enfrentamento da semana passada, em Curuguaty, que causou a morte de 11 camponeses e seis policiais, além de haver deixado 50 feridos. Na ocasião, 100 famílias tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Houve um tiroteio e este é o pano de fundo do golpe. Um dos parlamentares chegou a culpar Fernando Lugo de “cometer os piores crimes desde a Independência". Ou o deputado foi vítima de uma impressionante falta de memória ou tem o rabo preso com a feroz ditadura de três décadas.

O caso de Curuguaty ainda não foi totalmente esclarecido, mas já existem inúmeras suspeitas de envolvimento de franco-atiradores que teriam disparado contra camponeses e policiais. Seria mais uma aplicação do chamado “crime de bandeira trocada”, a mesma estratégia tantas vezes utilizada na região para justificar intervenções e golpes. Se bem a insatisfação da oligarquia latifundiária com o governo Lugo venha de longa data, recentemente houve um fato novo. O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (SENAVE) não autorizou o uso comercial da semente transgênica da Monsanto no país. Neste contexto, tem ganhado destaque a figura de Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do poderoso diário ABC Color e sócio principal da Cargill do Paraguai. O empresário opera em conjunto com a União de Grêmios de Produção (UGP), insinuando-se como uma possível liderança política.

Escutar as declarações e “acusações” dos deputados golpistas paraguaios gera uma mescla de sentimentos, que vão do espanto ao nojo. Comportaram-se como legítimos papagaios de Washington, portadores de um discurso digno da Guerra Fria e porta-vozes dos interesses da classe mais poderosa. Acusam o governo de “comunista”. Não faltaram patéticas referências à “paz”, à “liberdade” e à propriedade privada. Expressam, repetidas vezes e sem qualquer pudor, um profundo ódio às ações democratizantes do atual governo em benefício das classes populares, historicamente excluídas no país mais pobre da América do Sul.

De acordo com o Partido Popular Tekojoja, a iniciativa de realizar um julgamento deixa “evidente quem esteve por trás do massacre de camponeses e de policiais. Os principais beneficiados daquela tragédia agora revelam os seus verdadeiros interesses. Estão utilizando um acontecimento lamentável para atentar contra a democracia, o presidente e o povo paraguaio”.

Neste momento, uma missão oficial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está em Assunção reunida com o presidente paraguaio. Viajam os ministros de Relações Exteriores de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Além disso, dezenas de milhares de paraguaios vindos de todas as regiões se dirigem às portas do parlamento na capital. Lugo, em cadeia nacional, afirmou que “o povo paraguaio saberá responder a esta ação de um setor egoísta que sempre concentrou privilégios e que agora não quer compartilhar os benefícios”. Finalizou dizendo que não renunciará e que saberá “honrar o compromisso assumido por meio da vontade das urnas”.

Como se sabe, Fernando Lugo é um ex-bispo católico, seguidor da Teologia da Libertação. Conta com o apoio de importantes movimentos sociais, mas sua maior debilidade parece estar no fato de não contar com uma estrutura partidária consolidada e organizada. Diversas iniciativas do governo têm sido boicotadas pelo parlamento opositor. Inclusive a entrada da Venezuela no Mercosul, amplamente vantajosa para a integração regional, está sendo trancada pelos deputados paraguaios há mais de cinco anos.

Somente a mobilização popular pode frear o golpe. Apenas para fazer referência ao período mais recente, que não se repita um golpe de Estado similar ao perpetrado sobre o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, em 2009. E que prevaleça a vontade popular, a mobilização e a resistência, como ocorreu na tentativa frustrada de derrubar o presidente Rafael Correa, do Equador, em 2010. Ao mesmo tempo, espera-se que as Forças Armadas do Paraguai sejam dignas de suas fardas, livrem-se de uma vez por todas do fantasma da ditadura de Stroessner e se mantenham ao lado do povo. Há força suficiente para impedir o julgamento-farsa e deter o golpe.

DINOSSAUROS E INSETOS


DIZIA E DIZ OS TUCANOS (PSDB) E A MIDIA LACAIA,  QUE NÓS ERAMOS DINOSSAUROS. NÓS OS NACIONALISTAS, QUE AMAMOS O BRASIL, QUE SOMOS GETULISTAS, DEFENDEMOS AS EMPRESAS ESTATAIS, O SERVIDOR PÚBLICO, O EMPRESARIADO NACIONAL. NOSSAS VÉRTEBRAS ESTÃO INTACTAS ATÉ HOJE, DEPOIS DE MILHÕES DE ANOS.
 VÁRIAS VEZES VIMOS “JORNALISTAS” COMO MIRIAM LEITÃO, ALEXANDRE GARCIA, BORIS CASOY E CIA., ESTES INSETOS INVERTEBRADOS, REPERTIR ISSO SOBRE NÓS.
DIFERENTES DELES, INSETOS, LACAIOS, QUE NÃO TEM VÉRTEBRAS E NÃO DURA UM DIA. MELHOR SER UM DINOSSAURO DO QUE SER UM INSETO INVERTEBRADO.
SIM, SOMOS COMO MUITO ORGULHO,  DINOSSAUROS E DE PÉ . ESTAMOS COM AS VÉRTEBRAS INTACTAS.

AYLTON MATTOS

Dilma discursa na Rio +20NOSSA PRESIDENTA SEMPRE FIRME DEFENDENDO OS INTERESSES DO BRASIL

Êxito da missão espacial chinesa ressalta a decadência dos EUA


China lança sua primeira missão espacial tripulada a módulo orbital


Acoplamento foi um grande sucesso”, declarou o Centro de Controle Aeroespacial de Pequim. A aeronave Shenzou-9, tripulada por três astronautas, entre uma mulher, Liu Yang, conectou-se com o laboratório Tiangong-1

A China lançou ao espaço no sábado (16) a nave espacial tripulada Shenzhou – 9 levada pelo foguete lançador Grande Marcha - 2F.

"A primeira missão de acoplamento espacial tripulada foi um grande sucesso. O anel de acoplamento da aeronave chinesa Shenzhou – 9 alcançou o módulo orbital do laboratório Tiangong - 1 e a astronave foi suavemente impulsionada por seus motores para finalizar com êxito o processo de união", declarou o Centro de Controle Aeroespacial de Pequim.

O lançamento da aeronave espacial tripulada com três astronautas a bordo, entre eles uma mulher, Liu Yang, no sábado (16) transcorreu normalmente e o presidente da China, Hu Jintao, parabenizou a equipe de técnicos pelo sucesso do lançamento da nave espacial.

Hoje (18) os três astronautas entraram flutuando no laboratório Tiangong – 1 para realizar experimentos científicos, exercícios físicos e para descansar.
"Jiang Haipeng, comandante da primeira missão de acoplamento espacial tripulado da nave Shenzhou – 9, foi o primeiro a entrar no Tiangong – 1 depois do exitoso acoplamento automático realizado às 14:07 h de hoje, lhe seguiram seus companheiros Liu Wang e Liu Yang", noticiou a agência chinesa Xinhua.

"Os três são os primeiros habitantes da cabine de 15 metros cúbicos, o Tiangong – 1, cujo nome significa "Palácio Celestial", complementa o informativo e acrescenta: "A transmissão televisiva ao vivo desse fato mostrou os astronautas em seus uniformes azuis saudando, diante das câmeras instaladas na cabine módulo, que com um peso de 8,5 toneladas, veio viajando ao redor da terra durante 263 dias desde seu lançamento em setembro de 2011".

"A verdadeira prova da missão será o acoplamento manual dentro de seis dias", comentou Zhou Jiannping, engenheiro-chefe do programa espacial tripulado da China e acrescentou "que o êxito dessa manobra demonstrará que o país domina as chaves do encontro e acoplamento espaciais. Isto também significará que a China será plenamente capaz de enviar pessoal e carga a um transportador espacial," pontuou Zhou.

O acoplamento a mão é considerado como um importante passo à diante para o programa espacial tripulado da China que pretende construir uma estação espacial até o ano de 2020 quando provavelmente será retirada a Estação Espacial Internacional.

Wang Ruijun, desenhista geral do sistema de seguimento e comunicação da missão disse hoje (18) "que os engenheiros criaram novas formas para integrar o controle telemétrico múltiplo e os canais de comunicação facilitando assim consideravelmente o processo de direção da nave espacial Shenzhou – 9 a partir de grandes distâncias". Ele acrescentou que "para garantir uma comunicação fluida entre os astronautas e o controle terrestre os engenheiros desenharam uma sistema telemétrico que se serve de tecnologias de retransmissão por satélite assim como estações de seguimento baseadas em terra e mar".

"A China espera ampliar a cooperação internacional para as futuras explorações espaciais" declarou Lu Xinguang, um dos principais engenheiros do sistema de controle do foguete lançador desta missão.
ROSANITA CAMPOS

Governo de minoria pró-arrocho na Grécia adia saída do atoleiro



No segundo turno eleitoral grego de domingo os partidos que defendem o memorando do arrocho da Troika – Nova Democracia e Pasok – ficaram claramente minoritários com 41,94% dos votos

Sob a maior campanha de atemorização já vista em décadas recentes, a Grécia foi às urnas no domingo (17) e por menos de 3% o partido que galvanizou os gregos contra o memorando do FMI, a Coalizão de Esquerda Radical – Syriza, logrou obter já agora o rompimento do país com o choque neoliberal. Resultado que mantém a Grécia sob feroz arrocho e desemprego, e adia a saída para a crise.

A Syriza obteve 26,89% dos votos, contra 29,66% colhidos pelo partido Nova Democracia, que fez campanha aterrorizando sobre a “saída do euro” e prometendo negociar remendos no memorando do FMI e Merkel. O Pasok, partido que lançou a Grécia ao despenhadeiro, limitou-se a 12,28% dos votos. Os Gregos Independentes tiveram 7,5%; Amanhecer Dourado, 6,92%; Esquerda Democrática, 6,26%; e Partido Comunista, 4,5%.

Com o resultado, fortalece-se um pólo de primeira grandeza de resistência ao memorando da Troika, com a Syriza primeiro quadruplicando a votação, para 16,78%, em maio e agora no domingo arrancando mais 10,11 pontos percentuais.

A Syriza venceu nas cidades, particularmente na periferia, na ilha de Creta e nas ilhas do Mar Jônico. Também venceu por larga margem entre os jovens. A maior votação da Nova Democracia foi nas áreas rurais. Considerando como demarcação ser contra ou a favor do memorando, os partidos do arrocho – ND e Pasok – ficaram com 41,94% dos votos, minoritários, portanto.

“Aterrorizem os terroristas com seus votos”, foi a proclamação do líder da Syriza, Alexis Tsipras, em seu discurso de encerramento de campanha eleitoral. Ele se referia à avalanche de declarações da Alemanha e de outros governos europeus e também do FMI ameaçando os gregos com a “saída do euro” se descumprido o memorando.

Uma onda de boatos buscou criar pânico entre a população. Como o de que “já em julho” o governo não teria dinheiro para pagar salários e aposentadorias e que a Syriza iria decretar “moratória de salários e pensões”. A moratória proposta pelo partido era da dívida externa espúria. Em razão da boataria, chegou a haver um princípio de corrida aos bancos, com saques diários de 800 milhões de euros às vésperas da eleição.

A proposta da Syriza era permanecer no euro, mas rasgando o memorando que lançou a Grécia numa crise humanitária, para criar condições para reverter a recessão de cinco anos consecutivos, desemprego de 21% e pauperização em massa.

BOATOS


A Nova Democracia fez uma campanha demagógica, dizendo que a eleição era sobre a permanência ou não na zona do euro – repercutindo assim quem ameaçava o povo grego. Ao mesmo tempo a mídia divulgava “notícias” sobre encontros secretos de altos funcionários da União Europeia para “expelir a Grécia do euro” – o que não é permitido pelos tratados – no caso de vitória da Syriza. Por outro lado, a ND ainda tinha alguma credibilidade por ter, por anos, se mantido como oposição ao Pasok e aos ajustes.

Em todo o caso, será um governo minoritário, com 112 deputados, em 300, conferidos pelas urnas. Graças à esdrúxula lei eleitoral grega, que dá ao primeiro colocado 50 cadeiras de presente, é que poderão constituir um governo do memorando.

Como o regime do memorando nada tem a oferecer à Grécia senão a continuação da atual agonia, a crise prosseguirá e se agravará. Inclusive a crise europeia, pois não é possível que seja um país que tem 3% do PIB europeu e 2,85% da dívida do continente, que seja a causa da atual conturbação na zona do euro.

 
ANTONIO PIMENTA

Para Lula, o monopólio tecnológico dos países ricos impede combate à fome e à deterioração ambiental


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta aos participantes da conferência Rio+20 chamando a atenção que a “crise atual expõe um mundo fragilizado pela enorme concentração de renda nas mãos de poucos países e poucas pessoas, e por uma ordem em que poucos consomem muitos recursos naturais e muitos pagam o preço da degradação do meio ambiente”.

Para Lula, a “modernidade é vista como a era do consumo, mas esse estereótipo esconde uma realidade dura. Não são todos os que consomem”.

O ex-presidente destaca que “a realidade dos últimos 30 anos é cruel: 10% da população global detêm 57% da renda global. É esse décimo da humanidade que é responsável por metade das emissões globais de carbono”.

“O avanço científico e tecnológico conquistado pelo mundo é suficiente para acabar com a fome, para recuperar as áreas degradas e para tomar medidas para prevenir a maior deterioração do meio ambiente. Para isso, no entanto, é preciso de vontade política”.

A advertência do ex-presidente Lula tem razão de ser e o exemplo disso é que os países ricos têm bloqueado até agora as discussões na conferência e impedido que se chegue a um acordo em torno do documento a ser tirado na conferência. Apenas 28% do documento é consenso.

Para os EUA e a Europa, somente eles devem crescer e se desenvolver e os países pobres e emergentes (a exemplo dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem estagnar ou retroceder seu desenvolvimento, deixando bilhões na miséria e na fome. Dos EUA e Europa não se pode esperar outra coisa: querem ter o monopólio do desenvolvimento, do conhecimento, e reservar aos países pobres o papel de gueto como fornecedores de produtos primários, de commodities, ou simplesmente o papel de coiteiros das suas multinacionais poluidoras e rapinadoras.

O discurso de proteção ao meio ambiente é apenas uma panacéia receitada pelos países ricos para os mais pobres e emergentes para continuarem a pilhar o mundo os outros. Isso ficou claro quando sequer concordaram com a criação de um fundo de US$ 30 bilhões destinados a financiar um “desenvolvimento sustentado”.

Na questão da saúde o caso foi mais gritante quando os EUA não concordaram com a menção a universalizar a saúde. Proposta do Brasil - que considera que não há desenvolvimento sustentável quando as populações padecem de graves enfermidades, os negociadores de Obama e Hillary Clinton se opuseram à quebra de patentes de remédios para a produção de genéricos destinados a combater doenças graves.