quinta-feira, 30 de abril de 2009

TERRORISMO DA MIDIA COLONIZADA E A GRIPE DE PORCOS


O QUE SE VE É A MIDIA COLONIZADA A FAZER TERROR DE UMA EPIDEMIA DA GRIPE DOS PORCOS.
A FOME, AS DROGAS, A VIOLÊNCIA, A INVASÃO DO IRAQUE,AFEGANISTÃO, MATA MILHARES DIARIAMENTE NO MUNDO.

VEJAM OS NUMEROS: NO MUNDO VIVEM CERCA DE SEIS BILHÕES DE PESSOAS.

PELOS DADOS DA IMPRENSA COLONIZADA, A "GRIPE DOS PORCOS" NÃO ATINGIU NEM DUAS MIL PESSOAS E FALAM EM EPIDEMIA.

CRIANÇAS,IDOSOS MAL NUTRIDOS PELO MUNDO EM FUNÇAÕ DA MISÉRIA PEGA UMA GRIPE "COMUM" MORRE AOS MILHARES.

O QUER ESTA MIDIA COLONIZADA?

PARALIZAR OS POVOS DIANTE DA CRISE DO CAPITALISMO APODRECIDO.

ESCONDEM ESTA GENTALHA DE A POLITICA PRATICADA NO MÉXICO É DE SUBSERVIENCIA AOS INTERESSES DA OLIGARQUIA-BÉLICA-FINANCEIRA-FASCISTA DOS EUA. A MISÉRIA TRIPLICOU COM A POLITICA NEOLIBERAL-ENTREGUISTA PRATICADA PELO GOVERNO DO MÉXICO. E AI O LACAIO PRESIDENTE DO MÉXICO VAI PARA TV SOLICITAR QUE NINGUEM VÁ PARA RUA. INTERESSANTE TAL APELO.

TERRORISMO PURO DE UMA MIDIA QUE APOIOU ESTA POLITICA DE PARASITAS,DE JOGATINA, DE ESPECULAÇÃO FINANCEIRA DE ESPOLIAÇÃO DOS POVOS.
ESTA MESMA MIDIA COLONIZADA APOIOU A POLITICA ASSSASSINA, DE ASSALTO NO IRAQUE, AFEGANISTÃO.

QUEM ESTA GANHANDO DINHEIRO COM ESTA HISTÓRIA SÃO AS MULTINACIONAIS QUE FABRICAM REMÉDIOS.

NA CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO TEMOS QUE REVER ESTAS CONCESSÕES DE TV, ESTE MONOPOLIO DA DESINFORMAÇÃO.

HIPÓCRITAS!

Sobre incautos, puxa-sacos e outros adoradores do bizarro


Para quem engana o público em gravação há tanto tempo, enganar os que pagaram os olhos da cara para assistir o seu show não é uma façanha. Madonna não sabe cantar, não sabe dançar, como atriz é medíocre, em suma, é um nada

Em artigo intitulado "Sinais de calvície", o escritor Regis Bonvicino ressalta que Madonna não é uma cantora: "Ela é um banco, que cobra juros sobre juros de seus clientes, no cheque especial". A citação é longa, mas, como o retrato é preciso, reproduzimos os principais trechos do artigo de Bonvicino:

"Madonna tem fãs e não ouvintes. O flanco histérico de sua voz – fino e irritante, mais adequado às torturas praticadas por Bush em Guantánamo – não permite que ela seja ouvida. (….) Quando ela apanha sua guitarra, Jimi Hendrix se revira no túmulo. As letras de suas canções (….) são dolosamente vagas. Exemplo: 'Tive muitas vidas/ desde menina/ Percebo/ quantas vezes eu morri/ Eu não sou aquele tipo de pessoa/ Às vezes sinto-me tímida/ Penso que posso voar/ Mais próxima do céu'. Lembram-se de 'Yer Blues', dos Beatles? Madonna é a diluição adúltera de tudo. (….) Seus 'versos' constituem-se em frases de efeito: 'If you don't like my attitude, then you can fuck off' (Se você não gosta do que faço, foda-se).

"Seu engajamento político resume-se, por exemplo, a mandar Sarah Palin, durante a campanha de 2008, 'se foder'. (….) Seu vocabulário tem umas cinqüenta palavras. Madonna já apresenta sinais evidentes de calvície. O diastema nos dentes incisivos superiores conferiu-lhe um ar de garota sexy e perversa, quando jovem. Hoje, isso a faz parecer uma bruxa. Sua forma física, e não sua beleza de butique, persiste. Não à toa sua primeira filha, Lourdes, é produto de seu relacionamento amoroso com seu antigo treinador. Ela é a cantora das academias. É o teatro de revista, sem humor. E sem pernas bonitas.

"Madonna é a ostentação pela ostentação, sem qualquer nível artístico. É oca por dentro, com o perdão da redundância. Um batalhão de designers projetou o figurino do palco. (….) Ela e sua banda usam 69 guitarras ao longo da apresentação. Bastaria um playback. Na verdade, e digo na verdade, Madonna representa o supercapitalismo norte-americano de Richard Nixon, Ronald Reagan, de George Bush, pai e filho, que, elitista e financeiro, sucumbiu numa depressão".

INCAUTOS E PUXA-SACOS

Na verdade, observamos nós, Madonna usou fartamente o playback em suas apresentações. A voz, que já era insignificante, agora está pior. Para quem engana o público em gravação há tanto tempo, enganar os que pagaram os olhos da cara (hum...) para assistir o seu show não é uma façanha. Madonna não sabe cantar, não sabe dançar, como atriz é medíocre – em suma, é um nada.

Entretanto, reproduzido o retrato, resta saber como apareceram, além dos incautos de sempre, tantos puxa-sacos durante a turnê da decadente Madonna (decadente inclusive comercialmente: há muito ela não consegue vender número de discos comparável, por exemplo, a Amy Winehouse, por sinal uma cantora muito melhor).

Pois, leitores, os puxa-sacos são os que sempre puxam o saco de qualquer lixo que vem dos EUA. Apenas isso. Não se trata, bem entendido, de que eles bajulem tudo o que vem daquele país. Não. A bajulação da mídia colonizada, apodrecida, tão ou mais decadente do que seus ídolos, é apenas ao que há de pior no norte da América.

Bonvicino diz que "o desaparecimento da crítica e da 'indústria cultural' permitiram a existência de Madonna. Aliás, não há crítica que consiga enfrentar o poder corruptor da indústria do entretenimento".

Nós diríamos que esse desaparecimento e essa corrupção não são gerais. Mas nessa mídia que se compraz em incensar madonnas, realmente a crítica tornou-se uma raridade, como, aliás, qualquer pensamento crítico em qualquer área. Monopólios de imprensa não existem para pensar, muito menos para estimular as pessoas a pensar.

Numa página famosa dos "Manuscritos Econômico-Filosóficos", escritos em 1844, quando tinha apenas 26 anos de idade, Karl Marx referiu-se à "hostilidade da burguesia em relação à arte".

Não se trata de que qualquer "burguês", qualquer empresário, seja individualmente um inimigo da arte. O problema é como o capitalismo transforma a arte numa mercadoria. A obra de arte é, portanto, transformada num valor, que impera acima do senso estético social que caracteriza o homem. Esse império do valor acaba se tornando algo anti-social nas várias esferas da vida – e sensivelmente, perceptivelmente, no campo da cultura. Em relação à obra de arte, o valor acaba por se chocar com o senso estético, por ser antagônico a este último – mais ou menos como a apropriação individual se choca cada vez mais com a produção social. Daí a decadência de certa arte, cada vez mais um valor mercadológico, assim como o vazio de certas bienais, etc.

Se essa tendência existe no capitalismo em geral, a questão torna-se crítica no capitalismo monopolista. Com a manietação do mercado, própria dessa época de degeneração do capitalismo, a mercadoria passa a ser imposta através da mídia. O monopólio só reconhece um mercado: o mercado cativo, em que os consumidores são obrigados a comprar o que lhes vendem os monopólios.

Assim, o conteúdo da obra torna-se completamente secundário, ou, para ser exato, a obra de arte, mesmo enquanto mercadoria, passa a ser um estorvo pelo que ela representa de reflexão e tomada de consciência humana. É então substituída por simulacros degenerados, empobrecidos, cada vez mais sem significação humana. Ao final, o que é servido pela "indústria cultural" já não é nem mesmo um simulacro, mas uma monstruosidade estética e intelectual.

Portanto, é sempre o pior, o mais alienado, o mais decadente, o mais inútil para a verdadeira existência humana que passa a ser promovido como suposta "cultura" de massas – e não somente como cultura de massas, vide as "instalações" que, após Marcel Duchamp, são servidas como "arte plástica" em alguns salões.


Na literatura, é forçoso reconhecer que os subliteratos de antigamente, diante de certos literatos atuais, pelo menos sabiam escrever. Não se trata aqui de qualquer nostalgia em relação ao que se considerava, no passado, subliteratura. Trata-se apenas de constatar a degradação crescente a que os monopólios e sua ação na área cultural estão levando.

Na área da música popular, em especial, esse processo é evidente. As madonnas, créus e eguinhas pocotós (e não há diferença qualitativa, a rigor, entre esses três exemplos) são os ícones desse apodrecimento e queda no vazio.

A questão é que, como em outras áreas, é uma ilusão monopolista achar que é possível sempre e eternamente impor esse lixo à população. Apesar de toda a bajulação da mídia, a turnê de Madonna esteve longe de corresponder à expectativa de seus promotores – em especial as apresentações feitas no Rio.

É assim mesmo. Continua válida a constatação de Lincoln de que é impossível enganar todos, ao mesmo tempo, para sempre... Otários e incautos, sempre os há – mas seu número não tem aumentado.

quarta-feira, 29 de abril de 2009


A Resistência Iraquiana: Cinco anos depois, reaparece o sucessor de Saddam


Este texto de Nicola Nasser, um veterano jornalista palestino a viver Cisjordânia ocupada por Israel, sobre uma longa entrevista dada por um dirigente da resistência iraquiana, é uma resposta a pergunta a que a informação globalizada do império não dá resposta: como é possível a resistência ao exército invasor? Nicola Nasser* - 11.07.08

Pela primeira vez desde a invasão estado-unidense do Iraque de Abril de 2003, apareceu em cena Izzat Ibrahim Addouri, o vice-presidente do defunto presidente do Iraque Saddam Hussein, apesar da recompensa de dez milhões de dólares fixada pela sua cabeça pelos norte-americanos.


Numa extensa entrevista dada em 26 de Maio passado a Abdel-Azim Manaf, editor chefe do periódico egípcio Al-Mawqif Al-Arabi, que não faz parte dos meios de comunicação dominantes, Izzat Ibrahim Addouri traça a estratégia e tácticas da resistência iraquiana dirigida pelo anterior partido governante, Al-Baaz.A reaparição de Addouri e a estratégia da resistência que traça representam um desafio directo à potência ocupante.Manaf disse a The Associated Press (AP) que tinha entrevistado Addouri “no campo de batalha”.


A “conversa” deu-se “com um comandante que se encontrava no seu território e entre os seus soldados”, em “zona de guerra” e no “campo de batalha enquanto falavam as armas”, dizia Manaf na sua introdução. Addouri falou no seu posto de “Comandante Supremo da Frente de Libertação e para a Jihad, como Secretário-Geral Pan-Arabista do Partido Socialista Árabe Al-Baaz e Secretário da Região do Iraque”, acrescentou o editor egípcio.AP declarou que “se crê que Addouri desempenha um papel importante nas tarefas de financiamento” da resistência, “ainda que pouco se saiba sobre a forma como lidera os combatentes directamente no terreno”.


No entanto, a potência ocupante, os Estados Unidos, assim como o Irão e o regime de Washington aliado dos iranianos chegados a Bagdad após a ocupação, tiveram muito interesse em minimizar o papel desempenhado por Addouri e pelo seu partido na resistência nacional, e em seu lugar destacaram o papel marginal desenvolvido pela Al-Qaida, que entrou no Iraque pela primeira vez graças aos EUA e a outros islamistas.


Se a história pudesse iluminar os factos actuais, a “censura” nas referências a Addouri na política dos meios de comunicação encontraria ecos no plano de golpe anglo-americano que derrubou o governo do dirigente iraniano Mohamed Musadeq em Agosto de 1953 e que serviu para instalar o Xá no poder.“Um aspecto essencial daquela conjura foi querer fazer passar como seguidores do Partido Comunista Iraniano Tudeh a multidão que se manifestava contra Musadeq (multidão que era na verdade um grupo mercenário, sem ideologia e pago com dólares norte-americanos”). Como em todas e cada uma das intervenções militares estado-unidenses e britânicas até ao colapso da URSS, agitava-se o espantalho da “ameaça comunista” como História Oficial…. A ameaça real do nacionalismo (e outros sujos objectivos para proteger os lucros obtidos a partir do petróleo) minimizava-se ou eliminava-se da imagem que se apresentava em público”. [Mark Curtis, “Web of Deciet”, Vintage, 2003].


No Iraque, a maquinaria da propaganda estado-unidense limitou-se a substituir a “ameaça comunista” pela da Al-Qaida.Manaf, assinala na sua introdução, que Addouri é um homem muito religioso, muito versado em teologia islâmica e em história árabe, muito próximo do sufismo. A sua cultura árabe e islâmica reflecte-se amplamente nas suas respostas, cheias de citações do Sagrado Corão e de frases de dirigentes históricos árabes e muçulmanos, situação que em alguns momentos converteu em missão impossível a tradução da sua entrevista para inglês.Addouri identificou Al-Baaz como uma “organização revolucionária, uma liderança forte e inovadora, uma organização revolucionária armada jihadista, que representa um exército intrépido e umas gloriosas forças armadas”.


Negando as informações dos meios de comunicação sobre a sua má saúde (nasceu em 1 de Julho de 1942), Addouri confirmou que: “Gozo de boa saúde e de um elevado espírito jihadista”, acrescentando que: “Creio hoje que estou caminhando para Deus e o Seu Profeta”, e que “deixei para trás o mundo, a sua sorte e a mim próprio” para estar totalmente dedicado e “entregue a Deus e ao seu Amor” até “à vitória ou ao martírio”.Três Capítulos da Resistência“A nossa resistência e luta face ao ocupante estado-unidense não são nada de novo”, disse Addouri. “Começou nos primeiros anos da formação do Al-Baaz para se ampliar e aprofundar após a gloriosa revolução de Tammuz (Julho) de 1968… Antes de 2003, o inimigo imperialista utilizou forças locais do Iraque, e em alguns casos da nação (árabe); outras vezes utilizou poderes regionais para nos combater em seu nome. Quando os seus instrumentos locais e regionais fracassaram na hora de impedir o renascimento pan-árabe do Iraque, o inimigo estado-unidense entrou directamente no campo da luta e do combate, acumulou grandes poderes e levou a cabo por si mesmo a invasão e a ocupação”.Identificou três etapas na resistência iraquiana à invasão e ocupação encabeçadas pelos EUA: “O primeiro capítulo foi o confronto oficial, quando as formações regulares das valentes forças armadas se levantaram frente à invasão; depois veio o lançamento da confrontação popular contra a invasão, que se entrelaçou com o anterior capítulo.


A integração popular, a oficial e a militar deram-se imediatamente e a guerra popular de libertação começou durante a primeira semana da invasão, planificada pelos dirigentes e de acordo com a sua estratégia”.Durante este segundo capítulo de formação da resistência a partir das organizações civis do partido, o fedayin Saddam e os voluntários tomaram parte no desenvolvimento das nossas “operações de martírio”.


As “gloriosas mulheres iraquianas participaram nas primeiras formações da resistência popular”. Algumas dessas mulheres realizaram “operações de martírio, a primeira das quais foi a heróica operação levada a cabo por duas mulheres em Bagdad ao terceiro dia da ocupação; outra operação foi levada a cabo por uma gloriosa mulher iraquiana em Al-Nasiriya, no sul do Iraque”.O “terceiro capítulo é a manutenção da resistência e a prossecução do combate até à libertação do Iraque”.Addouri disse que durante a ocupação caíram mais de 1,3 milhões de iraquianos e que “o número de mártires do Al-Baaz nessas batalhas foi superior a 120 mil”.Considera “esse histórico e decisivo confronto”, que descreve como “a batalha santa”, como o “destino e a responsabilidade do Al-Baaz, tanto como a responsabilidade do grande povo iraquiano e as suas capacidades islâmicas, pan-árabes e jiadistas nacionais, e do povo livre da nossa nação e humanidade (árabe) em conjunto, pois todos se tornaram “objectivos da invasão”.Addouri parecia confiar totalmente na vitória e reiterou que já foi derrotada a ocupação dirigida pelos estado-unidenses, que buscam agora desesperadamente uma saída”.


A “resistência destruiu a aliança do mal, cujos membros estão fugindo um após outro. Só Bush continua obstinado na sua derrota”, disse.Em resposta às perguntas sobre o que havia de verdade nas informações dos meios de comunicação alegando ter havido “contactos entre V. e os estado-unidenses”, se tinha havido algum “contacto directo ou indirecto com autoridades oficiais estado-unidenses”, se “estava desejoso de negociar com os estado-unidenses” e no caso de a resposta ser positiva “quais eram os termos da negociação?”, “se conduziria pessoalmente as negociações” ou autorizaria outros a negociar, se essas negociações seriam bilaterais (entre o Al-Baaz e os EUA) ou em nome da “frente” da resistência, e se estava seguro de que o resultado das negociações corresponderia ao peso real da resistência no terreno, “como diz o refrão, não podes chegar à mesa de negociações mais depressa do que chega a tua artilharia”, Addouri disse:“Amigos e inimigos” conhecem muito bem a nossa estratégia, que os meios de comunicação já publicaram; “o Al-Baaz não negoceia absolutamente com ninguém que não reconheça de antemão esta estratégia, e não negociará com os Estados Unidos nem com intermediários ou amigos, a não ser nessa base.


Se o inimigo reconhece esta estratégia, nos sentaremos com ele directamente, negociaremos com ele e o ajudaremos a sair do nosso país sem perder a face e facilitando a sua saída. Se não houver esse reconhecimento, não haverá negociações com o inimigo ocupante”.


“O Al-Baaz reunir-se-á com todos os que queiram fazê-lo, excepto com a entidade sionista (Israel) e com governo de colaboracionistas da Zona Verde… Nos sentiremos felizes quando o inimigo se convencer da sua derrota, aceitar a nossa estratégia e se sentar connosco a negociar um programa a ser posto em marcha”, acrescentou.Addouri explicou a sua estratégia, indicando que “qualquer negociação com os invasores sem essa estratégia representa uma deserção e uma traição, e isso é algo que todas as facções islâmicas, pan-árabes e nacionais de a resistência repudiam”:•


Reconhecimento oficial efectivo da resistência nacional, tanto armada como desarmada, incluindo todas as suas facções e partidos políticos, como a única e legítima representante do povo do Iraque.•


Declaração oficial de retirada incondicional do Iraque por parte dos dirigentes estado-unidenses.•


Declarar nulas e sem efeito todas as instituições legislativas e políticas, assim como todas as leis por elas emitidas desde o momento da ocupação, começando pela lei de “desbaazificação”, compensando todos os que tenham sido prejudicados por todas essas leis.•


Pôr fim aos assaltos, perseguições, prisões, assassinatos e deportações.•


Libertação de todos os prisioneiros de guerra, prisioneiros e detidos sem excepção, compensando-os por todos os danos físicos e psicológicos.•


Reconstruir o exército e as forças nacionais de segurança, de acordo com as leis e regulamentos anteriores à ocupação, e compensando todos os que foram negativamente afectados pela sua dissolução.•


Compromisso de compensar o Iraque por todas as perdas morais e materiais provocadas pela ocupação.Tácticas da Guerrilha IraquianaAddouri expôs os seus pontos de vista sobre “a guerra de libertação popular e a guerrilha”, aconselhando os combatentes da resistência a “aderirem aos princípios e normas” deste tipo de guerra e enumerou as quinze tácticas “mais eficazes” para prejudicar o inimigo:


Primeira, “aparecer rapidamente de trás, de frente e aos lados do inimigo, conforme o permitir a natureza do lugar, momento e clima da operação, e o tipo e natureza do objectivo; depois atacar velozmente e desaparecer rapidamente antes que o inimigo possa ter tempo de reagir”.


Segunda, “planificação, realização e selecção do objectivo, pôr muito empenho em causar danos ao inimigo”, acrescentou.


Terceira, “a tua arma é a tua vida; por isso tem cuidado para te manteres sempre alerta e longe dos olhos do inimigo e dos seus espiões”


Quarta, “proteger a segurança da informação…como uma linha vermelha ou uma questão sagrada” e não confiar em ninguém “porque a confiança não tem limites em sociedade”.


Quinta, “sem espiões, o inimigo é como um cego; por isso faz tudo o que possas para os descobrir e eliminar”.


Sexta, “não te deixes levar por sucessivas vitórias” nem te sintas tentado a “ fazer alarde delas” ou perderás o teu auto-controlo perante os elogios dos teus actos heróicos, não te convertas num fanfarrão do teu êxito, “sê consciente de que o inimigo procura sempre apanhar-te. Por isso sê discreto, passa despercebido e sê vigilante”.


Sétima, “inflige as maiores perdas nas fileiras do teu inimigo e procura diminuir ao máximo as perdas nas tuas”.


Oitava, “torna difícil a vida do inimigo durante as suas horas de descanso, não permitas que encontre segurança em nenhum lugar e não lhe dês tempo para que recupere”.


Nona, “as linhas de abastecimento são o salva-vidas do inimigo”. Por isso, “concentra-te e corta” essas linhas.


Décima, “concentra-te nas bases, campos e quartéis do inimigo dia e noite” para “quebrar a sua moral”.


Décima primeira, “gasta o tempo necessário para tratar com todo o cuidado os traidores e espiões para evitar atingir os inocentes”.


Décima segunda, “alarga o círculo de controlo, perseguição e caça do inimigo… para que não te surpreenda”.


Décima terceira, “mantém os teus laços tradicionais com os teus familiares, vizinhos, conterrâneos e amigos, e aprofunda e estreita esses laços, mas não lhes faças sentir que tens uma missão que eles não compreendem” e “ajuda-os a superar as dificuldades e a dureza da vida diária, que são tantas hoje em dia” para que te protejam quando estiveres em perigo e não te entreguem ao inimigo; eles são “ a tua armadura segura e o teu honesto amparo”.


Décima quarta, “crê em Deus… que seja o nosso ponto forte de partida”.


Décima quinta, “luta por amor de Deus contra os inimigos de Deus… até que o tirano… até que os invasores sejam derrotados, até à vitória inequívoca, até à libertação da pátria, e levanta a bandeira de “Não há outro Deus além de Deus” e recupera a bandeira de “Deus é o Maior”, para que se levante por sobre os céus do Iraque” afirmou AddouriOutros Extractos da EntrevistaManaf:


Disse que a resistência iraquiana se constituiu imediatamente após a profanação da terra do Iraque pelas forças estado-unidenses. Como pode a resistência nascer e crescer com tanta rapidez?Addouri: “O Partido Socialista Árabe Al-Baaz é o partido do Iraque e da nação árabe… Não deporá as armas nem deixará de lutar nem uma hora, dia e noite e a marcha dos seus jiadistas não se deterá nunca… Não se deixou surpreender pelos acontecimentos, como aumentou… a sua determinação de continuar a combater implacavelmente contra os invasores, os seus cúmplices e espiões, sem ter em conta os sacrifícios nem o tempo que custe conseguir a vitória completa e a libertação do Iraque”.Papel do ExércitoManaf:


Que papel desempenham na resistência os oficiais e soldados das forças armadas iraquianas?Addouri: Actualmente desempenham “um papel heróico e decisivo na marcha da resistência. Além do seu papel de luta jiadista através das suas próprias formações… sob as directivas do Comando-Geral das Forças Armadas; estão distribuídos de acordo com a liderança do partido Al-Baaz e do Comando-Geral das Forças Armadas, noutras facções jiadistas onde actuam como comandantes de campo, planificadores, técnicos, construtores e promotores da maioria das diversas armas da resistência. Representam a alma da resistência e o segredo das suas inovações, realizações e vitórias”.Novos métodos “sem precedentes”Manaf: Que distingue a resistência iraquiana? Como pode combater o ocupante em campo aberto?Addouri: “A resistência depende das normas e princípios das guerras populares e da guerra de guerrilhas, embora no desenvolvimento dos seus métodos e tácticas de combate tenha sido inovadora na sua logística e operações especiais. E mais importante, adaptou-se ao meio iraquiano para actuar em função da guerra popular. Por meio da prática, desenvolveu muito essas normas para “se mover com rapidez” a fim de conseguir que “toda a terra seja nossa e todo o tempo seja nosso” e ser capazes de converter em antiquado o que é novo para o inimigo, de forma a “enfrentá-lo com as nossas próprias inovações”.“Elaboramos e inovamos novas vias e métodos que não têm precedentes nas guerras populares de libertação, ou inclusive nas ciências da espionagem… Não posso entrar em mais detalhes por razões de segurança; isso é o que mantém a resistência e os seus dirigentes, é um segredo misterioso para humilhar o inimigo, os seus colaboradores e espiões”.Al-Baaz vive e… continua recrutando partidáriosManaf: Neste momento, estão distribuídas por igual as formações da sua resistência para cobrir toda a área do Iraque ou concentram-se em certas zonas e departamentos?Addouri: “O partido (Al-Baaz) tem mais de meio século de existência no Iraque…. A actual organização do Al-Baaz… é mais forte em muitos casos do que era antes da ocupação… (Não vou dar mais pormenores por razões óbvias) O Al-Baaz se manifestará a seu devido tempo”. Na actualidade, o partido está presente em todas as cidades, povoados, planícies, montanhas e desertos do Iraque; no exterior do Iraque também está presente entre os iraquianos onde quer que estejam, em todos os países árabes ou em países estrangeiros”.Depois da ocupação, apesar das “duras condições” para se incorporar no partido e da campanha de desbaazificação, “milhares uniram-se ao partido, a maioria gente jovem de entre 16 e 25 anos. Dezenas de milhar de outros iraquianos uniram-se às facções da resistência dirigidas pelo Al-Baaz”.“Finalmente, surgiu a Frente Islâmica, Pan-Árabe e Nacional; Al-Baaz é um dos seus pilares básicos”.Sem apoio exteriorManaf: A resistência iraquiana é única no facto de que não tem apoios ou financiamento internacionais, regionais ou árabes; como pode o Al-Baaz manter a força e escalada da resistência?Addouri: “A nossa resistência… não só não tem financiamento fora das fronteiras do país, o que é pior e mais amargo é que 99% dos poderes com influência do mundo estão ou directamente implicados com o inimigo contra ela ou simpatizam com o inimigo; o um por cento que simpatiza com a resistência, virou-lhe as costas por medo aos seus inimigos, mas Deus providenciou e fez com que não precisemos deles. O povo do Iraque trouxe-lhe o seu dinheiro e os seus filhos: é uma fonte inesgotável”.Manaf: Há quem diga que o papel do Al-Baaz na resistência é limitado. Qual é a dimensão da resistência dirigida pelo Al-Baaz?Addouri: “O ocupante inimigo e os seus sócios regionais e locais lançaram um genocídio contra os baazistas, as suas famílias, seguidores e simpatizantes. A Constituição dos colaboracionistas, que foi preparada pela CIA, inclui um artigo racista nazi que estipula a liquidação do Al-Baaz como organização, pensamento e pessoas”.“Estabeleceram como objectivo a liquidação física, destruição e erradicação do partido da sociedade até ao último dos seus membros”.“Um dos mais importantes e perigosos métodos de desbaazificação, depois do assassinato e liquidação física dos baazistas, é a intenção de censurar totalmente o papel do Al-Baaz no campo de batalha como partido resistente e resistência armada, desprestigiando a sua imagem e papel”.“Se o Al-Baaz não tivesse estado na origem da resistência desde o primeiro dia da invasão e ocupação, e não tivesse actuado como se a batalha fosse a sua própria batalha e a causa a sua própria causa, o mundo não poderia ter visto o aparecimento da mais forte das resistências nacionais imediatamente após a invasão”.“O resto das facções da Jihad apareceram quando a resistência estava profundamente envolvida no confronto com o ocupante e minando a sua estratégia; algumas dessas facções formaram-se e começaram a actuar três anos depois da ocupação.Operacões documentadas com CD“A coluna vertebral” da “ampla e forte base da jihad é hoje a resistência do Al- Baaz e a das forças islâmicas, pan-árabes e nacionais, com os membros do Alto Comando da Jihad e da Libertação na vanguarda, que abarca todo o Iraque”, desde Um Qaser pelo sul até Zajo pelo norte, e desde Al Qaim pelo oeste a Janqin e Mandali pelo leste.Esta resistência é objecto de um assédio político, económico e mediático, a fim de censurar e suprimir as suas operações militares, actividades políticas e a sua destrutiva influência física e psicológica sobre os soldados da potência ocupante e das suas forças no Iraque.Manaf: “Não vê como os invasores, colaboracionistas, traidores, espiões e renegados… apesar das suas divergências em muitas outras coisas, estão de acordo em censurar o seu papel e acções e em vez disso expandir a ideia de que a resistência é terrorismo?”Addouri: “Documentei em CDs milhares de operações dos últimos cinco anos contra o inimigo… apesar de o inimigo enaltecer o papel de outros grupos, alguns dos quais, directamente ou através de intermediários, foram formados pelo próprio ocupante, e algumas outras foram formadas por poderes estrangeiros hostis ao Iraque… que matam as pessoas com base nos dados do seu documento de identidade (Addouri referia-se explicitamente às milícias sectárias formadas pelo Irão, mas não mencionou o nome deste país).Futuro Sistema PluralistaManaf: Como entende o processo político em curso no Iraque? Que comentário pode fazer acerca das conferências de reconciliação de que se falou sob os auspícios da Liga de Estados Árabes?Addouri: “Não há trégua com esses… e resistiremos qualquer que seja a entidade que se estabeleça sob a ocupação e ao seu serviço, e entre elas, e em primeiro lugar, o governo de traidores da Zona Verde”.Manaf: Pensou em alguma estratégia para administrar o governo do Iraque depois da libertação?Addouri: Desde o primeiro dia da ocupação, o Al-Baaz fez um apelo à “unidade da resistência como uma necessidade histórica”. Com esforço e persistência, o partido conseguiu formar a “Frente Islâmica, Pan-Árabe e Nacional em 2005”, e de seguida a “Jihad e a Frente de Libertação, para integrar as facções armadas em campo (33 facções armadas da resistência, segundo disse). Ambas as frentes estão abertas a todas as forças políticas e armadas contra a ocupação” a fim de conseguir uma maior unidade durante a libertação e depois dela.O Al-Baaz não adoptou nunca uma postura de partido único; “não crê nela e rejeita a teoria do partido único”. No entanto, no passado, e por “circunstâncias objectivas”, defendeu “a teoria do partido dirigente”.“O Al-Baaz crê profunda e principalmente na criação de um sistema democrático nacional pluralista no qual o poder mude democraticamente a partir das urnas e de eleições justas, livres e transparentes”.Qualquer desvio deste aspecto ocorrido no passado “inclui-se no contexto dos erros” da história do Al-Baaz.Compromisso com a autonomia curdaManaf: Que programa apresenta para abordar a questão curda após a libertação?Addouri: “Cremos firmemente que o nosso povo curdo não conseguirá os seus direitos nacionais e culturais… senão no seio da unidade de… um Iraque livre, libertado, independente e próspero… O Partido Baaz continuará comprometido com a declaração histórica de Março de 1970 e com a Lei de Autonomia de 1974 como base para abordar os direitos políticos, culturais e nacionais do nosso povo curdo do Iraque”.Manaf: Foi há pouco fundado publicamente o “Partido pela Justiça e a Liberdade do Curdistão”, que está contra a ocupação. Que papel espera que desempenhe este partido no Curdistão?Addouri: Foram fundados dois partidos curdos em nome do partido pela liberdade e justiça do Curdistão, um presidido por Yohar al-Hirki, filho de uma importante família curda iraquiana que é leal ao povo do Iraque, e outro que é presidido pelo “irmão combatente” Arshad Zibari. Ambos fizeram grandes sacrifícios a partir das suas famílias e tribos contra a ocupação e em defesa da liberdade e independência do Iraque.“O nascimento de ambos os partidos contribuirá para fortalecer e ampliar o movimento nacional curdo contra a ocupação e os que a apoiam”.*Nicola Nasser é um jornalista árabe veterano que vive em Bir Zeit, Cisjordânia, nos territórios palestinianos ocupados por Israel.

Este texto foi originalmente publicado em:http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=9192

Três coisas na vida que depois de passarem não voltam



1. Tempo 2. Palavras3. Oportunidades


Três coisas que podem destruir uma pessoa1. Raiva 2. Orgulho 3. Não perdoar


Três coisas que nunca devemos perder 1. Esperança 2. Paz3. Honestidade


Três coisas que são valiosas 1. Amor Verdadeiro2. Familia 3. Amigos


Três coisas que nunca podem ser dadas como certas 1. Fortuna 2. Sucesso 3. Sonhos


Três coisas que fazem ser uma pessoa digna 1. compromisso 2. Sinceridade 3. Trabalho honesto


Três verdades constantes - Pai - Filho - Espirito Santo


Pedi a Deus que te abençoasse hoje e sempre; que te guie e proteja, ao longo da tua caminhada.


O Amor de Deus está sempre contigo,


As promessas de Deus são verdadeiras.


E quando Lhe entregas todos os teus problemas, Tu sabes que Ele os resolverá.


Deus te abençoe!
Conferência de Comunicação irá debater monopólio na mídia

O evento, que será realizado nos dias 1, 2 e 3 de dezembro, deverá discutir ainda a elaboração de uma nova lei para regulamentar o setor
Portaria editada pelo Ministério das Comunicações constituiu a Comissão Organizadora da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que será realizada nos dias 1, 2 e 3 de dezembro. Sob o tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, a Conferência foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva através de decreto, e vai debater, entre outros, temas como o monopólio nas comunicações.
A Comissão será formada por 28 membros, sendo 12 do poder público, com oito indicados pelo Executivo Federal e quatro pelo Congresso Nacional, e 16 da sociedade. Ao longo do ano, serão realizados debates por todo o país através de conferências municipais e estaduais.
A composição da Comissão Organizadora estabelecida pelo Ministério das Comunicações recebeu críticas de entidades da sociedade civil, como o Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes) e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que participam da comissão. Enquanto representantes dos donos de jornais, revistas e canais de TV contam com mais de uma entidade na comissão, apenas uma central sindical, a CUT, foi convidada.
“Para além da proposta final não ter sido dialogada com a CNPC (Comissão Nacional Pró Conferência), o governo apresentou uma proporção entre os setores que coloca movimentos sociais, entidades de trabalhadores(as) e organizações da sociedade civil em clara sub-representação. Uma proposta que contém 12 representantes do poder público, 8 representantes dos empresários, 7 representantes do segmento não empresarial da sociedade civil e 1 representante da mídia pública está longe de ser equilibrada, e está em desacordo com a proporção adotada em outras conferências, como a Conferência Nacional de Saúde”, afirma o Intervozes.
O problema básico é que as duas entidades “empresariais” que representam as TVs têm basicamenter a mesma composição e o mesmo acontece com as três que representam a mídia impressa. Assim, as TVs comerciais estão duplamente representadas e os jornais e revistas, triplamente representados. Entidades que se colocam como representantes dos movimentos sociais pedem que a representação seja mais equilibrada com a inclusão de mais entidades populares: “Esses grupos [entidades de TVs e jornais] possuem grande poder econômico e político, mas representam, proporcionalmente, um percentual ínfimo na sociedade brasileira”.
Os ministros das Comunicações, Hélio Costa; da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci; e da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, afirmaram que o governo federal considera natural a discussão de temas como o monopólio no setor de comunicações ou a necessidade de um nova lei geral.
“Todos os assuntos podem ser abordados. O governo não tem preferência e quer uma discussão aberta, democrática e ampla”, afirmou Hélio Costa.
Duas questões deverão dominar os debates quanto à democratização da comunicação no Brasil. Por um lado, o nível de concentração da mídia deixa a informação à mercê dos interesses de um pequeno grupo, por outro, a entrega do setor de telecomunicações ao capital estrangeiro abriu espaço para que, hoje, os grandes conglomerados internacionais dominem, ao arrepio da lei, os setores de TV a cabo e transmissão de dados (internet).
“Nos anos 1990, cerca de nove grupos de empresas familiares controlavam a grande mídia. As famílias eram Abravanel (SBT), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Frias (Folhas), Levy (Gazeta), Marinho (Globo), Mesquita (O Estado de S.Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Band). Hoje esse número está reduzido a cinco. As famílias Bloch, Levy, Nascimento Brito e Mesquita já não exercem mais o controle sobre seus antigos veículos”, assinala Venicio A. de Lima, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, no artigo “Em defesa da propriedade cruzada”, publicado pelo Observatório da Imprensa.
Atualmente, as teles estrangeiras NET (Telmex/AT&T) e TVA (Telefônica/Morgan-Chase), juntamente com a SKY (Murdoch), dominam 88% do mercado da TV por assinatura, e boa parte das conexões de internet.

domingo, 26 de abril de 2009



Advertem que persiste o risco de magnicídio na Bolívia
LA PAZ.— O vice-presidente da Bolívia, Álvaro Garcia Linera, afirmou hoje, 19 de abril, que a vida do presidente Evo Morales e do próprio Estado continuam em risco, pelo bando terrorista que preparava um magnicídio e que foi descoberto esta semana em Santa Cruz, noticiou a EFE.
"A vida do presidente Evo (Morales) esteve e continua em risco", disse Garcia Linera, ao informar na televisão estatal sobre a operação policial anti-terrorista na qual morreram três sicários internacionais e outros dois foram detidos.
O vice-presidente disse inclusive que é "a segurança e a unidade do Estado e a vida dos bolivianos" que continua em risco, por uma trama da qual foi divulgada só 10% ou pouco menos".
Na intervenção policial num hotel de Santa Cruz, foram abatidos o romeno Magyarosi Arpak, o irlandês Dwayer Michael Martin e o boliviano Eduardo Rózsa Flores, além de presos o boliviano-croata Mario Tadic Astorga e o húngaro Elot Toazo.
Os cinco faziam parte duma banda que segundo Garcia Linera, planejavam matar o presidente e outros membros do gabinete de Morales, inclusive o próprio vice-presidente.
Assinalou que, detrás dos mercenários existe um cérebro boliviano que tinha por "objetivo final ou a tomada do poder violenta ou algum tipo de fragmentação regional", através da geração de uma onda de violência e descontrole geral", antes de formar "grupos armados".
"Temos que ir dos tentáculos à cabeça", disse o vice-presidente, quem não quis aventurar identidades dos responsáveis, embora apontasse a "uma direita derrocada politicamente que não confia na via democrática para mudar o poder".•

REFLEXÕES DE FIDEL

A Cúpula e a mentira


ALGUMAS coisas que Daniel me disse seriam difíceis de acreditar se não fosse ele quem as contou e se não fosse uma Cúpula das Américas onde aconteceram.O insólito é que não houve tal consenso em relação ao documento final. O agrupamento da ALBA não o assinou; assim o constatou no último intercâmbio com Obama, na presença de Manning e do resto dos líderes na manhã de 19 de abril.Nessa reunião falaram Chávez, Evo e Daniel sobre o tema com absoluta clareza.Pareceu-me que Daniel exprimiu uma queixa amarga quando, no dia da inauguração da Cúpula, disse em seu discurso: "…Acho que o tempo que estou empregando é muito menor que o que tive de demorar, três horas, no aeroporto dentro do avião." Perguntei-lhe a respeito disso e me contou que seis dirigentes de alto nível tiveram que esperar na pista: Lula, do Brasil; Harper, do Canadá; Bachelet, do Chile; Evo, da Bolívia; Calderón, do México e ele, que era o sexto. Qual o motivo? Os organizadores, num ato de bajulação, decidiram isso para receber o presidente dos Estados Unidos. Daniel permaneceu três horas dentro do caloroso avião da LACSA, no aeroporto, sob o sol causticante do Trópico.Explicou-me o comportamento dos principais líderes presentes na Cúpula, os problemas fundamentais e específicos de cada um dos países da América Latina e do Caribe. Não percebi rancor algum. Estava seguro, tranqüilo e compreensivo. Lembrei-me dos tempos da guerra suja de Reagan, as milhares de armas lançadas por ele contra a Nicarágua, as dezenas de milhares de mortos, a colocação de minas nos portos, o uso das drogas por parte do governo dos Estados Unidos para eludir as disposições do Congresso, proibindo fundos para financiar aquela guerra cínica.Não esquecemos a criminosa invasão ao Panamá, ordenada por Bush pai, a horrível chacina de El Chorrillo, os milhares de panamenhos mortos, a invasão à pequena Granada com a cumplicidade de outros governos da região, fatos bastante recentes na trágica história de nosso hemisfério.Em cada um dos crimes estava a mão da OEA, principal cúmplice das brutais ações da grande potência militar e econômica contra os nossos povos empobrecidos.Contou-me do prejuízo que o narcotráfico e o crime organizado ocasionam aos países da América Central, o tráfico de armas norte-americanas, o imenso mercado que impulsiona essa atividade tão nociva para as nações da América Latina e do Caribe. Contou-me das possibilidades geotérmicas da América Central como um recurso natural de grande valor. Considera que a Nicarágua, por essa via, poderia atingir uma capacidade de geração equivalente a dois milhões de kW/h. Hoje sua capacidade total de geração elétrica, incluídas as diversas fontes de energia, apenas atinge 700 mil kW/h e são freqüentes os blecautes.Falou da capacidade da Nicarágua para produzir alimentos, do preço do leite que é distribuído a um terço do que cobram nos Estados Unidos, ainda que os salários nesse país sejam dezenas de vezes mais altos. Nossa conversa girou em torno disso e de outros temas práticos. Em nenhum momento percebi rancor nele e ainda menos sugerir medidas extremistas no tema econômico. Está bem informado e analisa com grande realismo o que pode e deve ser feito.Expliquei-lhe que muitas pessoas em nosso país não puderam escutar seu discurso por questão de horário e da falta de informação oportuna sobre a Cúpula, que por tal motivo lhe pedia que aceitasse explicar a três jornalistas jovens, num programa da televisão, os temas mais importantes relacionados com a Cúpula das Américas, os que, com certeza, serão do interesse de muitos latino-americanos, caribenhos, norte-americanos e canadenses.Daniel conhece muitas possibilidades concretas de melhorar as condições de vida do povo da Nicarágua, um dos cinco países mais pobres do hemisfério, como conseqüência das intervenções e da pilhagem dos Estados Unidos. Agradou-lhe a vitória de Obama e o observou bem na Cúpula. Não lhe agradou seu comportamento na reunião. "Mexia-se por todos os lados — disse-me — procurando as pessoas para influir sobre elas, sugestionando-as com seu poder e seus elogios."É claro que, para um observador a distância, como era meu caso, percebia-se uma estratégia concertada para exaltar as posições mais afins aos interesses dos Estados Unidos e mais opostas às políticas partidárias das mudanças sociais, da unidade e da soberania dos nossos povos. O pior, a meu ver, foi a manobra de apresentar uma declaração supostamente apoiada por todos. O bloqueio a Cuba nem sequer foi mencionado na Declaração Final e o presidente dos Estados Unidos a utilizou para justificar suas ações e encobrir supostas concessões de sua administração a Cuba. Nós compreenderíamos melhor as limitações reais do novo presidente dos Estados Unidos para introduzir mudanças na política de seu país em relação a nossa Pátria, do que o uso da mentira para justificar suas ações. Por acaso devemos aplaudir a agressão de nosso espaço televisivo e radiofônico, o uso de tecnologias sofisticadas para invadir esse espaço de grandes alturas e aplicar a mesma política de Bush contra Cuba? Devemos aceitar o direito dos Estados Unidos de manter o bloqueio durante um período geológico até trazer a democracia capitalista a Cuba?Obama confessa que os líderes dos países latino-americanos e caribenhos lhe comentam em todas as partes dos serviços dos médicos cubanos, contudo, expressa: "…Isto é um recordatório para nós nos Estados Unidos, de que se nossa única interação com muitos países é a luta contra a droga, se nossa única interação é militar, então é possível que não estejamos desenvolvendo conexões que com o tempo possam aumentar nossa influência e ter um efeito benéfico quando tenhamos necessidade de fazer avançar políticas de nosso interesse na região."No subconsciente, Obama compreende que Cuba goza de prestígio pelos serviços de seus médicos na região e até dá mais importância que nós próprios. Talvez nem sequer o informaram de que Cuba enviou seus médicos não só para a América Latina e o Caribe, mas também para numerosos países da África, da Ásia, em situação de catástrofes, a pequenas ilhas da Oceania como Timor-Leste e Quiribati, ameaçadas de ficar sob as águas se o clima mudar e, inclusive, ofereceu enviar, em questão de horas, uma brigada médica completa para socorrer as vítimas do Katrina, quando grande parte de Nova Orleans ficou desamparada abaixo das águas e haveriam podido salvar muitas vidas. Milhares de jovens selecionados de outros países foram formados como médicos em Cuba, mais dezenas de milhares se estão preparando.Mas não só cooperamos no setor da saúde, também no da educação, dos esporte, da ciência, da cultura, da poupança de energia, do reflorestamento, da proteção do meio ambiente e noutros. Os órgãos das Nações Unidas podem atestar isso.Mais uma coisa: sangue de patriotas cubanos foi derramado na luta contra os últimos baluartes do colonialismo na África e na derrota do apartheid, aliado dos Estados Unidos. O mais importante de tudo, já o disse Daniel na Cúpula, é a ausência total de condicionalidade na contribuição de Cuba, a pequena Ilha que os Estados Unidos bloqueiam. Não o fizemos na busca de influências e apoio. Foram os princípios que sustentam nossa luta e nossa resistência. A taxa de mortalidade infantil em Cuba é menor que a dos Estados Unidos; há muito tempo que não há analfabetos; as crianças brancas, negras ou mestiças frequentam a escola todos os dias; têm as mesmas possibilidades de estudar, inclusive, aquelas que precisam de uma educação especial. Não temos alcançado toda a justiça, mas sim o máximo de justiça possível. Todos os membros da Assembleia Nacional são candidatados e eleitos pelo povo; vota mais de 90% da população com direito ao voto.Não solicitamos a democracia capitalista na qual o senhor se formou e na qual acredita sinceramente e com todo o direito.Não pretendemos exportar nosso sistema político para os Estados Unidos.

Fidel Castro Ruz


22 de abril de 200912h53 •

Discurso de Getúlio Vargas nas comemorações do Dia do Trabalho, em 1ºde maio de 1938


Operários do Brasil: No momento em que se festeja o "Dia do Trabalho", não desejei que esta comemoração se limitasse a palavras, mas que fosse traduzida em fatos e atos que constituíssem marcos imperecíveis, assinalando pontos luminosos na marcha e na evolução das leis sociais do Brasil. Nenhum governo, nos dias presentes, pode desempenhar a sua função sem satisfazer as jus tas aspirações das massas trabalhadoras. Podeis interrogar, talvez: quais são as aspirações das massas obreiras, quais os seus interesses? E eu vos responderei: a ordem e o trabalho! Em primeiro lugar, a ordem, porque na desordem nada se constrói; por que, num país como o nosso, onde há tanto trabalho a realizar, onde há tantas iniciativas a adotar, onde há tantas possibilidades a desenvolver, só a ordem assegura a confiança e a estabilidade. O trabalho só se pode desenvolver em ambiente de ordem. Por isso, a Lei do Salário Mínimo, que vem trazer garantias ao trabalhador, era necessidade que há muito se impunha. Como sabeis, em nosso país, o trabalhador, principalmente o trabalhador rural, vive abandonado, percebendo uma remuneração inferior às suas necessidades. No momento em que se providencia para que todos os trabalhadores brasileiros tenham casa barata, isentados dos impostos de transmissão, torna-se necessário, ao mesmo tempo, que, pelo trabalho, se lhes garanta a casa, a subsistência, o vestuário, a educação dos filhos. O trabalho é o maior fator da elevação da dignidade humana! Ninguém pode viver sem trabalhar ; e o operário não pode viver ganhando, apenas, o indispensável para não morrer de fome! O trabalho justamente remunerado eleva-o na dignidade social. Além dessas condições, é forçoso observar que, num país como o nosso, onde em alguns casos há excesso de produção, desde que o operário seja melhor remunerado, poderá elevando o seu padrão de vida, aumentar o consumo, adquirir mais dos produtores e, portanto, melhorar as condições do mercado interno. Após a série de leis sociais com que tem sido amparado e beneficiado o trabalhador brasileiro, a partir da organização sindical, da Lei dos Dois Terços, que terá de ser cumprida e que está sendo cumprida, das férias remuneradas, das caixas de aposentadoria e pensões, que asseguraram a tranqüilidade do trabalhador na invalidez e a dos seus filhos na orfandade, a Lei do Salário Mínimo virá assinalar, sem dúvida, um marco de grande relevância na evolução da legislação social brasileira. Não se pode afirmar que seja o seu termo, porque outras se seguirão. O orador operário, que foi o intérprete dos sentimentos de seus companheiros, declarou, há pouco que a legislação social do Brasil veio estabelecer a harmonia e a tranqüilidade entre empregados e empregadores. É esta uma afirmativa feliz que ecoou bem no meu coração. Não basta, porém, a tranqüilidade e a harmonia entre empregados e empregadores. É preciso a colaboração de uns e outros no esforço espontâneo e no trabalho comum em bem dessa harmonia, da cooperação e do congraçamento de todas as classes sociais. O movimento de 10 de novembro pode ser considerado, sob certos aspectos, como um reajustamento dos quadros da vida brasileira. Esse reajustamento terá de se realizar, e já se vem realizando, Exatamente pela cooperação de todas as classes. O governo não deseja em nenhuma hipótese, o dissídio das classes nem a predominância de umas sobre outras. Da fixação dos preceitos de cooperativismo na Constituição de 10 de novembro deverá decorrer, naturalmente, o estímulo vivificador do espírito de colaboração entre todas as categorias de trabalho e de produção. Essa co laboração será efetivada na subordinação ao sentido superior da organização social. Um país não é apenas um conglomerado de indivíduos dentro de um trecho de território mas, principalmente, a unidade da raça, a unidade da língua, a unidade do pensamento nacional.

Discurso de Getúlio Vargas nas comemorações do Dia do Trabalho, em 1ºde maio de 1939


Trabalhadores do Brasil: ouvi com particular agrado a eloqüente e expressiva saudação que o ministro do Trabalho, em vosso nome e a vosso pedido, acaba de me dirigir. Melhor do que em palavras de agradecimento, testemunho-vos o meu apreço, compartilhando das vossas comemorações do ”Dia do Trabalho“, assim reafirmando o sentido de cooperação e confiança mútua que temos mantido, inalteravelmente, na solução dos problemas sociais. Desde 1930, conservamos a mesma linha de ação, e, sempre que surgiram obstáculos e dificuldades, os trabalhadores manifestaram ao Governo Nacional, de modo inequívoco, a sua confortadora e espontânea solidariedade, numa eficiente atitude de repulsa aos surtos de anarquia e aos golpes extremistas. Essa já longa experiência diz bem do acerto dos rumos imprimi dos à nos sa política trabalhista e impõe, por conseguinte, a sua manutenção, para continuarmos assegurando ao Brasil ordem e paz, em hora de tamanhas apreensões para a humanidade. Elaboramos e executamos, com a cooperação ativa das classes produtoras, a nossa adiantada legislação social, que, a um tempo, garante os direitos dos trabalhadores e o desenvolvimento econômico do país. Para atingirmos tais resultados, não dividimos os brasileiros, não criamos castas, não cultivamos ódios, não abrimos lutas, não tentamos nivelamentos destruidores do valor individual, oriundos de desvairadas utopias. Fizemos, apenas, o que o bom senso indica: aproximar os homens e de todos exigir compreensão, colaboração, entendimento, respeito aos deveres sociais. O que conseguimos realizar já nos satisfaz, surpreende, mesmo, os observadores vindos de países mais antigos que o nosso, onde idênticos problemas ainda aguardam solução pacífica e harmônica. A orientação seguida, isenta de preocupações sectárias, serena e persistente, permitiu-nos auscultar os próprios sentimentos e necessidades, para instituir a ordem brasileira, corporificada na Constituição de 10 de novembro, cujos objetivos primaciais são: a defesa da nacionalidade, o estímulo e o amparo a todas as energias criadoras da nossa economia, a satisfação e assistência às legítimas aspirações do povo. Não houve, até aqui, esmorecimentos na execução das tarefas a que nos votamos. Significativamente, reservou-se para o dia de hoje a assinatura das leis criando a Justiça do Trabalho, os refeitórios populares e as escolas de ofícios nos estabelecimentos industriais. Podeis compreender facilmente o alcance destas iniciativas. A justiça especial encarregada de resolver, por processo rápido e eficiente, os dissídios comuns nas relações de trabalho, constituía uma das vossas antigas aspirações. Temo-lo agora, completando a legislação trabalhista, como fruto da experiência de alguns anos. A outra providência visa oferecer, nas fábricas, alimentação sadia e barata aos operários e, nas escolas anexas às empresas, facilitar-lhes o aperfeiçoamento técnico e a educação profissional dos filhos, sob as vistas dos próprios pais. Originou-se do meu contato pessoal com os trabalhadores, ao verificar, nas visitas feitas a diversos estabelecimentos industriais, as suas necessidades mais imediatas. Anunciei-a na minha última entrevista à imprensa e, mandando estudar o meio prático da sua execução, dou-lhe, hoje, forma legal. Não nos determos, porém, no terreno conquistado. Novas medidas complementares e aperfeiçoadoras virão completar o nosso aparelho de equilíbrio social, ativando-se, atualmente, as providências para determinar, em todo o país, o nível de salário mínimo e tornar efetivos os seus benefícios. Trabalhadores: como vedes, no regime vigente, participais diretamente das atividades organizadoras do Estado, em contraste flagrante com a situação anterior a 1930, quando os vos sos interesses e reclamos não eram, sequer, ouvidos e morriam abafados nos recintos estreitos das delegacias de polícia. Hoje, tendes, no maior e mais belo edifício público do país, a vossa própria asa, e nela penetras sem constrangimento. Comparai, olhai esse passado bem próximo, e regozijai-vos de desempenhar, conscientes das vossas responsabilidades, o relevante papel da força construtora da nacionalidade, dentro do espírito de ordem, que é a garantia do vosso futuro e do engrandecimento do Brasil.

Discurso de Getúlio Vargas nas comemorações do Dia do Trabalho em 1º de maio de 1940


Trabalhadores do Brasil:


Aqui estou, como de outras vezes, para compartilhar as vossas comemorações e testemunhar o apreço em que tenho o homem de trabalho como colaborador direto da obra de reconstrução política e econômica da Pátria. Não distingo, na valorização do esforço construtivo, o operário fabril do técnico de direção, do engenheiro especializado, do médico, do advogado, do industrial ou do agricultor. O salário, ou outra forma de remuneração, não constitui mais do que um meio próprio a um fim, e esse fim é, objetivamente, a criação da riqueza nacional e o surto de maiores possibilidades à nossa civilização. A despeito da vastidão territorial, da abundância de recursos naturais e da variedade de elementos de vida, o futuro do país repousa, inteiramente, em nossa capacidade de realização. Todo trabalhador, qualquer que seja a sua profissão é, a este respeito, um patriota que conjuga o seu esforço individual à ação coletiva, em prol da independência econômica da nacionalidade. O nosso progresso não pode ser obra exclusiva do Governo, sim de toda a Nação, de todas as classes, de todos os homens e mulheres, que se enobrecem pelo trabalho, valorizando a terra em que nasceram. Constitui preocupação constante do regime que adotamos difundir entre os elementos laboriosos a noção da responsabilidade que lhe cabe no desenvolvimento do país, pois o trabalho bem feito é uma alta forma de patriotismo, como a ociosidade uma atitude nociva e reprovável. Nas minhas recentes excursões aos Estados do Centro e do Sul, em conta to com as mais diversas camadas da população, recebi caloroso acolhimento e manifestações que testemunham, de modo inequívoco, a confiança que os brasileiros, desde os simples operários aos expoentes das atividades produtoras, depositam na ação governamental. Falando em momento como este, diante de uma multidão que vibra de Exaltação patriótica, não posso deixar de pensar como os nossos governantes permaneceram, durante tanto tempo, indiferentes à cooperação construtiva das classes trabalhadoras. Relegados a existência vegetativa, privados de direitos e afastados dos benefícios da civilização, da cultura e do conforto, os trabalhadores brasileiros nunca obtiveram, sob os governos eleitorais, a menor proteção, o mais elementar amparo. Para arrancar-lhes os votos, os políticos profissionais tinham de mantê-los desorganizados e sujeitos à vassalagem dos cabos eleitorais. A obra de reparação e justiça realizada pelo Estado Novo distancia-nos, imensamente, desse passado condenável, que comprometia aos nossos sentimentos cristãos e se tornara obstáculo insuperável à solidariedade nacional. Naquela época, ao aproximar-se o Primeiro de Maio, o ambiente era bem diverso. Generalizavam-se as apreensões e abria-se um período de buscas policiais no núcleos associativos, pondo-se em custódia os suspeitos, dando a todos uma sensação de insegurança e exibindo um luxo de força nas ruas e locais de reunião, que, não raro, redundavam em choques e conflitos sangrentos. Atualmente, a data comemorativa dos homens de trabalho é festiva e de confraternização. Os benefícios da política trabalhista, empreendida nestes últimos anos, alcançam profundamente todos os grupos sociais, promovendo o melhoramento das condições de vida nas várias regiões do país e elevando o nível de saúde e de bem-estar geral. A ação tutelar e providente do Estado patenteia-se, de modo constante, na solicitude com que cria os serviços de proteção ao lar operário, de assistência à infância, de alimentação saudável e barata, de postos de saúde, de creches e maternidades, instituído o ensino profissional junto às fábricas e, ultimamente, voltando as suas vistas para a construção de vilas operárias e casas populares. Na continuação desse programa renovador, que encontrou no atual ministro do Trabalho um eficiente e devotado orientador, assinamos, hoje, um ato de incalculável alcance social e econômico: a lei que fixa o salário mínimo para todo o país. Trata-se de antiga aspiração popular, promessa do movimento revolucionário de 1930. Agora transformada em realidade, depois de longos e acurados estados. Procuramos, por esse meio, assegurar ao trabalhador remuneração eqüitativa, capaz de proporcionar-lhe o indispensável para o sustento próprio e da família. O estabelecimento de um padrão mínimo de vida para a grande maioria da população, aumentando, no decorrer do tempo, os índices de saúde e produtividade, auxiliará a solução de importantes problemas que retardam a marcha do nosso progresso. À primeira vista, poderão pensar os menos avisados que a medida é prematura e unilateral, visto beneficiar, apenas, os trabalhadores assalariados. Tal, porém, não ocorre no plano do Governo. A elevação do nível de vida eleva, igualmente, a capacidade aquisitiva das populações e incrementa, por conseguinte, as indústrias, a agricultura e o comércio, que verão crescer o consumo geral e o volume da produção. As bases da nossa legislação social já estão solidamente lançadas nas leis que regulam a duração do trabalho, a higiene industrial, a ocupação das mulheres e menores, as aposentadorias e indenizações de acidentes, as associações profissionais, os convênios coletivos e a arbitragem. Ultima-se, agora, a organização da Justiça do Trabalho, cuja regulamentação está na fase final de estudos e deverá ser posta em vigor dentro de pouco. É uma legislação que tende a ampliar-se e a cobrir com a sua proteção os diversos ramos da economia nacional, da fábrica aos campos, das oficinas aos estabelecimentos comerciais, empresas de transportes e todos os empregos e ocupações. As sugestões da experiência e as imposições da necessidade irão, naturalmente, indicando modificações e ampliações cuidadosas. Chegaremos, assim, a consolidar esse corpo de leis num Código do Trabalho adequando às condições do nosso progresso. Não é de mais observar, a propósito das nossas conquistas de ordem social, que povos de civilização mais velha, apontados como modelos a copiar, ainda não conseguiram resolver satisfatoriamente as relações de trabalho, que continuam sendo, para eles, causa de perturbações para o bem comum. Embora deixados ao abandono, os nossos trabalhadores souberam resistir às influências malsãs dos semeadores de ódios, a serviços de velhas e novas ambições de poderio político, consagrados a envenenar o sentimento brasileiro de fraternidade com o exotismo das lutas de classes. O ambiente nacional tem reagido sadiamente contra esses agentes de perturbações e desordem. A propaganda insidiosa e dissolvente, apenas, impressionou os pobres de espírito e ser viu para agitar os mal intencionados. Quem quer que observe a história e a dura lição sofrida por outros povos verá que os extremismos, mesmo quando logram uma vitória efêmera, caem logo vítimas dos próprios erros e das paixões que desencadearam, sacrificando muitas aspirações justas e legítimas, que poderiam ser alcançadas pacificamente. A sociedade brasileira, felizmente, repele, por índole, as soluções. Corrigidos os abusos e imprevidências do passado, podermos encarar o futuro com serenidade, certos de que as utopias ideológicas, na prática, verdadeiras calamidades sociais, não conseguirão afastar-nos das normas de equilíbrio e bom senso em que se pro cessa a evolução da nacionalidade. Só o trabalho fecundo, dentro da ordem legal que as segura a todos patrões e operários, chefes de indústrias e proletários, lavradores, artesãos, intelectuais – um regime de justiça e de paz, poderá fazer a felicidade da pátria brasileira.
REFLEXÕES DE FIDEL

A Cúpula e a mentira


ALGUMAS coisas que Daniel me disse seriam difíceis de acreditar se não fosse ele quem as contou e se não fosse uma Cúpula das Américas onde aconteceram.
O insólito é que não houve tal consenso em relação ao documento final. O agrupamento da ALBA não o assinou; assim o constatou no último intercâmbio com Obama, na presença de Manning e do resto dos líderes na manhã de 19 de abril.
Nessa reunião falaram Chávez, Evo e Daniel sobre o tema com absoluta clareza.
Pareceu-me que Daniel exprimiu uma queixa amarga quando, no dia da inauguração da Cúpula, disse em seu discurso: "…Acho que o tempo que estou empregando é muito menor que o que tive de demorar, três horas, no aeroporto dentro do avião."
Perguntei-lhe a respeito disso e me contou que seis dirigentes de alto nível tiveram que esperar na pista: Lula, do Brasil; Harper, do Canadá; Bachelet, do Chile; Evo, da Bolívia; Calderón, do México e ele, que era o sexto. Qual o motivo? Os organizadores, num ato de bajulação, decidiram isso para receber o presidente dos Estados Unidos. Daniel permaneceu três horas dentro do caloroso avião da LACSA, no aeroporto, sob o sol causticante do Trópico.
Explicou-me o comportamento dos principais líderes presentes na Cúpula, os problemas fundamentais e específicos de cada um dos países da América Latina e do Caribe. Não percebi rancor algum. Estava seguro, tranqüilo e compreensivo. Lembrei-me dos tempos da guerra suja de Reagan, as milhares de armas lançadas por ele contra a Nicarágua, as dezenas de milhares de mortos, a colocação de minas nos portos, o uso das drogas por parte do governo dos Estados Unidos para eludir as disposições do Congresso, proibindo fundos para financiar aquela guerra cínica.
Não esquecemos a criminosa invasão ao Panamá, ordenada por Bush pai, a horrível chacina de El Chorrillo, os milhares de panamenhos mortos, a invasão à pequena Granada com a cumplicidade de outros governos da região, fatos bastante recentes na trágica história de nosso hemisfério.
Em cada um dos crimes estava a mão da OEA, principal cúmplice das brutais ações da grande potência militar e econômica contra os nossos povos empobrecidos.
Contou-me do prejuízo que o narcotráfico e o crime organizado ocasionam aos países da América Central, o tráfico de armas norte-americanas, o imenso mercado que impulsiona essa atividade tão nociva para as nações da América Latina e do Caribe.
Contou-me das possibilidades geotérmicas da América Central como um recurso natural de grande valor. Considera que a Nicarágua, por essa via, poderia atingir uma capacidade de geração equivalente a dois milhões de kW/h. Hoje sua capacidade total de geração elétrica, incluídas as diversas fontes de energia, apenas atinge 700 mil kW/h e são freqüentes os blecautes.
Falou da capacidade da Nicarágua para produzir alimentos, do preço do leite que é distribuído a um terço do que cobram nos Estados Unidos, ainda que os salários nesse país sejam dezenas de vezes mais altos.
Nossa conversa girou em torno disso e de outros temas práticos. Em nenhum momento percebi rancor nele e ainda menos sugerir medidas extremistas no tema econômico. Está bem informado e analisa com grande realismo o que pode e deve ser feito.
Expliquei-lhe que muitas pessoas em nosso país não puderam escutar seu discurso por questão de horário e da falta de informação oportuna sobre a Cúpula, que por tal motivo lhe pedia que aceitasse explicar a três jornalistas jovens, num programa da televisão, os temas mais importantes relacionados com a Cúpula das Américas, os que, com certeza, serão do interesse de muitos latino-americanos, caribenhos, norte-americanos e canadenses.
Daniel conhece muitas possibilidades concretas de melhorar as condições de vida do povo da Nicarágua, um dos cinco países mais pobres do hemisfério, como conseqüência das intervenções e da pilhagem dos Estados Unidos. Agradou-lhe a vitória de Obama e o observou bem na Cúpula. Não lhe agradou seu comportamento na reunião. "Mexia-se por todos os lados — disse-me — procurando as pessoas para influir sobre elas, sugestionando-as com seu poder e seus elogios."
É claro que, para um observador a distância, como era meu caso, percebia-se uma estratégia concertada para exaltar as posições mais afins aos interesses dos Estados Unidos e mais opostas às políticas partidárias das mudanças sociais, da unidade e da soberania dos nossos povos. O pior, a meu ver, foi a manobra de apresentar uma declaração supostamente apoiada por todos.
O bloqueio a Cuba nem sequer foi mencionado na Declaração Final e o presidente dos Estados Unidos a utilizou para justificar suas ações e encobrir supostas concessões de sua administração a Cuba. Nós compreenderíamos melhor as limitações reais do novo presidente dos Estados Unidos para introduzir mudanças na política de seu país em relação a nossa Pátria, do que o uso da mentira para justificar suas ações.
Por acaso devemos aplaudir a agressão de nosso espaço televisivo e radiofônico, o uso de tecnologias sofisticadas para invadir esse espaço de grandes alturas e aplicar a mesma política de Bush contra Cuba? Devemos aceitar o direito dos Estados Unidos de manter o bloqueio durante um período geológico até trazer a democracia capitalista a Cuba?
Obama confessa que os líderes dos países latino-americanos e caribenhos lhe comentam em todas as partes dos serviços dos médicos cubanos, contudo, expressa: "…Isto é um recordatório para nós nos Estados Unidos, de que se nossa única interação com muitos países é a luta contra a droga, se nossa única interação é militar, então é possível que não estejamos desenvolvendo conexões que com o tempo possam aumentar nossa influência e ter um efeito benéfico quando tenhamos necessidade de fazer avançar políticas de nosso interesse na região."
No subconsciente, Obama compreende que Cuba goza de prestígio pelos serviços de seus médicos na região e até dá mais importância que nós próprios. Talvez nem sequer o informaram de que Cuba enviou seus médicos não só para a América Latina e o Caribe, mas também para numerosos países da África, da Ásia, em situação de catástrofes, a pequenas ilhas da Oceania como Timor-Leste e Quiribati, ameaçadas de ficar sob as águas se o clima mudar e, inclusive, ofereceu enviar, em questão de horas, uma brigada médica completa para socorrer as vítimas do Katrina, quando grande parte de Nova Orleans ficou desamparada abaixo das águas e haveriam podido salvar muitas vidas. Milhares de jovens selecionados de outros países foram formados como médicos em Cuba, mais dezenas de milhares se estão preparando.
Mas não só cooperamos no setor da saúde, também no da educação, dos esporte, da ciência, da cultura, da poupança de energia, do reflorestamento, da proteção do meio ambiente e noutros. Os órgãos das Nações Unidas podem atestar isso.
Mais uma coisa: sangue de patriotas cubanos foi derramado na luta contra os últimos baluartes do colonialismo na África e na derrota do apartheid, aliado dos Estados Unidos.
O mais importante de tudo, já o disse Daniel na Cúpula, é a ausência total de condicionalidade na contribuição de Cuba, a pequena Ilha que os Estados Unidos bloqueiam.
Não o fizemos na busca de influências e apoio. Foram os princípios que sustentam nossa luta e nossa resistência. A taxa de mortalidade infantil em Cuba é menor que a dos Estados Unidos; há muito tempo que não há analfabetos; as crianças brancas, negras ou mestiças frequentam a escola todos os dias; têm as mesmas possibilidades de estudar, inclusive, aquelas que precisam de uma educação especial. Não temos alcançado toda a justiça, mas sim o máximo de justiça possível. Todos os membros da Assembleia Nacional são candidatados e eleitos pelo povo; vota mais de 90% da população com direito ao voto.
Não solicitamos a democracia capitalista na qual o senhor se formou e na qual acredita sinceramente e com todo o direito.
Não pretendemos exportar nosso sistema político para os Estados Unidos.
Fidel Castro Ruz
22 de abril de 200912h53 •
REFLEXÕES DE FIDEL

Pôncio Pilatos lavou as mãos


TÃO forte foi a pressão contra o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, que no dia em que Raúl declarou categoricamente que o nosso país não ingressaria na OEA, o secretário-geral da desprestigiada instituição começou a preparar o terreno para a participação de Cuba numa eventual e futura Cúpula das Américas. A sua receita é derrogar a resolução que decidiu a expulsão da Ilha, por razões ideológicas. Tal argumento é verdadeiramente risível, quando importantes países como a China e o Vietnã, dos quais o mundo atual não pode prescindir, estão dirigidos por Partidos Comunistas que foram criados sobre as mesmas bases ideológicas.
Os fatos históricos demonstram a política hegemônica dos Estados Unidos em nossa região e o papel repulsivo da OEA como odioso instrumento do poderoso país.
A fórmula de Insulza é apagar do mapa o criminoso acordo. Raúl declarou em Cumaná que Cuba jamais se reintegrará à OEA. Utilizando uma frase lapidar de Martí expressou que primeiro "unir-se-á o mar do Sul ao mar do Norte, e nascerá uma cobra de um ovo de águia".
Nessa mesma ocasião, respondendo a um hipotético passo de Obama, que oferecia conversar com Cuba sobre democracia e direitos humanos, respondeu-lhe que o governo de Cuba estava disposto a discutir qualquer tema com ele, com base no mais absoluto respeito à igualdade e soberania dos dois povos. O nosso povo sabe muito bem o significado e a dignidade dessas palavras.
Entre as demandas públicas de Obama está a libertação dos condenados à prisão por prestarem serviços aos Estados Unidos, que, ao longo de quase meio século, vêm agredindo e bloqueando nossa Pátria.
Raúl declarou que Cuba estava disposta a exercer clemência se os Estados Unidos os recebia e punha em liberdade os Cinco heróis antiterroristas cubanos.
Contudo, tanto o governo dos Estados Unidos quanto os contra-revolucionários de dentro e de fora de Cuba reagiram com todo tipo de arrogância.
A AP e algumas outras agências de notícias insinuaram divisões no seio do governo revolucionário.
Segundo a AP, "um destacado ativista dos direitos humanos" expressou que "a maioria das duas centenas de presos cubanos prefere cumprir longas sentenças na Ilha que ser trocada por cinco agentes comunistas presos nos Estados Unidos como sugeriu o presidente Raúl Castro.
"É opinião quase unânime entre os presos não serem trocados por militares presos em flagrância, fazendo espionagem nos Estados Unidos", disse a agência invocando o chefe da mal chamada "Comissão Cubana de Direitos Humanos e Conciliação". Seria bom saber agora quais qualifica com esse conceito. O papa João Paulo II não distinguia entre presos políticos e presos comuns quando visitou Cuba e pediu clemência para um número deles. Realmente, nos Estados Unidos, a maioria dos qualificados como presos comuns é, em geral, o pessoal mais pobre e discriminado.
"Obama, contudo — expressa mais para frente a agência AP —, poderia padecer consequências políticas graves se acedesse a trocar os cinco agentes comunistas condenados por espionagem em 2001. O chefe do grupo foi envolvido na morte de quatro exilados, quando seus aviões foram derrubados por aviões de guerra cubanos em 2001." Por acaso essa notícia não é uma ameaça ao presidente dos Estados Unidos?
O pretenso líder mercenário foi membro de uma facção, pois provinha da juventude do antigo Partido Comunista, que depois integrou o novo partido criado pela Revolução. Quando da Crise dos Mísseis, que discordamos da URSS pela decisão incorreta de negociar um acordo com os Estados Unidos sem consulta prévia com o nosso país, o sujeito se tornou inimigo da Revolução. Serviu à superpotência durante todo o mandato de Bush. Agora se dá ao luxo de ser instrumento para ameaçar Obama.
A AP não fala uma só palavra sobre as penas de prisão perpétua impostas aos Cinco Heróis em julgamentos arranjados, as mentiras elaboradas com a cumplicidade das autoridades, o tratamento cruel recebido e mais outros fatos relacionados com o caso. Essas são as calúnias que foram publicadas em muitas mídias do mundo.
Quando o estado de saúde dalgum dos mercenários o requeriu, o governo de Cuba nunca deixou de exercer a clemência, sem os Estados Unidos o exigirem.
O governo de Cuba, por outro lado, nunca praticou a tortura, é uma questão reconhecida pelo mundo. O presidente de Cuba não pode ordenar o assassinato de um adversário. Condenou o novo presidente dos Estados Unidos essa odiosa prática? Se o fizer, acreditem, não hesitarei em reconhecer a impressão de sinceridade que nos deu a todos no início.
Amanhã nos reuniremos novamente com Daniel. Em menos tempo que o que teve que esperar no avião da LACSA em Porto Espanha, sob o intenso calor do trópico, o avião cubano o levará de volta a sua querida pátria.
Fidel Castro Ruz23 de abril de 200914h54 •
Encontro de economistas em HavanaCrise global:
a grande protagonista•

A primeira jornada esteve presidida pelo primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros José Ramón Machado Ventura, o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández Reyna, e outras personalidadesDeysi Francis e Susana Lee
• A crise econômica global foi a grande protagonista da jornada inaugural do 11º Encontro Internacional de Economistas sobre Globalização e Problemas do Desenvolvimento, presidida pelo primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, José Ramón Machado Ventura; o presidente da República Dominicana, sua excelência Leonel Fernández Reyna; o vice-presidente do Conselho de Estado, Esteban Lazo Hernández; os prêmios Nobel de Economia, Edmund Phelps e Robert Nubdell e o presidente do Comitê Organizador do evento, Roberto Verrier, e outras personalidades.
Revista desde diferentes ângulos nas suas causas, consequências e possíveis alternativas de solução nas quatro conferências e num painel realizados o primeiro dia, bem como nas intervenções de outros participantes que suscitou o debate, houve total coincidência na grave situação econômica-financeira que o mundo enfrenta, acirrada nos últimos meses, ainda quando a variedade dos pontos de vista confirmou, do início, a validez desta importante reunião na confrontação de ideias.
O terremoto de Wall Street desconcertou o establishment global. No cume do poder predominam o pânico e as declarações alarmistas. Todos registam a presença dum acontecimento que poderia provocar uma mudança de época. As vítimas não são as responsáveis por esta crise. Há que encontrar as respostas que a humanidade reclama.
Nas palavras de boas-vindas, Roberto Verrier lembrou que esta reunião "insistirá na busca de respostas para perguntas fundamentais da nossa época, muitas das quais foram formuladas há uma década, como desafio inicial, pelo promotor e fundador destes encontros, Fidel Castro Ruz".
Argumentou que hoje "não se trata duma recessão nem duma depressão, mas sim de uma queda livre da economia, que ainda não tocou fundo e não há sinais claros de quando o fará, enquanto todos os indicadores continuam piorando. Especialmente o desemprego, que já ultrapassa os níveis atingidos durante a crise de 1974-75".
O primeiro expositor foi o estadunidense Edmund Phelps, Prêmio Nobel de Economia 2006, que tem participado em três encontros de Globalização, cuja conferência intitulou "Altruísmo e responsabilidade social".
Phelps insistiu em que o seu objetivo neste encontro não era oferecer receitas e sugeriu a ideia de que "a deficiência da responsabilidade pessoal teve um papel na crise financeira que começou nos EUA e que se espalhou pelo resto do mundo".
Como parte do painel "Da crise financeira à crise econômica global: impactos e lições", Claudio Katz, da Argentina, ao caracterizar o atual contexto concentrou-se em que os últimos meses não só se iniciou uma etapa de fraudes impositivos e uma escandalosa utilização dos fundos públicos, mas também se congelam créditos e continuam contando com o apoio oficial para as perdas, enquanto "não há suficiente dinheiro público para redimir tantas falências".
Uma ideia interessante na atual situação é o "cenário de lutas sociais que se aproxima no Primeiro Mundo", devido ao atropelo, ao desemprego e à pobreza que tem gerado a crise e que a escala global já se sente uma espécie de temor, xenofobia e mobilizações populares que poderiam chegar aos grandes centros do capitalismo.
Não podemos reivindicar um sistema que gera estas crises, afirmou, é hora de retomar o projeto socialista e criar uma sociedade de justiça, democracia e igualdade.
Outros expositores, entre eles, Jan Kregel, dos EUA, advogou porque a resposta à crise tem que ser representativa e incluir todos os países e povos do mundo; Christian Ghymers, da Bélgica, tentou dar "uma visão europeia" da atual crise que "não se limita a uma recessão tradicional de tipo cojuntural" e cuja imagem é a dum "tsunami, que nasceu nos EUA e que nos envolve a todos".
As intervenções motivaram critérios coincidentes ou não com os expositores. Eric Toussaint, presidente do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, também da Bélgica, manifestou seu desacordo com culpar as vítimas da entrada nesta crise.
Por sua vez, o presidente do Fórum do Terceiro Mundo, Samir Amin, afirmou que o que atualmente tenta fazer o sistema é restaurá-lo como estava antes. Contudo, "entramos numa nova etapa do capitalismo que é obsoleto como sistema", salientou o reconhecido professor egípcio.
Amin iniciou a segunda parte da sessão com a conferência "Crise financeira. Crise sísmica?", e comentou as últimas crises do sistema capitalista até a atual, assinalando que atualmente enfrentamos o mesmo desafio numa dimensão mais dramática e severa.
Na sua exposição, o professor explicou os efeitos da crise no setor energético, nas mudanças climáticas, nos alimentos, e o ataque às economias agrícolas em benefício dos negócios agrícolas.
O presidente da Comissão Técnica Presidencial para a configuração dos componentes da Arquitetura Financeira Internacional, Pedro Páez, do Equador, fez uma ampla exposição sobre a origem do fenômeno, a vulnerabilidade do sistema capitalista e o papel dos movimentos sociais na busca de soluções, e outros temas.
A última conferência desta primeira jornada de Globalização 2009, foi ministrada por Alí Rodríguez, ministro de Economia e Finanças da Venezuela, que comentou algumas considerações sobre os severos desarranjos da economia dos EUA desde os anos 50, quando começou a experimentar uma declinação na produção de bens, até a crise financeira atual, que virou crise econômica global com seus efeitos sociais. •