terça-feira, 24 de dezembro de 2019

O NATAL




“Todos os seres são iguais, pela sua origem, seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final.”


Dia 25 de dezembro no mundo cristão comemora-se o Natal, o nascimento de Jesus Cristo. Jesus nasceu em um estabulo e colocado em uma manjedoura. Um estábulo é onde se guardam os animais. Maria está deitando Jesus na manjedoura, que é onde se põe a comida para os jumentos e outros animais. (Lucas 2:1-20.)

 Durante sua existência entre nós viveu de forma humilde, com os humildes, os pobres, oprimidos, por um sistema cruel como era o império romano.
  Não nasceu em um “berço de ouro”, entre os ricos e poderosos.
Seu pai José, foi obrigado a ir para Belém, porque o imperador Cesar Augusto havia decretado que todos tinham de voltar à cidade natal para registrar seu nome num livro, na sua cidade de nascimento.
Milhões de crianças nascem em “estábulos”, e vivem em “estábulos”, sem a mínima assistência de saúde.
  Essa situação nos faz refletir o quanto hoje é escondido este fato ocorrido há mais de dois mil anos na humanidade, nos Shoppings não há presépios, imagens cristã.
 O consumismo é incentivado diariamente, “Papai Noel” da Coca-Cola é nos mostrado como grande símbolo do Natal.
 O Natal de Cristo Jesus é a negação do que hoje simboliza para a sociedade capitalista o Natal.
  Também Jesus jamais nos disse que deveríamos se submeter a opressão, conformar-se com a vida de pobreza, de miséria. Exemplificou com a vida que teve, de enfrentar os poderosos, os ricos, questionou a falsa fé, dos que até hoje utilizam o nome de Deus para enriquecer. Nasceu em um estábulo, logo foi perseguido pelos poderosos que assassinaram centenas de crianças a sua procura, seu pai e mãe tiveram que emigrar para o Egito.
Hoje milhões de crianças emigram com seus pais que fogem da miséria, da guerra, muitas estão presas, como nos EUA cerca de mais de cem mil crianças estão enjauladas, filhas de emigrantes.
  Deus fez a Terra para que todos os seres humanos possam usufruir as riquezas de nosso planeta e tudo que o homem transforma possam todos também usufruir, seja material, como do conhecimento. O ladrão são os poderosos, roubam, matam e destroem vidas, vejam os hospitais públicos, a milhares de pessoas que moram em favelas em condições terrivelmente precárias, recebem miseráveis salários, quando conseguem estudar, em escolas e ensino precários, são humanos que nós. (João 10.10, Jesus diz: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.)
  Neste Natal não sejamos Coca-Cola, sejamos cristãos, e ser cristão todos os dias, amor ao próximo, amor a Deus, vigiai e orai (Mateus 26,41- Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.) diante do individualismo, da inveja, da ganância, do ódio. Lutar contra as injustiças, um cristão luta pela liberdade, pela vida. Um cristão não diz “bandido bom é bandido morto”, um cristão não apenas crê, mas pratica o evangelho com a fé.
  Ir aos templos, as igrejas, pensando apenas em si, na sua salvação é egoísmo, enquanto milhares estão a passar fome material e espiritual é muita soberba em pensar que o mundo não presta e só você é o melhor, que o céu será só seu.
  Muitos seres humanos precisam da nossa ajuda e também precisamos da ajuda deles. Precisamos compartilhar a fé, construir juntos um mundo solidário, com amor. Certamente que seremos perseguidos, condenados, odiados, caluniados por aqueles que querem manter a mentira, a miséria, a ignorância de muitos, para melhor dominar e manter seus grandes privilégios.

  Tentarão nos subornar seja materialmente como intelectualmente, dizendo que o mundo sempre foi assim, nada irá mudar, para nos desanimar. Temos que pensar assim: “Não nos deixei cair em tentação, livrai-nos de todo o mal”.

Palavras do papa Francisco nos faz refletir:

«O Espírito Santo convida-nos a descer ao meio do povo para ouvir o clamor, envia-nos para abrir possibilidades a caminhos de liberdade que levam a terras prometidas por Deus».
“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade?”
“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante?”
“Então dígamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.”
“a globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença.”
Afirmando que os mais humildes e explorados podem fazer muito pelos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais, o Santo Padre, declarou-os como protagonistas e semeadores de mudança:
“Vós sois semeadores de mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que gosto muito: «processo de mudança». A mudança concebida, não como algo que um dia chegará porque se impôs esta ou aquela opção política ou porque se estabeleceu esta ou aquela estrutura social. Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas, que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração, acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. Por isso gosto tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos. Cada um de nós é apenas uma parte de um todo complexo e diversificado interagindo no tempo: povos que lutam por uma afirmação, por um destino, por viver com dignidade, por «viver bem». “

Economia ao serviço dos povos

O Papa Francisco apontou algumas tarefas para a mudança: a primeira é pôr a economia ao serviço dos povos.  “A economia não deveria ser um mecanismo de acumulação, mas a condigna administração da casa comum” – evidenciou o Santo Padre que lembrou as necessidades de educação, de saúde, de cultura, de desporto e recreação. Afirmou mesmo que esta economia ao serviço dos povos não é uma utopia ou uma fantasia, mas é desejável e necessária. “Conheci de perto várias experiências, onde os trabalhadores, unidos em cooperativas e outras formas de organização comunitária, conseguiram criar trabalho onde só havia sobras da economia idólatra. As empresas recuperadas, as feiras francas e as cooperativas de catadores de papelão são exemplos desta economia popular” – afirmou o Papa.
Unir os povos no caminho da paz e da justiça
O Papa destacou que os povos do mundo querem ser artífices de seu próprio destino e nenhum poder constituído tem o direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua soberania e quando o fazem, "vemos novas formas de colonialismo" que afetam as possibilidades de paz e de justiça. Em particular, o Papa referiu-se ao colonialismo ideológico.

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.”
“Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa aprender com o outro e, ninguém é totalmente estruído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão.”
"Onde há amor e sabedoria, não tem temor e nem ignorância."


  Neste NATAL reflitamos e lutemos para mudar nós e o mundo.
 Se não lutarmos para mudarmos o mundo, nossa pátria, nossas mudanças pessoais serão insuficientes, para a nossa própria transformação. Não haverá paz interior, felicidade enquanto houver uma criança, um idoso, uma família passando fome.
  Neste NATAL possamos refletir como cristãos, e cultivar em nossas vidas o amor, a solidariedade, a justiça.

Aylton Mattos