sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chanceler italiano deixa Sarkozy e Cameron nervosos por defender cessar-fogo na Líbia
 

O ministros de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou na quarta-feira (22) no parlamento que “a necessidade de tentar um cessar-fogo na Líbia tornou-se mais premente”. Frattini disse ainda acreditar “que, assim como o cessar-fogo, que é o primeiro estágio em direção a uma negociação política, uma parada humanitária da ação militar é fundamental para permitir a imediata assistência humanitária”.

A declaração do responsável pela política externa da Itália, embora não represente ainda uma fratura entre os países agressores da Líbia, reunidos na Otan, revela sinais de discórdia e desconforto com os bombardeios contra alvos civis e assassinatos seletivos perpetrados há mais de 90 dias pelos EUA/Otan contra a Líbia, que já causaram a morte de 883 civis – até a segunda-feira 20 – e ferimentos em mais de 4.000 cidadãos líbios, que a aliança agressora diz que pretende “proteger”.

O governo da França e da Inglaterra logo divulgaram declarações nervosas reafirmando suas posições de derrubar o governo líbio pelo bombardeio do país, e, de preferência, via assassinato do líder Kadafi, como tem defendido publicamente o primeiro-ministro inglês David Cameron e o chefe do Pentágono, Robert Gates.

O nervosismo de Sarkozy e Cameron tem a ver com o nível de resistência que a Líbia tem demonstrado – bem diferente da expectativa inicial de que a remoção do governo legal líbio seria um passeio, recompensado pelo roubo do petróleo.

Já nos EUA, o crescente questionamento da legalidade da iniciativa de Obama que iniciou a guerra contra a Líbia sem ouvir o Congresso, contribui também para pôr à prova os nervos dos capachos europeus da Otan.
Ao mesmo tempo, o chefe da União Africana disse em Addis Ababa que o Ocidente mais cedo ou mais tarde teria de aceitar um plano de cessar-fogo da UA, dizendo que os bombardeios aéreos não estavam funcionando.

“A campanha de bombardeios era algo que eles achavam que levaria 15 dias”, lembrou Jean Ping, presidente da Comissão da União Africana à Reuters. “O impasse já está aí. Não há outra forma a não ser o plano da UA”, que passa por uma saída política, completou Jean Ping.

A Organização da Conferência Islâmica, um grupo de 57 países muçulmanos com sede na Arábia Saudita, também disse ter enviado uma delegação à Líbia na quarta-feira para mediar as negociações. Ela iria se encontrar com os “rebeldes” opoiados pela Otan em Benghazi e com representantes do governo em Trípoli, disse um comunicado.
 S. S

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