sexta-feira, 8 de abril de 2011

Esso, BofA, GE, Chevron e Boeing
no topo da sonegação de impostos


Bilhões de dólares de lucro, mas pagando nada, ou quase nada, de imposto, ou até com restituição


Exxon Mobil, Bank of America (BofA), General Electric, Boeing, Chevron, Citigroup, Conoco Phillips e Goldman Sachs estão entre as corporações dos EUA que conseguiram apresentar lucros em 2010 sem no entanto pagar nada ou quase em impostos.
 
Além de usar uma série de subterfúgios e fraudes contábeis, esses mastodontes se utilizam de leis que seus lobistas conseguiram passar nos anos mais recentes. De acordo com o “New York Times”, os impostos pagos em média pelas corporações eram de 30% mas hoje não chegam a 7%.
 
Empresas como as citadas acima conseguem evadir percentuais ainda maiores dos pagamentos ao fisco. Para isso, além dos lobistas a propor leis com cortes cada vez maiores nos impostos devidos pelos monopólios, essas empresas atuam com um exército de especialistas em eludir a Receita nos Estados Unidos.
 
A GE alegou que pagou impostos sobre lucros em países estrangeiros (para comprovar essas despesas tem uma vasta equipe de especialistas) e, com base nesta e outras afirmações, conseguiu reembolso de US$ 4,1 bilhões de impostos nos últimos cinco anos, apesar de haver declarado lucro de US$ 26 bilhões no período.
 
Aliás, o reembolso dos lucros foi uma das ações mais rentáveis dessas empresas. Segundo o senador Bernie Sanders, eleito pelo Estado de Vermont, a Exxon Mobil obteve US$ 19 bilhões de lucros, não pagou impostos e ainda teve um reembolso de US$ 156 milhões.
 
Já o Bank of América conseguiu reembolso de US$ 1,9 bilhões e, apesar de apresentar lucros da ordem de US$ 4,4 bilhões, não só não pagou impostos como conseguiu embolsar mais US$ 1 bi a título de bail out (ou seja socorro do Tesouro para ajudar o banco a se livrar dos ‘ativos’ em derivativos que viraram papéis podres).
 
A petroleira Chevron obteve reembolso de US$ 19 milhões de dólares após lucros de 10 bilhões. A Boeing (cujo lucro Sanders não cita, mas que, só para atender a uma das encomendas do Pentágono, faturou US$ 30 bilhões) recebeu do setor de Imposto de Renda US$ 124 milhões.
 
O Goldman Sachs pagou 1,1% de seus ganhos de US$ 2,3 bilhões ao IRS e ainda se beneficiou de US$ 800 bi através dos recursos distribuídos pelo Fed aos bancos a título de “resgate” (“bail out”).
 
Outra das grandes petroleiras, a Conoco Phillips, teve ganhos de US$ 16 bilhões de 2007 a 2009 e recebeu devoluções da ordem de US$ 451 milhões (neste caso a petroleira se beneficiou de uma lei que dá direito a empresas pedir restituição para abater investimentos na geração de produção energética).
 
Sanders denunciou essas leis que cortam impostos e ainda devolvem valores arrecadados em anos anteriores, pedindo que as deduções de empresas produtoras de petróleo e gás sejam anuladas.
 
Diversas entidades sindicais e de outras finalidades sociais rechaçaram esses benefícios às grandes corporações que, por sinal, ocorrem ao mesmo tempo em que o governo anuncia cortes em programas sociais (a educação pública pré-escolar foi afetada com cortes de US$ 1,7 bilhões) e carreou bilhões aos bancos e outras empresas (como as do setor automobilístico) em termos de bail out.
 
Entre estas estava a US Uncut (que atua contra os cortes nos programas sociais), que convocou manifestações em agências do Bank of America por todo o país no dia 26 de março. A US Uncut teve o apoio de algumas organizações sindicais.
 
A US Uncut denuncia que o BofA recebeu um total de US$ 25 bilhões em bail out e lançou um plano para demitir 30 mil funcionários. Prática que tem sido comum nas grandes corporações que, além de cortar centenas de milhares de empregos, usaram os recursos fartamente distribuídos pelo Fed (a título de salvar os empregos) não para investir na produção, mas para buscar lucro rápido na especulação.
 
Em Chicago e Washington os manifestantes abriram faixas com os dizeres “Tax dodgers’ (Sonegadores de impostos) diante das principais agências do BofA e bradaram: “Banksters” (termo cunhado com a fusão das palavras banco e gangster).
Houve protestos ainda na Filadélfia, San Francisco e diversas outras cidades.
HP

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