sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sócrates quer que Portugal aceite a mesma escorcha que sufoca a Grécia

Depois de ter rejeitada no Parlamento sua proposta de jogar nas costas dos trabalhadores o ônus da crise, o demissionário primeiro-ministro português , José Sócrates, pediu 75 bilhões de euros à Comissão Europeia, seguindo o caminho da Grécia e da Irlanda.
 
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, confirmou o pedido de recursos, assinalando que seria discutido na maior brevidade possível.
 
Sócrates, na segunda-feira dia 4, declarou pela televisão que não faria esse pedido porque um passo desse teor teria graves consequências para os portugueses, e também para a Europa.
 
Sócrates apelou para o fundo de resgate de 750 bilhões de euros, criado pela União Europeia, pelo FMI e por vários governos europeus em maio de 2010, no auge da crise da dívida grega. Ele foi projetado para emprestar dinheiro para os governos europeus ameaçados de falência, quando os mercados financeiros se recusam a emprestar. Antes de obter o empréstimo, o país tem que participar de um “programa nacional”, impondo cortes sociais e reformas trabalhistas negociados com o FMI e com o Eurogrupo dos ministros das finanças europeus.
 
Esta semana, o Banco de Portugal reviu as suas previsões de crescimento zero no ano, feita no final do ano passado, para uma queda de 1,4%. Ao mesmo tempo, pediu novas medidas de arrocho para liberar recursos orçamentários para o pagamento dos bancos, o que contribuirá para que a crise se aprofunde ainda mais.
 
Em 2011 já houve quatro cortes no orçamento — são os falsamente denominados de Programas de Estabilidade e Crescimento. A falta de acordo parlamentar diante do mais recente pacote de arrocho levou à renúncia do primeiro-ministro José Sócrates e do seu governo do Partido Socialista (PS) em 23 de março. Portugal agora funciona com um governo interino, até as eleições esperadas para ocorrer dentro de dois meses.
 
A proposta rejeitada incluía cortes de gastos enormes, aumentos de impostos e o congelamento ou redução das pensões. Ao mesmo tempo, o governo procurou implementar novas medidas para tornar a demissão de trabalhadores mais fácil e barata, tudo para satisfazer as exigências da UE e do FMI.
 
Greve geral e enormes manifestações têm tomado o país, e novas greves estão previstas nos próximos meses. Em 12 de março estima-se que 200 mil pessoas marcharam em Lisboa e 80 mil no Porto. Os manifestantes exigiram a renúncia do governo e a dissolução do Parlamento.
 
Submetidas por essas draconianas medidas receitadas pela UE e pelo FMI que Portugal se dispõe a seguir, a Grécia e a Irlanda baixaram os salários em 20%, atingiram níveis de desemprego oficiais que chegam aos 15%, e vêem sua economia se desestruturar.
HP

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