quarta-feira, 13 de abril de 2011

Delegação da União Africana encontra-se  com Kadafi com plano para cessar agressão ao país

Delegação da União Africana, encabeçada pelo presidente sul-africano Jacob Zuma, foi à Líbia no sábado dia 9 para levar ao líder líbio Muamar Kadafi a proposta da África para fazer cessar a agressão colonial contra o país. Integrada também pelo presidente da Mauritânia, Mohamed Abdel Aziz, pelo presidente do Congo, Denis Sassou-Nguesso, pelo presidente do Mali, Amadu Tumani Turé, e pelo representante do presidente de Uganda Yoweri Misuveni, o chanceler Henry Oryem Okello, a delegação se reuniu com o líder líbio em sua tenda na capital, e ao final anunciou a aceitação, por Kadafi, da posição da África. Kadafi expressou sua plena confiança na União Africana e sua capacidade de levar adiante com sucesso os esforços de paz.
Em março, em reunião especialmente convocada para isso, a União Africana aprovou a constituição de uma comissão de presidentes para verificar in loco os acontecimentos na Líbia, e assegurar um diálogo, com a garantia da integridade territorial do país e uma solução tomada pelos próprios líbios no quadro da África. Mas EUA, França, Inglaterra e Otan começaram a bombardear a Líbia na véspera da chegada da comissão de presidentes ao país, marcada para o dia 21 de março. Já são vinte dias de bombardeios ininterruptos, com centenas de civis mortos ou feridos nesses ataques.
Como assinalou Zuma, ao final da reunião, o roteiro da posição africana que Kadafi aceitou inclui a imediata cessação das hostilidades – em especial o fim dos bombardeios da Otan -, a cooperação das autoridades competentes para a diligente entrega da assistência humanitária às populações necessitadas, a proteção aos estrangeiros incluindo os trabalhadores imigrantes africanos, o diálogo entre as partes líbias e o estabelecimento de um período de transição para implementação das reformas necessárias com consideração às legítimas aspirações do povo líbio.
MAIS ATAQUES
Manifestantes com bandeiras verdes líbias, posters de Kadafi e cartazes contra a agressão estrangeira foram até Bab Al Aziza, e saudaram a delegação da União Africana e o líder Kadafi. O presidente sul-africano cobrou da Otan que desse “uma chance ao cessar-fogo”, mas o período de estadia da comissão da União Africana na Líbia foi marcado pela exacerbação dos ataques – mais de 300 – entre sábado e segunda-feira.
Na segunda-feira, a delegação foi a Benghazi, onde ouviram do “Comitê Interino”, praticamente sem conseguirem apresentar a posição da União Africana, que esta “estava ultrapassada pelos fatos”, além de descarada apologia dos bombardeios da Otan. Numa confissão da fraqueza dos ditos “rebeldes” e falta de base popular, o capo pró-EUA de Benghazi, Mustafá Abdul Jalil, rejeitou o fim dos ataques aéreos da Otan, dizendo que, “se não fosse pelos ataques aéreos das forças da coalizão e da Otan, não estaríamos agora aqui nesta reunião”.
A delegação africana também presenciou uma encenação ridícula, juntando as velhas bandeiras do tempo da monarquia e do controle estrangeiro sobre o petróleo líbio, com bandeiras da Itália, que ocupou o país no tempo de Mussolini, e da França de Sarkozy. O “Comitê” também fez eco à exigência da França, Inglaterra e EUA de “saída de Kadafi” - nas palavras de Madame Clinton, Kadafi “sabe o que tem de fazer, renunciar e sair da Líbia”. Mais fácil dizer do que fazer, como admitiu no senado dos EUA o general que chefia o Africom – o comando do Pentágono para intervenção no continente africano – prevendo um “impasse”.
O presidente Zuma não foi a Benghazi, em razão da reunião dos Brics, do qual a África do Sul passou a fazer parte. O jornal inglês “Guardian” registrou que o “Conselho” ficou amuado pelo tratamento dispensado por Zuma – e demais presidentes – a Kadafi, de “nosso irmão”. É que o líder líbio foi, reconhecidamente, o patrono da União Africana e, antes disso, nas horas difíceis do apartheid, um amigo certo dos combatentes africanos, e de muitos outros governos do continente em necessidade. Ainda na questão do cessar-fogo, o líder líbio confirmou seu apoio a um mecanismo de monitoramento do seu cumprimento.
 
A.P.

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