quinta-feira, 14 de abril de 2011

Presidenta Dilma fecha acordos e defende a reciprocidade no comércio com a China


A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou, em entrevista à agência de notícias chinesa “Xinhua”, que a China é um parceiro estratégico em diversas áreas e que uma relação baseada em reciprocidade “permitiria os dois países a obter benefícios mútuos, em setores estratégicos”.

“Este é um relacionamento que eu acredito que pode ser bem desenvolvido entre os dois países, porque há algumas áreas em que a China pode ser crucial para o Brasil e em outras em que o Brasil pode ser crucial para a China”, afirmou a presidente à agência chinesa.

Na cerimônia de abertura do seminário “Diálogo de Alto Nível Brasil - China em Ciência, Tecnologia e Inovação”, no Complexo Diaoyutai, em Pequim, a presidenta declarou que “mais que parceiros comerciais, queremos ser parceiros em pesquisa, tecnologia, inovação e desenvolvimento de produtos com tecnologia verdadeiramente binacionais”. “É certo que o Brasil é um dos grandes países produtores de alimento no mundo. É certo que não somos apenas produtores de recursos naturais”, continuou. A presidenta falou do momento em que vive a economia brasileira e citou acordos que foram firmados com a China, como a criação de um centro conjunto de nanotecnologia e outro para o desenvolvimento da tecnologia para o uso de fibras de bambu em indústrias como a construção civil.

Nesta terça-feira, após um seminário com empresários, Dilma se reúne com o presidente chinês, Hu Jintao, no Grande Palácio do Povo. Ela também participa do “Seminário Empresarial Brasil – China: Para Além da Complementaridade”. Nesta quarta-feira, a presidente se reunirá com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Wu Bangguo, e com o premiê chinês, Wen Jiabao.

Nos últimos dez anos, as exportações do Brasil para a China cresceram de US$ 1,1 bilhão para US$ 30,8 bilhões, levando o país à posição de maior importador de produtos brasileiros, absorvendo 15,2% do total exportado, segundo aponta estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O instituto ressalta, no entanto, que 83% das exportações para a China são de produtos básicos. De 2000 a 2009, segundo o levantamento, os produtos básicos passaram de 68% para 83% da pauta de exportações. No ano passado, apenas os minérios corresponderam a 40% dessa conta. Oleaginosas representaram 23%, enquanto a fatia de combustíveis minerais ficou em 13%.

O Ipea aponta ainda que, nas importações, o movimento observado foi o oposto: de 2000 a 2010, as importações de produtos chineses de alta tecnologia passaram de US$ 487 milhões para quase US$ 10 bilhões. De 2000 a 2009, a participação dos produtos de média tecnologia no total das vendas da China para o Brasil cresceu de 16% para 44%.

O pesquisador do Ipea, Eduardo Costa Pinto, destaca que o Brasil precisa ampliar a pauta de exportações e incluir produtos de maior valor agregado. “Se a gente se especializa cada vez mais nesse tipo de bem [commodities], quando a China chegar a um patamar mais elevado e deixar de precisar desses produtos a balança comercial com o país asiático pode ficar deficitária”, disse.

Segundo o instituto, as aquisições chinesas de empresas que operam no Brasil entre 2009 e 2010 cresceram tanto em termos de operações (de 1 para 5) quanto em termo de valor (de US$ 0,4 bilhão para US$ 14,9 bilhões). As aquisições ocorreram, principalmente, no setor de petróleo (US$ 10,17 bilhões) e na exploração do pré-sal brasileiro. O setor financeiro foi destino de US$ 1,8 bilhão, enquanto mineração e energia elétrica tiveram US$ 1,22 bilhão e US$ 1,72 bilhão, respectivamente.

“Fica evidente a estratégia chinesa de garantir o acesso às fontes de recursos naturais, bem como o de tentar influenciar no preço desses setores”, afirma o instituto.

Nenhum comentário: