quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ato reúne 800 pessoas em Foz do Iguaçu contra “Veja”



Mais de 800 pessoas estiveram presentes ao ato na Sociedade Beneficente Islâmica em Foz do Iguaçu em repúdio à revista “Veja”, que em matéria recente disse que a Tríplice Fronteira do país abriga terroristas da Al Qaeda e de outros grupos, lançando acusações que fez com que toda a comunidade árabe da região se sentisse atingida.

Entidades, parlamentares e lideranças da comunidade árabe de Foz do Iguaçu e de Ciudad del Este (Paraguai) condenaram a manipulação da revista durante o ato realizado no ultimo domingo (17).

“Os ataques mentirosos da revista Veja prejudicam não apenas os muçulmanos, sejam árabes ou brasileiros, mas toda a comunidade da região da Tríplice Fronteira, incluindo brasileiros, paraguaios e argentinos que sobrevivem do comércio de compras e do turismo”, afirmou Mohamad Ibrahim Barakat, líder árabe-brasileiro que falou em nome da comunidade árabe islâmica de Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este.

“O sentimento é único porque inaugura a quebra do silêncio que oprime e que faz com que retornemos a buscar o primeiro pilar da construção do ser humano: a verdade ou de não aceitar nunca mais que se contem mentiras como se fossem verdades, como tem sido feito sempre pela revista Veja”, declarou o jornalista Ali Salman Farhat, um dos organizadores da manifestação e fundador do site “A Fronteira” (Al Hudud), que cobriu e divulgou o evento em matéria assinada por Sônia Inês Vendrame.

“Essa revista sempre quando fala de nós brasileiros aqui na fronteira aqui em Foz do Iguaçu, aqui em Cidade del Este e aqui em Puerto Iguaçu, tenta apagar o que temos de bom para nos transformar no mal a ser combatido, não pelas forças de ‘Veja’ mas pelo interesse de quem ela trabalha. A ‘Veja’ ou as mídias mentirosas não contam quem são os donos delas, mas esses donos são os mesmos que matam árabes, libaneses e palestinos”, continuou Ali Farhat.

“Fomos desvalorizados, discriminados e ofendidos com acusações graves e dolorosas. Apontados como terroristas e responsabilizados pela rede de terror no Brasil, logo nós, muçulmanos, que temos como fundamentos no Alcorão, a paz e a harmonia. O próprio nome Islamismo tem em seu significado Salam, que significa paz...”, diz trecho da carta lida no ato pelo estudante Mohamad Khazaal, da Escola Libanesa Brasileira de Foz do Iguaçu.

Convidado pela comunidade a participar do evento, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) declarou ser necessário continuar o processo de mobilização contra o “império que financia a campanha para atacar árabes”. Em discurso recente na Câmara dos Deputados, logo após a publicação da matéria de “Veja”, Protógenes condenou a revista e afirmou que “os árabes vieram ao Brasil em busca de trabalho”. “Não são bandidos”. “Este tipo de matéria não é feita de graça ou por diletantismo, mas patrocinada com o mesmo dinheiro usado para manter interesses espúrios”. Protógenes lembrou em sua visita a Foz do Iguaçu do período em que trabalhou na fronteira quando era delegado da Polícia Federal.

O ato também teve a participação do vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PCdoB), dos xeiques sunita Mohsin Al Husseini e xiita Mohamed Khalil.

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