quarta-feira, 27 de abril de 2011

Iêmen não aceita mais protelação: “Fora Saleh!”


Duas pessoas morreram e mais de trinta ficaram feridas, 8 delas por balas, em manifestação nessa segunda-feira (25) em Sanaa, capital do Iêmen. Uma pessoa morreu em Al Baidah no sudeste da capital.

No sudoeste, em Taez, 50 pessoas foram feridas, 25 a bala, e mais de 200 tiveram de ser atendidas em hospitais improvisados em Mesquitas com problemas respiratórios pelo uso excessivo de gás lacrimogêneo por policiais contra os manifestantes.

Hoje também aconteceram manifestações massivas em várias cidades, entre elas, Hodeida no Mar Vermelho e em Moukall no sudeste do país.

No dia 17 os ministros de relações exteriores dos países do Golfo Pérsico reuniram-se em Riad na Arábia Saudita para discutir uma proposta para solucionar a crise no Iêmen em consonância com as preocupações dos EUA em relação ao aliado. A Secretária de Estado Hillary Clinton já havia aconselhado anteriormente “resolver com calma” a situação e que “os conflitos” entre o governo e a população civil do país “preocupavam muito os EUA”.

O Presidente Ali Abdullah Saleh, que recebeu da população o apelido de “o carrasco”, aceitou no dia domingo (24) as propostas do grupo do Golfo de que ele renuncie num prazo de 30 dias à presidência do Iêmen em troca de garantias de imunidade e de que ele continue sendo o “Presidente de honra” do país e o condutor do processo de transição até a realização de eleições.

Tal proposta foi rechaçada pela maioria dos grupos de oposição e pela Frente Comunitária que congrega os parlamentares de oposição ao governo que decidiram se manter nessa segunda-feira em vigília cívica nas ruas até a saída de Saleh.

O grupo negociador do Golfo, diante da reação negativa da população, apresentou uma nova proposta que não mudava nada em relação a anterior mas aceitava que um representante da oposição presidisse o governo de transição desde que Saleh e sua família mantivessem a imunidade, o que Mohamed Qahtane e seu pequeno grupo resolveu aceitar.

Mas a maioria nas ruas rechaçou a tentativa do grupo do Golfo em impor uma “oposição” e decidiu continuar em manifestação. “Esses que dizem aceitar esse absurdo conciliatório não representam nada além de si mesmo, nós reunidos aqui em Sanaa e em todo o país queremos a derrubada de Saleh imediatamente. Queremos julgá-lo por seus crimes, a ele e a seus colaboradores”, declarou à imprensa um manifestante.

Desde o último dia 13 de Abril as manifestações exigindo o fim da ditadura no Iêmen têm recrudescido. De janeiro até hoje mais de 200 pessoas morreram e centenas foram feridas e presas. O Presidente Ali Abdullah Saleh que governa o Iêmen despoticamente há 33 anos tem contado com o apoio e cooperação dos EUA.

O Iêmen assim como alguns países do Golfo Pérsico seguem uma política de alinhamento automático com os EUA. Uma das missões do grupo do Golfo é encontrar alguém “confiável” aos EUA e que possa ser considerado de “oposição” e ser aceito pela população para chefiar a transição. Essa missão não tem sido bem sucedida. A palavra de ordem dos iemenitas continua sendo “Fora Saleh!”.

ROSANITA CAMPOS

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