quarta-feira, 27 de abril de 2011

EUA/Otan tenta assassinar Kadafi com mísseis e fere mais 45 civis



Manifestantes, com bandeiras verdes da Líbia e retratos do líder, se dirigiram prontamente a Bal Al Aziza, para defender Kadafi e a pátria líbia. Esse não foi o primeiro fracasso dos agressores

Os EUA/Otan voltaram a tentar assassinar com mísseis o líder líbio Muamar Kadafi, na madrugada de domingo para segunda-feira, dia 25, ataque que destruiu parte do complexo de Bab Al Aziza em Trípoli - no qual ele trabalha e mora -, matou três pessoas e feriu 45, sendo 15 delas gravemente. Kadafi – que não estava no local – ficou ileso e foi mostrado na televisão horas depois.

Saif, o filho de Kadafi, em discurso na televisão, afirmou que o bombardeio “só amedronta as crianças”, e anunciou que a batalha em defesa da Líbia, do seu povo e do seu petróleo, segue em frente.

Manifestantes, com bandeiras verdes da Líbia e retratos do líder, se dirigiram prontamente a Bal Al Aziza, para defender Kadafi e a pátria líbia. Não foi o primeiro fracasso dos EUA/Otan.

Os agressores externos já haviam disparado um míssil Tomahawk contra o local no segundo dia da agressão à Líbia e, no sábado dia 23, outro míssil atingiu as imediações. Foi em Bab Al Aziza que há dias o líder líbio se reuniu com a delegação da União Africana encabeçada pelo presidente sul-africano, Jacob Zuma.

“Nós consideramos isso uma tentativa de assassinar o líder e figura unificadora deste país”, afirmou o porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, em entrevista coletiva junto ao prédio destroçado, logo após o bombardeio. “É um ato de terrorismo, um ato típico de gangs mafiosas, não de governos”, assinalou.

Ele acrescentou que Kadafi estava em “local seguro” e com “moral elevada”, liderando a batalha pela paz, pela democracia e pela soberania do país. Há 25 anos, em 1986, o governo Reagan também tentou assassinar Kadafi com um bombardeio, e chegou a matar a pequena Hanah, sua filha. Dessa tentativa, ficou o célebre monumento da mão dourada esmagando um avião dos EUA. Os bombeiros ainda estavam fazendo seu trabalho de apagar focos de incêndio e de socorro às vítimas, quando Ibrahim deu a entrevista.


A intensidade do bombardeio fez tremer o hotel em que se hospedam os jornalistas estrangeiros. Em outro ataque aéreo, foi atingido o prédio da televisão líbia na capital e, mais tarde na segunda-feira, navios da Otan destruíram um cabo submarino de fibra ótica que liga as principais cidades do litoral do país.

No sábado, também foram bombardeadas Sirte, Al Joms, Al Assa e Gharyen, causando vítimas civis. Há notícias também de ataques a estações de tratamento de água e esgoto – lembrando os crimes cometidos contra a Iugoslávia.

Horas antes do ataque à residência de Kadafi, um senador republicano, Lindsey Graham, do comitê de Assuntos Militares, havia convocado a Otan “a decepar a cabeça da cobra”, em entrevista à CNN. “Vá a Tripoli, comece a bombardear o círculo íntimo de Kadafi, suas casas, seus quartéis-generais”.

A meta, ele insistiu, “é se livrar de Kadafi”. O senador republicano também recomendou violar a resolução da ONU - usada de pretexto pela Otan e EUA para os bombardeios -, e “não deixá-la parar o que é direito fazer”, isto é, eliminar o líder africano. A linguagem abusada repete aqueles complôs da CIA para assassinar líderes estrangeiros, como Fidel, de Cuba, e Patrice Lumumba, do Congo, e que se tornou um escândalo tão grande na década de 70 que, após investigação pela comissão Church, levou à proibição desses crimes.

CIVIS DESARMADOS

Agora, o assassinato do líder líbio é apresentado como alguma coisa absolutamente “legítima”, e até “em defesa dos civis desarmados” que a Otan está bombardeando. Após o fracasso na madrugada, EUA e Otan negaram tal objetivo, mas admitiram ter feito “um ataque aéreo de precisão” contra a residência de Kadafi. “Debate” semelhante já ocorreu no Reino Unido, com dois ministros do governo Cameron pleiteando abertamente o assassinato de Kadafi.

Também sugerido, ao jornal inglês “Guardian”, por um dos fantoches do “Conselho Transitório”, como única forma de derrotar o líder líbio. Jornais norte-americanos e ingleses também não ocultam seu desejo de assassinar Kadafi.

O que não impede que até essa tralha pró-Wall Street e pró-Pentágono não possa ter algum vislumbre da realidade. John McCain, o derrotado candidato republicano a presidente, que foi a Benghazi dar uma força aos fantoches anti-Líbia, e para pressionar por mais intervenção dos EUA no país africano, mostrou-se preocupado com que os bombardeios da Otan “virem o povo líbio contra nós”.

Já o chefe de Estado-Maior dos EUA, almirante Mike Mullen, havia advertido na semana passada sobre o “impasse” na Líbia – situação que o governo Obama tenta contornar com o envio dos “drones” – os aviões teleguiados que se especializaram no Afeganistão em cometer massacres.

ANTONIO PIMENTA

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