sábado, 23 de abril de 2011

Brasil não aceita mais as políticas imperiais, diz Dilma no Itamaraty 



Presidenta afirma dar continuidade a uma política externa “afinada com nosso projeto nacional”
A presidenta Dilma Rousseff, afirmou, quarta-feira (20), em Brasília, durante a cerimônia de formatura da Turma 2009-2011 do Instituto Rio Branco, que seu governo tem “condições extraordinárias para dar continuidade a uma política externa afinada com o nosso projeto nacional”. Uma política externa que, segundo Dilma, “logrou por três vezes – duas com o presidente Lula e uma comigo – obter o apoio da sociedade brasileira”.

Após saudar os novos embaixadores, Dilma fez duras críticas à atual ordem mundial com suas “políticas imperiais” e as frequentes “saídas guerreiras” para os conflitos. “No momento em que debatemos como serão a economia, o clima e a política internacional no século XXI, fica patente que, do ponto de vista da segurança, a ONU envelheceu”, afirmou. “Os eventos mais recentes nos Países Árabes e no norte da África mostram uma saudável onda de democracia, que desde o seu início apoiamos.

Refletem também a complexidade dos desafios dos tempos em que vivemos”, argumentou. “Lidamos com fenômenos que não mais aceitam políticas imperiais, certezas categóricas e as respostas guerreiras de sempre”, destacou Dilma.

Ela garantiu que a América do Sul seguirá sendo prioridade da política externa de seu governo. “Sinalizei essa prioridade ao fazer, à Argentina, minha primeira viagem ao exterior. Não há espaços para discórdias e rivalidades que nos separaram no passado. Os países do nosso continente tornaram-se valiosos parceiros políticos e econômicos do Brasil, e nós sabemos que os destinos da América do Sul, os destinos de cada um dos países e os nossos estão indelevelmente ligados”, destacou a presidenta.

MERCOSUL

“Nossa região teve um crescimento médio de 7,2% em 2010 e transformou-se em um polo dinâmico do crescimento mundial”, destacou Dilma sobre o crescimento das atividades comerciais entre o países sul-americanos depois de 20 anos da criação do Mercosul. “Nesse período, o comércio intrablocos saltou de US$ 4,3 bilhões para US$ 44 bilhões”, informou. “Expandimos o Mercosul horizontalmente, transformando um projeto, inicialmente comercial-tarifário, em uma integração mais profunda entre o Brasil e seus vizinhos do Cone Sul”.

UNASUL

A presidenta disse que, com a criação da Unasul, “inauguramos processo histórico de coordenação e de promoção do crescimento mais harmonioso da América do Sul”. “Nela dialogamos com nossos vizinhos na esfera política, energética, de infraestrutura, de defesa, tecnológica, de saúde e de combate ao narcotráfico, o que revela o desejo da região de enfrentar, de forma unida, os desafios da globalização e de transformar-se em polo importante do mundo que hoje está se construindo”, sinalizou. “A integração sul-americana revelou-se importante instrumento para a aproximação de toda a região, o que se expressou na criação da Comunidade dos Povos da América Latina e do Caribe, a Celac”, acrescentou.

Dilma destacou também a escolha do presidente Lula para paraninfo da turma “como um justo reconhecimento a esse filho do Brasil, a esse cidadão do mundo, que associou sua vida às transformações que estão moldando o nosso país”. “Os brasileiros recuperaram sua autoestima nesse período, de forma inequívoca.

Todos nós, e cada um em particular, deixamos de ver o Brasil como um país pequeno, impotente diante de seus desafios históricos. O Brasil se levantou sobre seus próprios pés”, prosseguiu. Paulo Nogueira Batista foi escolhido como patrono.

ONU

A presidenta fez questão de enfatizar aos jovens formandos que “a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas não é um capricho do Brasil”. Para ela, as mudanças que ocorreram no mundo “refletem a necessidade de ajustar esse importante instrumento da governança mundial à correlação de forças do século XXI.

Significa atribuir aos temas da paz e da segurança efetiva importância. Mais do que isso, exige que as grandes decisões a respeito sejam tomadas por organismos representativos e, por essa razão, mais legítimos”.

Participaram da solenidade o vice-presidente, Michel Temer, o chanceler Antônio Patriota, o embaixador Georges Lamazière, diretor do Instituto Rio Branco, o embaixador Paulo Nogueira Batista, orador da turma, entre outras autoridades.

Dilma resgatou a qualidade do desempenho do Itamaraty nos últimos 50 anos que “fez dele uma instituição internacionalmente respeitada” e disse que “a Turma 2009-2011 do Instituto Rio Branco manterá e aprofundará essa tradição que marca a diplomacia brasileira”.

“A política externa de um país”, afirmou Dilma, “é mais do que sua projeção na cena internacional. Ela é também um componente essencial de um projeto nacional de desenvolvimento, sobretudo em um mundo cada vez mais interdependente.

As dimensões interna e externa da política de um país são, pois, inseparáveis”. “Depois de décadas de estagnação, o Brasil retomou o crescimento - um crescimento distinto daquele do passado – agora, a partir do governo do presidente Lula, acompanhado de intensa distribuição de renda e de forte inclusão social”, completou.
HP

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