quinta-feira, 28 de abril de 2011

“Reestruturação” da France Telecom privatizada já levou 57 trabalhadores ao suicídio em 3 anos


Um funcionário da France Telecom se suicidou na terça-feira 26, aumentando para 57 a alarmante cifra de trabalhadores da empresa que tiraram a própria vida entre 2008 e 2011. Em um ano e meio – entre 2008 e 2010, - 44 funcionários da companhia francesa se suicidaram.

Casado, pai de 4 filhos, o funcionário de 57 anos, que não teve a identidade revelada, ateou fogo ao próprio corpo em um estacionamento de uma unidade da empresa, na cidade de Mérignac, sudoeste da França. A vítima trabalhava na companhia há 30 anos e recentemente foi obrigado a mudar de posto de trabalho várias vezes.

“A mobilidade que lhe impuseram obrigou-o a vender a própria casa. Ele escreveu várias vezes à diretoria, mas nunca lhe responderam, assim como a tantos outros”, denunciou o dirigente sindical Francois Deschamps.

Privatizada em 1997, a direção da France Telecom estabeleceu em 2006 um plano que previa a demissão de 22 mil pessoas em três anos, a “reestruturação” da empresa e também a transferência obrigatória de funcionários para outros cargos e áreas geográficas. Dos 100 mil funcionários que tinha antes da privatização, mais de 40 mil já foram demitidos.

O resultado é a escassez de funcionários e forte pressão exercida contra os atuais para alcançarem resultados considerados inviáveis. “A falta de mão-de-obra e objetivos inatingíveis de desempenho continuam exercendo pressões sobre os empregados”, denuncia a Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) em um comunicado.

Outro problema enfrentando é o desvio de função na empresa. Por exemplo, operários especializados em instalar cabos telefônicos nas ruas são destinados a atender a telefonemas em uma central para onde usuários fazem chamadas para solicitar reparos em suas linhas.

Diante do quadro, o Estado, que detém 26% das ações, anunciou mudanças na política da empresa.

Por exemplo, as transferências de empregados para outras localidades deveriam ocorrer apenas se o trabalhador se “candidatasse” à mudança. “Este novo suicídio demonstra que nem tudo foi solucionado na France Telecom, apesar do que dizem”, afirmou a CGT.

A France Telecom é a terceira maior operadora de telefonia móvel da Europa e a maior provedora de internet do país. Em 2010, anunciou lucro líquido de 4,07 mil milhões de euros.

JOSI SOUSA

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