UM ato atroz
UMA triste notícia foi divulgada hoje, 9 de janeiro, à tarde, nos Estados Unidos: a congressista democrata do estado do Arizona, Gabrielle Giffords, foi vítima de um atentado criminoso, enquanto participava dum ato político em seu distrito eleitoral de Tucson.
Do outro lado da fronteira se encontra o México, país latino-americano ao qual pertencia esse território, quando lhe foi arrebatada mais de metade de sua extensão, mediante uma guerra injusta.
Muitos dos que emigram do México, da América Central e de outros países latino-americanos atravessam a árida superfície desse estado, tentando fugir da fome, da pobreza e do subdesenvolvimento aos quais foram levados esses povos pelos Estados Unidos. O dinheiro e as mercadorias podem cruzar livremente a fronteira; os seres humanos, não. Sem falar das drogas e das armas que vazam essa linha em uma e outra direção.
Centenas de milhares de latino-americanos, que fazem os trabalhos mais pesados e pior remunerados nesse país, são apanhados cada ano e devolvidos a seus pontos de partida, muitas vezes afastados de seus familiares mais próximos. Eles esperavam da nova administração uma retificação dessa política criminosa e desumana.
Segundo as notícias recém-chegadas, 18 pessoas foram atingidas pelas balas, e seis morreram, entre elas, uma menina de nove anos e o juiz federal, John Roll.
A congressista foi gravemente ferida por um disparo na cabeça. Os médicos lutavam para salvar-lhe a vida.
Ela é casada com o astronauta da NASA, Mark Kelly. Foi eleita pela primeira vez ao Congresso, em 2006, nessa altura tinha 36 anos. "É a favor da reforma migratória, da pesquisa com células-mães e das energias alternativas", medidas com as quais antipatiza a extrema direita.
Ela foi reeleita como representante democrata nas passadas eleições.
Ao ser perguntado pela imprensa sobre possíveis inimigos, seu pai respondeu: "O Tea Party todo".
É bem conhecido que a ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, nas eleições de 2008, e líder do Tea Party, Sarah Palin, publicou em seu site como objetivo para os seguidores de seu partido, um mapa dos distritos em que governam os 20 representantes que apoiaram a proposta da reforma de saúde do presidente Obama, e cada lugar correspondente estava marcado com a mira de um fuzil.
O adversário da congressista Gabrielle Gifforfds, era um ex-fuzileiro o qual, na campanha eleitoral apareceu em uma mensagem com um fuzil M-16 cujo conteúdo, segundo as informações, era o seguinte: "Ajude a vencer Gabrielle Giffords... Dispare o carregador completo de um M-16 automático com Jesse Kelly."
Em março de 2010, o escritório eleitoral de Gabrielle foi atacado. Ela declarou que quando as pessoas faziam isso, tinham que dar-se conta de suas conseqüências; os líderes políticos devem se reunir e dizer qual o limite.
Qualquer pessoa com bom senso poderia se perguntar se um fato como este aconteceu no Afeganistão ou em um distrito eleitoral no Arizona.
Obama declarou textualmente: "É uma tragédia inqualificável, vários estadunidenses foram baleados..."
"E enquanto continuamos investigando, sabemos que algumas pessoas morreram e que a representante Giffords está gravemente ferida..."
"Ainda não temos todas as respostas. O que sabemos é que um ato de violência tão insensato e terrível é inadmissível numa sociedade livre..."
"Peço a todos os estadunidenses se unirem a mim e a Michelle para termos a congressista Giffords, as vítimas desta tragédia e suas familias, presentes em nossas orações."
Seu apelo é relativamente dramático e bastante triste. Até os que não partilhamos de modo algum suas idéias políticas ou filosóficas, desejamos com franqueza que não morram crianças, juízes, congressistas, nem cidadão algum dos Estados Unidos, de maneira tão absurda e injustificável.
É triste recordar que, todos os anos, no mundo morrem milhões de pessoas, em conseqüência de guerras absurdas, da pobreza, da fome crescente e da deterioração do meio ambiente, promovidas pelas nações mais ricas e desenvolvidas do planeta.
Gostaríamos que Obama e o Congresso dos Estados Unidos partilhassem com os outros povos essas preocupações.

Fidel Castro Ruz
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