sábado, 22 de janeiro de 2011

Patrice Lumumba, pai da
Independência do Congo

PEDRO ANTONIO GARCÍA*
 
Nas únicas eleições livres realizadas no antigo Congo Belga entre 1960 e 2006, Patrice Lumumba foi eleito por uma esmagadora maioria de votos e assim se tornou o primeiro chefe de governo de seu país após a independência. Ele defendia uma política econômica nacionalista e que não foi bem vista pelos imperialistas.
  
A ex-potência colonial, a Bélgica, apelou para a desestabilização e apoiou os separatistas do Katanga, que declararam independente do Congo essa rica província. Além disso, a Bélgica retirou do país os seus técnicos e especialistas para com isso causar a paralisia econômica do nascente estado africano.
 
Por sua vez, a CIA e os serviços de inteligência de outras potências europeias trabalharam dia e noite no recrutamento de funcionários congoleses, enquanto subsidiavam cada vez mais os nativos leais ao imperialismo.
 
Sob o pretexto de proteger os bens dos cidadãos de seu país, a Bélgica envia tropas para Katanga (Shaba) para sustentar o movimento separatista na mesma província. Lumumba, então, recorreu à Organização das Nações Unidas (ONU) para expulsar os belgas e ajudar a restaurar a ordem.
  
As tropas belgas se negaram a deixar o país e continuaram apoiando a secessão de Katanga. Enquanto isso, tropas da ONU se recusaram a intervir em apoio ao governo central e, de fato, após a sua entrada no país, conseguiram desestabilizar o novo governo e, finalmente, levar ao acosso e à derrubada de Lumumba.
 
O líder congolês procurou a ajuda da União Soviética. Em meados de 1960 começaram a chegar ao Congo conselheiros e agentes militares soviéticos. Também pediu aos principais líderes africanos apoio ao governo do Congo.
 
Diante da atitude de Lumumba, o então presidente dos EUA, Eisenhower, deu a ordem para eliminá-lo. Para executar esta operação foi enviado o agente da CIA, Frank Carlucci, que depois se tornou secretário da Defesa de Ronald Reagan.
 
Um golpe de Estado derrubou Lumumba, em setembro de 1960. Preso pela primeira vez em outubro e, em seguida em dezembro pelo exército fantoche organizado e equipado por tropas belgas, a ONU não fez nada para impedir que ele fosse brutalmente torturado pelos mercenários europeus e traidores congoleses.
 
Em 17 de janeiro de 1961, em um campo no meio da savana da província de Katanga, iluminada apenas pelas luzes dos carros de seus assassinos, um mercenário belga o amarrou a uma árvore enorme. Lumumba mal conseguia andar devido à tortura sofrida.
 
O pelotão de execução era composto por quatro homens armados com fuzis FAL e pistolas para executar o golpe de misericórdia. O mercenário belga deu a ordem para disparar.
 
Dias antes de sua morte, Lumumba tinha escrito à sua mulher: “Nenhuma brutalidade, maus-tratos ou tortura tem me dobrado, porque prefiro morrer com a cabeça erguida, com a fé inquebrantável e uma profunda confiança no futuro do meu país, a viver submetido e pisoteando princípios sagrados”.
 
“Um dia, a história nos julgará, mas não será a história segundo, Bruxelas, Paris, Washington ou a ONU, mas dos países emancipados do colonialismo e seus fantoches.”

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 Patrice Emery Lumumba nasceu no território de Katako-Kombe no antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, em 2 de julho de 1925. Estudou em escolas missionárias cristãs. Trabalhou inicialmente como escriturário e depois como jornalista.
 
Em 1958 fundou o Movimento Nacional Congolês (MNC) e reivindica ante toda a África o direito de seu país a se tornar nação. Por conta de suas atividades em defesa da independência do Congo, Lumumba foi preso. Julgado em janeiro de 1960, foi condenado a seis meses de prisão. Mas só ficou alguns dias preso.
A independência do Congo foi proclamada em 30 de junho de 1960. E o primeiro-ministro deste país que deixou de ser uma colônia foi justamente Patrice Lumumba, o vencedor das eleições realizadas em maio do mesmo ano.
 Herói Nacional
  
Após o seu assassinato em 17 de janeiro de 1961, a mando do imperialismo e das multinacionais do setor de mineração, teve seu corpo dissolvido em ácido sulfúrico, e em seguida esquartejado e seus restos mortais espalhados para que não fosse reconhecido.
 
As emissoras de rádio a serviço da CIA anunciaram inicialmente que camponeses armados o haviam assassinado. Depois propagaram vários rumores para fazer crer à população congolesa que seu líder estava vivo.

 A verdade surgiu aos poucos. Em novembro de 2001, o parlamento reconheceu a responsabilidade do Estado belga na morte do líder congolês.
 
Hoje, apenas mencionou os nomes dos cúmplices do crime quando se refere à Lumumba. Mas o primeiro chefe de governo do Congo independente é, desde 1966, o Herói Nacional de seu país, por mandato de seu povo.*Pedro Antonio García escreve na revista eletrônica CubAhora, onde esta coluna foi inicialmente publicada

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