sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Assange denuncia incitação a seu assassínio nos EUA

“É um fato que existe um risco real de que se (Assan-ge) é extraditado para a Suécia, os Estados Unidos tentarão prendê-lo, ou inclusive, que Estocolmo o entregue ilegalmente às autoridades estadunidenses, o que redunda em que o nosso cliente seja preso em Guantá-namo”, afirmaram os advogados de Julian Assange, editor de Wikileaks, após uma audiência no Fórum de Woolwich, em Londres, no dia 11.
Na coletiva de imprensa seus advogados Mark Stephens e Jennifer Robinson, apresentaram documentos entregues à justiça inglesa em que destacam: “certamente se Assange é entregue aos Estados Unidos, poderia ser detido na Bahia de Guantánamo, sem nenhuma garantia de que não será condenado à pena de morte. Existe o perigo real de que lhe apliquem a pena capital. É bem sabido que personalidades políticas têm dito, implícita ou abertamente, que Assange deve ser executado”.
O documento continua com uma citação do ex-candidato presidencial republicano, Mike Huckabee, que declarou: “Penso que qualquer condenação menor que a execução é demasiado benigna”. Também é citada a ex-candidata a vice-presidente, a também republicana Sarah Palin, que disse que Assange “deve ser perseguido com a mesma urgência que perseguimos a Al Qaeda e aos líderes do Talebã”.
A equipe e os colaboradores do WikiLeaks também citaram um comentarista da Fox News, Bob Beckel, que referindo-se a Assange apelou publicamente a “disparar ilegalmente sobre o f. d. p.”. Rush Limbaugh, personalidade da rádio dos EUA, pressionou Roger Ailes , presidente da Fox News, a “dar a ordem e [então] já não há Assange, garanto-lhes, e não haverá impressões digitais sobre isto”, ao mesmo tempo em que o colunista Jeffery T. Kuhner, do Washington Times, intitulou a sua coluna como “Assassinato de Assange” acompanhada por uma foto de Julian Assange com um alvo de tiro assinalado, pingando sangue, com a legenda “PROCURADO VIVO OU MORTO” com a palavra “vivo” riscada.
Wikileaks apresentou, na terça-feira (11/01), condolências às vítimas do tiroteio de Tucson, bem como os melhores desejos quanto à recuperação da deputada Gabrielle Giffords. Giffords, democrata do Arizona, foi o alvo de tiros num evento político de 8.
Clarence Dupnik, xerife de Tucson que dirige a investigação dos disparos sobre Gifford, afirmou que os responsáveis dos meios de comunicação empenhados em retórica violenta “têm de considerar que têm alguma responsabilidade quando ocorrem incidentes como esse e com os que possam ocorrer no futuro”.
Os advogados de defesa destacaram ainda os pontos que apresentarão na audiência de extradição que será realizada no mês próximo.
Destacaram que a extradição se solicitou por “motivos inapropriados” no sentido de que não se pode adotar essa medida com a única finalidade de interrogá-lo. Também foram denunciadas as acusações sobre as supostas ofensas sexuais imputadas a Assange. “É tudo invenção”, afirmam.
Julian Assange, porta-voz do Wikileaks, declarou: “Nenhuma organização em qualquer parte do mundo é um advogado mais dedicado da liberdade de imprensa do que Wikeleaks, mas quando políticos seniores e comentaristas da mídia à procura de atenção apelam para a morte de indivíduos ou grupos específicos, eles deveriam ser acusados de incitação ao assassinato”.
HP

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