sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Obama pede aos americanos união para
apertar cintos já. Bonança fica para 2035

O presidente Barack Obama foi ao Congresso para a tradicional peroração do Estado da União de início de ano, em que convocou os EUA a viver seu “Momento Sputnik” da atual geração – agora em relação à China, cujo presidente visitou na semana passada a Casa Branca e comprou 200 aviões da Boeing.
Para não perder o traquejo, Obama convocou os EUA também a se manter como a “luz do mundo”. Ainda que, como admitiu, a infraestrutura da “luz do mundo” só mereça “nota D”, e o bom povo norte-americano vá esperar uns 25 anos para andar de trem-bala.
Bem verdade que, para os 26 milhões de desempregados e o 1 milhão de famílias que tiveram suas casas tomadas pelos bancos, a coisa está mais para Titanic. Provavelmente, nem entenderam a profundidade da “recuperação” da economia vista por Obama: lucros das corporações de volta às alturas e bolsas em rally.
Algumas propostas parecem para já: acesso de 98% à banda larga em cinco anos; 1 milhão de veículos “elétricos” até 2015. Mais aulas de matemática, mais inovação e dobrar as exportações. Uma nova meta sugerida: até 2035, 80% da eletricidade gerada de “fontes limpas”: “eólica, solar, nuclear, carvão limpo e gás natural”. E o etanol?
Obama se esforçou para agradar aos republicanos, comprometendo-se em cortar o déficit e congelar gastos até do Medicare, Medicaid e Seguridade Social. De fora o Pentágono, ainda mais com duas guerras e 800 bases no mundo inteiro, milhares de ogivas nucleares e incontáveis contratos com a indústria bélica. Também consolou os setores mais progressistas do congresso, dizendo que “antes de cortar o dinheiro para as escolas, ou bolsas para os estudantes, deveríamos pedir aos milionários que abram mão das isenções fiscais [presente de Bush]”.
Do discurso do Estado da União anterior, e das metas de campanha presidencial, palavras vão ao vento. A reforma da saúde, privada, virou murmúrio. Enquanto as 10 mil páginas sobre a reforma financeira são esmiuçadas e o controle sobre Wall Street vai para as calendas, as operações com derivativos já são feitas em milisegundos. Não se fala mais sobre penalizar a exportação de postos de trabalho feita pelas corporações dos EUA.
Na platéia, desta vez, os parlamentares republicanos – inclusive os radicais do chá -, estavam no sapatinho. Bipartidariamente sentados, com uma cadeira vazia para a deputada democrata que sofreu o atentado em Tucson.
                                                                                                          
ANTONIO PIMENTA

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