sábado, 22 de janeiro de 2011

Centrais defendem R$ 580 nas ruas e governo marca audiência 

Em São Paulo, os trabalhadores fizeram manifestação na Av. Paulista com faixas e bandeiras reivindicando “R$ 580 já” 

A campanha nacional em defesa do mínimo para R$ 580 e da política de valorização do salário foi marcada com manifestações em todo o país na última terça-feira, e garantiu reunião com o governo para discutir o aumento. Conforme as centrais, as manifestações se espraiaram por 20 capitais e tiveram na Avenida Paulista, com bateria de escola de samba, carro alegórico, faixas e bandeiras, a sua maior expressão pelos “580 JÁ”. No dia seguinte às manifestações, a Secretaria-Geral da Presidência da República entrou em contato com os dirigentes das centrais e agendou audiência com o ministro Gilberto Carvalho para a próxima quarta-feira (26), às 16h30, em Brasília.

“Essa é uma boa notícia. Acho que as coisas, as linhas de conversas melhoraram muito no governo”, afirmou o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), saudando a iniciativa do governo de receber as centrais. “O nosso objetivo é manter o crescimento econômico, com distribuição de renda e geração de emprego. Isso só se faz com a valorização da renda proveniente do trabalho”, enfatizou Paulinho.

O diálogo, na opinião dos sindicalistas, é a melhor forma de combater e isolar o “tiro no pé” dado pelo ministro Guido Mantega ao defender o “ganho zero” com o reajuste do mínimo para R$ 545,00, que apenas iria repor a inflação de 6,47% medida pelo INPC, interrompendo a política de aumentos reais acordada pelas centrais com o presidente Lula.

Condenando a concepção expressa por Mantega, de que o aumento do mínimo seria inflacionário, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, reagiu: “Salário mínimo não é dificultador, ele ajuda no combate à crise, como já ficou fartamente demonstrado, pois é um poderoso instrumento de distribuição de renda. Frear o crescimento é a agenda dos derrotados, daqueles que acham que tem de segurar a economia falando em redução de custo, em diminuição do papel do Estado”. Artur defendeu a negociação como a melhor forma de alertar a presidenta sobre os descaminhos da equipe econômica. “Já havíamos conquistado esse espaço para tratar de diversos assuntos, entre eles o mínimo, o aumento para os aposentados e a correção da tabela. Em dezembro, iniciamos um processo de negociação e imaginávamos que teríamos continuidade, que foi garantida com a nossa mobilização”, frisou Artur.

Durante o percurso, do alto do carro de som, o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, destacou que “a unidade das centrais é para fazer com que o nosso país cresça, aplicando uma política de correção do salário mínimo, com ganhos reais, até 2023”. “Quem perdeu as eleições quer pautar a política econômica, abandonando a valorização conquistada durante o governo Lula. Estamos aqui para dar uma força para a Dilma manter o caminho acordado”, declarou Neto.

Também participaram do ato o deputado federal Carlos Zaratini e o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, ambos do Partido dos Trabalhadores. 

Salário mínimo de R$ 545 vai na contramão do desenvolvimento 

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), conclamou a todos a continuarem unidos e mobilizados para que seja implementada a política vencedora nas últimas eleições, “e não seja adotada a pauta dos derrotados, de arrocho salarial e Estado mínimo”.

“A luta unificada das centrais tem o propósito de fazer com que o trabalhador seja cada vez mais reconhecido como aquele que faz o desenvolvimento desse país e tem que ser tratado como gente. Seu salário não pode ser vilipendiado e nem achatado”, defendeu o secretário geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Canindé Pegado.

O presidente estadual da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Luiz Gonçalves, lembrou que o aumento real do salário mínimo é o caminho para o desenvolvimento com justiça social. Na contramão, frisou, está a proposta de R$ 545 e a não correção da tabela do Imposto de Renda, que esfumaça o dinheiro conquistado pelo trabalhador. 

Entidades movem ação na Justiça pela correção da tabela do Imposto de Renda 

Ao final da manifestação na capital paulista, os representantes das centrais protocolaram na Justiça Federal uma ação para a correção de 6,47% da tabela do Imposto de Renda. Sem atualização da tabela, alertam as centrais, as conquistas das campanhas salariais acabam anuladas, já que os vencimentos são incluídos em uma nova faixa de contribuição e confiscados pela Receita. Além das centrais, diversos sindicatos também firmaram o documento, entre eles, o Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Empregados de Empresas de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e a Federação dos Químicos de São Paulo. 

Deputados levam seu apoio às centrais durante manifestação 

Levando o seu apoio à mobilização das centrais sindicais pelo salário mínimo de R$ 580, os deputados Carlos Zaratini e Luiz Cláudio Marcolino também estiveram presentes na manifestação.HP

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