quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Governo do Haiti admite criminoso
Baby Doc em liberdade no país

Enquanto o ex-presidente Aristide, deposto pelos EUA, segue impedido de retornar

No dia 17, Jean-Claude Duvalier (Baby Doc, assim conhecido por suceder seu pai, François Duvalier, Papa Doc, numa das mais bárbaras ditaduras já instauradas no continente americano), desembarcou na capital do Haiti, Porto Príncipe, 25 anos depois de haver saído do país, quando sua tirania de 15 anos findou.

O regime criminoso de Papa Doc - cujos temíveis esquadrões, os Toton Macoute, seguiram atuando também com Baby Doc – teve cenas de torturas e execuções de opositores (assistidas por alunos de escolas) retratadas no filme “Os Farsantes” (The Comedians, com base no livro de mesmo nome de Graham Greene).

Do local do desembarque ao hotel em que se instalou foi protegido por uma bateria de policiais. Disse que queria “doar dinheiro” para o necessitado povo haitiano. Milhões de dólares que açambarcou quando comandava seu regime de terror e está hoje depositado em bancos suíços. Bancos que se apressaram a tomar distância do maldito dizendo que Baby Doc não poderia “doar” um dinheiro que não lhe pertencia, mas sim ao povo do Haiti. Assim, os bancos prometeram enviar ao Haiti US$ 5,7 milhões.

O chefe de polícia do Haiti, Mario Andresol, declarou em entrevista ao jornal Miami Herald que não recebeu nenhuma ordem de prisão contra Baby Doc.

Já o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, deposto pelos norte-americanos em 2004, depois de tomar medidas populares, como o estabelecimento do salário-mínimo e soberanas no plano internacional, a exemplo do aprofundamento das relações com Cuba e a Venezuela, segue com a permissão para o retorno negada, mesmo depois das manifestações de multidões de haitianos exigindo seu retorno.

Assim que surgiram as primeiras notícias do terremoto que devastou a capital haitiana, Aristide pediu ao governo para ser recebido livremente em seu país onde lutaria pela unidade do povo haitiano – única forma – afirmou de garantir as condições para a reconstrução do país. E, de fato, um ano depois do sismo, mais de um milhão de haitianos continuam vivendo em tendas e a grande maioria das moradias e prédios públicos não foi reerguida.

O uso de água não tratada é a causa mais provável do recente surto de cólera que já levou a vida de milhares de haitianos, com mais de 100 mil hospitalizações por causa da doença.HP

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