sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Chineses compram empresas de energia, petróleo e mineração

O pervertido câmbio turbinado pelos juros do BC – e pela ausência de uma política de defesa da moeda e da produção nacionais – fez com que, além dos norte-americanos – também as empresas chinesas avançassem na propriedade de bens dentro do país. Em 2010, elas entraram em três setores básicos da economia brasileira: energia elétrica, petróleo e mineração – estendendo-se para a siderurgia.

Em maio, a State Grid Corporation of China (SGCC), empresa estatal e maior companhia do setor elétrico chinês, adquiriu sete concessionárias de energia no Brasil, com as respectivas concessões (30 anos + 20 anos de prorrogação). Até então, essas empresas estavam sob controle das espanholas Cobra, Elecnor e Isolux – na verdade, subsidiárias da Iberdrola – e da Abengoa, também espanhola.

A CEMIG pretendia comprar essas empresas, mas o preço de R$ 3 bilhões foi considerado excessivo pela estatal de Minas Gerais. Já a estatal chinesa, pagou sem regatear.

Como essas empresas estavam endividadas com o BNDES, sua aquisição dependia da aprovação do banco, que estudava estabelecer condições para garantir que elas fariam compras em fornecedores internos. A estatal chinesa preferiu pagar de uma vez toda a dívida dessas empresas com o BNDES para dispensar a aprovação. Segundo publicou em seu site a Comissão para a Supervisão e Administração de Bens Estatais da China (SASAC), um dos projetos é, exatamente, usar essas companhias para aumentar a exportação de produtos eletromecânicos chineses para o Brasil. As empresas compradas pela SGCC operam linhas de 4 mil km de transmissão de energia.

No mesmo mês, a Sinochem, um grupo estatal das áreas química, petrolífera, financeira e imobiliária adquiriu, da norueguesa Statoil, 40% do campo petrolifero de Peregrino, na bacia de Campos, por US$ 3,07 bilhões.

Antes disso, em março, a estatal chinesa ECE (Birô de Exploração e Desenvolvimento Mineral do Leste da China) comprou, por US$ 1,2 bilhão, a Itaminas, de Sarzedo (MG), mineradora brasileira com reservas de 1,3 bilhão de toneladas de minério de ferro e uma produção de 3 milhões de toneladas por ano. O projeto da ECE é aumentar a produção para 25 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, segundo Shao Yi, diretor da ECE que fechou o negócio.

Quase simultaneamente, a Wuhan Iron & Steel (Wisco), também estatal, adquiriu, oficialmente, 21,5% do capital da MMX, a empresa de mineração do sr. Eike Batista. A MMX será a fornecedora de minério de ferro para a siderúrgica que a Wisco está construindo em Porto do Açu (RJ), com a participação minoritária de outra empresa de Batista, a EBX.

A Wisco também comprou a Passagem Mineração (Pamin), de Mariana (MG), proprietária das reservas do Morro de Santana (750 milhões de toneladas de minério com teor de 55% de ferro).

Além disso, empresas chinesas compraram a Sul América Metais (SAM), até então pertencente ao grupo Votorantim. A Honbridge Holdings, companhia chinesa sediada em Hong Kong - que representa o Xinwen Mining Group, mineradora especializada em minério de ferro, e a siderúrgica Shandong Iron and Steel, uma das maiores da China - pagou US$ 430 milhões ao grupo do empresário Antonio Ermírio de Moraes pela SAM, que tem reservas de 2,8 bilhões de toneladas de minério de ferro e capacidade atual de produzir 25 milhões de toneladas por ano. O projeto chinês é acoplar à empresa uma unidade de beneficiamento em Grão Mogol (MG) e um mineroduto de 500 km até o porto de Ilhéus, na Bahia.

Por último, a China Petrochemical Corp (Sinopec) comprou 40% da filial da espanhola Repsol no Brasil por US$ 7,1 bilhões, formando uma nova empresa (a Repsol Sinopec) com capital de US$ 17,8 bilhões. A empresa está em dois poços do pré-sal: Guará e Carioca.

Nenhum desses setores – petróleo, mineração ou energia – é aberto a estrangeiros na China. No que, aliás, os chineses fazem muito bem, pois são setores estratégicos para desenvolvimento nacional. Durante a última semana, noticiou-se que a nova lei de mineração, que será enviada ao Congresso pela presidente Dilma, estabelecerá restrições à propriedade estrangeira sobre as jazidas minerais – desde o governo Fernando Henrique, deixou de existir qualquer legislação regulando essa atividade econômica
HP

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