quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Amorim: “Não se pode confundir país pacífico com desarmado e indefeso”

O novo ministro da Defesa, embaixador Celso Amorim, afirmou na segunda-feira, em discurso durante sua posse, que “um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso”. “O Brasil é detentor de enormes riquezas e possuidor de infraestruturas de grandes dimensões. Cabe ao estado brasileiro resguardar extensas fronteiras terrestres e marítimas”, afirmou o ministro Celso Amorim.
 

Amorim toma posse e pede FFAA equipadas para defender o país

Na posse como novo ministro da Defesa, embaixador agradeceu a oportunidade dada pela presidenta Dilma

O ex-chanceler do governo Lula, embaixador Celso Amorim,
afirmou na segunda-feira (8), em discurso durante sua posse como novo ministro da Defesa, que “um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso”. Amorim agradeceu a confiança depositada nele pela presidenta Dilma Rousseff e destacou a “oportunidade de participar dessa importante etapa da longa transição do Brasil rumo a uma sociedade mais livre, mais justa e mais igualitária”.

O novo ministro ressaltou a importância estratégica da defesa nacional. “Vivemos em paz com os nossos vizinhos. Mas o Brasil é detentor de enormes riquezas e possuidor de infraestruturas de grandes dimensões. Cabe ao estado brasileiro resguardar extensas fronteiras terrestres e marítimas. Além da indispensável defesa da população, devemos proteger nossos recursos naturais, a começar pelas riquezas contidas na Amazônia e nas águas jurisdicionais brasileiras. As descobertas de significativas reservas de petróleo, sobretudo na camada pré-sal, reforçam essa necessidade”.

“Nosso território, da Amazônia ao Aquífero Guarani, que compartilhamos com os vizinhos do Mercosul, é repositório de enorme quantidade de água, recurso cada vez mais escasso no mundo. É fundamental assegurar que a nossa soberania sobre o recurso água – além de sua utilização sustentável – seja preservada. Hoje, é preciso admitir, nossas forças sofrem de carências que não permitem o efeito dissuasório indispensável à segurança desses ativos.

Há um descompasso entre a crescente influência internacional brasileira e nossa capacidade de respaldá-la no plano da Defesa. Uma não será sustentável sem a outra”, salientou.

Participaram da solenidade no Salão Nobre do Palácio do Planalto, além da presidenta Dilma Rousseff, cerca de cem autoridades, entre alas, ministros de Estado, parlamentares, membros do Judiciário, além dos três comandantes militares: general Enzo Peri (Exército), tenente-brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica) e o almirante Júlio Soares de Moura Neto (Marinha).

Amorim saudou as Forças Armadas declarando identificar nos militares “valores dignos de admiração: patriotismo; abnegação; zelo pela coletividade e respeito à hierarquia e à disciplina”. Em seu discurso, o ministro garantiu a continuidade do processo de modernização das FFAA.

“Dedicarei esforços ao fortalecimento da indústria nacional de material de emprego militar e à ampliação da autonomia tecnológica de nossas Forças Armadas, em estreita coordenação com os ministérios do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia”, afirmou Amorim. “Conhecendo a atenção que a presidenta da República atribui aos assuntos de Defesa, cabe a mim empenhar-me em obter os recursos indispensáveis ao equipamento adequado das Forças Armadas”, prosseguiu. Ele aproveitou para cobrar “apoio e compreensão dos colegas da área financeira”. “Afinal, o próprio documento legal que instituiu a Estratégia Nacional de Defesa estabelece vínculo indissociável entre esta e a estratégia nacional de desenvolvimento”, completou.

Ao saudar o novo ministro a presidenta Dilma afirmou que “Amorim é um homem de Estado, um patriota, um funcionário de carreira que irá, tenho certeza, dar continuidade aos projetos tocados pela pasta da Defesa”. Ela destacou ter a convicção de que Amorim “é o homem certo para o lugar certo”. E disse ainda, ter “certeza absoluta” de que com ele à frente do Ministério da Defesa os projetos terão continuidade e “ganharão maior velocidade e solidez”. “Todos sabemos que as trocas de comando fazem parte da rotina, desde que se troque o comandante, mas não se deixe de fazer o que precisa ser feito”, acrescentou a presidenta, reafirmando a importância dos projetos estratégicos da Defesa. “Eles não podem sofrer rupturas ou adiamentos”, frisou.

A presidenta lembrou também passagens de destaque do ex-chanceler. Segundo ela, Amorim teve papel determinante na organização da política externa do governo Lula, “quando o Brasil foi elevado ao posto de protagonista”.

Celso Amorim tomou posse em substituição a Nelson Jobim, que já vinha sofrendo desgastes desde que o site Wikileaks revelou um telegrama com data de 2008 do então embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, informando a seus superiores que Jobim lhe dissera que o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães “odeia os EUA”.

No telegrama, o embaixador americano diz que Jobim é “um dos mais confiáveis líderes no Brasil”. Depois, Jobim disse que se sentia rodeado de “idiotas” e admitiu, em entrevista, que foi eleitor do tucano José Serra em 2010. “Eu votei no Serra”, disse. Por último, Jobim resolveu atacar publicamente as ministras Ideli Salvati e Gleisi Hoffmann. Segundo ele, Ideli é “meio fraquinha” e Gleisi “mal conhece Brasília”. Esta foi a gota d’água que faltava para a sua demissão.

O novo ministro empossado garantiu o fortalecimento do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e o esforço para maior integração das ações de Defesa. “O aprimoramento da capacidade de operação conjunta entre Marinha, Exército e Aeronáutica, a racionalização de processos e programas e o robustecimento da supervisão do Ministério da Defesa sobre as políticas setoriais das forças são compromissos do titular da pasta”, disse, acrescentando que “o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas terá importante papel nesse processo”.

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