quinta-feira, 3 de março de 2011

Fernando Henrique ataca Lula por fazer “gastos exagerados”


PAC, pré-sal, Bolsa Família, Minha Casa, Luz Para Todos... “foram gastos inconvenientes”


Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não se conforma com o fato do presidente Lula ter priorizado, durante todo o seu governo, o bem estar e a melhora da qualidade de vida do povo brasileiro. O tucano reclamou que a política desenvolvimentista e de aceleração do crescimento, implementada pelo presidente Lula em seu governo, foi “inconveniente”. “Se [o governo] não tivesse gasto mais do que era conveniente, não seria necessário o corte”, afirmou o ex-presidente, ao comentar os cortes no Orçamento da União, anunciados nesta segunda-feira.


Na opinião de FHC, portanto, a prioridade para o povo definida por Lula provocou “gastos exagerados e inconvenientes” e é por isso, segundo ele, que os cortes são necessários. Ou seja, ele defende, como, aliás, sempre defendeu, verbas públicas para banqueiros e arrocho para quem trabalha e produz e diz que a culpa disso tudo é de Lula. “Conveniente” para FHC é desviar os recursos públicos para a especulação financeira e garantir o enriquecimento da agiotagem. Gastar com investimentos e com o povo não pode. “Conveniente” é arrochar os trabalhadores e encher as burras de bancos, mormente os estrangeiros e multinacionais.

Só que Lula escolheu um caminho completamente inverso a tudo isso. Os gastos de seu governo foram mais do que convenientes. Ele simplesmente tirou uma parte - e olhe que não foi muito - dos ganhos da especulação - baixando os juros altos deixados pelo próprio FHC - e investiu na produção, nos salários e nos programas sociais. Isso fez o país crescer e o povo melhorar de vida. Essa política, que o ministro Mantega parece ter esquecido, além de fazer o país crescer, fez subir também a arrecadação. Não é à toa que a relação Dívida/PIB continuou a cair até o final do governo Lula. Ou seja, o país garantiu os investimentos e ainda manteve o superávit primário em suas contas públicas. Esse superávit foi usado para pagar parte da dívida pública. Por isso a relação Dívida/ PIB caiu. Não há, portanto, nenhuma pressão justificável para que se façam cortes no orçamento.


Há até mesmo cálculos que apontam para um excesso de arrecadação de cerca de 20 bilhões de reais em 2010. E, além disso, o Secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, avaliou que a arrecadação de 2011 ficará 10% acima da que foi obtida em 2010. Isso, inclusive, já se confirmou em janeiro deste ano com um recorde de 91 bilhões de reais de arrecadação. Não há, portanto, repetimos, nenhuma necessidade desses cortes. O que está havendo é apenas uma teimosia recessiva injustificável de Mantega. Por isso ele está insistindo em não aumentar o salário mínimo, em cortar os investimentos e o custeio e permitir a elevação absurda das taxas de juros.

CARTILHA

Os tucanos, é claro, estão torcendo pelos cortes. Primeiro porque sempre estão prontos a prejudicar o povo em benefício dos especuladores. Segundo porque essa é a sua cartilha. E eles aproveitam os cortes defendidos por Mantega para atacar a política que o presidente Lula implementou a favor do povo. Fazem isso porque são porta-vozes dos agiotas, dos lobistas e das multinacionais. Apoiado pela mídia neoliberal, e por todos os sanguessugas de plantão, FHC & Cia atacam o PAC, o Minha Casa Minha Vida, o Luz Para Todos, o Bolsa Família, os investimentos da Petrobrás no pré-sal e outros projetos que beneficiaram o país. Segundo os tucanos, isso tudo foi absurdamente “inconveniente”.

Em 2003 Lula pegou um país quebrado por FHC, com uma inflação acima de 10% e juros na casa dos 25% e o FMI mandando e desmandando, e teve que fazer alguns cortes. O que Mantega está anunciando agora não têm nada a ver nem com essa situação. Não há pressão inflacionária de demanda e nem pressão nas contas públicas. O país não está mais dependendo do FMI. O corte está sendo feito por pura insistência do ministro Mantega em reduzir o crescimento do país que, segundo ele, foi exagerado em 2010 (veja matéria na página 3).

E os tucanos aproveitam esses equívocos para tentar emplacar a sua velha política pró-banqueiros e anti-povo. Dizem, como o fez o senador Aloísio Nunes (PSDB-SP), nesta segunda-feira, que os programas de Lula foram perdulários. Que o governo Lula “gastou o que podia e o que não podia”. Que o “Estado está inchado”. Enfim, repetem a cantilena neoliberal. O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), foi explícito. “Isso é só jogo de cena para impactar a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM)”, disse. Ele acha que o anúncio dos cortes pode atrapalhar o aumento dos juros. Em suma, há que se parar imediatamente de municiar a demagogia dessa gente. Antes que seja muito tarde.

SÉRGIO CRUZ

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