sexta-feira, 25 de março de 2011

Manifestantes da Cinelândia são humilhados na prisão e Globo acha engraçado

Detidos na manifestação contra Barack Obama:

“Prisão foi ilegal e arbitrária”, denuncia Modesto da Silveira

A Justiça do Rio determinou na segunda-feira (21) a libertação dos 12 manifestantes presos na sexta-feira (18) num ato contra a política do presidente norte-americano, Barack Obama, durante sua visita ao país.

Entre os presos estava a aposentada de 69 anos, Maria de Lurdes, sem partido e conhecida como a “Vovó tricolor”. Um estudante menor de idade também foi preso, mas liberado no domingo.

Acusados de lançarem um coquetel molotov contra o consulado americano, 8 dos 12 libertados, filiados ao PSTU, disseram em entrevista coletiva na terça-feira (22) que foram vítimas de uma armação, “forjada para incriminá-los”. Segundo o ex-deputado e advogado Modesto da Silveira, que defendeu presos políticos durante a ditadura, “a prisão foi ilegal e arbitrária por não haver flagrante”. “Até agora tudo indica que foi uma armação para incriminar o grupo”, disse Modesto sobre a prisão do grupo, que durou 72 duas horas. Os homens foram encaminhados ao presídio Ary Franco, em Água Santa, no subúrbio. E as mulheres foram levadas para Bangu 8, na Zona Oeste.

Eles relataram que foram presos com “status de presos políticos”, mas tratados como presos comuns. Foram revistados ostensivamente e tiveram suas cabeças raspadas. A Secretaria estadual de Administração Penitenciária alegou que esse é o procedimento. Mas não explicou por quê apenas o advogado José Eduardo Braunschweiger, único dos homens detidos em Bangu 8, não teve a cabeça raspada.

Um dos presos, Rafael Rossi, professor e dirigente do Sindicato dos Profissionais de Ensino, questionou a suposta “prisão em flagrante”. “Não encontraram nenhum material que pudesse nos incriminar ou que justificasse a prisão em flagrante. Revistaram nossas mochilas e só encontraram faixas e bandeiras”, comentou. Ele reclamou da demora para serem soltos. “Ficamos de cócoras, virados para a parede, na revista. Foi uma prisão política. Queremos o arquivamento [do caso]”.

A estudante de Artes da Uerj, Gabriela Proença, uma das três mulheres levadas para Bangu 8, relatou as condições em que ficaram presas. “Nós três ficamos sozinhas. Os chuveiros eram dentro da cela. A idosa (Maria de Lurdes) passou muito mal, vomitou. Tentamos mantê-la calma. Queremos justiça. Aqui ninguém é bandido, somos trabalhadores, estudantes. Não quisemos agredir ninguém”, disse.

Além de serem humilhados na prisão, os manifestantes ainda foram vítimas de uma piadinha infame do jornal “O Globo”, de quarta-feira (23), que colocou um título na página 2: “Os carecas de Obama”.
HP
 

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