quarta-feira, 14 de outubro de 2009

CREA-RJ E SINDICATO DOS FERROVIÁRIOS DA CENTRAL DO BRASIL. "CAOS NOS TRENS DA SUPERVIA É DEVIDO A FALTA DE INVESTIMENTO"


A Comissão do Conselho Regional de Engenharia irá investigar irregularidades

O presidente da Comissão de Análise de Prevenção de Acidentes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ), Agostinho Guerreiro, afirmou que na próxima semana o conselho irá ouvir profissionais do setor ferroviário para apurar os atrasos e o atendimento precário ocorridos nos trens da SuperVia, no Rio de Janeiro.

“Vamos reunir nossos técnicos e ouvir os profissionais registrados no CREA que trabalham na manutenção dos trens da SuperVia. Estamos extremamente preocupados com estes desfechos violentos que só têm prejudicado a população usuária. Falta manutenção preventiva nos terminais ferroviários e isso vem acarretando acidentes, como estes que ocorreram em Japeri e na Central do Brasil, pondo em risco a segurança das pessoas”, afirmou Agostinho. “É preciso que a SuperVia invista na prevenção. Acidentes como estes poderiam ser evitados se houvesse mais empenho na sinalização e manutenção dos trens. São milhares de usuários por dia, que dependem deste transporte. É preciso respeitar o cidadão que precisa deste meio de transporte para chegar ao trabalho”.


Na última quarta-feira (17), os atrasos ocorridos nos trens revoltaram os passageiros, que ocuparam as linhas férreas e estações protestando contra a situação do transporte da SuperVia. Na quinta e sexta-feira, os atrasos se repetiram (ver matéria ao lado).

O presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Valmir Índio Lemos, descartou que os atrasos nos trens ocorridos na quinta-feira sejam resultados de sabotagem, como afirmou laudo preliminar. De acordo com Lemos, os defeitos são frutos de falta de investimento da concessionária que açoitava seus passageiros. O sindicalista disse também, sobre o incidente da quinta feira, que não houve qualquer ação de sabotagem, mas de falta de manutenção na fiação aérea da ferrovia e no equipamento que conecta o trem com os cabos elétricos, o pantógrafo.

“Na verdade, estão transferindo a responsabilidade para um suposto sabotador. Mas o problema é falta de manutenção. Na quarta-feira (7), o que houve é que a empresa arrancou os mecanismos de abertura das portas dos trens, o que ocasionou o tumulto entre as pessoas que já estavam aguardando há 30 minutos dentro dos vagões”, afirmou.

Lemos também ressaltou que os lucros da empresa são imensos, mas que esse dinheiro nunca foi reinvestido. “Esperamos que os deputados se mobilizem e olhem com atenção, porque alguma coisa está errada. A sabotagem começa quando a empresa não faz investimentos em um patrimônio público que tem a obrigação de administrar. Não se tem o número de passageiros exato, não se sabe quanto ela arrecada, há várias propagandas e comércios nas estações e esse dinheiro não se sabe para onde vai”, disse.

Lemos esteve com o deputado Gilberto Palmares (PT), que decidiu convocar uma audiência pública na próxima semana, com a indicação da criação de uma comissão especial para investigar a SuperVia.

“Na semana que vem haverá aqui, na Alerj [Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro], uma audiência pública para discutir a problemática dos trens. No mínimo uma comissão especial focada no transporte ferroviário nós vamos sugerir. Eu concordo que os problemas já ocorridos justificariam uma CPI, mas isso depende de um debate maior”, afirmou Palmares.

INDENIZAÇÕES


O promotor de Justiça Carlos Andrezano, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro, decidiu entrar com uma ação civil pública, na próxima terça-feira, contra a SuperVia pelos danos causados a população nos últimos anos e por futuros danos que possam a ser causados.

A ação solicita a formação de um fundo de restituição de bens lesados no valor de R$ 1 milhão. Em sua petição, Andrezano reuniu quatro incidentes além dos tumultos da semana passada e indicou falhas no sistema da SuperVia desde 14 de julho de 2008, questionando a falta de investimentos. “O fato de garantir a gratuidade nas passagens um dia depois não exime a empresa de culpa”, disse o promotor.

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindenberg Farias (PMDB), deu entrada no Fórum da cidade com um processo contra a SuperVia, exigindo que a concessionária devolva imediatamente o valor integral das passagens em casos de pane, paralisação ou defeitos que impossibilitem o serviço. A ação de Lindenberg solicita R$ 2 milhões para indenizações e para a criação de um plano de contingência que deve garantir a segurança dos usuários.



Passageiros voltam a enfrentar atrasos

Os usuários dos trens da empresa SuperVia tiveram que enfrentar novos atrasos após milhares de pessoas serem prejudicadas na quarta-feira, quando um trem quebrou no ramal, perto da estação de Nilópolis, no caminho da Baixada Fluminense para o centro do Rio de Janeiro.

Na quinta-feira, um trem que chegava à Central apresentou defeito por volta das 16 horas, levando à suspensão da partida das demais composições por quase 40 minutos.

Para conter as manifestações da população, a empresa chamou o Batalhão de Choque da Polícia Militar, que utilizou gás lacrimogêneo e bala de borracha contra os passageiros. A estação da Central do Brasil foi fechada e reabriu apenas às 17h40m.

A manhã de sexta-feira também iniciou com 20 minutos de atrasos, após trens dos ramais de Santa Cruz e Deodoro apresentarem problemas. A solução da empresa, para evitar superlotação nas plataformas, foi fechar, por 10 minutos, onze estações, de Bangu a Santa Cruz.

Às 7h30m do sábado, um trem da SuperVia do ramal Japeri parou entre as estações de Ricardo de Albuquerque e Deodoro, sentido Central do Brasil. Novamente, os passageiros tiveram que caminhar pela linha férrea. Cinco pessoas passaram mal, entre elas uma grávida de oito meses, levada para o Hospital Alexandre Fleming. Os demais foram encaminhados ao Hospital Carlos Chagas.

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