terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dilma abre Assembleia da ONU com “discurso de esperança”

“Tenho muito orgulho de ser a primeira mulher da história a abrir a Assembleia Geral”, afirmou 

Nesta quarta-feira (21), a presidenta Dilma Rousseff se tornará a primeira mulher na história a fazer o discurso de abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas. “Tenho muito orgulho de ser a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU”, afirmou a presidenta. “Tenho que representar o Brasil, então é uma emoção muito grande”, acrescentou, logo após sua chegada a Nova Iorque.

“Eu acho que essa é uma expectativa grande, porque de fato é uma honra ser a primeira mulher a discursar na Assembleia Geral da ONU. Eu tenho uma expectativa também de levar a palavra do Brasil para a Assembleia, principalmente sobre as questões relativas ao fato de o Brasil hoje ser um país afirmativo, que cresce. É mais uma fala de esperança do que qualquer outra coisa. É isso que importa”, disse ela, numa rápida entrevista coletiva no início da tarde da segunda-feira (19).

Ao participar do Colóquio de Alto Nível sobre Participação Política de Mulheres, na segunda-feira, Dilma disse que “gostaria de compartilhar essa honra [de abrir a Assembléia Geral da ONU] com todas as mulheres aqui presentes, em especial com a subsecretária Michelle Bachelet, a primeira mulher da América do Sul a ser eleita presidenta do seu país”.

“A criação da ONU Mulheres significou, na visão do Brasil, um passo à frente para a ação coordenada em prol daquelas que representam não uma minoria e, sim, mais da metade da humanidade. Demonstra que, longe de ser um tema acessório, a questão de gênero é hoje prioridade da agenda internacional”, destacou.

Dilma falou dos “avanços notáveis”, mas lembrou que “a desigualdade permanece”. “Em pleno século XXI, são as mulheres as que mais sofrem com a pobreza extrema, o analfabetismo, as falhas dos sistemas de Saúde, os conflitos e a violência sexual”, denunciou. E acrescentou: “Em geral, as mulheres ainda recebem salários menores pela mesma atividade profissional e têm presença reduzida nas principais instâncias decisórias”.

“A crise econômica e as respostas equivocadas a ela podem agravar esse cenário, intensificando a feminização da pobreza. Por isso, combater as consequências e também as causas da crise é essencial para o empoderamento das mulheres. Minha contribuição para esta reunião será a de compartilhar um pouco da experiência e visão do Brasil sobre o papel das mulheres na construção tanto de sua própria autonomia quanto do desenvolvimento da paz e da segurança, processos que, para nós, são interdependentes”, continuou a presidenta Dilma.
 
Ela lembrou que começou seu governo “lançando um novo desafio: erradicar a pobreza extrema”. “São as próprias mulheres, que tanto sofrem com a pobreza, as principais aliadas das políticas voltadas para a sua superação. Elas têm prioridade em programas sociais, como o de transferência de renda e o de crédito para habitação, o que se reverte na melhoria da qualidade de vida delas mesmas e de suas famílias. São elas que, na família, se encarregam de gerir os benefícios originários das nossas políticas sociais”, salientou.
 
“As mulheres”, disse Dilma, “são especialmente interessadas na construção de um mundo mais pacífico e seguro. Quem gera a vida não aceita a violência como meio de solução de conflitos. Por isso devemos nos engajar na reforma da governança global para que a comunidade internacional tenha mecanismos mais representativos e eficazes de ação como a paz sustentável”. “A existência de conflitos armados vitima, especialmente, as mulheres e – cada vez mais – as crianças”, denunciou.
 
“Além disso”, acrescentou, “as mulheres estão sujeitas à violência em tempos de paz, muitas vezes sofridas em suas próprias casas. Para combater esse mal, o Brasil criou delegacias especializadas e uma central de atendimento à mulher, bem como estabeleceu legislação especial de prevenção e punição das agressões feitas às mulheres, denominada Lei Maria da Penha, reconhecida hoje em todo o mundo”. “Tenho certeza de que uma mudança cultural também seja necessária para pôr fim ao lamentável, mas persistente hábito, de atribuir às mulheres a responsabilidade pela violência que sofrem”.
 
Na Reunião de Alto Nível sobre as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, realizada também na segunda-feira, ela defendeu o acesso irrestrito aos medicamentos e a quebra de patentes de medicamentos. “O Brasil defende o acesso aos medicamentos como parte do direito humano à Saúde. Sabemos que é elemento estratégico para a inclusão social, para a busca da equidade e para o fortalecimento dos sistemas públicos de Saúde”, afirmou.
 
“Uma das primeiras medidas do meu governo foi aumentar o acesso a medicamentos para os pacientes hipertensos e diabéticos no Sistema Único de Saúde. Estamos garantindo medicamentos gratuitos para essas doenças, especificamente diabetes e hipertensão. O programa Saúde não tem Preço distribui tais medicamentos gratuitamente por meio de parceria com mais de 20 mil farmácias públicas e privadas”, informou.
 
“A defesa pelo acesso a medicamentos e a promoção à prevenção à Saúde devem caminhar juntas. O Brasil respeita seus compromissos em matéria de propriedade intelectual, mas estamos convencidos de que as flexibilidades previstas no Acordo TRIPs da OMC, (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) na Declaração de Doha, sobre TRIPs e saúde pública, e na Estratégia Global sobre Saúde Pública são indispensáveis para políticas que garantam o direito à Saúde”, completou.

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