quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Editorial do jornal Workers World denuncia grupo treinado e financiado pela CIA:
“Oposição troca bandeira atual da Líbia pela da marionete dos EUA, o rei Ídris”

De todas as lutas atuais na África do norte e no Oriente Médio, a mais difícil de elucidar é a da Líbia.
Qual é o caráter da oposição ao regime de Moamar al-Kadafi, que segundo se informa agora controla a cidade de Benghazi, no nordeste do país?
 
É pura coincidência que a rebelião tenha começado em Benghazi que está perto das jazidas de petróleo mais ricas da Líbia, assim como perto da maior parte de seus oleodutos e gasodutos, de refinarias e de seu porto de transporte de gás líquido natural (LNG pelas siglas em inglês)? Há um plano para dividir o país?
 
Qual é o risco de uma intervenção militar imperialista que representaria o perigo mais grave para os povos da região inteira?
 
A Líbia não é como o Egito. Seu líder Moamar al-Kadafi não tem sido uma marionete do imperialismo como Hosni Mubarak. Por muitos anos Kadafi foi aliado de países e movimentos que lutavam contra o imperialismo. Quando tomou o poder em 1969, nacionalizou o petróleo da Líbia e utilizou muito desse dinheiro para desenvolver a economia líbia. As condições de vida melhoraram muito para o povo.
 
Por isso, os imperialistas estavam decididos a destruir a Líbia. Os Estados Unidos lançaram ataques aéreos em Trípoli e Benghazi em 1986 que mataram 60 pessoas, incluindo a pequena filha de Kadafi – o que é raramente mencionado pelos meios corporativos. Os EUA e a ONU impuseram devastadoras sanções para arruinar a economia líbia.
 
Depois que os EUA invadiram o Iraque em 2003 e destruíram grande parte de Bagdá com uma campanha de bombardeios que o Pentágono exultantemente chamou “choque e temor,” Kadafi tentou proteger a Líbia de uma adicional ameaça de agressão outorgando grandes concessões políticas e econômicas aos imperialistas. Ele abriu a economia a bancos e corporações estrangeiras; cedeu às demandas do FMI sobre “ajuste estrutural”, privatizou muitas empresas de propriedade do Estado e cortou os subsídios do governo para necessidades básicas como alimentos e combustível.
 
O povo líbio está sofrendo dos mesmos preços elevados e desemprego que são a base das rebeliões em outras partes e que fluem da crise econômica mundial do capitalismo.
 
Não há dúvida de que a luta que percorre o mundo árabe pela liberdade política e a justiça econômica também ressonou na Líbia. Não há dú-vida de que o descontentamento com o regime de Ka-dafi está motivando um setor significativo da população.
Porém, é importante que os progressistas saibam que muitas das pessoas que estão sendo promovidas no ocidente como líderes da oposição são agentes experimentados do imperialismo. No dia 22 de fevereiro a BBC mostrou imagens de massas em Benghazi baixando a bandeira verde da república e substituindo-a pela bandeira do derrocado monarca, rei Idris, que tinha sido uma marionete dos EUA e do imperialismo britânico.
 
Os meios de comunicação ocidentais estão baseando muitas de suas reportagens em fatos supostos proporcionados pelo grupo no exílio, a Frente Nacional para a Salvação da Líbia, que foi treinado e financiado pela CIA. Se você procura no Google o nome da Frente mais a CIA, encontrará centenas de referências.
 
No editorial de 23 de fevereiro, o periódico The Wall Street Journal escreveu que “os EUA e a Europa deviam ajudar os líbios a derrocar o regime de Kadafi”. Não há menção nos salões ou nos corredores de Washington sobre uma intervenção para ajudar as pessoas do Kuwait ou da Arábia Saudita ou de Bahrein a derrocar seus ditadores. Inclusive, com toda a hipocrisia com que falam a favor das massas em luta na região agora, isso seria inconcebível. E quanto ao Egito e a Tunísia, os imperialistas estão fazendo todo o possível para conseguir que as massas saiam das ruas.
 
Não se falou de uma intervenção norte-americana para ajudar o povo palestino de Gaza quando milhares morreram pelo bloqueio, o bombardeio e a invasão de Israel. Tudo ao contrário! Os Estados Unidos intervieram para prevenir a censura ao estado sionista.
 
O interesse do imperialismo na Líbia não é difícil de encontrar. Bloomberg.com escreveu em 22 de fevereiro que enquanto que a Líbia é o terceiro produtor de petróleo da África, tem as maiores reservas provadas do continente - 44.3 bilhões de barris. É um país com uma população relativamente pequena, mas com o potencial de produzir ganhos enormes para as gigantes corporações petroleiras. Assim é como o enxergam os super-ricos, e a base de sua suposta preocupação pelos direitos democráticos do povo da Líbia.
 
Conseguir concessões de Kadafi não é suficiente para os imperialistas senhores do petróleo. Desejam um governo que possam possuir abertamente. Nunca perdoaram a Kadafi por ter derrocado a monarquia e nacionalizado o petróleo. Fidel Castro de Cuba na sua coluna “Reflexões”, toma nota da fome do imperialismo pelo petróleo e adverte que os EUA estão assentando as bases para uma intervenção militar na Líbia.
 
Nos EUA, algumas forças estão tentando mobilizar uma campanha que promove tal intervenção. Devemos nos opor a isso firmemente, lembrando às pessoas bem intencionadas e sinceras sobre os milhões de pessoas assassinadas e deslocadas pelos EUA na sua intervenção no Iraque.
 
É o povo da Líbia que deve decidir seu futuro.
hp

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