terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Dornelles: “ao aumentar a Selic o governo está elevando os gastos públicos e piorando o câmbio”

“Querer combater a inflação via aumento da taxa Selic é agir de forma contraditória, pois o que se quer exatamente é uma melhora cambial (deter a valorização do Real) e reduzir gastos públicos”, afirmou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), em entrevista na TV Senado. Ele aponta essa mesma contradição “ao se elevar a taxa Selic com uma mão, medida que vai elevar gastos públicos e, dias depois, baixar medida definindo corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União com a outra”.

Em pronunciamento na tribuna do Senado na segunda-feira (14), o senador sustentou que “há uma tendência” no Brasil de se aumentar a taxa Selic “ante qualquer sinal de pressão inflacionária e antes mesmo de uma análise mais profunda de suas causas”. Há consenso entre especialistas que a causa da atual pressão inflacionária é a especulação internacional das commodities. Além disso, segundo Dornelles, “o aumento da taxa Selic guarda pouca relação com o comportamento dos juros de mercado, tendo, portanto, quase nenhuma eficiência sobre o comportamento da demanda”.

Ao mexer na taxa Selic, explicou Dornelles, “o governo está elevando os gastos públicos pelo aumento do serviço da dívida, piorando a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) e, ainda, atraindo mais capitais estrangeiros para o país (por pagar juros maiores nos títulos públicos), o que significa reforçar a tendência de valorização do Real, criando mais dificuldades ainda para o setor exportador”.

“De nada adianta o esforço para conseguir um superávit primário mais elevado, muitas vezes obtido até mesmo através do corte de investimento, se ele é anulado pela despesa com juros, que leva inclusive a um déficit nominal das contas públicas. Apesar de não estar havendo pressão de demanda, na primeira reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a taxa Selic em meio ponto de percentagem, de 10,75 para 11,25% ao ano.

O senador pregou ainda durante a entrevista, a adoção de medidas imediatas de defesa comercial, de modo a impedir a concorrência predatória que vem sofrendo os produtos brasileiros no mercado interno. “Medidas de direito compensatório, medidas antidumping e salvaguardas comerciais devem ser adotadas sem perda tempo”, explicou, após detalhar setores que estão sofrendo grave concorrência desleal no mercado interno. “O governo tem sido muito lento na tomada de decisões que protejam a indústria instalada no Brasil”, arrematou.
HP

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