terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Centrais: R$ 545 não representa o projeto que venceu as eleições 

Líderes sindicais afirmaram que aumento do mínimo não pode ser visto como gasto, e sim investimento 

Lideranças das centrais sindicais reafirmaram que o mínimo de R$ 545, proposto pelo governo, não representa o projeto que venceu as urnas nas eleições do ano passado. Conforme os dirigentes das entidades, que convocaram para esta quarta-feira, no Congresso Nacional, manifestação pelos R$ 580, a política de arrocho salarial foi derrotada em outubro.

É o que lembra o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes, destacando que aumento real do salário mínimo este ano foi promessa de campanha, que ocorreu em São Paulo, no dia 13 de outubro de 2010, em São Miguel Paulista. “É frustrante acompanhar o ressurgimento da tese de que os salários deterioram as contas públicas, especialmente porque esse ideário não fez parte do programa com o qual a presidenta Dilma foi eleita”, disse Wagner.

Para Artur Henrique, o mínimo de R$ 545 representa a uma tentativa de impor ao país a “agenda dos derrotados” na eleição. O projeto que propõe um mínimo de R$ 545 será votado quarta-feira.

Para Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP), o aumento do mínimo não pode ser visto como despesa, e sim como investimento no mercado interno. Em nota, Paulinho, afirma que “é importante destacar que aumento do salário mínimo não gera custo para o país. Trata-se de investimento. Isto pôde ser comprovado na explosão da crise financeira internacional cujos efeitos não foram tão danosos para o Brasil, justamente por conta da valorização dos salários dos trabalhadores, o que gerou um incremento do consumo interno”, ressalta.

Na última sexta, as centrais se reuniram com o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que reafirmou a posição do governo de conceder um mínimo de R$ 545.

“Diante disso, vamos concentrar nossas forças para conquistar o aumento no Congresso. Vamos reafirmar todos os nossos argumentos em favor do aumento e nosso posicionamento diante das medidas econômicas que estão sendo implementadas nesta terceira etapa do governo popular que teve início com Lula”, afirmou Antonio Neto, presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).

As centrais defendem que o acordo de valorização do salário mínimo, acertada entre as centrais e o governo, deve ser tratado com excepcionalidade este ano, já que por decorrência da crise internacional, o Brasil teve PIB negativo em 2009. Mas, afirmou Artur, “já foi provado, nos oito anos de governo Lula, fruto das marchas da classe trabalhadora, que o salário mínimo, muito menos do que causar inflação, ou quebrar a previdência, ou quebrar vários municípios, transformou-se num poderoso instrumento de distribuição de renda e de combate à crise, fortalecendo o mercado interno. Para quem quer acabar com a miséria, que foi a primeira proposta da Dilma, colocando como prioridade do seu governo acabar com a miséria até 2014, não tem como dar as costas para importância do salário mínimo”, disse, em entrevista ao portal Vermelho. 

MOEDA DE TROCA 

Na última segunda-feira, o vice-presidente da União geral dos Trabalhadores (UGT) e deputado federal (PV-SP), criticou as afirmações de representantes do governo de que a tabela do Imposto de Renda está atrelada ao aumento do mínimo. Para o deputado, “o governo a tem usado, indevidamente, como moeda de troca”. O governo está propondo um reajuste de 4,5%. No entanto, as centrais reivindicam que o reajuste seja com base na inflação acumulada de 6,46%. “Vamos insistir na reposição integral da inflação na tabela do Importo de Renda, pois, de outra forma, trata-se de subtração de rendimentos da classe trabalhadora a favor do governo”, afirmou.

Também na segunda, as centrais sindicais do Ceará realizaram um debate sobre o aumento do mínimo. O encontro foi realizado na sede do Sindicato dos Bancários, e contou com a presença dos deputados federais Artur Bruno (PT) e André Figueiredo (PDT). 

Centrais discutem o aumento do mínimo em Comissão na Câmara 

As centrais estão convocando para quarta-feira, uma manifestação para acompanhar os debates e a votação do salário mínimo. Diversas categorias estão organizando caravanas de todo o país para defender no Congresso o aumento do mínimo.

“Vamos dialogar com os parlamentares sobre a importância de um salário mínimo digno no processo de distribuição de renda no país”, afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.

Além do ato na quarta, as centrais participam da Comissão Geral convocada pelo presidente da Câmara, Marco Maia, na terça-feira.

Na Comissão, os representantes das centrais sindicais irão defender sua proposta de aumento do mínimo. No debate, estarão presentes o ministro Mantega, o representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o representante da Confederação Nacional dos Municípios. Os parlamentares também irão utilizar o espaço para defenderem suas posições.

Conforme Marco Maia, o objetivo é promover um debate profundo sobre o assunto. “Ouviremos diversos segmentos da sociedade e discutiremos todos os valores que já foram propostos. É uma forma democrática, prática e eficiente de encontramos um consenso para definir o valor do salário mínimo”, defendeu.
HP

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