sábado, 2 de julho de 2011

Sarkozy entrega 40 toneladas de armas para calabares de Benghazi

Para entregar as armas a mercenários, França contrariou até as Resoluções da ONU que, apesar de “autorizarem” a exclusão aérea, estabelecem o embargo de armas à Líbia

O Ministério de Defesa da França reconheceu que aviões de sua frota lançaram no começo de junho, com paraquedas, cerca de 40 toneladas de armamentos aos calabares a serviço da Otan que se entricheiraram em Benghazi e Misratta.

As armas enviadas por Sarkozi passam por cima das Resoluções da ONU que estabelecem o embargo de armas ao país. Tanto a Resolução 1970 do Conselho de Segurança da ONU que em seu parágrafo 9 “Decide que todos os Estados-Membros devem tomar imediatamente as medidas necessárias para impedir o fornecimento direto ou indireto, venda ou transferência para a Líbia, a partir ou através de seus territórios ou pelos seus nacionais ou utilizando os seus navios e aeronaves, de armas e material conexo de todos os tipos, incluindo armas e munições, veículos e equipamentos militares, equipamento paramilitar e peças de reposição para a assistência acima mencionados, e técnico, treinamento, assistência financeira ou outra, relacionada com actividades militares ou o fornecimento, manutenção ou uso de qualquer armas e material conexo, incluindo o fornecimento de pessoal de mercenários armados ou não originários de seus territórios...”

A Resolução posterior, de número 1973, decide reforçar o embargo de armas: “Insta todos os Estados Membros em particular os Estados da região a atuar nacionalmente ou através de organizações regionais para garantir a estrita implementação do embargo de armas estabelecido nos parágrafos 9 e 10 da Resolução 1970”.

As armas foram atiradas de helicóptero pelos franceses no momento em que alguns dos bandos de quintas-colunas estavam cercados nas colinas de Nefusa, ao sul de Trípoli.

O jornal Le Figaro foi quem informou sobre a entrega do armamento: “A França enviou armas aos separatistas armados líbios nas montanhas do sul de Trípoli para apoiar o avanço para a capital líbia e desencadear uma revolta”, em sua edição do dia 29.

A reportagem, confirmada depois por Thierry Burkhard, porta-voz das forças armadas francesas, revelou que foram entregues lançadores de foguetes, rifles de assalto, metralhadoras e mísseis antitanque.

O coronel Burkhard, para explicar a violação escancarada das leis estabelecidas pelos organismos internacionais, a começar pela ONU, disse que as tropas legais do país atacado se recusavam a autorizar a passagem de “ajuda humanitária”. Isso durante o cerco das tropas nacionais aos que fazem conluio para agredir o próprio país e pretendem vender o seu petróleo aos agressores.

O próprio Figaro confirmou a razão do despacho desesperado de armas: “A França transportou as armas por via aérea até as montanhas de Jebel Nefusa, após ter constatado no início de maio que a ofensiva dos separatistas não conseguia ganhar terreno e que as frentes corriam o risco de e estabilizar”, assinalou o jornal.

Também confirmou-se que as forças separatistas receberam dias atrás 100 milhões de dólares das potências estrangeiras.

O porta-voz do governo líbio, Mussa Ibrahim, afirmou que “as forças estrangeiras acham que podem tudo. Para eles não existe auto-determinação dos países, justiça internacional, nada. Mas nosso povo não vai ceder a essa agressão”.

Era público que o autodenominado Conselho Nacional de Transição (CNT), que atua como coordenador do separatismo, já tinha recebido armamento por avião no seu reduto de Benghazi, procedente de Qatar ou de outros emirados do Golfo Pérsico, que logo depois era enviado por barco até a cidade de Misratta, cercada pelas forças armadas nacionais.

Mostrando mais uma vez o atropelo às resoluções da ONU, o correspondente da TeleSUL na Líbia, Rolando Segura, denunciou que existem “2 pistas de aterrissagem improvisadas, que recebem pequenos aviões desde o Golfo Pérsico com armas da França e não se descarta o envio de mercenários a Líbia”.

Mas até o governo inglês achou temerária a quantidade de armamentos entregues pela França aos calabares. Após a divulgação das informações no jornal francês Le Figaro, deixando exposta irritação com o governo de Sarkozy, Londres disse não ser favorável ao fornecimento de armas aos separatistas líbios. “O Reino Unido não pretende fornecer armas à oposição na Líbia.

Achamos que isso cria alguns problemas. Não é algo que deveríamos fazer”, disse o secretário de Estado britânico da Defesa, Gerald Howarth, em coletiva de imprensa em Bruxelas.

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