terça-feira, 5 de julho de 2011

País presta marcante tributo à memória de Itamar Franco

O ex-presidente da República e senador Itamar Franco morreu no último sábado (2), aos 81 anos, após ter contraído uma pneumonia grave durante o tratamento de quimioterapia para combater uma leucemia. A presidenta Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias em homenagem ao ex-presidente. O corpo de Itamar foi velado na Câmara Municipal de sua cidade natal, Juiz de Fora, onde uma multidão aguardava e aplaudiu quando chegou o caixão no domingo pela manhã.

Cerca de 30 mil pessoas passaram pelo local para se despedir do ex-presidente. Ele foi prefeito da cidade por dois mandatos, entre 1966 e 1974. Em seguida foi para Belo Horizonte onde foi velado no Palácio da Liberdade na região central da cidade. Cerca de 4,5 mil pessoas em Belo Horizonte foram se despedir do ex-presidente até às 14:45h. O caixão com o corpo do ex-presidente chegou ao local em carro aberto do Corpo de Bombeiros por volta de 11h40 da segunda-feira (4)

O caixão foi coberto com as bandeiras do Brasil e de Minas Gerais. Após o velório, o corpo de Itamar seguiu para Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, onde foi cremado.

Ao assumir a presidência, em 1992, em substituição a Fernando Collor de Melo, que foi punido por impeachment, denunciado por várias irregularidades, Itamar dirigiu-se ao país e, em cadeia de rádio e TV, disse: “Pode orgulhar-se a Nação capaz de dominar as suas mais graves crises políticas na ordem da Lei. Sábio é o povo que, na conquista e preservação de sua própria liberdade, expressa veemência no clamor das ruas e na serenidade de seus atos”. Itamar Franco divergiu de Collor já no processo de privatização da Usiminas, em 1991. Com Collor fora do governo em 92, ele assumiu a presidência e cumpriu o restante do mandato cuja duração foi até 31 de dezembro 1994.

Apesar de não ter logrado barrar a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), vendida em abril de 1993, ele conseguiu frear o escandaloso processo de entrega do patrimônio público, iniciado por Collor. Em seu curto período na presidência, Itamar promoveu a recuperação dos salários, retomou os investimentos públicos, combateu a inflação e apoiou a reforma agrária. Reconheceu a União Nacional dos Estudantes (UNE) e devolveu aos estudantes a posse do terreno onde se localizava a sede nacional da entidade, tomada e incendiada pela ditadura. Em sua gestão também foi realizado o plebiscito que derrotou o parlamentarismo e reafirmou o presidencialismo no Brasil.

Diversas autoridades de todo o Brasil estiveram presentes ao velório do ex-presidente. Acompanhada por cinco ministros de Estado, a presidenta Dilma Rousseff disse que “o senador e ex-presidente Itamar Franco foi um dirigente do país em um momento crucial da nossa história recente. Ele nos deixa uma trajetória exemplar de honradez pública. O Brasil e Minas sentirão a sua falta. Neste momento de dor, quero transmitir meus sentimentos a seus familiares e amigos”.
O ex-presidente Lula, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT), chegaram ao mesmo tempo ao velório, na Câmara Municipal de Juiz de Fora. Na chegada, Lula foi aplaudido pelos populares que acompanhavam o velório do lado de fora, enquanto Fernando Collor recebeu vaias da população. Lula lembrou que “em 1992, Itamar teve sabedoria para dialogar com toda a sociedade brasileira e ajudou o país a entrar em uma rota positiva na política, na economia e no social”. Ele referiu-se a Itamar como “um grande democrata”. “A contribuição de Itamar foi fundamental para a construção de um país democrático, mais justo e sem pobreza”, completou Lula.

Já o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), ao chegar a Juiz de Fora, afirmou que “Itamar deixa um exemplo de dignidade e um exemplo de coerência ao longo da vida tanto no meio administrativo como político. Ele foi o presidente de um dos atos mais importantes do país. Controlou a inflação, teve a coragem de lançar o Plano Real e manter o Brasil nos trilhos de uma boa economia”.

“Pessoalmente considero uma grande perda para o Brasil. Itamar marcou a vida política do país com sua personalidade inconfundível e extraordinário trabalho que desenvolveu a favor do povo, com honestidade e honradez. Para mim, pessoalmente, é uma perda muito grande. Itamar era um amigo, com quem tinha ligação desde 1974. Por isso, foi com comoção que recebi essa notícia”, afirmou José Sarney.

O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), lembrou que sempre que encontrava com Itamar pelos corredores do Congresso o ex-presidente comentava sobre os projetos que tinha para o Senado. “Ele deixa o legado do enorme político que amava o Brasil e seu povo e ao mesmo tempo tinha o sentimento de proteção e defesa de interesses do Brasil em todas as circunstâncias. Ele era um nacionalista nato.”

Estiveram presentes também ao velório políticos tucanos como Fernando Henrique, José Serra e Aécio Neves, além do governador de Minas, Antônio Anastasia. Henrique Hargreaves, ministro-chefe da Casa Civil de Itamar, também presente na despedida, disse que “ele fez parte de um grupo pequeno que quando falta faz falta. Ele é um amigo. Minha relação com ele era muito maior que isso, mas ele foi um grande homem, principalmente por honrar a ética, honestidade e probidade”, afirmou.
 hp

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