quarta-feira, 27 de julho de 2011

Neoliberalismo chocou o ovo da serpente

Para Monstro de Oslo, o Brasil é disfuncional, corrupto e improdutivo

Eventuais semelhanças com ladainha midiática são mera coincidência

O Brasil parece uma obsessão para esse assassino: faz pelo menos 12 referências ao nosso país. As mesmas razões que fizeram o escritor antinazista Stephan Zweig chamar o Brasil de “país do futuro” - a fusão entre etnias, assim como outros aspectos culturais e sociais que dão à nossa nacionalidade um perfil original – são, certamente, odiadas por ele. A arenga de Breivik nada traz de novo – aliás, a questão é, precisamente, que isso é muito velho, a barbárie nazista com os bordões do “Mein Kampf”, de Hitler, sobre a promiscuidade cultural e sexual entre raças, sobre supostas superioridades nórdicas e outras aberrações, que já haviam sido despejados no esgoto na II Guerra, à custa, inclusive na Noruega, de esforços inauditos - e sangue - do que há de melhor na Humanidade. A Noruega resistiu à ocupação nazista, e, em 1945, a resistência julgou e fuzilou, sob aclamação do povo, Vidkun Quisling e os demais colaboracionistas que serviram a Hitler, por seus crimes contra os noruegueses e a Humanidade.

Racista assassino de Oslo critica o Brasil por adotar miscigenação

Por que agora surgiram Breiviks atirando em crianças – as nórdicas, inclusive? De onde vem esse culto à lei da selva, à lei do suposto mais forte, do mais bárbaro e do mais sem peias morais?

O autor dos dois atentados da sexta-feira, 22, na Noruega, Anders Behring Breivik, colocou na internet uma quilométrica arenga de extrema direita – racista, genocida, em suma, nazista - poucas horas antes de explodir um carro-bomba em Oslo e depois matar, a tiros de bala dum-dum, dezenas de jovens com 15 a 16 anos na ilha de Utoeya, a 40 quilômetros da capital, quando participavam de um acampamento da Juventude do Partido Trabalhista, ao qual é filiado o primeiro-ministro Jens Stoltenberg.

Em Oslo, morreram 8 pessoas, 26 ficaram feridas, 11 destas em estado crítico. Na ilha, 68 jovens foram mortos à bala durante 90 minutos, até a polícia chegar ao local.
Entre as 1.500 páginas postadas, Breivik prega o assassinato de muçulmanos e marxistas. Afirma que a elite europeia, “os multiculturalistas” e os “enaltecedores da islamização” seriam punidos por seus “atos de traição”. As vítimas escolhidas são todas de nacionalidade norueguesa e brancos. O Partido Trabalhista, inclusive sua juventude, cujo acampamento sofreu a chacina, recentemente declararam seu apoio ao reconhecimento do Estado palestino.

ARENGA ANTIGA

A arenga de Breivik nada traz de novo – aliás, a questão é, precisamente, que isso é muito velho, a barbárie nazista com os bordões do “Mein Kampf”, de Hitler, sobre a promiscuidade cultural e sexual entre raças, sobre supostas superioridades nórdicas e outras aberrações, que já haviam sido despejados no esgoto na II Guerra, à custa, inclusive na Noruega, de esforços inauditos - e sangue - do que há de melhor na Humanidade. A Noruega resistiu à ocupação nazista, e, em 1945, a resistência julgou e fuzilou, sob aclamação do povo, Vidkun Quisling e os demais colaboracionistas que serviram a Hitler, por seus crimes contra os noruegueses e a Humanidade.

Como, então, isso apareceu agora – e não é a primeira vez que aparece, nem na Noruega nem em outros países. Quem levantou a tampa do esgoto?
Vejamos com que isso se parece.

O Brasil parece uma obsessão para esse assassino: faz pelo menos 12 referências ao nosso país. As mesmas razões que fizeram o escritor antinazista Stephan Zweig chamar o Brasil de “país do futuro” - a fusão entre etnias, assim como outros aspectos culturais e sociais que dão à nossa nacionalidade um perfil original – são, certamente, odiadas por ele.

Num texto, escrito em inglês, ele diz: “... a imigração massiva, a mistura racial e a adoção por não europeus são uma ameaça à unidade da nossa tribo (…) um país que tem culturas competitivas vai se dilacerar ou vai acabar como um país disfuncional, como o Brasil e outros países”. Breivik afirma ter descoberto que uma “revolução marxista” instituiu no Brasil um “modelo de sociedade que mistura descendentes de asiáticos, europeus e africanos”, levando a “altos níveis de corrupção, falta de produtividade e conflito eterno”. Depois de dizer que a miscigenação faz do Brasil o segundo (??) país no mundo com maior nível de desigualdade social, chama mulatos e mestiços de “sub-tribos” e que “em 1889 o Brasil se tornou uma república após um golpe de Estado” - isto é, a revolução republicana, que varreu o Estado escravagista, já então privado de sua base econômica, foi um “golpe”.

O leitor, certamente, já leu ou ouviu coisa semelhante sobre o nosso país – e não foi na época em que o ministro da Fazenda de Campos Sales, Joaquim Murtinho, fazia, em seus relatórios, odes à “superioridade da raça anglo-saxã”.

O ponto de vista de Breivik, nazista de fio a pavio, é, com diferenças de hipocrisia, até hoje o da mídia reacionária, tão golpista quanto racista, que existe aqui, assim como de certa pequena camada de ressentidos – e de entreguistas, vide o que surgiu na última campanha de Serra.

Sempre consideraram que este é um país inferior porque formado por “descendentes de botocudos, africanos e lusos degredados” que se amancebaram, junto com outros inferiores – italianos, espanhóis, japoneses e árabes, por exemplo. Vejam só, até nordestino veio parar em São Paulo - tem um que até foi eleito presidente! É o fim do mundo. Por isso é que esse país não vai pra frente...

Que eles sempre acharam isso, é fato, apesar do Brasil ser uma construção, exatamente, dos negros, dos índios e dos brancos que trabalharam – e fundiram suas etnias - para erguer uma nação onde antes havia um grande território.

Mas por que agora surgiram Breiviks atirando em crianças – as nórdicas, inclusive? De onde vem esse culto à lei da selva, à lei do suposto mais forte, do mais bárbaro e do mais sem peias morais?

Há mais de 20 anos que esse culto é propalado em todo o mundo por essa mesma mídia, pelo establishment norte-americano e inglês a partir de Reagan e Thatcher, pelos Chicago boys que afundaram o Chile, Argentina e outros países em sangue, em suma, por essa ralé que impropriamente se autodenominou neoliberal.

O neoliberalismo sempre foi isso, confessadamente, abertamente, sem escrúpulo algum: a dominação dos mais capazes de roubar, de bajular, de trair, de matar em massa – de fome ou em golpes sanguinários -, sem nenhuma, como dizia Hitler, “consideração de ordem moral”. O neoliberalismo é, portanto, a incubadora do nazismo atual. Aliás, em que se tornaram os neoliberais no Brasil, nos EUA, na Inglaterra, em todos os lugares, senão em nazistas que, depois de destruir o trabalho, recomendam a eliminação dos “incapazes” que nem conseguem arrumar um emprego? Em que se distingue a ideologia dos Breiviks daquela do Tea Party norte-americano, abertamente nazista e abertamente neoliberal? Em que se distingue de Breivik a srª Sarah Palin e seus fuzis apontados para personalidades progressistas – retirados de seu site após o atentado em que a deputada Gabrielle Giffords foi baleada na cabeça, seis pessoas morreram e 39 foram feridas em Tucson, Arizona?

Só pelo fato de não ter atirado pessoalmente.

 

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