quarta-feira, 27 de julho de 2011

“Fantástico” coloca um caluniador no ar para justificar agressão norte-americana à Líbia
 
“Você já imaginou o que é viver em um país mergulhado no caos?”, pergunta com ingenuidade a apresentadora do Fantástico. Ao seu lado, o apresentador complementa, com ar sério: “Esse país é a Líbia”.
 
Nem nesse momento, nem em nenhum posterior os verdadeiros responsáveis por “mergulhar o país no caos”; os EUA, juntamente com agressores, velhos colonialistas na África, (Itália, França e Inglaterra), são sequer citados.
 
Ao invés disso, a demonização de Kadafi a la Globo, corre por conta da própria e da narração de um imigrante líbio, Sadegh Giamal, segundo ele próprio, há 25 anos no Brasil. Ele posa ao lado da “bandeira que os rebeldes querem que seja o símbolo de uma Líbia pós-Kadhafi”, sem que se diga que ela é, na verdade o símbolo da monarquia que entregava o petróleo líbio às potências coloniais, a do rei Ídris.
 
Em uma suposta ‘reportagem jornalística’, Giamal mente sem que o lado ofendido pelos ataques estrangeiros tenha chance de contestar: “Kadafi controla todos. Controla tudo. Pobreza. Não tem saúde, não tem educação. Não tem escola. Não tem nada”, diz o achado da Globo.
 
A esse respeito, vejam o que afirma o articulista australiano, Stephen Goodson: “Com os ingressos petroleiros, Kadafi gerou um país sem desemprego, o PIB per capita mais alto da África e a expectativa de vida de 75 anos, 10% mais alta do que a média mundial e uma taxa de alfabetização de 82%”.
 
Gerald A. Pereira, em artigo publicado no site African Newswire, destaca que a Líbia, em 1951, considerado o país mais pobre do mundo, chegou a um patamar em que todos têm tratamento médico-hospitalar de alto nível. Pereira afirma que a distribuição de casas pelo governo Kadafi resolveu o problema de falta de moradia no país.
 
Aliás, a Líbia, em 2010, teve o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano - taxa utilizada pela ONU) , mais alto na África e mais alto entre os países árabes.
Além disso, a ‘reportagem’ da Globo é uma avalanche de falsidades que não resistem à apreciação, um pouco mais atenta.  Em um filme que afirmam ter recebido de Giamal, tudo filmado em Misrata (como se sabe ocupada parcialmente pelos mercenários) “durante a retomada pelas forças de Kadafi”. A primeira cena mostra um sujeito recebendo tiros a queima roupa sem que o mesmo sequer se mova. Nem os piores trashs norte-americanos conseguiram tal nível de imperfeição.
 
Toda a filmagem é feita de tal forma a demonstrar que o cinegrafista está na maior tranqüilidade. Imaginem... a porrada comendo solta, uma cidade sendo disputada à bala e o cinegrafista - do lado dos rebeldes - filmando com a maior segurança as supostas atrocidades das tropas legais.
 
A apresentadora segue repetindo, como verdade tudo que o líbio dissera. Diz ela: “o vídeo mostra o momento em que um rebelde é obrigado a dizer ‘viva Alah, viva Kadafi...’ o rebelde se recusa... ouve-se um tiro”. Porém, não se ouve a voz do soldado exigindo tal coisa, nem o rebelde negando-se a fazê-lo e, quanto ao tiro, apenas “ouve-se” o mesmo. O vídeo não mostra quem foi atingido.
 
Também, diz a TV, entre outras barbaridades, que “Kadafi sobreviveu a um bombardeio em 1980”, sem dizer que o autor do bombardeio foi os EUA, nem que a filha de Kadafi, de oito anos de idade, morreu naquela atrocidade.
 
Não se refere a reportagem ao fato do líder líbio haver colocado nas ruas, milhões de líbios em Trípoli e Zlitin, cidades sob bombardeio. Como é possível que um líder odiado consiga reunir uma massa de apoiadores entusiasmados, com o país sob fogo intenso? No entanto, as imagens, dessas manifestações, ao contrário das divulgadas pela Globo, são confirmadas por agências como a AFP e Reuters que, pelo menos, se deram ao trabalho de enviar repórteres ao país.
NATHANIEL BRAIA

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