sábado, 30 de julho de 2011

O tempo dos líbios e o terrorismo dos EUA: um povo determinado a vencer

Na Líbia há mais democracia que nos EUA, afirma MBA de Harvard


“Os líbios estão armados, prontos para defender seu país contra os invasores porque Kadafi forneceu dois milhões de armas a civis, mais do que suficiente para derrubá-lo, se quisessem. Mas eles não o fazem!”, diz Stephen Lendman.


Obama despreza os valores democráticos. Os líbios, maciçamente unidos atrás de Kadafi, lançam sua mensagem a outras vítimas imperiais: não desistir


STEPHEN LENDMAN*

A 14 de julho, a matéria principal da DEBKAfile, agência de notícias ligada ao Mossad, era “Termina a guerra da Líbia. Obama faz de Moscou o mediador da paz”, e dizia:

“… a guerra na Líbia terminou virtualmente na quinta, 14 de julho, pela manhã, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, ligou para o presidente russo, Dmitry Medvedev, para entregar a Moscou o papel de liderança nas negociações com Muammar Kadafi para terminar o conflito – com a condição única de que o governante líbio se demita em favor de um governo de transição”.

Mais, sobre a exigência de Obama, abaixo. Por enquanto, o bombardeio terrorista dos EUA à Líbia continua inabalável, apesar do comunicado do Gabinete do Secretário de Imprensa da Casa Branca, a 13 de julho, dizendo que Obama agradeceu “os esforços da Rússia para mediar uma solução política na Líbia, enfatizando que (Washington) está preparada para apoiar negociações que levem a uma transição democrática... tão logo (Kadafi) seja excluído”.

Na verdade, Obama despreza os valores democráticos tanto no exterior quanto em casa, noções intoleráveis que ele não aceita, nem a paz, travando, sem parar, múltiplas guerras imperiais. Na Líbia, além disso, a questão não é Kadafi. A questão é colonizar outro país, controlar seus recursos, saquear suas riquezas e explorar seu povo - o objetivo de sempre dos EUA.

A 15 de julho, Washington e cerca de 30 países europeus e do Oriente Médio reconheceram ilegalmente os líderes revoltosos como governo legítimo da Líbia – o assim chamado Conselho Nacional de Transição (CNT). Reunidos em Istambul (sem a China e a Rússia), o Grupo de Contato da Líbia emitiu uma declaração, dizendo:

“De agora em diante, e até que uma autoridade interina seja constituída, os participantes concordaram em tratar o CNT como a autoridade governamental legítima na Líbia”.

Foi acrescentado que Kadafi não tem mais legitimidade e deve deixar a Líbia com sua família.

Explicando o que é claramente ilegítimo, a secretária de Estado Clinton disse:
“Nós ainda temos de trabalhar vários aspectos legais (em outras palavras, evitá-los totalmente), mas esperamos que este passo no reconhecimento capacitará o CNT a ter acesso a fontes adicionais de financiamento”, incluindo US$ 30 bilhões dos acima de US$ 150 bilhões roubados da riqueza da Líbia, e, além disso, seus abundantes recursos em petróleo, gás e água, que têm um valor multiplicado por muito mais.

Ao mesmo tempo, a frustração cresce após quatro meses de impasse nas operações terrestres e aéreas. Como resultado, apesar de dizer que Kadafi deve sair, alguns parceiros da OTAN parecem dispostos a deixá-lo ficar, embora não com seu poder atual.

Kadafi, na verdade, promete nunca deixar a Líbia ou render-se aos insurgentes ou a OTAN. Em comunicado ouvido pelo rádio em 16 de julho, ele disse aos que o apoiam:

“Eles estão me pedindo para deixar o país. Isto é uma risada. Eu nunca vou deixar a terra dos meus ancestrais ou as pessoas que se sacrificaram por mim. Depois de termos dado nossos filhos como mártires, não podemos recuar ou nos render ou desistir ou nos mover um centímetro”.

Os líbios o apoiam esmagadoramente, mobilização registrada em imagens (e relatórios) que a grande mídia suprime, mas pode ser acessada através do seguinte link: http://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25630.
ttp://globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25630.

Ninguém os chamou. Ninguém exigiu apoio a Kadafi. Eles vieram por si próprios, o que geralmente acontece quando as nações são atacadas ilegalmente. As pessoas reúnem-se esmagadoramente atrás dos líderes contra os agressores estrangeiros. Os líbios conhecem Washington e a OTAN, não é Kadafi o seu inimigo.

Além disso, eles estão armados, prontos para defender seu país contra os invasores porque Kadafi forneceu dois milhões de armas a civis, mais do que suficiente para derrubá-lo, se quisessem. Mas eles não o fazem!

DEBKA também disse que:
“A partir de 9 de julho, fontes militares relataram que a OTAN interrompeu seus ataques aéreos contra alvos pró-governo em Trípoli e em outros lugares. A suspensão, embora não anunciada, foi, apesar disso, uma admissão de que 15 mil missões de vôo (na verdade 15.308 até 15 de julho) e 6.000 (na verdade 5.767 até 15 de julho) bombardeios de alvos de Kadafi fracassaram em atingir seu objetivo”.

De fato, o site da OTAN (http://www.aco.nato.int/page424201235. Aspx) afirma o seguinte:
9 de julho: 112 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 48 missões de ataque;

10 de julho: 139 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 54 missões de ataque;

11 de julho: 132 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 49 missões de ataque;

12 de julho: 127 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 35 missões de ataque;

13 de julho: Nenhum dado publicado. O padrão acima provavelmente continuou.

14 de julho: 132 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 48 missões de ataque.

15 de Julho: 115 voos de reconhecimento efetuados, incluindo 46 missões de ataque.

Informando de Trípoli em 17 de julho, Mahdi Nazemroaya, analista de Oriente Médio/Ásia Central, escreveu por e-mail que “a primeira noite foi muito ruim aqui. Eles bombardearam como loucos e tudo estava tremendo”.

Ele elaborou um artigo no Global Research, que pode ser acessado através do seguinte link: http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25658.

Classificando-a como uma noite de “blitzkrieg”, ele mencionou “grandes explosões... ouvidas à distância. Múltiplas áreas urbanas foram bombardeadas simultaneamente esta manhã”.

De acordo com testemunhas, cerca de 60 a 75 bombas acertaram Tajura (14 km a leste de Tripoli), área da cidade de Seraj. Continuando um padrão regular, alvos civis foram atingidos, incluindo áreas residenciais. A 16 de julho, a televisão estatal Líbia informou que a maioria das vítimas foram civis, sem citar números específicos.

Até agora, de fato, para cada combatente morto, 10 civis foram mortos como resultado de bombardeios sobre localidades não-militares, incluindo comunidades residenciais.

Durante a noite, perto das áreas bombardeadas, “foi como um terremoto. Grandes edifícios tão distantes como na rua Al-Fatah... estavam tremendo”.

A 16 de julho, no entanto, os ataques foram diferentes dos anteriores. O cheiro de queimado e “uma estranha fumaça tomou conta do ar” - e não foi embora. “Ele (o cheiro) ainda permaneceu na pele depois dos bombardeios... Os sons (e colunas de fumaça) eram diferentes”.

Depois dos bombardeios anteriores, a fumaça subia verticalmente “como um fogo, mas nesta noite ela era branca e horizontal.... e ficou sobre Trípoli”.

Uma explosão causou “uma enorme nuvem em forma de cogumelo, apontando para o possível uso de bombas (nucleares) contra bunkers”. Num raio de 15 km em torno dos alvos, “as pessoas experimentaram ardência nos olhos, dores lombares, dores de cabeça” inexplicados sintomas, não sentidos anteriormente.

Na semana passada, de fato, o procurador-geral da Líbia, Mohammed al-Zikri Mahjoubi, acusou o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, de crimes de guerra, dizendo que ele será criminalmente acusado de:

“Agressão deliberada contra civis inocentes, assassinato de crianças, bem como tentar derrubar o governo líbio... responsável por atacar pessoas desarmadas, matando 1.108 pessoas e ferindo outras 4.537 no bombardeio de Trípoli, outras cidades e aldeias”.

Ele também o acusou de tentar assassinar Kadafi.

A 14 de julho, Rasmussen tentou dois caminhos ao mesmo tempo, “encorajando todos os aliados que têm aeronaves à sua disposição a tomar parte na operação”, enquanto apelava para uma solução política pró-ocidental, que os líbios não aceitarão, nem devem aceitar.

Um comentário final.

Garantir o controle imperial é a questão, um objetivo que coloca os EUA em conflito com milhões de líbios, decididos a resistir e a vencer.

De fato, a estratégia de Washington pode ter saído pela culatra. A maioria dos líbios uniu-se atrás de Kadafi, junto com aliados regionais e outros, incluindo a China e a Rússia (devido a seus próprios interesses estratégicos), contra a exploradora “libertação” pelo Ocidente.

Embora nenhum fim para o conflito seja iminente, talvez desta vez o poder do povo possa triunfar. Se assim for, a mensagem para outras vítimas imperiais é não desistir. Lutando tempo suficiente para vencer, por vezes, conseguem. Talvez seja este o tempo para os líbios.

* Nascido em Boston, com graduação e MBA nas universidades de Harvard e Wharton, analista de pesquisas de marketing, empresário hoje aposentado, Stephen Lendman, desde 2005, aos 71 anos de idade, tem sido um dos mais penetrantes críticos da política e da economia dos EUA. Reside atualmente em Chicago.

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