quarta-feira, 11 de maio de 2011

Presidenta quer CS da ONU que atenda interesses da Humanidade

Dilma Rousseff repreende o uso da “violência intervencionista” nas relações internacionais

A presidenta da República, Dilma Rousseff, afirmou na última quinta-feira (5), durante almoço oferecido ao presidente da Alemanha, Christian Wulff, que Brasil e Alemanha “compartilham objetivos estratégicos na reforma das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança”. “Só assim”, disse Dilma, “com a presença no Conselho de países que espelhem a nova relação de forças no mundo será possível um Conselho mais efetivo, mais eficaz e que, de fato, represente os interesses da Humanidade”.

Dilma defendeu a ampliação da presença dos países emergentes no Conselho de Segurança da ONU. “Creio que há base suficiente para uma iniciativa sobre a reforma que contemple a expansão dos assentos permanentes e não-permanentes”, argumentou.

“Aliás, os conflitos recentes na África do Norte e no Oriente Médio mostram que não há porque optar entre conformismo de um lado e violência intervencionista de outro”, prosseguiu a presidenta, acrescentando que “a realidade é mais rica e complexa”.

Para Dilma, os problemas internacionais não podem ser enfrentados de forma unilateral e sem um aprofundamento das discussões sobre as suas verdadeiras causas. “Cada uma dessas situações depende de tratamento específico atento às verdadeiras raízes dos problemas e à busca de soluções duradouras que respeitem a soberania nacional, promovam as liberdades civis, os direitos humanos em todos os países da região, sem seletividade”, ressaltou a presidenta.

Depois de agradecer o apoio da Alemanha ao desenvolvimento brasileiro, Dilma destacou que o Brasil agora está entrando em uma nova fase de crescimento. “O Brasil quer dar agora um novo salto em seu desenvolvimento e, mais uma vez, contamos com a parceria da Alemanha”, disse.

“Estou certa de que o Plano da Aceleração do Crescimento atrairá também empresários alemães, principalmente, para projetos voltados às áreas de infraestrutura”, acrescentou a presidenta. Ela lembrou que “o Brasil é o principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina”.

“Nosso intercâmbio quase triplicou nos últimos 8 anos. E os números do primeiro trimestre de 2011 já apontam para um aumento superior a 23%, em relação ao ano passado”, informou. “A Alemanha tem no aumento do comércio com o Brasil e com a América do Sul, uma alternativa sólida e eficaz para contrabalançar os movimentos da demanda nos demais países desenvolvidos”, disse Dilma, lembrando que a Alemanha pode dar apoio para “o avanço nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia, de forma realista e equilibrada”.

Para a presidenta, a visita do representante da Alemanha ao Brasil é “um passo a mais na construção de uma ordem multipolar, que prima pelo entendimento e pela cooperação”.

“Ressalto a importância da cooperação trilateral, que permite iniciativas conjuntas do Brasil e da Alemanha, no sentido de beneficiar os países pobres. Exemplo relevante dela é o do primeiro projeto-piloto nesse modelo executado em prol de Moçambique, na área da metrologia”, lembrou.

“O G-20 já mostrou ser capaz de tomar decisões importantes que foram essenciais para superar momentos mais dramáticos da crise que se abateu sobre o mundo, a partir de 2008”, acrescentou a presidenta. “Espero, senhor presidente, que na Cúpula de Cannes [encontro da cúpula do G20, na cidade francesa, em novembro próximo] possamos dar passos concretos no sentido de uma cooperação macroeconômica efetiva, da regulação dos mercados e da ampliação da participação dos países emergentes no processo decisório global”, salientou.

Dilma lembrou ainda que no setor de biocombustíveis, “o Brasil tem conhecimento, tecnologia e vantagens competitivas na produção de etanol e biodiesel”. “A Alemanha”, disse ela, “tem toda uma expertise em biodiesel. Os biocombustíveis já contribuem para a diversificação das nossas matrizes e para o cumprimento de nossas metas ambientais”.

“É na cooperação em matéria energética que temos um dos pilares centrais de nossa parceria. O suprimento confiável, diversificado e renovável de energia é um desafio para países como o Brasil e a Alemanha, com grande população e crescimento econômico robusto”, lembrou a presidenta.

A presidenta ressaltou que além desses temas bilaterais, os dois países podem “aprofundar e transformar numa plataforma para a promoção do desenvolvimento recíproco das nossas relações e do bem dos nossos povos”. “O certo é que também temos valores comuns.

Buscamos incessantemente promover a paz, a cooperação e o desenvolvimento dos países e dos povos; defendemos a democracia e os direitos humanos. Aliás, somos grandes países democráticos”, afirmou Dilma.

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