sábado, 21 de maio de 2011

“Explorar o pré-sal com tecnologia genuinamente nacional”, defende o presidente do Clube de Engenharia

O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, afirmou que o Brasil precisa explicitar melhor a estratégia e o “timing “ de exploração e comercialização de petróleo, para assegurar o pré-sal para os brasileiros, especialmente depois que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou claro “o interesse de seu país de vender equipamentos, serviços e participar da exploração” das novas jazidas.

“O objetivo maior (de Obama) é gerar riqueza e empregos nos Estados Unidos”, ressaltou Bogossian, observando que “se, do lado de lá, os dirigentes americanos fizeram o dever de casa, temos que olhar agora para o nosso lado”. “Inclusive porque nossa balança comercial com os Estados Unidos está deficitária em mais de US$ 8 bilhões”, completou.

O engenheiro afirmou, em artigo publicado no jornal Correio Braziliense, que o Brasil precisa definir logo uma política para ditar o ritmo de exploração do pré-sal, já está “entre os cinco países com maiores reservas de petróleo do mundo” e em um ambiente em que os maiores produtores mundiais de óleo (EUA, Rússia e Oriente Médio) “atingem seu ponto máximo de exploração até 2015”.

“Esse quadro levou o Clube de Engenharia, que fez 130 anos de existência, a enviar carta à presidente Dilma, advertindo que o ritmo de extração de petróleo que querem impor ao Brasil contraria os interesses nacionais, provocando a desnacionalização do setor e dificuldades para o desenvolvimento de tecnologia própria em tempo hábil, já que o lobby de governos e multinacionais será muito forte para atender às necessidades futuras”, assinalou.

Bogossian avaliou que, com a aprovação de vários projetos de lei que estabelecem regras e definem o modelo a ser utilizado na exploração de petróleo no pré-sal, foram criadas as condições básicas para assegurar que os recursos advindos da exploração das jazidas sejam direcionados para atender os interesses dos brasileiros.

“Não obstante, a aplicação desse texto legal sob a égide do interesse nacional não se fará sem esforços do governo federal e da sociedade brasileira para superar uma vez mais as pressões internacionais e dos seus porta-vozes internos no país, quando recrudescem os conflitos pelo domínio do petróleo por potências estrangeiras”, frisou.

Ele advertiu que a descoberta de reservas gigantescas no pré-sal “reorientou estratégias de países com pretensões hegemônicas”, inclusive com reativação da quarta frota norte-americana, a pretexto de “proteger o Atlântico Sul”. “Igualmente preocupante é o movimento intenso de grandes corporações internacionais no sentido de se instalarem no Brasil”, acrescentou, lembrando que tais companhias vêm se consolidando “principalmente via aquisição de empresas de capital nacional”.

“Ameaçam, desse modo, o aproveitamento integral das oportunidades de trabalho, em especial as com elevado conteúdo técnico, conhecimentos, tecnologias e expansão industrial, que só são integrais se apoiadas em capital nacional, necessárias para colocar o país independente de saberes e decisões externas”, denunciou.

Segundo Bogossian, o Clube de Engenharia espera que o governo reafirme a diretriz de produzir o pré-sal sob orientação do planejamento energético brasileiro, visando atender prioritariamente à demanda interna. “Igualmente importante é a expansão plena e soberana das empresas de engenharia e serviços e das indústrias genuinamente nacionais pari passu à produção do pré-sal”, concluiu.
 HP

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