quinta-feira, 11 de novembro de 2010

VAMOS COMEÇAR PELA CAIXA

Quem bradou “fogo” foi, logo de manhã, no Bom (?) Dia Brasil, a urubóloga Miriam Leitão.

Como é que a Caixa sai por aí a comprar banco ?, ela perguntou.

A Miriam já tinha se aborrecido lá atrás, quando a Caixa emprestou dinheiro à, Petrobrás.

E este Conversa Afiada chegou à conclusão de que o único banco do mundo que não emprestaria à Petrobrás seria o banco do Miriam.

Agora, se pergunta a Miriam: como é que a Caixa se meteu num banco que tem esse rombo ?

Boa pergunta a fazer à KPMG, ao Banco Fator e à BL, instituições financeiras que, por um ano, entraram nas contas do PanAmericano antes de recomendar a operação à Caixa.

E os grandes bancos privados brasileiros que micaram com os fundos fictícios do PanAmericano ?

Eles também foram negligentes, ou segundo a urobóloga, só a Caixa foi ?

O que dizer da empresa americana que avalia riscos, a Fitch, que, depois da operação da Caixa, aumentou a nota do banco ?

E o Banco Central, que deixou passar as fraudes no balanço do PanAmericano, da mesma forma que o Banco Central do Governo Fernando Henrique se surpreendeu quando abriu a caixa preta do Nacional e do Bamerindus.

O fundamental nessa história toda é que existe essa instituição criada no Governo Fernando Henrique, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que tem dinheiro dos bancos.

Dinheiro privado.

Ali não tem um tusta do Erário ou da Viúva.

O FGC é uma “reserva técnica” dos próprios bancos para segurar o sistema, em caso de solavanco.

São mais de 20 bilhões de reais para não deixar a peteca cair.

O Silvio Santos deve a esses bancos privados, quem emprestaram a ele R$ 2,5 bilhões.

O PanAmericano vai continuar a operar.

O Silvio tem dez anos mais três de carência para pagar o que deve aos bancos privados.

Até lá, os bens ficam proporcionalmente penhorados.

(Ele não pode penhorar o SBT, porque a lei não deixa concessão de serviço público ser penhorada.)

O mais provável é que Silvio, aos 80 anos, venda o banco e, com o tempo, o SBT.

A Caixa vai receber o dela de volta, e usufruir do cadastro do PanAmericano para o financiamento de veículos, o principal motivo para a Caixa entrar no banco.

O FGC, ou seja, os bancos vão receber do Silvio o dinheiro de volta.

Ele empenhou quase toda a fortuna pessoal na oração.

O que é muito melhor do que se o Banco Central tivesse decretado a falência ou a intervenção.

Em resumo, trata-se de uma solução “de mercado”.

O que revela maturidade das instituições.

E o que resulta em credibilidade.

O mercado jogou dinheiro na fogueira para não se chamuscar.

O dinheiro do Erário não entrou na roda.

Os que eventualmente tiverem sumido com a grana do Silvio mais cedo ou mais tarde vão ter uma conversinha com a Polícia Federal.

E o Silvio vai cuidar da vida, provavelmente em Miami, onde adora assistir a televisão

PAULO HENRIQUE AMORIM

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