quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Derrotado na eleição, Itagiba insulta jornalistas que denunciaram seus dossiês e sua ligação com Serra

O deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB/RJ) usou a tribuna da Câmara, na quarta-feira (10), para atacar jornalistas que fizeram reportagens revelando suas atividades na elaboração de dossiês contra adversários de José Serra, derrotado na eleição presidencial de outubro passado, quando o tucano era ministro da Saúde do governo FHC e montou um serviço de espionagem na Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Itagiba foi derrotado na eleição de Outubro, candidato à reeleição.
Itagiba desferiu impropérios contra os jornalistas Bob Fernandes, do Terra Magazine, Leandro Fortes, da CartaCapital, entre outros, que, segundo disse, seriam “profissionais da calúnia, da injúria e da difamação”, por reportagens que ligariam o seu nome ao Caso Lunus, em 2001, que sepultou a candidatura de Roseana Sarney (ela tinha ultrapassado Serra nas pesquisas) à presidência da República no ano seguinte. Na época ela estava no PFL, atual Dem.
O episódio, quando a Polícia Federal apreendeu R$ 1,3 milhão na sede da construtora Lunus, de propriedade da governadora e então pré-candidata à presidência e do marido dela, Jorge Murad, foi engendrado pela equipe de espionagem montada na Anvisa. O ex-presidente José Sarney denunciou o esquema em discurso na tribuna do Senado e, posteriormente, a Justiça inocentou Roseana das acusações.
Em setembro, quando o candidato José Serra, apoiado em uma forte campanha de mídia, tentava atribuir à campanha de Dilma Rousseff a quebra de sigilo de dirigentes do PSDB, Leandro Fortes revelou que uma extinta empresa de Verônica Serra expôs os dados bancários de 60 milhões de brasileiros no ano de 2001. A empresa, de nome Decidir.com, era resultado de uma sociedade entre a filha de Serra com a irmã de Daniel Dantas, Verônica Dantas.
Itagiba referiu-se a Fortes e Fernandes como “mentecaptos”, “famigerados” e “mitômanos” no decorrer do pronunciamento. O deputado, ex-delegado da Polícia Federal, criticou ainda o jornalista Palmério Dória, que também o vinculou ao Caso Lunus, a quem chamou de “proxeneta da informação, que tem por hábito prostituir as palavras para que elas façam o que ele quer”.
O deputado também chamou “contumazes propagadores de mentiras” os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Luiz Carlos Azenha, da Record; Luis Nassif, autor do blog brasilianas.org; e Marcelo Auler, da Agência Estado. Mino Carta, editor de CartaCapital, foi chamado de “velhaco” e Amaury Ribeiro Jr. de “covarde”. No livro “Os Porões da Privataria”, o último descreve as relações de Serra e sua filha com Ricardo Sérgio e Daniel Dantas.
Na edição de CartaCapital que chegou às bancas na última sexta-feira (12), Mino Carta rebate os insultos no editorial “A despedida de um jagunço”. “No seu discurso federal, o porta-voz do ódio levanta casos de muitos anos atrás, todos a convergir em uma única direção. Basta segui-la para entender em nome de quem ele age”, diz o jornalista.
Em sua passagem pela Câmara dos Deputados, Marcelo Itagiba foi presidente da CPI dos Grampos, em 2008, que se notabilizou pela perseguição ao delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, que atuaram na Operação Satiagraha, que investigou Daniel Dantas.
 HP

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