
“Considero minha missão cumprida(...) Precisamos de gente mais nova. Eu já estou velho, tenho 68 anos, vivi muito”, brincou o ministro. Ele credita o “êxito” da política externa brasileira à “personalidade’ de Lula e à “visão inovadora” da diplomacia do país, que nestes últimos oito anos passou a ser “altiva e ativa”.
Amorim lembrou que a política externa do Brasil inviabilizou a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) que como estava desenhada “só serviria para subordinar e prejudicar o país”. Ele disse que o Brasil concordou com uma Alca que não prejudicasse o país, mas essa eles não quiseram. “Era uma Alca que não nos sujeitava a um modelo neoliberal em compras governamentais, em investimento, em proteção à propriedade intelectual, e em agricultura. Os fundamentalistas de lá não quiseram. Então, matamos a Alca sem dar um tiro”, esclareceu.
“Mas, veja bem, eu não decidi brigar com a Alca, eu disse: vamos ver, vamos conversar, vamos discutir. E ela morreu em Miami, sabe por quê? Porque foi quando conseguimos chegar a uma Alca que serviria ao Brasil, que não cerceasse a nossa capacidade de escolha de um modelo de desenvolvimento, e aí não interessava mais para os outros”, esclareceu, em entrevista para “Folha de S. Paulo”. A entrevista, feita por Eliane Catanhêde, foi recheada de provocações as quais, infelizmente, o ministro caiu numa delas, sobre direitos humanos, ao dizer que “no caso da Coreia do Norte, por exemplo, que fez ouvidos moucos a todas as recomendações, aí sim, nós votamos a favor da resolução que condenava”. “Nem acho que ela vá funcionar, porque é tão hostil que cria uma barreira, quando o objetivo deve ser o diálogo. Condenar só não adianta nada”.
Isso após o ministro denunciar a farsa americana sobre os direitos humanos. “Eu lidei 8 anos com a ONU e já participei diretamente disso, sei o quanto essas coisas são manipuladas”, afirmou. “No ano em que os EUA estavam fazendo acordos comerciais com a China, a China desaparecia das resoluções de direitos humanos. No ano seguinte, não tinha mais acordo comercial com a China, e a China voltava para as resoluções. E agora não entra mais. Isso é sabidíssimo”, acrescentou. “E você pode reparar”, destacou o ministro, “que há sete países que convivem com situações crudelíssimas, inclusive contra mulheres, e que jamais são mencionados”. “Por quê? Porque têm bases americanas ou têm outros interesses”, denunciou.
HP
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