sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SARKOZI AFRONTA A FRANÇA E ASSINA CORTE NA PREVIDÊNCIA


Isso é um atropelo à França, aos seus trabalhadores e suas conquistas”, afirmou o secretário-geral da CGT, Bernard Thibault


Sarkozy afrontou os franceses promulgando a lei que eleva a idade mínima da aposentadoria de 60 para 62 anos. A lei foi publicada às pressas no Diário Oficial, na quarta-feira (10/11). Não haviam passado nem 4 dias após as últimas manifes-tações massivas contra a Reforma da Previdência em 250 cidades do país.

“A aposentadoria aos 60 anos é um dos pilares do sistema de seguridade social do país e um direito ganho com uma luta de décadas, coroada vitoriosamente em 1980. Essa política de Sarkozy é um atropelo à França, aos seus trabalhadores, às conquistas que marcam nosso país como um país democrático. Não vai ser agora que as centrais sindicais vão esmorecer”, afirmou Bernard Thibault, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores da França, principal central do país, anunciando a mobilização nacional para o dia 23 de novembro convocada pela Intersindi-cal, que aglutina as 8 centrais sindicais francesas.

SEGUE A BATALHA

“Decididamente, os poderes públicos, com o presidente da Républica à cabeça, saem rastejando deste episódio”, assinalou a CGT em documento, sublinhando que “pela nossa parte, a promulgação da lei, feita na disparada, sem nenhuma avaliação do recurso apresentado, não muda em nada nossa determinação de prosseguir a batalha, na medida em que as primeiras disposições de importancia da reforma só serão aplicadas a partir de julho de 2011”. Daqui até là, vão acontecer ainda muitas coisas.

Na terça-feira (09/11), o Conselho Constitucional (equivalente à nossa Suprema Corte) rejeitou de forma sumária a apelação apresentada pela oposição encabeçada pelo Partido Socialista.

A líder do PS, Martine Aubry, afirmou que a decisão de Sarkozy vai contra a vontade da maioria da população francesa e demonstra a “brutalidade” do presidente no trato com questões sociais. A índice de aceitação do governo de Sarkozy é de 29% atualmente, a mais baixa desde a sua chegada ao poder.

"Não podemos dar as costas à população nesse momento. Há uma vontade clara, um desgosto generalizado com a reforma. Ainda podemos derrubá-la”, insistiu Thibault, da CGT.

MOBILIZAÇÃO

A Intersindical, em reunião realizada logo depois das manifestações de 8 de novembro, aprovou que “as organizações sindicais decidem prosseguir a mobilização em unidade, fazendo do 23 de novembro uma jornada nacional. Esta manifestação da população – trabalhadores, estudantes, aposentados, donas de casa, pequenos produtores – em um nível excepcional durante vários meses, coloca em evidencia a insatisfação dos franceses em matéria de emprego, de salários, de condições de trabalho, de desigualdade entre os homens e as mulheres, de fiscalização e distribuição das riquezas”.

Além do atraso da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos, que afetará os nascidos a partir de 1 de julho de 1951, para receber o benefício total, a idade subirá de 65 para 67 anos para aqueles que não contribuíram pelo período mínimo, que atualmente é de 40,5 anos, mas passará, gradualmente, a ser de 41,5 anos.

A percentagem de contribuição dos funcionários públicos subirá dos 7,85% atuais para 10,55%.

Respaldados por mais de 70% dos franceses que a consideram “injusta”, os sindicatos franceses efetuaram oito jornadas nacionais de manifestações e greves contra a reforma, levando às ruas até 3.5 milhões de pessoas, as maiores desde 1995. Refinarias de petróleo foram bloqueadas e Sarkozy chegou a autorizar o uso da força contra os manifestantes nos depósitos de combustível.
SUSANA SANTOS  

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