quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lula: “Dilma não vai receber herança maldita como recebi”

Eu recebi um país andando para trás”, lembrou Lula. “Agora, o Brasil vive seu melhor momento”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na sexta-feira (12), em discurso no último dia de reuniões da cúpula do G20 (que reúne as maiores economias do mundo), em Seul (Coréia do Sul), que sua futura sucessora Dilma Rousseff não vai receber uma “herança maldita” quando assumir o governo, como ocorreu com ele ao suceder o tucano Fernando Henrique Cardoso na presidência da República.

“E eu recebi uma herança maldita, que era um país andando para trás. Nossa geração não terá herança maldita”, afirmou Lula. “A presidenta Dilma não vai fazer discurso algum dizendo que recebeu uma herança maldita do presidente Lula porque ela ajudou a construir tudo que nós fizemos até agora”, acrescentou Lula.

O presidente apresentou Dilma aos líderes mundiais como sua sucessora na Presidência da República e disse que, assim como aconteceu com ele, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também recebeu uma herança maldita. “O Obama recebeu uma herança maldita, que foi uma crise financeira sem precedentes”, observou.

Lula lembrou que, ao assumir o governo em 2002, não havia financiamentos para a agricultura e assinalou que, atualmente, o país dispõe de autossuficiência e caixa em várias áreas, como gás.

Em seu discurso de despedida dos encontros internacionais, ele fez um balanço da situação econômica no Brasil, ressaltando que o país vive o “melhor momento (econômico)” das últimas quatro décadas.

“O Brasil vive seu melhor momento desde 1958, há mais de 40 anos o país não vivia o momento que vive. Até 2015, o Brasil vai cumprir todas as metas do milênio (definidas pelas Nações Unidas), algumas delas já cumprimos”, disse.

Segundo o presidente, os efeitos da crise financeira – gerada nos países centrais no final de 2008 e que se alastrou pelo mundo contaminando a econômica real das nações – foram superados praticamente em seis meses, porque o governo apostou no mercado interno. “A crise no Brasil durou praticamente seis meses. Depois, a economia estava praticamente se recuperando a partir de uma decisão de governo de fortalecer o mercado interno”, acrescentou. Ele lembrou ainda que com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o país vai precisar de muitos investimentos. Lula destacou que o desenvolvimento passa por “uma ação muito forte do Estado” e que a crise no país durou alguns meses porque seu governo decidiu fortalecer “o mercado interno”.

“A responsabilidade de vocês aumentará muito daqui em diante. Cada vez mais, o G20 vai assumir a responsabilidade pela paz mundial, pelo desenvolvimento mundial e pelo cumprimento das Metas do Milênio”, frisou.

Na semana passada, Lula criticou aqueles que defendem arrocho fiscal e repeliu os que apregoam pacotes de medidas impopulares. “Não temos pela frente medidas impopulares. Geralmente, quando se fala em ajuste fiscal, se prepara algum tipo de sacanagem contra o povo”.
 HP

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