sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A VERDADE DE CUBA


NOS últimos dias, a mídia e representantes de alguns governos tradicionalmente comprometidos com a subversão contra Cuba, desataram uma nova campanha de acusações, aproveitando inescrupulosamente um fato lamentável: o falecimento de um preso comum que, talvez, só no caso de Cuba, se converte em notícia de repercussão internacional.

O método empregado é o mesmo de sempre, que pretende impor-se infrutiferamente, mediante a repetição, com o objetivo de satanizar Cuba, neste caso, a partir da manipulação deliberada de um acontecimento totalmente inusual em nosso país, diferentemente de outros.

O denominado "preso político" cumpria uma sanção de quatro anos de prisão, após um processo justo, durante o qual esteve em liberdade e de um julgamento conforme ao direito, por ter golpeado de forma brutal e publicamente sua esposa, agredir os policiais e resistir violentamente a detenção.

Esta pessoa morreu em decorrência de uma falha múltipla dos órgãos, associada a um processo respiratório séptico severo, apesar de haver recebido todo o atendimento médico necessário, incluídos os medicamentos e o tratamento especializado, na sala de cuidados intensivos do principal hospital de Santiago de Cuba.

Por que algumas autoridades espanholas e da União Europeia se apressaram a condenar Cuba, sem tentarem, sequer, obter informação acerca do tema? Por que sempre e com antecedência, lançam mão da mentira, quando se trata de Cuba? Por que, além de mentirem, censuram a verdade? Por que à voz e à verdade de Cuba se nega, sem nenhum dissimulo, o mais mínimo espaço na mídia internacional?

Age-se com grande cinismo e dupla moral. Que qualificativo eles dariam à brutalidade policial, vista recentemente na Espanha e na maior parte da "culta e civilizada Europa", contra o movimento dos "indignados"?

Quem se preocupou pela dramática situação de amontoamento nos cárceres espanhóis, que albergam uma população penal imigrante muito alta, que ultrapassa 35% do total de réus no país, segundo o último relatório disponível do sindicato das prisões ACAIP, com data de 3 de abril de 2010? Quem se preocupou por investigar o falecimento, em julho de 2011, no centro penitenciário de Teruel, em Espanha, de Tohuami Hamdaoui, um preso comum de origem marroquina, que morreu após uma greve de fome voluntária que durou vários meses? Quem explicou que o detento tinha declarado sua inocência?

Por acaso perdeu a memória e a noção da realidade o porta-voz chileno que nos calunia, quando afirma que o defunto era um dissidente político que se manteve 50 dias em greve de fome? Ele deve conservar lembranças de seus dias de líder estudantil, vinculado aos militares golpistas de Pinochet, que massacraram o povo e estenderam os desaparecimentos e a tortura a todo o Cone Sul, mediante o "Plano Condor", mas não se conhece nenhuma declaração dele acerca da brutal repressão contra os estudantes que se manifestam pacificamente em defesa do direito humano ao ensino universal e gratuito. Será que ele faz parte dos que quiseram rebatizar, nos livros escolares, a ditadura como regime militar? Ele terá dito alguma coisa acerca da repressiva e arbitrária Lei Antiterrorista, aplicada aos mapuches em greve de fome?

Não podia faltar nesta campanha o governo dos Estados Unidos, principal instigador de qualquer esforço cujo objetivo seja desacreditar Cuba, com o único propósito de justificar sua política de hostilidade, subversão e bloqueio econômico, político e midiático contra o povo cubano.

Impressiona a hipocrisia dos porta-vozes dos Estados Unidos, país que detém um péssimo recorde em matéria de direitos humanos, tanto dentro de seu território como no mundo. O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas reconheceu que nesse país ocorrem, diariamente, graves violações dos direitos da mulher, tráfico de pessoas, discriminação racial e contra minorias étnicas, condições desumanas nas prisões, desamparo dos detentos, um padrão racial diferenciado e frequentes erros judiciais na imposição da pena de morte, a execução de menores e enfermos mentais, os abusos do sistema de detenção migratório, as mortes na militarizada fronteira sul, os atos atrozes contra a dignidade humana e o assassinato de vítimas inocentes da população civil, por parte de efetivos do exército estadunidense no Iraque, Afeganistão, Paquistão e outros países, e as detenções arbitrárias e torturas perpetuadas no ilegal centro de detenção da base naval de Guantánamo que usurpa nosso território.

Mal se conhece no mundo que, em novembro de 2011, nos Estados Unidos, três pessoas morreram em meio de uma greve de fome em massa de prisioneiros na Califórnia. Segundo os depoimentos dos presos das celas contíguas, os guardas não lhes ofereceram nenhum atendimento e, inclusive, de forma deliberada, fizeram ouvidos moucos de seus brados de auxílio, na contramão de sua prática abusiva de submeter os grevistas a alimentação forçada.

Semanas antes, havia sido executado o afro-americano Troy Davis, apesar da copiosa evidência que demonstrava o erro judicial, sem que a Casa Branca nem o Departamento de Estado nada fizessem.

Nos Estados Unidos, 90 prisioneiros já foram executados desde janeiro de 2010 até a atualidade, enquanto mais 3.222 réus esperam a execução no corredor da morte. Seu governo, aliás, reprime assiduamente e com brutalidade aqueles que se atrevem a denunciar a injustiça do sistema.

Este novo ataque contra nosso país tem uma franca intenção política, que nada tem a ver com uma legítima preocupação pela vida das cubanas e cubanos. Fustiga-se com a cumplicidade de empórios financeiro-midiáticos, como o grupo Prisa e o que administra a CNN em espanhol, com o melhor estilo da máfia de Miami. Acusa-se de maneira irracional o governo de Cuba, que é culpado, sem sequer ter investigado, de forma mínima, a realidade dos fatos. Condena-se primeiro e julga-se, por acaso, depois.

Neste caso, é evidente que nem as autoridades, que se referiram com imediatez e torpeza a este fato, nem o aparelho a serviço da agressão midiática contra Cuba, se deram ao trabalho de confirmarem a informação. Pouco importa a verdade se o que se pretende é fabricar artificialmente e vender uma imagem falsa de supostas violações flagrantes e sistemáticas das liberdades em Cuba, que um dia qualquer justifique uma intervenção, com o objetivo de "proteger cubanos civis indefesos".

Torna-se evidente a intenção de impor uma matriz de opinião diabólica, encaminhada a mostrar uma deterioração sensível da situação dos direitos humanos em Cuba, construir uma suposta "oposição vitimizada que morre nos cárceres" onde, inclusive, lhe é negado o direito aos serviços de saúde.

O mundo todo conhece a vocação humanista de nossos médicos e pessoal da saúde, que no escatima esforços nem os escassos recursos com que conta o país — em boa medida devido ao criminoso bloqueio que sofre nosso povo há mais de 50 anos — para salvar vidas e melhorar o estado de saúde de seu povo e de muitos outros, em todos os recantos da Terra.

Cuba conta com o respeito e a admiração dos povos e de muitos governos que reconhecem sua obra social na Ilha e no mundo.

Os fatos falam mais do que as palavras. As campanhas anticubanas não farão fraquejar a Revolução cubana e seu povo, que continuará aperfeiçoando seu socialismo.

A verdade de Cuba é a do país onde o ser humano é o mais valioso: uma esperança de vida ao nascer de 77,9 anos, em média; uma cobertura de saúde gratuita para todo seu povo; um índice de mortalidade infantil de 4,9 em cada mil nascidos vivos, estatística que supera os padrões norte-americanos e é a mais baixa no continente, levemente inferior à do Canadá; toda a população alfabetizada e com pleno acesso a todos os níveis do ensino, de maneira gratuita; 96% de participação nas eleições gerais de 2008, um processo democrático de discussão das Diretrizes econômicas e sociais, prévio ao 6º Congresso do Partido.

A verdade de Cuba é a do país que levou suas universidades e escolas aos centros penitenciários, nos quais os réus foram oportuna e imparcialmente julgados, recebem salário igual por seu trabalho e dispõem de elevados níveis de atendimento médico, sem distinção de raça, sexo, credo nem origem social.

Mais uma vez, ficará demonstrado que a mentira, apesar de ser muitas vezes repetida, não necessariamente se converte em verdade, porque "um princípio justo, do fundo de uma gruta, pode mais do que um exército".

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