sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Privatizar aeroportos é dilapidar o patrimônio do povo, afirmam os funcionários da Infraero

Em carta aberta à população, o Comitê Contra a Privatização da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) denunciou que a privatização dos aeroportos de Viracopos, Guarulhos (SP) e Brasília (DF) “será um verdadeiro desastre econômico para a nação”, servindo apenas para atender à “cobiça internacional” sobre nossas riquezas e à “entrega do patrimônio nacional nas mãos do capital estrangeiro”.

“Estamos não apenas na iminência de uma privatização, mas também da desnacionalização da riqueza do país. Estamos para entregar o patrimônio nacional nas mãos do capital internacional mais uma vez. O povo brasileiro não pode ficar parado, tem que reagir a isso”, ressalta o documento, fazendo um paralelo com o processo de privatização de empresas estatais nas gestões de Collor e FHC.

O Comitê adverte que o modelo adotado pelo governo para a concessão dos três aeroportos, embasado em uma alegação falaciosa de que Infraero não teria capacidade para administrar os terminais diante do aumento da demanda, vai significar a desnacionalização do patrimônio nacional, na medida em que somente empresas estrangeiras cumprem com as exigências do edital.

Segundo o manifesto, o discurso propalado pela mídia subserviente sobre a suposta incapacidade da estatal para gerir os aeroportos é insustentável, uma vez que a Infraero “é a terceira empresa do planeta em qualidade de administração aeroportuária”, que exporta seu modelo de gestão para países da Europa, Oriente Médio e Ásia.

“O Aeroporto de Viracopos em 2011 ganhou o Prêmio Internacional de Excelência em Logística”, observa o Comitê. O texto denuncia que a privatização dos terminais constitui também um risco para a segurança nacional, “uma vez que os aeroportos são fronteiras, assim como existem as fronteiras terrestres e as marítimas”, servindo, portanto, como porta de entrada do país, que ficarão à mercê de estrangeiros.

A carta aberta destaca que os aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos, juntamente com o do Galeão, no Rio de Janeiro, são os mais rentáveis da rede de 67 terminais da estatal. Muitos deles são deficitários, porque estão em regiões de difícil acesso e necessitam da renda dos grandes aeroportos para se manter.

“Vendendo os maiores e mais lucrativos aeroportos do país, de onde sairá o dinheiro para manter esses aeroportos pequenos, mas de vital importância para cobrir o território continental que o Brasil possui?”, indaga o manifesto. E arremata, alertando que saúde e educação vão acabar cedendo seus parcos recursos “para sustentar aeroportos que até então o governo não precisava investir um centavo sequer para manter”.

Outra denúncia diz respeito ao financiamento do BNDES, que emprestará de 70 a 90% do dinheiro para os consórcios com juros subsidiados. “O governo Dilma está dando de presente em uma bandeja de ouro os aeroportos que são o filé mignon da rede”, diz o texto. O Comitê adverte ainda que taxas novas também serão criadas, como taxa de conexão, que vai encarecer o preço das passagens aéreas.

“O governo da presidente Dilma não tem o direito e não pode fazer isso com o patrimônio nacional. O Estado não existe para dilapidar o patrimônio do povo. A razão da existência do Estado é criar meios e gerir tais meios para suprir as necessidades da sociedade”, enfatiza o documento.

Na quarta-feira (25), funcionários da Infraero fizeram uma passeata no Centro de Campinas em protesto contra a entrega dos aeroportos brasileiros a monopólios estrangeiros. Eles protocolaram na Justiça Federal uma ação contra o modelo de privatização dos aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Brasília.

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