domingo, 15 de novembro de 2009

NACIONAIS POREM COM FORTE SOTAQUE

Dados sobre desnacionalização da economia excluem "associações"


Segundo o economista Adriano Benayon, autor de Globalização versus Desenvolvimento (Escrituras), as estatísticas subestimam o grau de controle da economia brasileira por empresas transnacionais:


"Consideram como tais só as empresas com maioria oficial de capital estrangeiro, tomando por nacionais as participações dos "laranjas" ou testas-de-ferro, além de ignorar a propriedade das ações ao portador", critica, em entrevista ao MM.



Para Benayon, após iniciar o processo de liquidação da indústria brasileira, a partir do suicídio de Vargas, em 1954, as transnacionais chegaram ao ápice de seu domínio no governo Fernando Henrique:



"No setor de autopeças, o percentual das brasileiras caiu para menos de 20%, quando, antes de 1990, era superior a 50%", exemplifica, acrescentando que "cartéis estrangeiros se apossaram dos serviços públicos, como energia, água, saneamento, telecomunicações, cujas tarifas se elevaram muito acima da inflação".



Entre as estatais, privatizadas ou não, Benayon destaca a cessão total ou parcial do controle da Petrobras e da Vale ao capital estrangeiro:



"Na primeira, o controle não é de estrangeiros, mas a participação destes no capital tornou-se elevadíssima. Mais ações são negociadas em Nova York do que na Bovespa, devido à deletéria lei 9.478, de 1997, uma das desastrosas medidas ditadas do exterior durante os oito anos de FH", aponta.



"Na Vale, tudo é obscuro. Os fundos de pensão são os maiores acionistas. O controle oficial seria do Bradesco, em parte nacional, mas a participação estrangeira tem conotações estratégicas que transcendem os meros percentuais da contabilidade acionária", diz, acrescentando que, em grande número de empresas, "mesmo abstraindo os "laranjas" e as ações ao portador", participações abaixo de 50%, e bem menos, são suficientes para que a transnacional tenha o poder decisório: "A propriedade da tecnologia é um dos fatores para isso."

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