terça-feira, 3 de novembro de 2009

Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal venezuelano El Universal

Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal venezuelano El Universal
Publicada em 29 de outubro de 2009


Jornalista: Qual é a explicação, Sr. Presidente, para que em 10 anos o Brasil tenha alcançado esse desenvolvimento admirável? Estamos falando do milagre brasileiro ou do milagre de Lula? Qual é a fórmula para o que estamos vendo hoje?

Presidente: De fato, nos últimos anos temos colhido uma safra de boas notícias, mas isso nada tem a ver com milagres. É fruto de trabalho duro dos brasileiros ao longo das últimas décadas. Consolidamos a democracia, derrotamos a inflação, retomamos o crescimento e estamos construindo uma sociedade moderna e cada vez mais justa com todos os seus cidadãos. Do meu período na Presidência, iniciado em 2003, destaco como as maiores conquistas a retomada do desenvolvimento econômico e da capacidade do Governo de investir na educação e na infra-estrutura, além dos programas sociais voltados para as camadas mais pobres da população. O impacto desses programas foi muito positivo na redistribuição da renda. Como resultado, cerca de 30 milhões de brasileiros deixaram a pobreza, e 21 milhões deles hoje fazem parte da nova classe média, o que deu novo impulso ao crescimento econômico e ampliou ainda mais nosso mercado interno. Adotamos uma política externa mais assertiva, que investiu na nossa relação com a América Latina, África e Ásia, sem ignorar nossos laços tradicionais com a Europa e os Estados Unidos. Esse conjunto de medidas nos permitiu enfrentar e superar a crise econômica mundial sem sobressaltos.


Jornalista: Como o Brasil vê suas relações com a América Latina? Como dar impulso a essas economias, levando em conta as diferenças que existem entre um Mercosul mais econômico, no qual a entrada da Venezuela ainda está em dúvida, uma CAN enfraquecida e uma ALBA que vê os EUA como seu grande inimigo?

Presidente: A América do Sul e a integração regional são uma das prioridades da política externa do meu Governo, e temos procurado aprofundar esses laços com a região em várias frentes. A integração física, por meio da construção de obras de interconexão viária e energética, por exemplo, é fundamental em qualquer esforço de aproximação, pois cria as condições práticas para que pessoas e empresas façam negócios e parcerias.

Meus companheiros Presidentes da região entendem muito bem essa necessidade, e temos trabalhado com vários deles em projetos conjuntos de rodovias, pontes, usinas hidrelétricas e linhas de transmissão de energia. O segundo aspecto é o de aproximar empresários e investidores, e aí também a diplomacia presidencial tem contribuído muito, porque sempre que possível os encontros presidenciais são acompanhados de seminários e eventos empresariais.


Além disso, o diálogo político nunca foi tão estreito, como provam os avanços na relação bilateral e mecanismos como os encontros periódicos que mantenho com o Presidente Chávez. Ademais, contribuem para fortalecer nossos laços nosso empenho em consolidar a União de Nações Sul-americanas (UNASUL), em promover reuniões de alto nível com outras regiões e grupos de países do mundo – como a África e os países árabes – e também em realizar encontros como o do ano passado, na Bahia, com a participação dos Chefes de Estado e de Governo da América Latina e Caribe. Pela primeira vez na história, nos reunimos para discutir nossos temas com uma agenda definida pela região, sem ingerência externa.


Acho natural haver diferenças de opinião e de orientação, bem como a formação de blocos de países com base na coincidência de interesses.

Quando essas diferenças vêm à tona o importante é discuti-las com serenidade. Na questão específica da entrada da Venezuela no Mercosul, sempre a defendemos e continuamos a defendê-la; nossa posição é conhecida.

O assunto está sendo analisado no Senado brasileiro, onde também a base parlamentar de apoio ao Governo tem defendido a mesma posição, razão pela qual acredito que possamos ter boas notícias em breve.

Jornalista: De que forma os governos latino-americanos devem conduzir suas relações com os Estados Unidos?


Presidente: Cada país da região tem sua agenda bilateral com Washington, com particularidades próprias, e não creio que exista uma fórmula comum. Além disso, posso responder apenas pelas relações bilaterais do Brasil com os Estados Unidos, e nelas vejo uma boa oportunidade com a chegada do Presidente Barack Obama à Casa Branca. Temos mantido um diálogo muito bom quanto aos temas de interesse comum, não só os bilaterais, mas também os regionais e os globais. Vejo no Presidente Obama uma grande disposição para o diálogo com a América Latina, ainda que os temas da agenda doméstica, a crise econômica e os conflitos no Afeganistão e no Iraque tenham ocupado boa parte do tempo dele nesse início de mandato. Não posso esquecer que também mantivemos um diálogo muito bom com o então Presidente George W. Bush, porém creio que com Obama as circunstâncias são mais favoráveis para uma aproximação com a região. Na primeira oportunidade que teve, neste ano durante a Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, o Presidente norte-americano se reuniu com os Presidentes dos países da UNASUL. Acho, no entanto, que esse passo foi apenas o começo. É preciso avançar mais e continuar atuando de forma coordenada diante de crises como a de Honduras, provocada por um golpe de Estado, que é algo que sempre devemos repudiar. Esses fantasmas do passado não podem voltar a fazer parte da história dos países da América Latina, que ao longo das últimas décadas têm realizado um grande esforço para consolidar suas instituições democráticas, felizmente com êxito.


Jornalista: Qual é a diferença entre o socialismo que o Sr. promove e o que lidera o presidente Hugo Chávez? É sustentável o socialismo do Século XXI que ele oferece?

Presidente: Acredito muito que cada país tem seu próprio caminho, com base na sua própria história e nas instituições que construiu. Ao longo da minha vida, aprendi a não me prender muito aos rótulos. Lembro que, na década de 80, quando tentavam colar em mim algum desses rótulos, como o de marxista, costumava responder que não era marxista, e sim torneiro mecânico, função que aprendi como metalúrgico. O que posso dizer com segurança é que tanto Chávez como eu, ainda que em países com realidades diferentes, governamos com um grande compromisso para com os mais pobres, aqueles que realmente precisam do apoio do Estado para construir um futuro melhor. O que ocorre é que isso gera desconforto, até porque a apropriação do Estado pelos mais poderosos foi, até há muito pouco tempo, uma realidade na nossa região. Uma mudança de rumos como a que tivemos em nossos países sempre provoca resistências e ressentimentos dos que se consideram prejudicados.


Só tenho, no entanto, autoridade para falar do Brasil, onde conseguimos avançar muito. Também enfrentei e enfrento setores poderosos, que se mobilizaram para criticar o Governo e a mudança de orientação em favor dos mais pobres. Desde que assumi o mandato, procurei governar para todos, mas especialmente para os mais pobres. Costumo comparar essa atitude com a de uma mãe, que cuida com carinho de todos os filhos, mas dedica mais atenção aos que mais precisam dela. Ao fazer isso, sofri muitos ataques, mas os fatos mostraram que os programas sociais tiveram um efeito multiplicador extraordinário, que vai muito além da estatística dos 30 milhões de brasileiros que superaram a linha da pobreza. O reforço desse enorme contingente de pessoas deu nova vitalidade e fez a roda da economia girar, gerando mais riqueza e novas oportunidades.

Os próprios empresários nunca ganharam tanto, graças a uma economia mais forte, por causa da inclusão social. O grande erro dos governos anteriores no Brasil foi o de tentar governar para apenas um quarto da população, queriam arrumar o País deixando de lado mais da metade da população, e justamente a parte da população que mais precisava e precisa do Estado. Procuramos incluir quem estava fora, queremos arrumar o País para todos, e os resultados dessa política servem como um bom exemplo, ao lado de outros que estão sendo construídos na América Latina. Só podemos ser organizados e fortes na região se houver uma política voltada para todos os cidadãos, e não somente para os mais privilegiados ou para aqueles com maior poder de “lobby”.


Jornalista: Apenas os processos eleitorais são a fórmula para legitimar um Governo como democrático? No caso da Venezuela há um canal de televisão fechado. Muitos jornalistas agredidos. Mais de cem rádios cujas concessões foram suspensas, e agora presos políticos...

Presidente: Não vou entrar nas questões internas da Venezuela. Mas sempre que ouço no Brasil críticas aos modelos de outros países sul-americanos, costumo repetir que, como presidente da República, não devo me intrometer nos assuntos internos de outros países. Os caminhos da consolidação democrática são escritos pelas forças políticas e sociais em cada país, e penso que os conflitos de idéias e a participação da sociedade são parte desse processo e ajudam no amadurecimento das instituições. Na semana passada estive com o Presidente Uribe em São Paulo, e uma repórter nos fez o mesmo tipo de questionamento sobre eventuais mudanças nas regras eleitorais na Colômbia. Também naquele momento lembrei que a América Latina tem um processo histórico de democratização ainda muito recente, que cada sociedade tem o direito de debater e encontrar seus próprios caminhos e que é preciso respeitar a soberania dessas sociedades em matéria de consolidação democrática.

Isso é muito diferente do que ocorreu em Honduras, por exemplo, onde um Presidente eleito foi deposto e mandado para fora de seu país na calada da noite, em um capítulo que não deveria jamais voltar a ser escrito na América Latina. A Venezuela chegou a viver por alguns dias um episódio semelhante, com a frustrada tentativa de golpe contra o Presidente Chávez, mas soube respeitar a soberania popular e deu solução apropriada à crise.
Em matéria de relações com os meios de comunicação, posso falar do Brasil, e em meu país, a imprensa goza de total liberdade. Sou duramente criticado no Brasil por boa parte da imprensa, muitas vezes de forma injusta na minha opinião, mas isso não altera em nada a minha convicção de que a liberdade de imprensa é essencial. Além disso, quando um determinado veículo se desvia da sua função, o crítico mais implacável é o leitor, o ouvinte ou o telespectador, que nos nossos países está cada vez mais maduro e mais atento a tentativas de manipulação. Por isso mesmo, os órgãos de comunicação que não respeitam o público e distorcem os fatos, mais cedo ou mais tarde, perdem credibilidade.

Jornalista: Como acredita que acabará a crise política de Honduras, levando em conta que o Brasil viu-se envolvido diretamente nela?

Presidente: Desde o golpe contra o Presidente Zelaya, a posição brasileira foi clara, em sintonia com nossa tradição diplomática e com as manifestações da comunidade internacional: não há mais lugar para golpes de Estado na América Latina. Essa página da História ficou para trás e não deve mais voltar. O envolvimento direto ocorreu em razão da decisão do Presidente Zelaya de pedir proteção na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, e obviamente não poderíamos negar essa proteção a ele ou a quem considere estar com sua vida em risco por conta das posições políticas que defenda.


Muitos integrantes do meu governo e da oposição no Brasil tiveram que se refugiar em Embaixadas estrangeiras durante o regime militar em nosso país nos anos 60 e 70.

Espero que um acordo político possa solucionar a crise em Honduras. Vejo que as forças políticas hondurenhas estão empenhadas nesse sentido, e, para isso, contam com o apoio da comunidade internacional e de organismos como a OEA. O que não se pode perder de vista é que Manuel Zelaya é um Presidente eleito democraticamente, e esse fato deve ser respeitado nas negociações. O Brasil não reconhecerá um novo governo em Honduras que resulte de eleições conduzidas por um regime golpista.

Jornalista: Nesse contexto de crise financeira mundial, até onde devem chegar os ajustes feitos para que ela não se repita de novo?

Presidente: A crise financeira expôs, de forma clara, os equívocos da ortodoxia econômica neoliberal que se espalhou pelo mundo nas últimas décadas, segundo a qual o mercado resolveria tudo e o Estado deveria ser mínimo, para não atrapalhar a livre iniciativa. O resultado disso foi que uma espécie de cassino tomou conta da economia mundial, com uma especulação desenfreada que só poderia levar à catástrofe. Quando a mão invisível do mercado falhou, foi a mão visível do Estado que resgatou a economia mundial da beira do abismo.


Quando a crise chegou, o Brasil estava preparado. Fomos os últimos a entrar na crise e os primeiros a sair dela. Enfrentamos bem as turbulências da economia mundial porque não adotamos o receituário do chamado Consenso de Washington. O Estado brasileiro não abdicou de suas funções estratégicas de regulador e indutor do desenvolvimento econômico e social. Mantivemos uma robusta rede de bancos públicos que supriu o mercado interno quando o crédito externo escasseou. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem uma carteira de obras no valor de US$ 240 bilhões, que não foi reduzida por causa da crise. Além disso, lançamos um programa de habitação cuja meta é construir 1 milhão de novas moradias até o final de 2010, o que contribui para ampliar a geração de empregos na construção civil.

Nossa atuação no G20 tem sido coerente com o que estamos fazendo domesticamente, e, para nós, é fundamental uma regulação mais clara do sistema financeiro internacional, capaz de evitar os erros e o descontrole que levaram à crise atual. No período de um ano, no qual o G20 realizou três reuniões de Cúpula, o balanço é positivo: conseguimos evitar que a crise se aprofundasse e, em vários casos, aceleramos a retomada da atividade econômica. No entanto, acho que precisamos avançar mais em matéria de regulação e na reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Essas organizações precisam ser democratizadas e refletir o peso dos países em desenvolvimento na economia mundial. O Brasil não emprestou US$ 10 bilhões ao fundo para as coisas fiquem como estavam. Queremos mudanças profundas nesses organismos.

Jornalista: Há um desequilíbrio favorável ao Brasil no intercâmbio comercial com a Venezuela. Que propostas o Sr. traz para o presidente Hugo Chávez nesta nova visita? Como estão as negociações em torno da refinaria Abreu e Lima?

Presidente: O grande desequilíbrio favorável ao Brasil no intercâmbio comercial com a Venezuela é preocupante. Precisamos corrigi-lo. O Brasil quer e deve importar mais da Venezuela. As negociações entre a PETROBRAS e a PDVSA vão muito bem. A importação de petróleo venezuelano para a refinaria Abreu e Lima vai ajudar a equilibrar a balança comercial, mas podemos fazer mais.

Uma missão de 100 empresários brasileiros veio recentemente a Caracas para se reunir com mais de 350 sócios venezuelanos para identificar projetos que aumentarão e, sobretudo, equilibrarão nossas trocas. Vou participar no dia 30 de outubro, em El Tigre, no Estado Anzoátegui, da primeira colheita de soja resultante da cooperação do escritório da Embrapa. Ao construir sua soberania alimentar, a Venezuela não precisará importar grande quantidade de alimentos do Brasil.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que também tem escritório em Caracas, está ajudando a Venezuela a projetar fábricas que concorrerão para o esforço de diversificar a economia venezuelana para além das atividades petroleiras.


O Sul da Venezuela e o Norte do Brasil poderão beneficiar-se, de forma sustentada, de suas complementaridades, levando à melhoria das condições de vida das populações e do aumento do comércio. A Venezuela é, como o Brasil, um país muito bonito. Queremos incentivar o turismo de todos brasileiros - e em especial os que vivem nos Estados de Roraima e do Amazonas - às belíssimas praias da Venezuela.

Jornalista: Que lição pode ser tirada do debate regional suscitado pelo uso das bases colombianas por parte de militares norte-americanos?

Presidente: O debate tem sido positivo, e a principal lição é que essas questões podem e devem ser resolvidas por meio do diálogo. Para isso, estamos criando e consolidando instituições regionais como o Conselho de Defesa da UNASUL, que está atuando bem nessa questão e deve ter seu papel fortalecido, e também o Conselho Sul-americano de Luta contra o Narcotráfico. Como resultado das conversas com todos os envolvidos na questão das bases, tenho a convicção de que eventuais desconfianças serão superadas e de que sairemos dessa discussão mais unidos. Esse episódio permitirá que a gente construa a confiança recíproca entre os países da América do Sul e abandone as ultrapassadas doutrinas de defesa. A principal ameaça à segurança dos países da região advém da instabilidade gerada pela pobreza e exclusão social.

Jornalista: O desenvolvimento militar do Brasil para os próximos anos também tem despertado desconfiança. Como administrarão essa situação no contexto de divergências que se criou?


Presidente: Além de contar a seu favor com uma tradição de convivência pacífica na região e no plano internacional, o Brasil é adepto da transparência e da cooperação em matéria de defesa. É preciso lembrar que foi o Brasil que propôs a criação do Conselho de Defesa na UNASUL. Não há nenhum motivo para desconfianças quanto ao Brasil nessa área ou em qualquer outra. Nossos programas de reaparelhamento das Forças Armadas são conhecidos e são para fins de dissuasão. Além disso, a descoberta de riquezas como o petróleo do pré-sal, na costa brasileira, demandam do Estado uma resposta adequada em defesa desses recursos, que são de todos os brasileiros, e é isso o que estamos fazendo.

Jornalista: O Sr. confia na sua ministra Dilma Rousseff para sucedê-lo em 2010, mas os brasileiros estariam preparados para ter uma mulher como Presidente?


Presidente: Dilma Rousseff conta com minha total confiança. A ela confiei o comando do principal programa de obras do Governo no segundo mandato, o Programa de Aceleração do Crescimento, e os resultados mostram sua grande capacidade como gestora e como líder. Sua experiência acumulada como parte de nossa equipe desde o início, em 2003, e sua identidade com nosso projeto para o País asseguram que continuaremos a crescer e a diminuir as desigualdades sociais e regionais ainda existentes.

Desde a redemocratização, nos anos 80, várias mulheres foram eleitas para cargos importantes no Brasil, como os de prefeitas de grandes cidades e os de governadoras, e nesses casos a questão de gênero não fez nenhuma diferença. É claro que seria uma grande conquista para as brasileiras fazer história com a eleição da Dilma, que espero venha a ser a primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil. O caráter simbólico dessa conquista é poderoso, e espero contribuir para que ela aconteça.

Jornalista: No dia 1º. de janeiro de 2011 o Sr. deixará a presidência, depois de oito anos no poder. Como gostaria de ser lembrado?

Presidente: Sinceramente, ainda não parei para pensar nisso, mas um dia desses brinquei em uma entrevista, dizendo que vai ser estranho acordar no dia 2 de janeiro sem ter algum assessor para cobrar ou repreender. O que posso dizer é que tenho feito o máximo que posso para realizar um bom Governo e corresponder à expectativa dos brasileiros, principalmente dos mais humildes, e que continuarei mantendo esse foco no comando do País até o dia 31 de dezembro de 2010. Depois, volto para minha casa em São Bernardo do Campo, com a satisfação do dever cumprido e o orgulho de poder andar de cabeça erguida. E com mais tempo para a família e para os amigos, que me apoiaram tanto ao longo de décadas de militância sindical e política, principalmente a partir da posse na Presidência em 2003. Quanto à forma como serei lembrado, cabe à História e aos brasileiros o julgamento.

Hoje, só posso dizer que deixarei o Palácio do Planalto com a certeza de que fiz o melhor que pude. E que meu maior orgulho será voltar para São Bernardo do Campo e continuar a ser chamado de companheiro pelos meus companheiros.

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